quarta-feira, 3 de outubro de 2012

SONHO QUE SOU UM CAVALEIRO ANDANTE (Antero de Quental)

      Carlos Pereira da Silva
           
           
O PALÁCIO DA VENTURA

Sonho que sou um cavaleiro andante,
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
           
Antero de Quental
        
___________________________

anelante (verso 3) – com desejo intenso; ansioso.

cavaleiro andante (verso 1) – herói das novelas de cavalaria medievais que busca um ideal de amor e de justiça.

fragor (verso 12) – ruído muito forte; estrondo.

fulgurante (verso 7): reluzente, que relampeja.

Paladino (verso 3) – pessoa que defende alguém ou alguma coisa, de forma corajosa e tenaz.

pompa (verso 8) – esplendor; ostentação.

vacilante (verso 5): enfraquecido.

Ventura (título e verso 4): felicidade, sorte

           
          
TEXTOS DE APOIO
                      
Texto 1
           
Antero de Quental foi um verdadeiro apóstolo social, solidário e defensor da justiça, da fraternidade e da liberdade. Mas as preocupações nunca o deixaram desde que entrou nos meios universitários de Coimbra e se tornou líder da Geração de 70 que, em Lisboa, continuou a sua luta. É o próprio que, numa carta autobiográfica, de 14 de Maio de 1887, dirigida a Wilhelm Storck, afirma que:
        
"O facto importante da minha vida, durante aqueles anos, e provavelmente o mais decisivo dela, foi a espécie de revolução intelectual e moral que em mim se deu ao sair, pobre criança arrancada do viver quase patriarcal de uma província remota e imersa no seu plácido sono histórico, para o meio da irrespeitosa agitação intelectual de um centro, onde, mais ou menos vinham repercutir-se as encontradas correntes do espírito moderno. Varrida num instante toda a minha educação católica e tradicional, caí num estado de dúvida e incerteza, tanto mais pungentes quanto, espírito naturalmente religioso, tinha nascido para crer placidamente e obedecer sem esforço a uma regra reconhecida. Achei-me sem direção, estado terrível de espírito, partilhado mais ou menos por quase todos os da minha geração, a primeira em Portugal que saiu decididamente e conscientemente da velha estrada da tradição.”
        
As dúvidas e a verificação de que o seu apostolado não estava a conseguir os objetivos que desejava, aliado ao agravamento da sua doença, conduziram Antero de Quental a sentir-se dececionado, mergulhando num estado de pessimismo. Quem se empenha como ele, de forma apaixonada, numa campanha para alterar mentalidades e não sente a promoção do espírito da sociedade moderna, fica frustrado.
Em “O Palácio da Ventura”, os momentos de dúvida e de incerteza, ou melhor, de esperança e de desesperança, estão bem patentes.
Desde o início se percebe que há uma busca de uma felicidade (palácio encantado), mas que só encontra a desilusão. Caminha, ansiosamente, na busca da concretização de um sonho, mas no final apenas encontra "Silêncio e escuridão e nada mais!"
O próprio caminho é feito de confiança e deceção, de expectativa e desengano. Na primeira parte (até ao verso 6), há a busca da felicidade (vv. 1 a 4), mas é tomado pelo cansaço e pela desilusão (vv. 5, 6). O entusiasmo é substituído pelo desalento. Na segunda parte (vv.7 a 12), verifica-se uma ilusão momentânea que o leva ao grito de ansiedade "Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!" (v. 12). A adversativa mas (v. 13), com que inicia a terceira parte, volta a mostrar a desilusão, desta vez mais forte e dorida.
           
Português A e B: acesso ao ensino superior 2000, Vasco Moreira, Hilário Pimenta. Porto, Porto Editora, 2000. (Coleção: Acesso ao ensino superior: preparação para a prova de exame nacional - 12º ano)
        
        




Texto 2
"Sonho que sou": eis as primeiras palavras que lemos. Chama-nos a atenção de imediato o verbo "sonhar". O texto parte de uma realidade onírica, ideal. Não é verdade que o sonho é uma "constante da vida", "Que sempre que o homem sonha/O mundo pula e avança"? Não é verdade que muitas vezes nos entregamos ao sonho? O sujeito poético (= eu [sonho]) sonha. O quê? "Sonho que sou um cavaleiro andante". A sua convicção é reforçada pela repetição da consoante [ s ]: se souberes a classificação das consoantes, dirás que a repetição do fonema sibilante [ s ] confere força à afirmação, ele aparece em duas sílabas tónicas seguidas. Basta alterares o verso para "Sonho-me um cavaleiro andante" ou "Julgo que sou um cavaleiro andante" para veres a diferença de força. O que é um cavaleiro andante? Em que época havia cavaleiros andantes? Hoje não há, hoje há automóveis, aviões... Na Idade Média eram frequentes as aventuras desses cavaleiros. É, pois, a aventura, sinónimo de sonho, que devemos fixar. A caracterização do cavaleiro como andante remete exatamente para um espaço a percorrer, num determinado momento temporal. Que espaço?
"Por desertos, por sóis, por noite escura". Chama-nos a atenção a repetição da consoante [p] ou do fonema bilabial momentâneo [p], que, pela implosão do ar e ruído que provoca, sugere de imediato o som do trotar do cavalo: p p p. Se o texto fosse simbolista, poderíamos mesmo tirar partido da configuração desta consoante para a sugestão da configuração física da pata do cavalo. Mas não é. O espaço e a dimensão temporal são, pois, constituídos por três realidades: desertos, sóis, noite escura. Cavalgar por desertos, é difícil, não é verdade? A aventura não será fácil, o objetivo a alcançar não será fácil. Cavalgar por desertos e ainda por sóis é ou não mais difícil? O sol escaldante do deserto! A vida não é também uma aventura "escaldante"? Já imaginaste o que seria uma vida sem provas? Vais ler mais tarde poemas de Fernando Pessoa, sobretudo de Mensagem, onde encontrará uma definição ideal de vida. Cavalgar por noite escura não será sinónimo de impossibilidade? A noite já é em si escura. Por que razão o poeta quis qualificá-Ia de escura? É que há noites com tanto luar que permitem ver. O que parece evidente é a gradação crescente de dificuldades que o cavaleiro terá de vencer. Que força o impele? "Paladino do amor": é o amor a um objetivo, a uma meta. Não é verdade que o amor é por vezes mais forte do que a morte, como diz o provérbio? Alguém escreveu: "Ama faz que quiseres". Quando o amor é mesmo amor, tudo se pode vencer. Guiado pela força do amor, o cavaleiro procura "anelante/O palácio encantado da Ventura". Eis a meta, o objetivo: a Ventura, metaforicamente rainha de um palácio encantado. Que a procura é intensa, mostra-o não só o adjetivo com a função de advérbio, mas o transporte do verso terceiro sobre o verso quarto. Cavaleiro andante, palácio encantado, tudo a lembrar a época medieval, os contos de fadas, a procura do Graal, etc.
Pergunta-se muitas vezes para que serve a rima. Repara: andante rima comanelante
escura com Ventura. Será rima só de ouvido? Se fosse o caso, não teria muito interesse. A poetização faz-se quer a nível do significante quer a nível do significado. A nível do significante, podemos determo-nos nos exemplos apontados. Andante eanelante são adjetivos que se aproximam pelo som e pelo significado; a rima funciona por semelhança. Escura e Ventura são palavras de categoria gramatica l diferente e de significado diferente. Por que razão terá o poeta escolhido esta rima rica? Parece não ser difícil distinguir que se fez a aproximação destas palavras para sugerir dificuldade. Não é difícil cavalgar sem nenhuma luz? A Ventura, a felicidade, não qualquer felicidade, porque as palavras maiusculadas adquirem significados que transcendem a denotação, a felicidade profunda, vital, essencial, felicidade a que leva um autêntico amor, não é difícil de alcançar? Eis o sentido da rima, eis a poetização do significante.
Tudo quanto dissemos aponta para elevado grau de dificuldade. Não admira que o cavaleiro vacile na primeira prova a que é submetido: "Mas já desmaio, exausto e vacilante/Quebrada a espada já, rota a armadura..." A exaustão leva à vacilação, o advérbio de tempo "já" indica o momento do desmaio. Terá sido grande a luta? O cavaleiro tinha consigo as suas armas, com as quais julgava poder conseguir os seus intentos. Todavia, elas foram destruídas durante a luta. E aconteceu o desmaio, a queda, mas não a desistência. Quantas vezes não caímos? Quantas vezes não nos levantamos? Não é a vida feita de sucessos e de insucessos? A pontuação reticente pode sugerir o que acabamos de dizer ou ainda um momento de recuperação de forças: mesmo desmaiado, tem dentro de si a força que o faz agir: o amor. É por isso que, de forma quase inesperada, o cavaleiro avista aquele palácio que procurava. Então, como um náufrago que avista uma boia, ganha forças. Ganha forças porque o avistou e ganha forças porque ele era realmente belo, talvez mesmo muito mais belo do que pensara. Compreendes por que é destacada a "sua pompa e aérea formosura"? Antes era um "palácio encantado", agora mais perto é ainda mais sedutor. Não haverá a intenção de salientar a qualidade da Ventura, do Sonho?
A passagem de estrofe é estratégica: sugere o tempo necessário para o cavaleiro chegar ao palácio. O poema é uma unidade, tem de haver continuidade, não podem acontecer saltos. Uma vez encontrado o palácio, o que faz o cavaleiro? Duas ações. Repara na poetização do significante: "Com grandes golpes bato à porta e brado"; construído o verso com monossílabos e dissílabos, a acentuação tem de sugerir os golpes: ~´~´~´~´~´/; repara que nas sílabas sexta e décima recaem os acentos dominantes (verso decassílabo heroico) e as palavras que os contêm são as que indicam as duas ações; repara na repetição (aliteração) dos fonemas sublinhados a negro e na repetição da vogal aberta /a/, a sugerir admiração e expectativa. Tudo se conjuga para criar um efeito quase onomatopaico do que acontece. O cavaleiro bate à porta e simultaneamente (simultaneidade indicada pela conjunção coordenativa e) grita. Este verso é um exemplo acabado do trabalho sobre o significante.
A apresentação do cavaleiro é também notável: "Eu sou o Vagabundo, o Deserdado..." Novamente as maiúsculas a conferir significados transcendentes às palavras. Que significará Vagabundo? Não o sentido a que nos habituámos a colar a essa palavra. Os alunos já viram o uso do adjetivo "vago" em Bocage e em Garrett com o significado de andante, que vagueia. É esse o significado neste contexto, aumentado da transcendência que lhe advém de estar maiusculado: será então aquele que procura algo de essencial, de vital. E Deserdado? Aquele que tem de conquistar a Ventura, porque a felicidade não é um rebuçado que cai do céu: tem de ser merecida. Belo tema para os nossos jovens ganharem o ideal de saber viver, tendo presentes as palavras de Fernando Pessoa: "Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor."Qual o grito do cavaleiro? "Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!" Da luta, do sacrifício, já falámos; também não admira que as portas sejam de ouro, pois o palácio é encantado e fulgurante; a metaforização de todo o palácio é um dado necessário para evidenciar a grandeza da procura. A pontuação deixa transparecer a aflição e a expectativa do cavale iro, prestes a atingir o seu objetivo. A mudança de estrofe é também estratégica, como já o vimos anteriormente.
As portas obedecem a tão ansioso pedido; o ruído que fazem é sugerido pela repetição do fonema vibrante [r] e denuncia que poucas vezes se abrem essas portas. O cavaleiro pode ou não vencer esta terceira prova? Encontrará ou não a Ventura? Tudo parece indicar que sim. Mas, oh! crueldade!, não vai vencer. A adversativa "Mas" indicia uma deceção, consumada com o vazio do palácio: "Mas dentro encontro só, cheio de dor,/Silêncio e escuridão - e nada mais." Repara que a "noite escura" já indiciava impossibilidade; repara no paralelismo "Mas já"- disjuntivo temporal - e "Mas dentro" - disjuntivo espacial; repara no paralelismo "já desmaio" e "encontro só". Não te parece que havia vários indícios de fracasso ao longo do poema? Se eram abundantes esses sinais, não se esperava uma tão completa deceção. Um poema é um percurso - a vida é um percurso -, inicia-se e, por vezes, não se sabe onde vai chegar. Não é esta uma das atrações da poesia? Um jogo de resultados imprevisíveis? Se tudo fosse conhecido de antemão, onde a magia, o encanto da descoberta? O cavaleiro entrou no palácio encantado, parecia ter alcançado o que procurava. Mas apenas encontrou "Silêncio e escuridão - e nada mais!" Repara como a tonalidade das palavras se fechou: os sons nasais, palavras de sentido negativo, o pronome indefinido negativo reforçado pelo advérbio de quantidade. Deceção completa! O cavale iro terá de recomeçar tudo de novo. Quem não vê neste poema a história de tantas tentativas fracassadas? Quem não vê neste poema a distância que vai do sonho à realidade? Quem não vê neste poema o próprio Antero, utópico, revolucionário, cheio de força, erguendo a espada da Liberdade, do Amor e da Justiça, mas incompreendido, recusado? Quem não vê neste poema a alegoria de tantos jovens sonhadores e incompreendidos? Terá sido então inútil esta procura? Nada é inútil quando os objetivos por que se luta são autênticos. Nunca se deve desistir. Quem sabe se da próxima vez este cavaleiro não encontrará a sua Ventura! O que terá falhado? Perguntas que motivam outros textos que poderiam ser escritos.
Fizemos também uma caminhada de aná lise textual. Estamos convencidos de que um trabalho destes não deixará de ser estimulante, pois é um jogo.
           
J. Guerra e J. Vieira, Aula Viva. Português A. 12º Ano, Porto Editora, 1999
           





Castelo Branco, Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, Açores
              
           





Texto 3
Para uma análise e interpretação de “O Palácio da Ventura”


Estrutura interna

1ª. parte: vv.1-6 - a busca da felicidade (vv.1-4), o cansaço e a desilusão (vv.5-6).

2ª. parte: vv.6-12 - a ilusão momentânea, a nova esperança e o grito de ansiedade.

3ª. parte: vv.13-14 - a dor a e desilusão final.

Recursos expressivos

Nível fónico

Nível morfossintáctico

Rima: ABAB, ABAB, CCD, CCD. Cruzada, emparelhada e interpolada.

Métrica: decassílabos

Aliteração do fonema "s": "Sonho quesou um cavaleiro andante/Por desertos, por sóis, por noite escura"

Ritmo: ternário - "Por desertos, por sóis, por noite escura"

Binário: "Mas já desmaio, exausto e vacilante/Quebrada a espada já, rota a armadura…"

Antíteses:

"Palácio… fulgurante"/"dentro… escuridão"
"abrem-se as portas d'ouro, com fragor"/"dentro… silêncio"
"pompa e aérea formosura"/"e nada mais"

campo lexical do sonho: por desertos, por sóis, por noite escura, paladino do amor, anelante, palácio encantado.

campo lexical do cansaço: desmaio, exausto, vacilante, quebrada a espada, rota a armadura.

Uso das Adversativas:

Mas (v.5) cria a oposição entre os dois momentos.

"E eis" (v.7) com valor adversativo, permite o retomar da ilusão e da busca inicial.

Mas (v.13) volta a mostrar que se confirma o segundo momento, ou seja, a desilusão.

campo lexical da animação: súbito, fulgurante, grandes, bato, brado.

campo lexical da desilusão: só, cheio de dor, silêncio, escuridão, nada.

As imagens medievais como símbolos do dinamismo psíquico:

Imagens:

cavaleiro andante

palácio encantado

por desertos, por sóis, por noite escura

quebrada a espada, rota a armadura

portas d'ouro

Símbolos:

paladino do amor

e da felicidade (= ventura)

am busca ansiosa

sacrifício e sua ultrapassagem

ilusão

a demanda medieval (do Graal)

a aventura do espírito humano, que busca a verdade e a felicidade, exigindo do homem o empenho para a sua conquista

Assunto: busca de uma felicidade (palácio encantado) e o encontro da desilusão. Procura-se sempre a felicidade mas, a maioria das vezes, só nos desiludimos durante essa busca. A felicidade é tão fugaz como uma miragem.
http://www.lithis.net/33
           
Vladimir Malakhovsky (Rússia)

            
            
            

PROPOSTAS DE TRABALHO
           
I - Como objeto da leitura metódica, Maria Madalena Gonçalves (in Poesias de Antero de Quental) propõe as seguintes linhas de leitura:
A estrutura deste soneto é claramente narrativa: estamos em presença de uma pequena história narrada em 1.ª pessoa:
António Sérgio, na sua edição dos Sonetos, chamou-lhe «tragédia em 4 atos», propondo a seguinte divisão:
(1-4) o entusiasmo do primeiro arranco;
(5-6) o desalento do insucesso;
(7-12) o renascimento da esperança;
(13- 14) a deceção final.
A nossa divisão vai diferir da de Sérgio porque utilizaremos o critério de divisão que é o próprio da especificidade da narrativa: a distinção entre enunciados narrativos de estado e enunciados narrativos de fazer.
1. Comece por fazer um levantamento verbal, observando a diferença de sentido entre o verbo ser («Sonho que sou um cavaleiro andante») e os restantes. Tente definir o que expressam esses verbos.
2. No primeiro verso enunciam-se simultaneamente duas coisas. É capaz de as distinguir? Para responder a esta pergunta terá de atentar no significado do verbosonhar. Muitas vezes, quando dizemos que sonhamos com isto ou com aquilo e descrevemos essa ação, acabamos por criar a própria situação onírica. Será isto o que acontece aqui?
3. A expressão «cavaleiro andante» contém em si a virtualidade de uma ação. Delimite no texto o espaço onde essa ação se realiza. A partir daqui já é capaz de dizer qual é oenunciado narrativo de estado e os enunciados narrativos do fazer, não é verdade?
4. Um «cavaleiro andante» é a figura do movimento, é aquela personagem que se move de um lado para o outro. Repare como este «cavaleiro andante» percorre simultaneamente um espaço físico e um espaço psicológico.
a) Qual é, no texto, a palavra que define o espaço físico que o «cavaleiro» percorre?
b) Procure encontrar as razões que fazem com que o sentido do verso 2 seja eminentemente espacial. Observe a repetição da preposição por.
c) Se tivesse de escolher uma palavra para definir o espaço psicológico, qual escolheria? Porquê?
d) Explore a correlação de sentido que existe entre «desertos» e «sonho», sabendo que o primeiro sugere a imensidade do mundo físico e o segundo, a profundidade da vida psíquica.
e) Repare que todo o texto está construído no presente. Apesar disso, nós sentimos o «andamento» deste «cavaleiro andante», a progressão desta pequena narrativa, ou seja, um «antes», um «durante» e um «depois». Anote estas diferentes etapas no texto.
f) O sentido de movimento e de tempo é produzido por categorias como próximo/afastado, fechado/aberto, exterior/interior, as quais efetuam um tratamento especial no interior do espaço psicológico. Faça corresponder estas categorias fundamentais na perceção às etapas que delimitou no texto.
5. O programa narrativo deste «cavaleiro andante» é buscar o palácio encantado da Ventura! Acha que o sujeito da busca é suficientemente competente para realizar essa tarefa? Qual é a expressão que define a sua competência? Que relação existe entre o «Amor» e a «Ventura»?
6. Para realizar a sua tarefa, nós sentimos que este «cavaleiro» passou por diferentesprovas.
a) Na primeira prova, o «cavaleiro» procura o apoio junto de determinados «agentes». O que é que lhe permite deparar com o objeto da procura?
b) Na segunda prova, o " cavaleiro" consegue encontrar o palácio encantado. Delimite a passagem no texto.
c) Na terceira prova, o «cavaleiro» toma consciência do sentido da sua busca. Como qualificaria esse sentido? Repare como formalmente o carácter decetivo do encontro já estava anunciado nos versos 5 e 6. Há ou não proximidade semântica entre os sintagmas predicativos «já desmaio» (v. 5) e «encontro só» (v. 13)? Explique. Há ou não paralelismo entre o disjuntivo temporal «Mas já» (v. 5) e o disjuntivo espacial «Mas dentro» (v. 13)?
7. Reflita sobre o facto de o sentido do texto-enunciado (que já vimos ser a decetividade que marca uma busca) não ser independente da sua enunciação (criação simultânea de uma situação onírica). Que tipo de instituição cultural ou mesmo conjuntura sociocultural pode permitir ser o SONHO ponto de referência adotado, a partir do qual se produzem sentidos?
                    
***

II - Questionário proposto por Rosário Costa, Olinda Magalhães e Sónia Rodrigues,Língua Portuguesa 10. Preparar os testes de avaliação, Porto, Areal Editores, 2006:
         
1. Atente na composição poética na sua globalidade.
1.1. Faça a escansão do seu primeiro verso.
1.2. Proceda à descrição da sua estrutura externa (verso, estrofe, rima, tipo de composição).
2. O poema inicia-se pela expressão Sonho que...
2.1. Faça o levantamento de todas as formas verbais do poema que dão continuidade à expressão.
2.2. Proceda ao levantamento de todos os vocábulos que se incluem no campo lexical de cavaleiro.
2.3. Relacione as suas respostas às alíneas anteriores com a simbologia que emerge do poema.
3. O poema de Antero Quental pode dar azo a divisões diferentes, mediante o critério utilizado para essa tarefa.
3.1. Delimite a sua estrutura interna de acordo com: a procura de algo/o encontro do que se procura/verificação da essência do procurado.
4. Ao longo do seu percurso, o sujeito poético apresenta variações no seu estado de espírito.
4.1. Caracterize cada um deles (quatro), recorrendo a dois adjetivos para cada um.
5. O conector mas inicia dois dos versos do poema.
5.1. Explique a relação que estabelece entre a primeira estrofe e a segunda.
5.2. Explicite a sua funcionalidade no segundo verso da última estrofe.
6. Atente no último verso do poema.
6.1. Indique a(s) figura(s) de estilo nele presente(s).
6.2. Explique a sua expressividade no desfecho do poema.
7. Releia, agora, a composição poética na sua globalidade.
7.1. Determine o seu assunto.
7.2. Determine o seu tema.
         
Explicitação de cenários de resposta:            
1.1. So/nho/ que/ sou/ um/ ca/va/lei/ro an/dan/te ‑ o verso tem 10 sílabas métricas.
1.2. O poema é constituído por catorze versos decassilábicos, distribuídos por quatro estrofes, duas quadras e dois tercetos, cujo esquema rimático é ABAB/ABAB/CCD/EED,apresentando assim, ao nível formal, as características de um soneto.
2.1. As formas verbais são as seguintes: sou, busco, desmaio, avisto, bato, encontro.
2.2. Espada, paladino, armadura, palácio.
2.3. Todos estes elementos remetem para a procura de um ideal por parte do sujeito poético. Este último simbolizado pela figura do cavaleiro andante, aquele, pelo palácio encantado, com todas as conotações que sugere ‑ riqueza, superioridade, beleza, perfeição.
3.1.      1ª parte ‑ primeira quadra e dois primeiros versos da segunda;
2ª parte ‑ terceiro verso da segunda quadra;
3ª parte - último terceto.
4.1. Primeiro está entusiasmado e iludido; depois fica desanimado e cansado; em seguida, volta a ficar animado e eufórico; por último, fica dececionado e desiludido.
5.1. Oposição do seu estado de espírito ‑ animado/desanimado.
5.2. Oposição entre a opulência exterior do palácio e o seu vazio interior.
6.1. Polissíndeto e gradação.
6.2. Enfatizam o vazio do interior, justificando a desilusão sentida.
7.1. O sujeito poético, sonhando que é um cavaleiro, procura desesperadamente o palácio da ventura; mas só quando estás prestes a desistir o encontra deslumbrante e se anima. Sente, porém, uma grande desilusão quando verifica o vazio do seu interior.
7.2. Procura da felicidade ideal.
         *** 
         
III - Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Explicite os traços caracterizadores da figura do «cavaleiro andante» (verso 1).

2. Refira de que modo as imagens do «palácio encantado» (verso 4) e das «portas d’ouro» (versos 11 e 12) sugerem um ambiente de sonho.

3. Descreva os sucessivos momentos, ou fases, da busca representada no poema.

4. Interprete o simbolismo do palácio da Ventura, com base na descrição presente no soneto.

 

Explicitação de cenários de resposta

1. Sendo um «Paladino do amor» (v. 3), o «cavaleiro andante» (v. 1) é sonhador e determinado, procurando ansiosamente («anelante» – v. 3) o «palácio encantado da Ventura» (v. 4), que é o seu grande objetivo. Corajoso, entrega-se a essa busca até ao limite das suas forças (v. 5). E, quando se encontra perante ele, declara-se como «o Vagabundo, o Deserdado» (v. 10), a quem falta toda a felicidade.

 

2. Para além da expressão «Sonho que sou» que abre o poema, encontram-se imagens próprias de um mundo de fantasia, que contribuem para a criação de uma atmosfera onírica:

− «palácio encantado» (v. 4), que parece flutuar num plano superior («aérea formosura» – v. 8);

− «portas d’ouro» (vv. 11 e 12), que se abrem sozinhas, como que movidas por forças misteriosas.

 

3. São quatro os momentos da busca representada no poema.

O primeiro momento (1.ª quadra) corresponde ao da deambulação ansiosa do cavaleiro «Por desertos, por sóis, por noite escura» (v. 2).

O segundo momento (2.ª quadra) é o que marca a descoberta do palácio procurado.

O terceiro momento da busca (1.º terceto) é o do apelo emocionado do «eu» a que as portas do palácio se abram.

O quarto momento (2.º terceto) é o da sua desolação perante o nada que, afinal, o palácio da Ventura encerra.

 

4. O palácio da Ventura é o símbolo de um ideal grandioso de amor e de felicidade que, afinal, se revela uma ilusão cruel. Os elementos que lhe dão forma são a dimensão mágica (é «encantado» – v. 4), a beleza (é «fulgurante / Na sua pompa e aérea formosura» – vv. 7-8), a riqueza (tem «portas d’ouro» – vv. 11 e 12) e, finalmente, o «Silêncio» e a «escuridão» (v. 14).

 

(Fonte: Exame Final Nacional do Ensino Secundário. Prova Escrita de Literatura Portuguesa. 11.º Ano de Escolaridade. Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho. Prova 734/2.ª Fase e respetivos critérios de classificação. Portugal, IAVE, 2016)

 

***

IV- COMENTÁRIO DE TEXTO

Elabore um comentário global do soneto «O Palácio da Ventura», focando os seguintes tópicos:

- descrição da alegoria utilizada;

- explicitação da significação alegórica;

- relevo do ritmo e dos efeitos fónicos;

- relação com o universo poético de Antero de Quental;

- ponto de vista pessoal sobre o poema.

 

(Fonte: Exame Nacional do Ensino Secundário. Disciplina Específica. Cursos Complementares Diurnos (11.º ano). Formação Geral - Área D. Prova escrita de Português n.º 437. Portugal, 1997, 2.ª fase)

        
Poderá também gostar de:

Excerto do telefilme Antero – O Palácio da Ventura:



► Projeto #ESTUDOEMCASA, aula 49 de Português – 11.º ano, sobre Os sonetos de Antero de Quental: contexto literário. Poema "O palácio da Ventura", 2021-06-01. Disponível em https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7903/e547965/portugues-11-ano        

 Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de textos de Antero de Quental, por José Carreiro. In: Lusofonia – plataforma de apoio ao estudo da língua portuguesa no mundo, 2021 (3.ª edição) <https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/antero-de-quental>


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2012/10/03/palacio.da.ventura.aspx]

terça-feira, 2 de outubro de 2012

VOZ DO OUTONO (Antero de Quental)


ANTERO DE QUENTAL

                
VOZ DO OUTONO

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
‑ "Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel devesa,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!" ‑
                

Antero de Quental
           
           
LINHAS DE LEITURA
           
Elabore um comentário ao texto, de acordo com eis seguintes tópicos:
- assunto;
- tema;
- conflito interior manifestado pelo eu lírico;
- principais recursos expressivos e sua pertinência.
      
EXPLICITAÇÃO DE CENÁRIOS DE RESPOSTA
      
Assunto:
- O sujeito poético faz balanço da sua vida, “falando” para si próprio;
- sente-se desiludido e angustiado: mais valia nunca ter sonhado com a mudança de mentalidades, pois esse sonho nunca se concretizou e a mudança falhou
          
Tema: angústia existencial.
           
Conflito interior manifestado pelo eu lírico:
- Conflito interior, de cariz irónico, percebe-se através das duas comparações:
·         mais valia ter sido alguém sem ideias do que alguém que sonhou inocentemente e agora se sente defraudado (1ª estrofe, vv. 3 e 4, e 2ª estrofe);
·         mais valia ter vivido só a sua vida a ter sonhado uma vida melhor para todos e não ter concretizado esse sonho (3ª e 4ª estrofes).
- O sujeito poético dirige-se a si próprio (“meu cansado coração”), desiludido e cansado, para “ouvir" o que lhe diz o fim da vida / a preparação para a nova vida (“Natureza”, “Outono”):
·         devia ter sido alguém sem ambições, que não desejasse uma sociedade perfeita (“Fada da Beleza”), que não acreditasse na revolução de mentalidades e social ('Ilusão");
·         devia ter ficado com os seus ideais da revolução (“alma visionária”) só para si; mais valia ter vivido com todos os seus ideais só para si, nem que para isso tivesse de sentir “ódio e raiva e dor”, por não os ter posto em prática;
·         é que, ao tentar revolucionar a sociedade, o sujeito poético sentiu o mesmo (“ódio e raiva e dor”);
·         a diferença reside no facto de, neste último caso, ele se ter exposto à sociedade; se tivesse guardado só para si essas ideias, não teria passado essa vergonha “coletiva”.
- O sujeito poético concluiu, amargamente, que deveria ter sido mais um igual a tantos que nunca sonharam com nada, e que, por isso, jamais irão viver o conflito que ele está a viver.
           
Recursos expressivos:
- Campo lexical de sonho (“embalar-te”, “Fada de Beleza", “berço da Ilusão”, “alma visionária”; “flor”, “sonhos ideais”);
- anáfora (“Mais te valera…”), que introduz a comparação;
- adjetivos (caracterizam, pela negativa, o mundo real em que o sujeito poético vive);
- apóstrofe (“meu coração cansado”);
- metáfora (“Fada de Beleza”, “berço da Ilusão”);
- frases exclamativas (as das comparações) ‑ traduzem o “arrependimento” irónico pela escolha do passado, a angústia vivida no presente.
                 
Departamento de Línguas Românicas da Escola B 3 / Secundária de Ribeira Grande, 2000.
             
        
        
SUGESTÕES DE LEITURA
        
 Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de textos de Antero de Quental, por José Carreiro. In: Lusofonia – plataforma de apoio ao estudo da língua portuguesa no mundo, 2021 (3.ª edição) <https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/antero-de-quental>



[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2012/10/02/voz.do.outono.aspx]

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

MÃE (Antero de Quental)


Leontina d'Aguiar, 2014

Mãe ‑ que adormente este viver dorido.
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas até o fio
Do meu pobre existir, meio partido...

Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem – dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava,

Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!
              
Antero de Quental


           
LINHAS DE LEITURA
           
Elabore um comentário do poema que integre o tratamento dos seguintes tópicos:
- caracterização da existência do eu poético;
- desejo expresso pelo eu-lírico, atendendo ao valor semântico e à pontuação;
- tom confessional e autocrítica da expressão «minha estéril ciência»;
- destinatário do poema;
- relação do texto com a evolução literária do autor.
           
           
COMENTÁRIO DE TEXTO (PROPOSTA DE CORREÇÃO)
           
O poema apresentado, da autoria de Antero de Quental, intelectual cuja atuação marcou uma viragem na literatura portuguesa, a partir da célebre Questão Coimbrã, de que foi líder, traduz a angústia do poeta e a necessidade de se sentir protegido, para dela se poder afastar.
Com efeito, neste soneto, o eu-poético mostra-se dececionado com a vidacom a sua existência, ao ponto de desejar ser levado pela "mãe", acompanhá-Ia no sono eterno, para poder voltar viver em paz, acarinhado por ela e desprezando a sabedoria que adquiriu enquanto adulto. Manifesta o desejo de voltar a ser criança para ser feliz, porque só assim seria inconsciente e poderia voltar a dormir em paz.
O poema constitui um todo coeso, porque nele se reflete o desejo de o sujeito poético alcançar a tranquilidade nos braços daquela que identifica como mãe e que, neste sentido, o podia acarinhar e proteger.
Desde o inicio se deteta um tom dorido e pessimista e a aspiração ardente de largar tudo o que a vida terrena lhe oferecera, para atingir a paz que a sua alma tanto ansiava. Por isso, os vocábulos utilizados denotam um valor negativo, como no caso de "viver dorido", "noite de tal frio", "pobre existir", “sítio mais sombrio", reforçado pelas frases reticentes, a traduzir um estado emotivo de deceção, característico de alguém que não consegue traduzira turbilhão de emoções que atormentam o seu espírito. Aliás, este poema adquire um tom plangente que reflete de forma surpreendente o eu-lírico.
É graças a esta projeção do íntimo do sujeito lírico que o poema adquire um tom confessional, traduzindo uma espécie de lamento por ter levado uma vida que o conduziu ao desespero. Daí que a autocrítica se evidencie particularmente quando fala da sua "estéril ciência", ou seja, a sua sabedoria, os seus conhecimentos, que não produziram qualquer efeito positivo, muito pelo contrário, o abalaram-no tão fortemente ao ponto de o levarem, agora, a procurar a morte, sob a proteção da "mãe", de forma a dar descanso a um espírito que viveu na ilusão.
O estado de espírito conturbado é ainda percetível na escolha do destinatário. Começa por apelar à "mãe"; dirige todos os apelos a este ser protetor; mas, porque se sente confuso, acaba por identificá-la com a mulher amada, talvez porque fosse esta a estar presente, a escutá-lo. Parece, pois, que a figura morta da mãe encarnou na pessoaviva da amada, facto que revela uma certa confusão mental, característica do momento em que o poeta procura a figura materna para consolo e minimização dos seus problemas.
Esta confusão involuntária entre a mãe e a amada explica, de certa forma, a impossibilidade de concretizar o desejo emitido. É que, apesar do amor que uma mulher possa dar a um homem, este nunca será igual ao amor de mãe. Só ela poderia adoçar o seu sofrimento e, por isso, ele emprega as orações condicionais e o pretérito imperfeito do conjuntivo, modo este que traduz a noção hipotética, a verbalização do desejo, ao contrário do modo indicativo que se reporta a ações concretas.
Tendo em conta a evolução ideológica de Antero de Quental, é possível detetar-se, embora de forma incompleta, a trajetória do poeta: o período da ciência, do orgulho de ser homem, quando fora combativo e lutara por uma transformação social, orientado pela verdaderazão, justiça, liberdade, até ao momento do desalento, do pessimismo, da consciência de que o seu lutar fora inútil e, por isso, apela ao não-ser, aspira ao sono e à morte, para, enfim, alcançar a paz e a tranquilidade.
              
Dossier Exame ‑ Português A, 12º ano, 
Maria José Peixoto, Célia Fonseca, Edições ASA, 2003
ISBN: 972-41-3415-6
              
        
        
SUGESTÕES DE LEITURA
        
 Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de textos de Antero de Quental, por José Carreiro. In: Lusofonia – plataforma de apoio ao estudo da língua portuguesa no mundo, 2021 (3.ª edição) <https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/antero-de-quental>


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2012/10/01/mae.aspx]