Como
quando do mar tempestuoso
o marinheiro, lasso1 e trabalhado,
d’ um naufrágio cruel já salvo a nado,
só ouvir falar nele o faz medroso;
e jura que em que2 veja bonançoso
o violento mar, e sossegado
não entre nele mais, mas vai, forçado
pelo muito interesse cobiçoso;
assi, Senhora, eu, que da tormenta
de vossa vista fujo, por3 salvar-me,
jurando de não mais em outra ver-me;
minh’ alma, que de vós nunca se ausenta,
dá-me por preço4 ver-vos, faz tornar-me
donde fugi tão perto de perder-me.
Luís de Camões, Rimas,
edição de A. J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 1994, p. 138.
_________ 1 lasso – cansado;
fatigado. 2 em que – ainda que. 3 por – para. 4 dá-me por preço – impõe-me; dá-me por destino.
Questionário sobre o poema “Como quando
do mar tempestuoso”, de Camões.
1.Explicite a comparação que
é desenvolvida ao longo do poema.
2.Interprete a antítese
«salvar-me» (verso 10) / «perder-me» (verso 14), no contexto da relação amorosa
que o sujeito poético estabelece com a «Senhora».
1. Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou
outros igualmente relevantes:
‒tal
como o marinheiro receia fazer-se ao mar após ter sobrevivido a um naufrágio,
também o sujeito poético evita ver a amada por recear o sofrimento provocado
pelo amor/pela perdição;
‒tal
como o marinheiro é incapaz de resistir ao apelo do mar e a ele acaba por
regressar, também o sujeito poético acaba por se render ao sentimento amoroso.
2. Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou
outros igualmente relevantes:
‒ expressão da ideia de
salvação associada à vontade de fugir da amada;
‒expressão
da ideia de perdição, dada a impossibilidade de viver sem a «Senhora».
3. Apresenta corretamente o esquema rimático e a
classificação das rimas:
a) abba/abba/cde/cde;
b) rimas interpoladas e
emparelhadas nas quadras e rimas interpoladas nos tercetos OU rimas
interpoladas em a, em c, em d e em e; rimas emparelhadas em b.
Lição sobre o poema "Como quando do mar
tempestuoso", de Camões:
Fonte: Projeto de parceria entre o Ministério
da Educação e a RTP #ESTUDOEMCASA, aula 32 de Português – 10.º ano, sobre o
tema do amor na lírica de Camões: "Como quando do mar tempestuoso" e
"O céu, a terra, o vento sossegado...", 2021-03-17. Disponível em https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7884/e530880/portugues-10-ano
CARREIRO, José. “Como quando do mar tempestuoso (Camões)”.
Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 31-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/como-quando-do-mar-tempestuoso-camoes.html
Oh!
como se me alonga, de ano em ano,
a peregrinação cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão discurso1 humano!
Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
perde-se-me um remédio, que inda tinha;
se por experiência se adivinha,
qualquer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem que não se alcança;
no meio do caminho me falece,
mil vezes caio, e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
se os olhos ergo a ver se inda parece2,
da vista se me perde e da esperança.
Luís de Camões, Rimas, edição de Álvaro J. da Costa
Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005, p. 129
O soneto de Camões, que
começa com "Oh! como se me alonga, de ano em ano", é
frequentemente interpretado como uma reflexão autobiográfica do poeta sobre sua
própria vida. Existem vários motivos pelos quais esse soneto pode ser lido como
uma reflexão pessoal de Camões.
Em primeiro lugar, a
linguagem utilizada no soneto sugere uma sensação de desespero e desilusão que
pode ser interpretada como a expressão dos próprios sentimentos de Camões. As
imagens de uma "peregrinação cansada", de um "breve e vão
discurso humano" e de uma "grande esperança" que se revela como
um "grande engano" são consistentes com a ideia de que o poeta está
refletindo sobre sua própria vida e sobre as deceções e frustrações que
experimentou.
Além disso, o próprio
Camões é conhecido por ter tido uma vida difícil e tumultuada, marcada por
dificuldades financeiras, exílio e prisão. Ele também enfrentou perdas pessoais
significativas, incluindo a morte de seus pais e de um grande amor. Esses
eventos e circunstâncias podem ter alimentado a sensação de desespero e
futilidade que é expressa no soneto.
Por fim, é importante
notar que o soneto não é uma obra isolada, mas faz parte de um conjunto de
poemas escritos por Camões que exploram temas semelhantes de amor, perda,
desilusão e morte. Esses temas são frequentemente associados a experiências
pessoais e podem, portanto, ser vistos como evidências adicionais de que Camões
está refletindo sobre sua própria vida em seus escritos.
Em resumo, embora não haja
evidências definitivas de que o soneto em questão seja uma reflexão
autobiográfica de Camões, há vários elementos na linguagem, na biografia e no
contexto literário do poeta que sugerem que essa é uma leitura plausível do
poema.
Por outro lado, o soneto
também pode ser interpretado como uma reflexão sobre a condição humana em
geral, na medida em que muitos indivíduos enfrentam obstáculos e desafios
semelhantes na vida, o que pode levar a sentimentos de desespero e
desesperança.
Adaptado da conversação
com o ChatGPT Mar 14 Version. Disponível em https://chat.openai.com/chat, 2023-03-24
II - Questionário sobre o soneto “Oh!
como se me alonga, de ano em ano”, de Camões.
1.Nas
duas quadras, o sujeito poético reflete sobre os efeitos da passagem do tempo
na sua vida. Refira quatro dos aspetos que integram essa reflexão.
2.Relacione
o sentido do verso «qualquer grande esperança é grande engano» (v. 8) com o
conteúdo dos dois tercetos.
1. De acordo com as duas
quadras, o sujeito poético:
– entende a vida como
uma experiência longa e cada vez mais penosa;
– toma consciência da
aproximação do termo da sua vida;
– faz um balanço
negativo da existência com base na experiência passada;
– toma consciência de
que a vida vai perdendo qualidade;
–
encara toda a esperança como mera ilusão.
2. O verso «qualquer
grande esperança é grande engano» (v. 8) sugere que, para o sujeito poético,
toda a esperança acaba por se revelar ilusória.
Esta ideia concretiza-se nos dois tercetos. O bem
desejado é representado como um objetivo que se persegue, num caminho em que o
sujeito cai e se levanta, até que o próprio bem desejado se perde de vista e o
desânimo vence.
III - Confronta este
soneto com a estrofe 9 do canto X de Os Lusíadas:
Vão os anos decendo, e já do
Estio
Há pouco que passar até o Outono;
A fortuna me faz o engenho frio
Do qual já não me jato nem me abono;
Os desgostos me vão levando ao rio
Do negro esquecimento e eterno sono.
Sugestão de resposta:
Tanto o
soneto "Oh! como se me alonga, de ano em ano" quanto a estrofe 9 do
canto X de Os Lusíadas expressam um tom melancólico e pessimista do
autor, que se sente desiludido com a vida.
No soneto
de Camões, a imagem da "peregrinação cansada" e do "breve e vão
discurso humano" sugere que a vida é uma jornada sem sentido e que as
grandes esperanças e ambições das pessoas são frequentemente ilusórias.
Da mesma
forma, a estrofe de Os Lusíadas destaca o facto de que o tempo está
passando rapidamente e que a fortuna é responsável por enfraquecer o
"engenho" do poeta. Isso sugere que a fortuna é vista como uma força
caprichosa que pode afetar a capacidade criativa e intelectual das pessoas – no
contexto do poema em questão, a palavra "fortuna" refere-se à sorte
ou ao destino. Camões usa a palavra para descrever a influência do acaso e da
mudança imprevisível nos assuntos humanos. A ideia é que a fortuna pode ser
tanto benéfica quanto maléfica e que as pessoas não têm controle completo sobre
o curso de suas vidas.
CARREIRO, José. “Oh! como se me alonga, de ano em ano, Camões”.
Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 30-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/oh-como-se-me-alonga-de-ano-em-ano.html
1. O tema central do soneto é
o da fidelidade amorosa, na medida em que:
− Jacob servira Labão como
pastor, durante sete anos, na expectativa de que este lhe desse como «prémio»
(v. 4) a sua filha Raquel, provando assim a sua devoção amorosa pela jovem;
− ludibriado pelo pai da
amada, que lha negou, dando-lhe outra filha («em lugar de Raquel lhe dava Lia» –
v. 8; «como se a não tivera merecida» – v. 11), o pastor, fiel à sua amada,
retoma com pertinácia novo período de servidão (v. 12);
− o serviço de amor é
marcado pela utilização reiterada de formas do verbo «servir» (vv. 1, 3, 12 e
13), constituindo uma manifestação da fidelidade do amor de Jacob por Raquel.
2. Jacob é caracterizado como
um homem:
− apaixonado, uma vez que
aceita servir pacientemente o pai da sua amada, para assim a merecer;
− «triste» (v. 9), pelo
facto de Labão, findo o ciclo de sete anos de trabalho, não lhe dar Raquel, mas
a sua filha Lia (vv. 7-8);
− persistente, já que não
perde a esperança («começa de servir outros sete anos» – v. 12);
− fiel, porque demonstra o
seu amor excecional por Raquel, dispondo-se a esperar por ela quanto tempo for
necessário (vv. 13-14);
− nobre, porque revela a
elevação do seu sentimento amoroso pela jovem (vv. 13-14).
3. O quinto e o sexto versos
salientam a devoção amorosa do pastor que, durante os dias de longa espera, se
limita a amar, contemplativamente, Raquel («contentando-se com vê-la» – v. 6),
sempre na «esperança de um só dia» (v. 5), ou seja, o do momento, tão desejado,
em que terá a sua amada.
4. A fala de Jacob (vv.
13-14) assume uma importância crucial no soneto, na medida em que:
− cria um intenso efeito
dramático, ao apresentar, na primeira pessoa, emoções e sentimentos;
− define o amor como sendo
puro, sublime e intemporal;
− acentua a exemplaridade
da história, evidenciando o facto de ser o amor por Raquel o único propósito da
sua vida;
− sublinha a vivência do
tempo, marcada pela antítese presente nos adjetivos «longo» e «curta» (v. 14).
Sete anos de pastor Jacob servia —
Génesis, Camões e António Sardinha
RAFFAELLO Sanzio – encontro de raquel com jacob 1518-19
SONETO de Jacob, pastor antigo,
— soneto de Rachel, serrana bela…
Oh quantas vezes o relembro e digo,
pensando em ti, como se foras ela!
Sirvo-me desta primeira quadra de um soneto de António
Sardinha (1888-1925) para chegar às origens do relato do amor de homem por
mulher na cultura ocidental, o que aconteceu por via do primeiro livro da
Bíblia, Génesis. Não falo de Adão e Eva, pois essa é a história da necessidade
biológica do sexo e do seu impulso irresistível quaisquer que sejam as
consequências, mas da história de Jacob, e do que este aceita fazer para
possuir a mulher que quer, neste caso a prima Raquel:
Para
obter Raquel, Jacob trabalhou durante sete anos e, pelo amor que lhe tinha,
aqueles sete anos pareceram-lhe apenas alguns dias.
Conta-se
a história em Génesis, capítulo 29.
Génesis
29.15
Jacob
já estava há um mês em casa de Labão, quando este lhe disse: “É certo que tu és
meu parente. Mas até agora tens trabalhado para mim de graça. Diz-me que
salário queres.”
29.16
Labão
tinha duas filhas, a mais velha chamava-se Lia e a mais nova, Raquel.
29.17
Lia
tinha uns olhos muito ternos. Mas Raquel era bonita e elegante.
29.18
Jacob
gostava muito de Raquel e por isso respondeu: “Aceito trabalhar para ti,
durante sete anos, para casar com Raquel a tua filha mais nova.”
29.19
Labão
respondeu: “Está bem. É melhor casá-la contigo que casá-la com outro qualquer.
Podes continuar em minha casa.”
29.20
Para
obter Raquel, Jacob trabalhou durante sete anos e, pelo amor que lhe tinha,
aqueles sete anos pareceram-lhe apenas alguns dias.
Camões
sintetizou o caso num popular soneto:
Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia.
Os dias na esperança de um só dia, passava, contentando-se com vê-la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assi negada a sua pastora, como se a não tivesse merecida,
começa de servir outros sete anos, dizendo: “Mais servira se não fora para tão longo amor tão curta a vida”.
Como se vê pelo soneto, a coisa não correu como
prometido, e o pai de Raquel começou por roer a corda.
Vejamos, pois, o que de facto aconteceu, com a
continuação do relato bíblico:
29.21
Depois
disse a Labão: “Dá-me a minha mulher, para eu casar com ela, pois já acabou o
tempo combinado.”
29.22
Labão
convidou toda a gente do lugar e ofereceu um banquete.
29.23
Mas à
noite, em vez de Raquel, Labão levou Lia para o quarto dos noivos e foi com ela
que Jacob dormiu.
29.24
Labão
deu à sua filha Lia a escrava Zilpa, para ficar ao serviço dela.
29.25
Pela
manhã, quando Jacob se deu conta de que era Lia foi reclamar a Labão: “Que é
que me fizeste? Por amor de Raquel andei a trabalhar para ti. Porque é que me
enganaste?”
29.26
Labão
respondeu: “Cá na nossa terra não é costume casar a filha mais nova antes da
mais velha.
29.27
Mas
depois dos sete dias de lua de mel podemos dar-te também a outra em casamento,
desde que te comprometas a trabalhar para mim outros sete anos mais.”
29.28
Jacob
assim fez. Passaram os sete dias da lua de mel e Labão deu-lhe também a sua
filha Raquel como esposa.
29.29
A
Raquel, Labão deu Bilá, sua escrava, para ficar ao serviço dela.
29.30
Jacob
dormiu também com Raquel e esta era a sua preferida. E durante mais sete anos
Jacob ficou ao serviço de Labão.
Está assim elucidado o sucesso que levou ao soneto de
Camões acima transcrito.
Aqui chegados talvez valha a pena conhecer a história
desde o início, e como Jacob conheceu Raquel:
Génesis:
29.4
Jacob
perguntou aos pastores: “Amigos, donde são?” E eles responderam: “Somos de
Haran.”
29.5
Jacob
perguntou de novo: “Por acaso conhecem Labão, descendente de Naor?”
“Conhecemos, sim”, responderam eles.
29.6
Jacob
perguntou ainda: “Ele está bem?” “Está sim. Olha! A filha dele, Raquel vem aí
com o rebanho”, indicaram os pastores.
29.7
Jacob
disse: “Ainda é bastante cedo. Ainda não é tempo de recolher o rebanho.
Dêem-lhe de beber e levem-no outra vez a pastar,”
29.8
…
29.9
Enquanto
estava a falar com eles, chegou Raquel com a ovelhas do seu pai, pois era ela a
pastora
29.10
Ao ver
Raquel filha do seu tio Labão, com o rebanho do seu tio, Jacob aproximou-se e
retirou a pedra de cima do poço e deu água ao rebanho do seu tio Labão.
29.11
Depois
saudou Raquel com um beijo e não pôde conter as lágrimas.
29.12
Jacob
anunciou a Raquel que ele era parente do pai dela pois era filho de Rebeca. E
ela foi a correr levar a notícia ao pai.
29.13
Labão
ao ouvir falar do seu sobrinho, Jacob, correu ao encontro dele, abraçou-o,
beijou-o e conduziu-o para sua casa. Jacob contou-lhe então tudo o que tinha
acontecido.
29.14
E Labão
exclamou: “Realmente tu és da minha própria familia.” E Jacob ficou em casa
dele.
A imagem que abre o artigo mostra uma pintura de
Rafael executada em 1518-19 dando conta do encontro entre Jacob e Raquel junto
ao poço. Pela mesma época (1515-25) Palma Vecchio ilustrava como segue o beijo
destes no poço (Génesis 29.11).
PALMA VECCHIO – O beijo de Raquel e Jacob 1515-25 a
Volto agora ao soneto de abertura onde António
Sardinha (1888-1925), partindo de Camões, nos leva, não pela história
bíblica, mas pelo desolado da sua existência na ausência da sua amada:
O que eu servira, p’ra viver contigo, / —
tão doce, tão airosa e tão singela!
/ Assim, distante do teu rosto amigo, / em
torturar-me a ausência se desvela!
E neste
eterno retomar do já dito se tecem as voltas da poesia.
Deixo-o, leitor, com o soneto citado. À obra poética
de António Sardinha volto outro dia.
Velho
motivo
SONETO de Jacob, pastor antigo, —soneto de Rachel, serrana bela… Oh quantas vezes o relembro e digo, pensando em ti, como se foras ela!
O que eu servira, p’ra viver contigo, —tão doce, tão airosa e tão singela! Assim, distante do teu rosto amigo, em torturar-me a ausência se desvela!
E vou sofrendo a minha pena amarga, —pena que não me deixa nem me larga, bem mais cruel que a de Jacob pastor!
Rachel não era dele e sempre a via, enquanto que eu não vejo, noite e dia aquela que me tem por seu senhor!
Nota
bibliográfica
A transcrição do episódio bíblico foi feita a partir
de “a BÍBLIA para todos, edição literária“, editada por Temas e Debates
e Círculo de Leitores, 2009.
Na transcrição do episódio bíblico introduzi o número
dos versículos, os quais não aparecem na edição citada onde o texto é corrido,
por forma a permitir o seu cotejo com outras edições do texto.
Luís de Camões, Lírica Completa II, edição
de Maria de Lurdes Saraiva, INCM, Lisboa, 1980.
António Sardinha, Chuva da Tarde, sonetos
de amor, Lvmen, Coimbra, 1923.
(Conservei a ortografia de Raquel e a maiúscula
inicial em Soneto da edição original.)
Nota final
O relato bíblico da história de Jacob, Raquel e Lia
mais as suas escravas, continua, fixando no texto sagrado uma situação
poligâmica: decorrendo da incapacidade de Raquel para ter filhos por um lado, e
dos ciúmes de Lia, por outro, Jacob acaba também por procriar com as escravas
destas, Bilá e Zilpa.
Não sei como cristãos em geral, e António Sardinha, em
particular, fervoroso católico que era, e certamente conhecedor do episódio
bíblico, lidam com a legitimação da poligamia que o episódio explicitamente
cauciona.
CARREIRO, José. “Sete anos de pastor Jacob servia (Camões)”.
Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 29-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/sete-anos-de-pastor-jacob-servia-camoes.html