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quinta-feira, 15 de julho de 2021

O meu olhar azul como o céu, Alberto Caeiro

 



O meu olhar azul como o céu

É calmo como a água ao sol.

É assim, azul e calmo,

Porque não interroga nem se espanta...

 

Se eu interrogasse e me espantasse

Não nasciam flores novas nos prados

Nem mudaria qualquer cousa no sol de modo a ele ficar mais belo.

 

(Mesmo se nascessem flores novas no prado

E se o sol mudasse para mais belo,

Eu sentiria menos flores no prado

E achava mais feio o sol...

Porque tudo é como é e assim é que é,

E eu aceito, e nem agradeço,

Para não parecer que penso nisso...)

 

Alberto Caeiro, Poesia, edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, 3.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2009, p. 57.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Relacione as comparações presentes nos dois primeiros versos com o sentido do quarto verso.

 

2. Selecione a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.

 

No âmbito da argumentação desenvolvida ao longo da segunda e da terceira estrofes, o recurso à , nos versos de 8 a 11, evidencia a ideia de que é pela visão que se pode ...

(A) metonímia … alterar a perceção da natureza

(B) antítese … conhecer a beleza objetiva da natureza

(C) metonímia … conhecer a beleza objetiva da natureza

(D) antítese … alterar a perceção da natureza

 

3. Explique a aparente contradição presente nos versos de 12 a 14.

 

 

CENÁRIOS DE RESPOSTA

 

1. Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

nos dois primeiros versos, o sujeito poético compara o seu olhar ao «céu» e à «água ao sol», sugerindo a ideia de tranquilidade;

no quarto verso, o sujeito poético exprime a razão pela qual o seu olhar é «azul e calmo», afirmando que não questiona nem reage emocionalmente ao mundo tal como ele existe/afirmando que se limita a aceitar o que vê.

 

2. (B).

 

3. Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

no verso 12, o sujeito poético começa por descrever a sua visão do real como objetiva e despida de pensamentos e emoções/o sujeito poético começa por expressar a ideia de que a natureza é constituída apenas por aquilo que os sentidos captam/o sujeito poético começa por expressar a aceitação serena do mundo, sem o questionar;

nos versos 13 e 14, o sujeito poético põe, no entanto, em evidência o facto de essa visão ser resultado de uma opção consciente (logo, pensada), admitindo que faz de conta que não pensa.

 

Fonte: Exame Final Nacional de Português, Prova 639, 1.ª Fase, Ensino Secundário - 12.º Ano de Escolaridade, 2021. Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho. Prova disponível em https://iave.pt/wp-content/uploads/2021/07/EX-Port639-F1-2021-V1_net.pdf e Critérios de classificação em https://iave.pt/wp-content/uploads/2021/07/EX-Port639-F1-2021-CC-VD_net.pdf


 

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CARREIRO, José. “O meu olhar azul como o céu, Alberto Caeiro”. Portugal, Folha de Poesia, 15-07-2021. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2021/07/o-meu-olhar-azul-como-o-ceu-alberto.html


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