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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

QUATRO COISAS SÃO PRECISAS (Vitorino Nemésio)


                          

      
     
Quatro coisas são precisas
Ao amor para durar:
Firmeza, galantaria,
Ter pena, saber chorar.
    
Ó mar, dá-me uma moreia!
Ó silva, dá-me uma amora!
Ó meu amor, dá-me a vida!
Que a morte não se demora...
    
Bate, coração de ferro,
O maior que houve em mulher!
Ama contra tudo e todos,
E seja o que Deus quiser...
    
Quando a flor da faia abriu
Passámos rente do muro.
«Juras que és minha?» disse eu;
E tu disseste-me: «Juro!»
    
Quando morrermos, meu Deus,
Faz pão co ela e comigo;
Pàdeja os bons namorados
Como um punhado de trigo!
      

Vitorino Nemésio, Festa Redonda, Livraria Bertrand, 1950




     
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
      
1. Selecione, do texto, palavras do campo lexical de «amor».

2. Identifique as «Quatro coisas» necessárias para o «amor durar».

3. Refira a figura de estilo presente no terceiro verso da segunda quadra, salientando o seu valor expressivo.

4. Transcreva, da terceira estrofe, o elogio e o desafio à «mulher».

5. Localize no tempo e no espaço as juras de amor trocadas entre o sujeito poético e a amada.

6. Na quarta estrofe, o texto apresenta características do modo narrativo. Identifique-as.

7. Explique de que modo o sujeito poético expressa o desejo de eternizar o seu amor.

8. Analise o poema sob o ponto de vista formal: tipo de estrofe, esquema rimático, tipos de rima, métrica.

9. O poema apresenta características da poesia popular. Fundamente a afirmação.
      

      
CHAVE DE RESPOSTAS
      
1. Palavras do campo lexical de «amor»: «coração»; «ama»; «namorados».

2. Persistência, delicadeza, compaixão e sensibilidade.

3. É uma apóstrofe. O amor correspondido dá sentido à vida.

4. Elogio: «coração de ferro, / O maior que houve em mulher!»; desafio: «Ama contra tudo e todos».

5. Localização no tempo: «Quando a flor da faia abriu», na Primavera. Localização no espaço: «Rente ao muro».

6. Características do modo narrativo presentes na quarta estrofe:
Personagens: eu/tu. Localização no tempo: «Quando a flor de faia abriu».
Localização no espaço: «Rente ao muro».
Diálogo entre personagens (eu-tu): «Juras que és minha?» «juro» (discurso directo).

7. O sujeito poético expressa o desejo de eternizar o seu amor através de uma comparação. O sujeito poético pede a Deus que, depois da morte, o una à amada para sempre, como se fossem pão, isto é, uma massa homogénea derivada dos grãos de trigo transformados em farinha.

8. O poema é constituído por 5 quadras. O esquema rimático é ABCB; DEFE. As rimas são cruzadas, ricas e pobres. Quanto à métrica, é utilizada a redondilha maior.

9. Construção paralelística; repetição vocabular; linguagem popular («E seja o que Deus quiser…», «Pádeja», «punhado de trigo»); forma: o uso da quadra e do verso de redondilha maior.
      
Página Seguinte 10, Lisboa, Texto Editora, 2010 (adaptado)
      


          
SUGESTÕES DE LEITURA
      


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2012/08/13/QuatroCoisas.aspx]

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