quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nuno Júdice sobre a arte poética




ARTE POÉTICA COM MELANCOLIA

 

Preocupam-me ainda as coisas do passado. Escrevo

como se o poema fosse uma realidade, ou dele nascessem

as folhas da vida, com o verde esplêndido de uma súbita

primavera. Sobreponho ao mundo a linguagem; tiro

palavras de dentro do que penso e do que faço, como

se elas pudessem viver aí, peixes verbais no

aquário do ser. É verdade que as palavras não nascem

da terra, nem trazem consigo o peso da matéria;

quando muito, descem ao nível dos sentimentos, bebem

mesmo sangue com que se faz viver as emoções,

e servem de alimento a outros que as leem como se, nelas,

estivesse toda a verdade do mundo. Vejo-as caírem-me

das mãos como areia; tento apanhar estes restos de tempo,

de vida que se perdeu numa esquina de quem fomos; e

vou atrás deles, entrando nesse charco de fundos movediços

a que se dá o nome de memória. Será isso a poesia? É

então que surges: teu corpo, que se confunde com o das

palavras que te descrevem, hesita numa das entradas

do verso. Puxo-te para o átrio da estrofe; digo o teu nome

com a voz baixa do medo; e apenas ouço o vento que empurra

portas e janelas, sílabas e frases, por entre as imagens

inúteis que me separam de ti.

 

Nuno Júdice, Teoria Geral do Sentimento. Lisboa, Quetzal Editores, 1999, p. 9

 

 

COMO SE FAZ O POEMA


 


Para falarmos do meio de obter o poema,

a retórica não serve. Trata-se de uma coisa simples, que não

precisa de requintes nem de fórmulas. Apanha-se

uma flor, por exemplo, mas que não seja dessas flores que crescem

no meio do campo, nem das que se vendem nas lojas

ou nos mercados. É uma flor de sílabas, em que as

pétalas são as vogais, e o caule uma consoante. Põe-se

no jarro da estrofe, e deixa-se estar. Para que não morra,

basta um pedaço de primavera na água, que se vai

buscar à imaginação, quando está um dia de chuva,

ou se faz entrar pela janela, quando o ar fresco

da manhã enche o quarto de azul. Então,

a flor confunde-se com o poema, mas ainda não é

o poema. Para que ele nasça, a flor precisa

de encontrar cores mais naturais do que essas

que a natureza lhe deu. Podem ser as cores do teu

rosto – a sua brancura, quando o sol vem ter contigo,

ou o fundo dos teus olhos em que todas as cores

da vida se confundem, com o brilho da vida. Depois,

deito essas cores sobre a corola, e vejo-as descerem

para as folhas, como a seiva que corre pelos

veios invisíveis da alma. Posso, então, colher a flor,

e o que tenho na mão é este poema que

me deste.

 

Nuno Júdice, Geometria variável, Lisboa, Dom Quixote, 2005

 

 

POÉTICA

 

Quero que o meu poema fale de barcos e de azul, fale

do mar e do corpo que o procura, fale de pássaros e

do céu em que habitam. Quero um poema puro, limpo

do lixo das coisas banais, das contaminações de quem

só olha para o chão; um poema onde o sublime nos

toque, e o poético seja a palavra plena. É este poema

que escrevo na página branca como a parede que

acabou de ser caiada, com as suas imperfeições

apagadas pela luz do dia, e um reflexo de sol

a gritar pela vida. E quero que este poema desça

às caves onde a miséria se acumula, aos bancos onde

dormem os que não têm teto nem esperança,

às mesas sujas dos restos da madrugada, às

esquinas onde a mulher da noite espera o último

cliente, ao desespero dos que não sabem para onde

fugir quando a morte lhes bate à porta. E canto

a beleza que sobrevive às frases comuns, às

palavras sujas pelo quotidiano dos medíocres,

aos versos deslavados de quem nunca ouviu

o grito do anjo. E digo isto para que fique, no

poema, como a pedra esculpida por um fogo divino.

 

Nuno Júdice, A Matéria do Poema. Lisboa, Dom Quixote, 2008, p. 11.

 

 

GUIA DE CONCEITOS BÁSICOS

  

Use o poema para elaborar uma estratégia

de sobrevivência no mapa da sua vida. Recorra

aos dispositivos da imagem, sabendo que

ela lhe dará um acesso rápido aos recursos

da sua alma. Evite os atolamentos

da tristeza, e acenda a luz que lhe irá trazer

uma futura manhã quando o seu tempo

se estiver a esgotar. Se precisar de

substituir os sentimentos cansados

da existência, reinstale o desejo

no painel do corpo, e imprima os sentidos

em cada nova palavra. Não precisa

de dominar todos os requisitos do sistema:

limite-se a avançar pelo visor da memória,

procurando a ajuda que lhe permita sair

do bloqueio. Escolha uma superfície

plana: e deslize o seu olhar pelo

estuário da estrofe, para que ele empurre

a corrente das emoções até à foz. Verifique

então se todas as opções estão disponíveis: e

descubra a data e a hora em que o sonho

se converte em realidade, para que poema

e vida coincidam.

 

Nuno Júdice, in revista NEO #9, 2009

 

Analisa comparativamente os poemas tendo em conta os seguintes aspetos:

- Conceção de poema;

- Perfil psicológico do sujeito poético;

- Linguagem e estilo.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O GATO (José Carreiro)

            
           
                
               
          
Esticou-se a tarde toda ao calor do chão
e assim ficámos cada um em seu poiso
na intermitência do sol e ao gosto dos insectos.
Ri. Passaram-se letras e frases inteiras
pelos olhos quando eu não estava ali.
Conheço a dormência do animal
o esticar dos membros, das patas
e daquela boca dentada.
Sou-lhe absolutamente dispensável.
    
De repente, os dias achatados, os pressupostos
e as mudanças de lugar tomam presença
nos corredores arqueados do pensamento
e eu pareço um eterno monstro, irreflectido.
Ouvi o dia inteiro impropérios,
a minha humanidade calcada em ajuntamentos.
Onde os desabridos pitéus
a efabulação intensa da casa.
As vozes que se tocam são um fio esticado,
logro de acções.
Levaria sem pensar um poste
lamberia as patas como os gatos
para limpar-me pelo lado de dentro da albarda.
Farejo a noite tão igual por dentro
ao som e aos gestos de um lobo.
Permaneço nas couves, nas formigas e nos crisântemos.
Apesar do lagar entumecido e visceral
eu resisto na terra e no muro, lugar sem porta.
Às vezes dá uma paragem no pensamento
e eu sou um animal lambendo as patas
abro a boca em toda a extensão do espaço
aquieto-me.
            
   
José Maria de Aguiar Carreiro
in revista NEO #92009


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/10/07/gato.aspx]

sábado, 29 de agosto de 2009

A «Consciência», segundo António Damásio





     
Embora eu não veja a consciência como o apogeu da evolução biológica, encaro-a como um ponto de viragem na longa história da vida. Mesmo quando recorremos à simples e clássica definição de consciência do dicionário — a percepção pelo organismo do seu próprio ser e do seu ambiente — conseguimos facilmente imaginar como a consciência deve ter permitido à evolução humana uma nova ordem de criações que não seriam possíveis sem ela: a consciência moral, a religião, a organização social e política, as artes, as ciências e a tecnologia. A consciência é a função biológica crítica que nos permite conhecer a tristeza ou a alegria, sentir a dor ou o prazer, sentir a vergonha ou o orgulho, chorar a morte ou o amor que se perdeu. Tanto o pathos como o desejo são produtos da consciência. Sem ela, nenhum desses estados pessoais poderia ser conhecido por cada um de nós. Não culpem a Eva pelo facto de conhecer, culpem a consciência mas agradeçam-lhe também.  
Estou a escrever estas palavras em Estocolmo, enquanto observo pela janela um velho frágil que se dirige a um barco que está prestes a partir. O tempo é escasso, mas a marcha é vagarosa e a cada passo os tornozelos claudicam; o cabelo é branco; o casaco está gasto. Chove sem parar e o vento obriga-o a dobrar-se ligeiramente, como um arbusto solitário em campo aberto. Finalmente consegue chegar ao barco. Sobe com dificuldade o degrau alto que dá acesso à prancha de embarque e inicia a descida para o convés, receoso de ganhar demasiada velocidade na rampa, olhando com rapidez para a esquerda e para a direita, enquanto o seu corpo inteiro parece perguntar: «Estou no sítio certo? E agora, para onde vou?» Nessa altura, os dois marinheiros que se encontram no convés ajudam-no afirmar o último passo, conduzem-no para a cabina com gestos amigáveis e ele está, finalmente, em segurança. A minha preocupação acaba. O barco parte.  
Deixe agora, leitor, que a sua mente vagueie. Pense o impensável e considere que, sem consciência, o nosso homem não poderia ter conhecido o seu desconforto e talvez humilhação. Sem consciência, os dois homens no convés não teriam reagido com a mesma simpatia. Sem consciência, eu não me teria preocupado e nunca teria pensado que um dia poderei estar nas mesmas circunstâncias, caminhando com a mesma dolorosa hesitação e o mesmo desconforto. A consciência amplifica o impacto destes sentimentos na mente dos personagens desta cena.  
A consciência é, com efeito, a chave para uma vida examinada, para o melhor e para o pior; é a certidão que nos permite tudo conhecer sobre a fome, a sede, o sexo, as lágrimas, o riso, os murros e os pontapés, o fluxo de imagens a que chamamos pensamento, os sentimentos, as palavras, as histórias, as crenças, a música e a poesia, a felicidade e o êxtase. A consciência, no seu plano mais simples e básico, permite-nos reconhecer o impulso irresistível para conservar a vida e desenvolver um interesse por si mesmo. A consciência, no seu plano mais complexo e elaborado, ajuda-nos a desenvolver um interesse por outros si mesmos e a cultivar a arte de viver.
  
In O Sentimento de Si. O corpo, a emoção e a neurobiologia da consciência, António Damásio,
Mem Martins, Publicações Europa-América, 2000 (1ª ed.), pp. 23-24. Título Original: The Feeling of What Happens.Versão portuguesa do original americano revista pelo autor e baseada em parte, numa tradução de M.F.M.
  
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/08/29/.consciencia.aspx]

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Da Consciência Nuclear à Consciência Alargada





  
  
[…] a consciência não é monolítica, pelo menos nos seres humanos: pode ser dividida em espécies simples e complexas e a evidência neurológica torna esta divisão transparente. A espécie mais simples, a que chamo consciência nuclear, fornece ao organismo um sentido do si num momento — agora — e num lugar — aqui. O âmbito da consciência nuclear é o aqui e agora. A consciência nuclear não ilumina o futuro, e o único passado que nos permite vagamente vislumbrar é o que ocorreu no instante exactamente anterior. Não corresponde a nenhum algures, não corresponde a nenhum antes, nem corresponde a nenhum depois. Por outro lado, a espécie mais complexa de consciência, a que chamo consciência alargada e da qual existem vários níveis e graus, fornece ao organismo um elaborado sentido de si — uma identidade e uma pessoa, o leitor ou eu — e coloca essa pessoa num determinado ponto da sua história individual, amplamente informada acerca do passado que já viveu e do futuro que antecipa, e agudamente alerta para o mundo que a rodeia.
  
Em resumo, a consciência nuclear é um fenómeno biológico simples; possui um único nível de organização; é estável ao longo da vida do organismo; não é exclusivamente humana; e não está dependente da memória convencional, da memória de trabalho, do raciocínio ou da linguagem. Por outro lado, a consciência alargada é um fenómeno biológico complexo, possui vários níveis de organização, e evolui ao longo de toda a vida do organismo. Embora acredite que a consciência alargada também se encontra presente de forma elementar em alguns seres não humanos, ela só atinge o seu auge nos seres humanos. A consciência alargada depende da memória convencional e da memória de trabalho. Quando atinge o seu apogeu humano, é largamente reforçada pela linguagem.
  
O super-sentido da consciência nuclear é o primeiro passo para a luz do conhecimento e não ilumina um ser na sua totalidade. Por outro lado, o super-sentido da consciência alargada traz finalmente para a luz o edifício inteiro do ser. Na consciência alargada, tanto o passado como o futuro antecipado são sentidos em simultâneo com o aqui e agora, numa visão abrangente cujo alcance é tão vasto como o de uma história épica.
  
Se é verdade que a consciência nuclear constitui o rito de passagem para o conhecimento, é igualmente verdade que os níveis de conhecimento que abrem caminho à criatividade humana são permitidos pela consciência alargada. Quando pensamos no esplendor da consciência e quando pensamos que a consciência é especificamente humana, estamos a pensar na consciência alargada no seu momento de zénite. No entanto, como veremos, a consciência alargada não é uma variedade independente da consciência: pelo contrário, é edificada sobre os alicerces da consciência nuclear. O bisturi da doença neurológica revela que as alterações da consciência alargada deixam incólume a consciência nuclear. Pelo contrário, as alterações que se iniciam ao nível da consciência nuclear arrasam todo o edifício da consciência, e a consciência alargada colapsa também. O esplendor da consciência requer ambas as formas de consciência. Porém, se queremos esclarecer essa gloriosa combinação, devemos começar por compreender a sua forma mais simples e básica: a consciência nuclear.
  
A propósito, os dois tipos de consciência correspondem a dois tipos de si. O sentido do si que surge na consciência nuclear é o si nuclear, uma entidade transitória, recriada incessantemente para todos os objectos com os quais o cérebro interage. Todavia, a nossa noção tradicional do si está ligada à ideia de identidade e corresponde a um conjunto não transitório de factos e modos de ser singulares que caracterizam uma pessoa. A minha designação para essa entidade é a de si autobiográfico. O si autobiográfico depende de memórias sistematizadas de situações em que a consciência nuclear permitiu o conhecimento das características mais invariantes da vida de um organismo: quem foram os pais, onde se nasceu, quando, de que coisas se gosta e que coisas se detestam, a reacção habitual face a um problema ou conflito, o nome, etc. Utilizo o termo memória autobiográfica para designar o arquivo organizado dos principais aspectos da biografia de um organismo. […]
  
  
  
  
  

 O SENTIMENTO DE SI, António Damásio
  
  
  
  
  
  
O TRANSITÓRIO E O PERMANENTE
  
  
A organização da consciência que proponho resolve o aparente paradoxo que William James identificou — segundo o qual, na corrente da nossa consciência, o si muda continuamente à medida que se desloca no tempo, embora, de certo modo, esse si permaneça o mesmo à medida que a existência prossegue. A solução deste aparente paradoxo vem com o facto de o si aparentemente mutável e de o si aparentemente permanente, embora intimamente relacionados, não serem uma só entidade, mas duas. O si em constante mudança identificado por James é o si da consciência nuclear, transitório, efémero, constantemente refeito e renascido. O si que parece permanecer o mesmo é o si autobiográfico, o que se baseia num repositório de memórias biográficas individuais parcialmente reactivadas, que dão assim continuidade e aparente permanência às nossas vidas.
  
Esta organização dupla requer os mecanismos da consciência nuclear e a disponibilidade da memória. A consciência nuclear fornece-nos um si nuclear, mas a memória convencional é necessária para a construção do si autobiográfico, tal como a consciência nuclear e a memória de trabalho são necessárias para tornar o si autobiográfico explícito, isto é, para manifestar os conteúdos do si autobiográfico na consciência alargada. As espécies cuja memória é limitada não enfrentam o paradoxo de James. Habitam um mundo situado num degrau acima da inocência. Têm, com toda a probabilidade, a experiência aparentemente contínua de momentos de individualidade consciente, mas não estão nem sobrecarregadas nem enriquecidas pelas memórias de um passado pessoal e muito menos pelas memórias de um futuro antecipado.
  
Na minha proposta, a consciência nuclear constitui uma faculdade central, produzida por um sistema mental e neural circunscrito. O facto de a consciência nuclear ser central não significa que dependa de uma estrutura única. Já vimos que é necessário um grande número de estruturas neurais para a ocorrência da consciência nuclear. Porém, a complexidade do sistema, a multiplicidade dos seus componentes e a cooperatividade necessária para a sua operação normal, não devem fazer esquecer o seguinte facto: à escala anatómica do cérebro inteiro, o sistema que permite à consciência nuclear (a combinação das regiões que apoiam o proto-si e das regiões que apoiam o relato de segunda ordem) está confinado a um conjunto de regiões anatómicas. Não está uniformemente distribuído por todo o cérebro. Existem muitas regiões cerebrais que não estão de todo relacionadas com a produção da consciência nuclear.
  
A robustez da consciência nuclear provém da sua centralidade anatómica e funcional e do facto de qualquer conteúdo mental, quer seja processado activamente numa interacção directa, quer seja recordado da memória, poder levar o sistema da consciência nuclear a actuar, provocá-lo, por assim dizer, e, ao fazê-lo, gerar uma pulsação de consciência nuclear. A consciência nuclear não está dividida por modalidades sensoriais, por exemplo, consciência nuclear «visual» ou consciência nuclear «auditiva». Pelo contrário, a faculdade central da consciência nuclear pode ser usada por qualquer modalidade sensorial e pelo sistema motor, de modo a gerar conhecimento acerca de qualquer objecto ou movimento.
  
Os conteúdos do si autobiográfico — as memórias organizadas e reactivadas dos factos fundamentais da biografia individual — são os principais beneficiários da consciência nuclear. Sempre que um objecto X provoca uma pulsação de consciência nuclear e o si nuclear emerge em relação ao objecto X, são também consistentemente activados, sob a forma de memórias explícitas, certos conjuntos de factos autobiográficos implícitos que provocam as suas próprias pulsações de consciência nuclear.
  
A qualquer momento da nossa vida, geramos pulsações de consciência nuclear para um ou mais objectos e para um conjunto de memórias autobiográficas reactivadas que os acompanham. Sem estas memórias autobiográficas não teríamos qualquer sentido de passado ou de futuro, não existiria uma continuidade histórica para as nossas pessoas. Mas sem a narrativa da consciência nuclear e sem o si nuclear transitório, que nasce no seu interior, não teríamos qualquer conhecimento do momento presente, do passado memorizado e do futuro antecipado. A consciência nuclear é uma necessidade fundamental. Tem precedência, evolutiva e individualmente, sobre a consciência alargada que agora possuímos. No entanto, sem a consciência alargada, a consciência nuclear nunca teria a ressonância do passado e do futuro. A interdependência da consciência nuclear e alargada é completa.
  

      
  
  
Espécies de si
    
  
  
  
  
             
      
   A seta entre o proto-si não consciente e o si nuclear consciente representa a transformação que ocorre como resultado do mecanismo da consciência nuclear. A seta em direcção à memória autobiográfica indica a memorização de experiências repetidas do si nuclear. As duas setas em direcção ao si autobiográfico significam a sua dependência dupla, em relação quer às pulsações contínuas da consciência nuclear, quer às reactivações contínuas das memórias autobiográficas.
   
    
In O Sentimento de Si. O corpo, a emoção e a neurobiologia da consciência, António Damásio, Mem Martins, Publicações Europa-América, 2000 (1ª ed.). Título Original: The Feeling of What Happens.Versão portuguesa do original americano revista pelo autor e baseada, em parte, numa tradução de M.F.M.
  
  
  
  
Leia ainda “Uma Recensão Direccionada de O Sentimento de Si: Da Consciência Nuclear à Consciência Alargada. Da Memória Autobiográfica à Identidade Pessoal” in http://metafisica.no.sapo.pt/cardim.html


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/08/27/consciencia.alargada.aspx]