ALGUÉM
MOVE O MAR
Sentado
em frente do mar, levanto os olhos para continuar a ler. As palavras rompem
como palavras de água. O mundo faz-se gota a gota, no infinito de um oceano em
que os barcos traçam caminhos, sulcos, traços marítimos e inscrições de alto mar.
Estranha emoção a de ficar transparente às palavras que parece que reforçam a
minha transparência. Toda a leitura nos faz crianças, e nos constrói na energia
da areia.
Como
lemos? À noite, no quarto em que as velas se acendem e nós abrimos a arca dos
segredos. Sobre as dunas, inundados de sol. Nas longas tardes em que nas praias
nos convidavam ao calor da sesta. Junto às árvores, encostados ao saber
murmurado da terra. Em cartas que se trocavam entre mim e ti, formas
telegráficas de repercutir o amor no silêncio dos corpos.
Comprar
um livro era (e continua a ser) para mim uma deambulação por estantes e
corredores. Descobrir aquilo que se chama «as novidades» passava por algo que
lentamente se tornou uma arte e uma ciência avermelhada de todos os apelos. E
sempre houve um bater do coração, um mergulho nas águas perante um livro novo.
Comprá-lo, apagar-lhe o preço, levá-lo sofregamente para casa, arrumá-lo
provisoriamente na mesa de cabeceira, folheá-lo encostando-o à insónia e ao sono,
deixar que a areia se espalhe pelas suas páginas, tudo isto são gestos de um
cerimonial que se repete mil vezes ao longo das nossas vidas. Da nossa língua
vê-se o mar, escreveu um dia Vergílio Ferreira, alguém para quem a vertical do
sol sobre o corpo leitor na areia foi sempre uma experiência de deslumbramento.
Porquê abrir a janela de tantos textos que depois se fecham como todas as
janelas? Porque todas as janelas se inscrevem no trabalho dos pintores. E para
quê a areia que nos envolve? Para nos trazer a música dos barcos cantantes sem
a qual não existe a literatura.
Na grande
experiência da literatura podemos sublinhar três aspetos. Por um lado, não há
escrita que não tenha a sua música, o seu fluxo de água incendiada, a sua
corrente de escrita. Alguma da literatura que hoje se escreve opera no esquecimento
deliberado deste princípio. É ele que faz que a interioridade de um texto seja
ao mesmo tempo uma abertura para um exterior. mais do que uma relação com o
não-texto, mais também do que uma janela junto ao mar, uma porta. Um dia Fiama
Hasse Pais Brandão escreveu «O texto de Joan Zorro»: «Levando ao limite,
homenagem, o gesto da escrita, posso atribuir os meus textos / a Joan Zorro.
Existimos sobre o anterior. O movimento da escrita e da leitura / exerce-se a partir
da menor mutabilidade aparente da pedra / e da maior mutabilidade da grafia. O
progresso dos textos / é epigráfico. Lápide e versão, indistintamente».
Em
segundo lugar, há uma relação da arte com o pensamento que vai além do tema do
pensamento. Como escreveu um dos grandes poetas do século XX, Wallace Stevens:
«A cor como um pensamento que cresce». Ou, se preferirem: a palavra como um
pensamento que cresce. Quando dizemos «um pensamento», não estamos a falar em
ideias, mas sim numa realidade sempre inesperada em que se vai até ao caos para
criar o cosmos e o percurso exige uma reflexão obstinada: pensa-se em imagens,
e essa é uma das grandes evoluções do nosso tempo da modernidade (daí a crise
da teoria literária na sua forma tradicional), tal como se pensa em sons ou
grafismos, ou sinais, ou gestos.
Num dos
mais famosos fragmentos deste poema, «O homem da viola azul», escreve Wallace
Stevens: «A poesia é o assunto do poema / Disto o poema surge e / A isto
regressa. Entre os dois. / Entre surgir e regressar, há / uma ausência na realidade,
/ As coisas como são. Ou assim dizemos. / Mas são estas distintas? É / Uma
ausência para o poema, que adquire / aí as suas verdadeiras aparências, o sol é
verde / A nuvem é vermelha, a terra sentimento, o céu que pensa? Destes ele
retira. Talvez dê. / Na permuta universal.»
Em
terceiro lugar, a leitura é sempre uma experiência mágica, se for uma
composição das palavras que crescem, daquelas que nos chegam do mar e a ele
regressam. Ler, seja qual for a idade em que lemos, está ligado à infância.
Esse extraordinário leitor, e também escritor, que é Alberto Manguel, propôs
uma distinção: «Falas como um livro impresso, dizem eles. Que quer isto dizer?
Trata-se de duas visões opostas da linguagem como instrumento de comunicação.
Sabemos que a linguagem pode permitir ao falante permanecer à superfície da
reflexão, pronunciando slogans dogmáticos e lugares comuns a preto e branco,
transmitindo mensagens mais do que sentido, colocando o peso epistemológico
sobre o auditor (como em 'estás ver o que eu quero dizer?'). Ou então pode-se
tentar recriar uma experiência, dar forma a uma ideia e explorar em profundidade
e não apenas à superfície a intuição de uma revelação». Se a diferença instituída
por Alberto Manguel se revela inteiramente pertinente, há nela o excesso de um
esquema de texto em que o conteúdo vai ao encontro da sua revelação, e talvez a
palavra «comunicação» possa ser algo redutora. Falar em «dar uma forma a uma
ideia» vai no sentido de uma literatura em que as ideias pré-existem às formas.
Ora, em literatura, as ideias e as formas confundem-se numa matéria
indefinível, num oceano sem nome, se há comunicação, é a comunicação desse
momento em que a realidade passa por uma ausência que a torna real e faz que,
numa evidência sem reserva, as coisas sejam apenas uma presença solar
esplendorosa, aquilo que desde sempre são e que continuarão a ser, num país sem
limites.
Existem
sempre momentos que justificam todo o trabalho da escrita, toda a magia da
leitura, toda a conjura das palavras. Encontros como o das «Correntes de
Escrita» fazem parte de experiências desse tipo. Que regularmente um certo
número de pessoas, empenhadas, envolvidas no enigma das palavras, venham até
junto do mar para falarem, em momentos de gravidade e outros de sentido
meramente lúdico, da literatura, corresponde a uma atitude de resistência que
merece ser celebrada.
Porque é
preciso resistir. Há algo de ingénuo, de militantismo romântico, de uma mistura
insensata, nestas formas de associar a política e a arte, a transformação do
mundo e os textos literários. Sobretudo (e voltamos aqui às categorias de Manguel)
se não se trata de mensagens enviadas por instâncias políticas instituídas, mas
de sons, ritmos, sentido nómada, música infinita.
Assistimos
hoje a novas modalidades das práticas literárias. Na escola predomina um sentido
sociológico dos textos, em que uma tipologia neutra situa a literatura entre
textos científicos, jurídicos, publicitários, religiosos ou filosóficos. Não é que
não haja um saber que se transporta e sustenta romances, peças de teatro ou
poesia. É a dimensão de «mathesis» de que falava Roland Barthes. Mas este plano
é apenas um suporte que preenche de conteúdos as palavras. Precisamos, em primeiro
lugar, de afirmar e analisar a especificidade da literatura, embora haja
perfeita consciência de que cada tipo de textos tem as suas marcas e mecanismos
próprios. Mas devemos ir mais longe e mostrar que um texto linguístico não é
apenas uma construção circunscrita de palavras, mas o lugar onde a linguagem se
transforma no infinito de si própria: o oceano em que a leitura nos mergulha.
É verdade
que este processo tem a sua lógica: ele conduz-nos a uma dessacralização da
literatura que faz parte do movimento antirromântico que hoje nos domina.
Queremos que a literatura recuse todas as formas de sublime, desviando-a do
lugar de Deus. Queremos que a literatura desça à terra e se converta em
caminhos pedregosos. Queremos que a literatura seja muito pouco poesia e quase
prosa. Traçamos paisagens, contamos histórias, mas rejeitamos essa forma de
utopia verbal que se abre no jogo vertiginoso das metáforas. É a metonímia que
leva a melhor e vence o prélio que aceitamos jogar. O texto encosta-se a uma
realidade que mantém o seu estatuto de construção social.
Aquilo
que hoje se verifica nas escolas é a extrema dificuldade dos alunos chegarem à
prática da leitura. Daí que quando entram na universidade encontremos uma
queixa recorrente da parte dos professores: os alunos não sabem ler, não gostam
de o fazer, não são capazes de inventar o sentido de uma frase, não a entendem,
não sabem argumentar e acima de tudo não veem a frase como uma realidade
significante, isto é, como uma matéria em que os sons, as cadências, a
musicalidade produzem sentido e essa perspetiva estética que é o sentido do sentido.
Sejamos
claros: não é possível ignorar que passámos da era simbólica para uma era
predominantemente pragmática dos usos da linguagem. E falta pouco para a
própria sociedade entrar num período pós-simbólico.
Houve um
tempo (e pertenci ainda a esse tempo de deslumbramento) em que a literatura
estava no centro de todas artes e a teoria literária dominava a reflexão de
tipo semiótico. A literatura estava no centro do foco de energia
interpretativa. Hoje as interpretações interpenetram-se, dialogam entre si e não
existe propriamente um centro. Verificamos que a música ou o vídeo, o cinema ou
as performances, as artes do corpo ou a land art, o teatro ou a
dança, todas estas artes desenvolvem urna permutabilidade generalizada. Ao
mesmo tempo, a teoria literária deixou de ser evidente e os estudos literários
são hoje dominados pela pragmática da linguagem, a antropologia das formas
semióticas, ou os estudos culturais (e aqui pelo feminismo, os estudos queer ou
os trabalhos pós-coloniais, a sociologia, o estudo das marcas multiculturais ou
as artes como relações de força). Isto desenvolve análises ideológicas em que o
peso da política (vista numa perspetiva em que predomina a abstração) é
considerável. E talvez pudéssemos arriscar que passámos do tema da linguagem
para o tema do corpo, funcionando ambos como placas giratórias.
E há
assim uma hierarquia de formas de aprendizagem da literacia: aprender a
escrever mensagens no telemóvel, utilizando símbolos, abreviaturas e símbolos
gráficos, tem aspetos significativos, mas não tão importantes como aprender a
ver a televisão, a olhar a sério para um filme, a ouvir música erudita ou a
utilizar a Internet. Aliás, a Internet é o grande armazenamento de informações
e saber do nosso tempo, permitindo formas de escrita, correspondência cursiva,
encontros e diálogos, práticas amorosas ou eróticas. Há hoje uma teoria do cibertexto.
Como escreve um dos autores clássicos nesta matéria, Espen Aarsett*,
«uma das principais conclusões do cibertexto é que as variações funcionais
dentro de uma tecnologia de comunicação material são muitas vezes maiores do
que entre os media físicos diferentes. Para os estudiosos dos media
digitais, isto significa que há muito pouco a pressupor quanto ao medium
só pelo facto de ele ser digital. Nesta perspetiva, as diferenças materiais dos
media digitais (entre tipos de computador, resolução de ecrã, desenho
ergonómico) são menos significativas do que as diferenças imateriais: como o
sistema é programado e o que o programa faz na realidade».
Podemos
assumir uma visão apocalíptica, podemos também aderir em termos de entusiasmo
algo ingénuo. Não podemos é deixar de tomar consciência de todas as
transformações que alteram o mundo do leitor e deslocam todas as realidades da
comunicação e da produção de sentido.
Como
recuperar o que foi a nossa literatura? De certo modo, ela continua a ser o que
foi, o que se comprova neste encontro. Importante é utilizarmos as novas
tecnologias da comunicação para dar força àquilo que foi a experiência da literatura
como momento romântico. Sentado em frente do mar, estou dos dois lados do
oceano: por um lado, sinto-me leitor, por outro sou o escritor que lê antes de
escrever o que eu próprio escrevo. Sou, és, ele é, alguém que move o mar – o mar
sempre recomeçado.
Crónicas, política e cultura / Eduardo Prado Coelho ; org. e nota introd. Margarida Lages. - 1ª ed. - Lisboa : Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2019. - 156, [2] p. ; 21 cm. - (Biblioteca Eduardo Prado Coelho). - ISBN 978-972-27-2753-2
DE CORPO
PERDIDO
1.
Regressando ao tema da leitura, gostaria de propor uma tese um pouco
provocatória: mais do que ensinar a ler bem, ou ensinar a ler muito, o que é
preciso é fazer que se desenvolvam e multipliquem os rituais de leitura. Por
definição, estes rituais são inventados por cada sujeito à sua maneira. Não se
trata de imitar, o que não faria sentido, mas de procurar que cada um sinta
necessidade deles. E, neste plano, o que se pode transmitir são sobretudo
exemplos.
Vou
tentar explicar melhor. Para mim, ler não é só sentar-me, abrir um livro e
juntar as letras até fazer sentido. Há muita coisa antes que é preciso contar.
Há, por exemplo, a procura do livro. Várias hipóteses a considerar. Há um dia
em que a gente acorda com vontade de ler Ernst Jünger. Nunca leu antes, não
calhou, mas uma referência no jornal, uma alusão numa conferência e, pronto,
sentimos que o mundo está incompleto se não tivermos, se possível, já nessa mesma
noite, um livro de Jünger. Então saímos de casa, ao arrepio da mais elementar sensatez,
desmarcando compromissos, defrontando a intempérie, calcorreando ruas, mas
vamos impacientemente à procura do livro que se tornou imperioso e urgente.
Pode acontecer que o encontremos, que acabemos por trazê-lo para casa, e, depois,
por mero acaso, vamos dar connosco a ler uma novela antiga de Rodrigues Miguéis
em que um homem sorri à vida com meia cara2. Mas isso já não
importa. Foi importante o capricho. E que ninguém nos diga em tom de censura
que foi um capricho.
Outra
hipótese: quando, porque o chefe foi antipático no escritório, porque não
tivemos a promoção que julgávamos merecer, sentimos de repente o desejo enorme
de comprar um livro que desconhecemos por inteiro. É, como se tivéssemos um
encontro marcado. Algures, numa livraria, por entre centenas de nomes
conhecidos e já fatigados pela nossa memória, sabemos que existe
necessariamente um poeta que nos espera e de que nós nada mais sabemos se não
isto mesmo. Pode ser Gabriela Mistral3, Ovídio4, Stephen
Spender5 ou Emily Dickinson6. Nada mais exaltante do que
o alvoroço com que saímos do emprego, entramos esbaforidos na livraria, olhamos
as estantes com ansiedade, começamos a folhear livros, a recolher versos
desgarrados, palavras soltas, fragmentos de textos, na esperança inquebrantável
de que, de súbito, iremos descobrir uma poesia que nos vai parecer decisiva,
essencial, determinante no curso da nossa existência. Alguns leitores, mais
perversos ou prudentes, criam mesmo o hábito de deixar certos autores de
reserva, ou o romance de um autor de que se gosta muito, de modo a que se tenha
quase a certeza (nunca se tem a certeza absoluta) de que um dia se irá ler um
livro com imenso prazer. Isto, aliás, tem a ver com algo que, conforme as
circunstâncias foram mais ou menos favoráveis, procurei promover intransigentemente:
a ideia da biblioteca como «seguro de vida». Explico melhor, por motivos que
não estou em condições de desfiar sensatamente, sempre entendi que a «minha»
biblioteca só seria uma realidade tranquilizante se obedecesse à regra muito
simples de conter sempre tantos livros quantos os livros que nela já li. Com
isto fui conseguindo chegar àquele ponto já delirante em que, se por um
fatídico acaso, deixasse hoje mesmo de poder comprar mais livros, tenho livros
suficientes para ler — e reler — que dão para duas ou três vidas. Esta ideia dá-me
uma paz dos sentidos e da alma que apenas pode encontrar comparação em algumas
composições de Monteverdi7 ou Mozart.
Digamos
as coisas de outra maneira: era necessário que a biblioteca que se foi tornando
minha estabelecesse uma relação com algo que está para além do tempo da vida, como
se ela se inclinasse silenciosamente para o momento em que a morte do mundo que
toda a leitura é se convertesse numa imagem feliz da minha própria morte. Para
isso era preciso que, ao olhar os livros que desafiadoramente me esperam, eu
soubesse que entre eles há alguns que jamais chegarei a ler.
2. Temo
que o leitor, ao atingir este delicado ponto da crónica que nesta semana lhe
proponho, comece a colocar seriamente a questão de saber se o cronista terá
definitivamente enlouquecido. Talvez. Mas o meu propósito não era enviar noticias
da minha atual saúde mental. Era explicar que ler, no verdadeiro sentido do
termo, na aceção apaixonada que temos de lhe dar, só pode ser uma atividade
desmedida, insensata e irracional, feita de rituais. cerimónias íntimas, gestos
destinados, cumplicidades incendiárias.
3. Um
grande escritor francês, Pascal Quignard8, infelizmente pouco
divulgado entre o público português, escreveu uma sequência de Petits
traités9 que Maeght editou. No primeiro volume. o quinto tratado
chama-se «Taciturio», e o sexto, «Página». Constituem dois dos mais belos
textos que se podem encontrar sobre a leitura. Digamos que todos os professores
que ensinam a ler deviam ensinar os pequenos gestos de loucura mansa que a
leitura implica, e a disciplina mental que nos impõem os referidos tratados de
Pascal Quignard. Uma verdadeira pedagogia teria de ser assim mesmo: alucinada.
Alucinada,
repito. E inscrevo a palavra no sentido da luz que a atravessa. Porque toda a
leitura implica uma concentração de luz, e a noite em redor. A noite ou o
esquecimento, tanto faz. Quignard desenvolve, num outro livro precisamente
intitulado Le Lecteur10, a ideia de que o leitor é aquele que
desaparece servido pelo ato de ler. Na expressão de Quignard lê-se de corpo
perdido — exatamente como se pode fazer uma coisa «de cabeça perdida». […]
Crónicas, política e cultura / Eduardo Prado Coelho ; org. e nota introd. Margarida Lages. - 1ª ed. - Lisboa : Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2019. - 156, [2] p. ; 21 cm. - (Biblioteca Eduardo Prado Coelho). - ISBN 978-972-27-2753-2
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1 Arsett
(1965), investigador norueguês, especialista no estudo de videogames e
literatura eletrónica. Dirige o Center for Computer Games Research, na
Universidade de Copenhaga.
2
Referência ao livro de José Rodrigues Miguéis, Um homem sorri à morte com
meia cara, Lisboa, Estampa, 1989. Este livro, de cariz autobiográfico, alude
à estada de Miguéis nos Estados Unidos, quando sofre um problema de saúde muito
grave.
3 Poeta,
prémio Nobel da Literatura em 1945. De seu nome Lucila de Maria del Perpetuo Socorro
Godoy Alcayaga, foi diplomata e feminista chilena, tendo servido em Portugal.
4 Poeta
romano (43 a. C, - 18 a. C.), conhecido sobretudo pelas suas obras Metamorfoses
e Ars amatoria.
5 Sir
Stephen Harold Spender (1909-1995). Além de poeta, foi romancista e ensaísta.
6 Uma das
mais conhecidas poetisas americanas (1830-1886).
7 Claudio
Giovanni Antonio Monteverdi (1567-1643) foi um compositor, maestro, cantor e
gambista italiano.
8 Pascal
Quignard (1948) é autor nomeadamente de Todas as manhãs do mundo, Vila
Amália e Terraço em Roma.
9 A obra
foi iniciada em 1977 e terminada em 1980. Recusada por inúmeros editores,
apenas foi publicada em 1991. É composta por 8 volumes.
10 Editada
pela Gallimard em 1976.
CRÓNICAS - POLÍTICA E CULTURA
Nota introdutória de Margarida
Lages
Neste
conjunto que agora se apresenta, estão reunidos alguns dos textos que
demonstram a importância de pensar a cultura, e de como esta problemática
atravessou praticamente toda a escrita de Eduardo Prado Coelho. São 33, mas
poderiam ser muitos mais.
Ao longo do
percurso de leitura que é proposto, não necessariamente cronológico,
evidencia-se a noção de que para Eduardo Prado Coelho a cultura é um direito fundamental
da vida humana, desenvolvendo e potenciando a possibilidade da informação, como
motor da liberdade de escolha.
Ler hoje os
textos de Eduardo Prado Coelho torna-se uma obrigação para pensar a política
cultural, para entender que só se pode intervir numa realidade que se conhece.
* * *
CRÓNICAS - POLÍTICA E CULTURA
Prefácio de António Mega
Ferreira
Se tivesse vivido na primeira metade
do século passado, ou mesmo no final do século XIX, Eduardo Prado Coelho teria
passado à posteridade como jornalista, tão contínua foi a sua presença nas
páginas das principais publicações periódicas portuguesas ao longo da sua vida
adulta. De facto, durante quatro décadas, de finais dos anos 1960, quando veio
agitar as águas paradas da crítica periódica de cinema nas páginas do Diário de
Lisboa, até aos seus últimos dias de vida, com assinatura diária no Público, o
Eduardo nunca deixou de escrever para os jornais, fazendo-o com um delicado
equilíbrio entre a intervenção político-cultural, sempre acutilante, e a
crónica literária, sempre estimulante. Tornou-se, por isso, o intelectual
português procedente do meio académico com mais frequente e descomplexada
participação no espaço público, fazendo-o através de uma produção incessante
destinada a ser veiculada através da imprensa escrita. E, seguramente, um dos
de mais clara visibilidade mediática, ainda que a televisão nunca tenha sido o
seu meio de comunicação preferido. Foi, além disso, professor universitário,
responsável cultural da diplomacia portuguesa em França, escritor de diversa
produção, conversador envolvente e cidadão envolvido na discussão da coisa
pública, nas suas vertentes cultural e política. Os textos que aqui se reúnem
são uma pequeníssima parte da sua produção, 33 entre centenas, cobrindo um
período de tempo de duas décadas, a partir do início dos anos 1990.
António Mega Ferreira,
no «Prefácio», que antecede Crónicas - Política e Cultura, de Eduardo
Prado Coelho.
PODERÁ TAMBÉM GOSTAR DE:
CARREIRO, José. “Eduardo Prado Coelho: Crónicas, política e
cultura”. Portugal, Folha de Poesia, 14-12-2019. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2019/12/eduardo-prado-coelho-cronicas-politica.html