quinta-feira, 17 de maio de 2018

Fernando Pessoa

Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da obra de Fernando Pessoa.

Índice
 

I - Fernando Pessoa (ortónimo) 

1. Vida e obra de Fernando Pessoa 

2. Fernando Pessoa e os ismos da vanguarda

- Paulismo

- Interseccionismo

- Sensacionismo

- Silmutaneismo

- Futurismo 

3. Importância da revista Orpheu 

4. Fernando Pessoa ele mesmo

4.1. A poesia do Cancioneiro

4.2. Unidade e diversidade em Fernando Pessoa

4.3. O fingimento artístico

4.4. A nostalgia da infância

4.5. A dor de pensar. Tensões ou dicotomias que espelham a sua complexidade interior.

4.6. O simbolismo metafórico

- O simbolismo cósmico do mar

- A mulher

- A emoção ontológica da noite 

5. Avalie os seus conhecimentos acerca da vida e obra de Fernando Pessoa ortónimo. >>

  

II – Sobre a heteronímia pessoana 

1. Os conceitos de pseudónimo e heterónimo 

2. Explicações possíveis da heteronímia 

3. Exegese em Pessoa: o drama em gente 

4. O caso clínico de Fernando Pessoa 

5. Significação dos heterónimos 

6. Verifique os seus conhecimentos relativamente à criação heteronímica pessoana. 

7. Sabe identificar as pessoas de Pessoa? 

 

III – Os heterónimos de Fernando Pessoa 

1. Alberto Caeiro – a poesia das sensações; a poesia da natureza. 

2. Ricardo Reis – o neopaganismo; o epicurismo e o estoicismo. 

3. Álvaro de Campos – a vanguarda e o sensacionismo; a abulia e o tédio. 

4. Bernardo Soares – semi-heterónimo. 

 

IV - Fernando Pessoa, autor da Mensagem 

1. Contexto político da publicação da Mensagem 

2. Assunto da Mensagem 

3. A génese da Mensagem 

4. O ocultismo na Mensagem 

5. Estrutura tripartida da Mensagem 

6. Visão subjetiva/mítica da História de Portugal 

7. O mito sebastianista 

8. Fernando Pessoa e o Quinto Império 

9. O discurso na Mensagem – noção de POESIA ÉPICO-LÍRICA 

10. Intertextualidade entre Os Lusíadas e a Mensagem 

11. Plano pessoal dos poetas. Retratos humanos: avisos, reflexões, estados de alma 

12. Comparação do conceito de heroísmo n’Os Lusíadas e na Mensagem 

 

V - Fernando Pessoa nos contemporâneos (páginas de intertextualidade) 

1. Evocações 

2. Fernando Pessoa, ele mesmo, revisitado 

3. Cartas a Ofélia 

4. Mensagem 

5. Heterónimos 

6. Alberto Caeiro 

7. Ricardo Reis 

8. Álvaro de Campos 

9. Bernardo Soares 

10. António Mora e o caso clínico de Fernando Pessoa

 

VI - Leitura orientada e notas para a análise literária da obra de Fernando Pessoa

Poemas de Fernando Pessoa ortónimo:

Poema

Incipit

A criança que fui chora na estrada

A criança que fui chora na estrada.

Abdicação

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços

Ah, que maçada o piano

Ah, que maçada o piano

Ai, os pratos de arroz-doce

Ai, os pratos de arroz-doce

Às vezes, em sonho triste

Às vezes, em sonho triste

Autopsicografia

O poeta é um fingidor

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo

Boiam leves, desatentos,

Boiam leves, desatentos,

Cada palavra dita é a voz de um morto

Cada palavra dita é a voz de um morto

Ela canta, pobre ceifeira

Ela canta, pobre ceifeira

Em toda a noite o sono não veio

Em toda a noite o sono não veio

Fado da Censura

Neste campo da Política

Hora Absurda

O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...

Isto

Dizem que finjo ou minto

Mar. Manhã

Mar. Manhã,

Maravilha-te, memória!

Maravilha-te, memória!

Não sei. Falta-me um sentido, um tato

Não sei. Falta-me um sentido, um tato

Névoa

A névoa involve a montanha,

O amor, quando se revela,

O amor, quando se revela,

O Andaime

O tempo que eu hei sonhado

O menino da sua mãe

No plaino abandonado

Se estou só, quero não estar

Se estou só, quero não estar

Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento

Tudo o que faço ou medito

Tudo o que faço ou medito

 

 

 

Poemas da Mensagem, de Fernando Pessoa:

Títulos

Incipit

BRASÃO: I- OS CAMPOS

 

Primeiro - O DOS CASTELOS (1928-12-08)

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

Segundo - O DAS QUINAS (1928-12-08)

Os Deuses vendem quando dão.

 

 

BRASÃO: II- OS CASTELOS

 

Primeiro - ULISSES

O mito é o nada que é tudo

Segundo - VIRIATO (1934-01-22)

Se a alma que sente e faz conhece

Terceiro - O CONDE D.HENRIQUE

Todo começo é involuntário.

Quarto - D. TAREJA (1928-09-24)

As nações todas são mistérios.

Quinto - D. AFONSO HENRIQUES

Pai, foste cavaleiro.

Sexto-  D. DINIS (1934-02-09)

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo

Sétimo (I) - D. JOÃO O PRIMEIRO (1934-02-12)

O homem e a hora são um só

Sétimo (II) - D. FILIPA DE LENCASTRE (1928-09-26)

Que enigma havia em teu seio

 

 

BRASÃO: III - AS QUINAS

 

Primeira-  D. DUARTE REI DE PORTUGAL (1928-09-26)

Meu dever fez-me, como Deus ao mundo.

Segunda - D. FERNANDO INFANTE DE PORTUGAL (1913-07-21)

Deu-me Deus o seu gládio porque eu faça

Terceira - D. PEDRO REGENTE DE PORTUGAL (1934-02-15)

Claro em pensar, e claro no sentir,

Quarta - D. JOÃO INFANTE DE PORTUGAL (1930-03-28)

Não fui alguém. Minha alma estava estreita

Quinta - D. SEBASTIÃO REI DE PORTUGAL (1933-02-20)

Louco, sim, louco, porque quis minha grandeza

 

 

BRASÃO: IV - A COROA

 

NUN'ÁLVARES PEREIRA (1928-12-08)

Que auréola te cerca?

 

 

BRASÃO: V - O TIMBRE

 

A cabeça do grifo - O INFANTE D.HENRIQUE (1928-09-26)

Em seu trono entre o brilho das esferas,

Uma asa do grifo - D. JOÃO O SEGUNDO (1928-09-26)

Braços cruzados, fita além do mar.

A outra asa do grifo - AFONSO DE ALBUQUERQUE (1928-09-26)

De pé, sobre os países conquistados

 

 

MAR PORTUGUÊS

 

O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce,

HORIZONTE

Ó mar anterior a nós, teus medos

PADRÃO (1918-09-13)

O esforço é grande e o homem é pequeno.

O MOSTRENGO (1918-09-09)

O mostrengo que está no fim do mar

EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS

Jaz aqui, na pequena praia extrema,

OS COLOMBOS (1934-04-02)

Outros haverão de ter

OCIDENTE

Com duas mãos - o Acto e o Destino -

FERNÃO DE MAGALHÃES

No vale clareia uma fogueira.

ASCENSÃO DE VASCO DA GAMA (1922-01-10)

Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal

A ÚLTIMA NAU

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

PRECE (1922-01-01)

Senhor, a noite veio e a alma é vil.

 

 

O ENCOBERTO: I- OS SÍMBOLOS

 

Primeiro - D. SEBASTIÃO

‘Sperai! Caí no areal e na hora adversa

Segundo - O QUINTO IMPÉRIO (1933-02-21)

Triste de quem vive em casa,

Terceiro - O DESEJADO (1934-01-18)

Onde quer que, entre sombras e dizeres,

Quarto - AS ILHAS AFORTUNADAS (1934-03-26)

Que voz vem no som das ondas

Quinto - O ENCOBERTO (1933-02-21; 1934-02-11)

Que símbolo fecundo

 

 

O ENCOBERTO: II- OS AVISOS

 

Primeiro - O BANDARRA (1930-03-28)

Sonhava, anónimo e disperso,

Segundo - ANTÓNIO VIEIRA (1929-07-31)

O céu 'strela o azul e tem grandeza.

TERCEIRO (1928-12-10)

Screvo meu livro à beira-mágoa.

 

 

O ENCOBERTO: III- OS TEMPOS

 

Primeiro - NOITE

A nau de um deles tinha-se perdido

Segundo - TORMENTA (1934-02-26)

Que jaz no abismo do mar que se ergue?

Terceiro - CALMA (1934-02-15)

Que costa é que as ondas cantam

Quarto - ANTEMANHà(1933-07-08)

O mostrengo que está no fim do mar

Quinto - NEVOEIRO (1928-12-10)

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,


Poemas do heterónimo pessoano Alberto Caeiro:

Poema

Incipit

A espantosa realidade das coisas

A espantosa realidade das coisas

A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,

A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,

Agora que sinto amor

Agora que sinto amor

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo

É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distância

É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distância

O Guardador de Rebanhos - XLIII

Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,

O Guardador de Rebanhos - XLVIII

Da mais alta janela da minha casa

O Guardador de Rebanhos - XX

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

O Guardador de Rebanhos - XXII

Como quem num dia de Verão abre a porta de casa

O Guardador de Rebanhos - XXXIV

Acho tão natural que não se pense

O Guardador de Rebanhos - XXXVI

E há poetas que são artistas

O meu olhar azul como o céu

O meu olhar azul como o céu

Quando vier a Primavera,

Quando vier a Primavera,

 

Poemas do heterónimo pessoano Álvaro de Campos:

Poema

Incipit

Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo

Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.

Ah a frescura na face de não cumprir um dever!

Ah a frescura na face de não cumprir um dever!

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,

Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos

Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos,

Lisboa com suas casas

Lisboa com suas casas

Ode marcial

Inúmero rio sem água — só gente e coisas,

Ode Triunfal

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica

Que noite serena!

Que noite serena!

Trapo

O dia deu em chuvoso.

 

 

 

Poemas do heterónimo pessoano Ricardo Reis:

Poema

Incipit

Antes de nós nos mesmos arvoredos

Antes de nós nos mesmos arvoredos

A palidez do dia é levemente dourada

A palidez do dia é levemente dourada.

Bocas roxas de vinho

Bocas roxas de vinho,

Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.

Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.

Mestre, são plácidas

Mestre, são plácidas

O mar jaz; gemem em segredo os ventos

O mar jaz; gemem em segredo os ventos

Prefiro rosas, meu amor, à pátria,

Prefiro rosas, meu amor, à pátria,

Segue o teu destino

Segue o teu destino,

Sofro, Lídia, do medo do destino.

Sofro, Lídia, do medo do destino.

Só o ter flores pela vista fora

Só o ter flores pela vista fora

Uns, com os olhos postos no passado

Uns, com os olhos postos no passado

 

 

 

Poemas do semi-heterónimo pessoano Bernardo Soares:

Poema

Incipit

O olfato é uma vista estranha.

O olfato é uma vista estranha.

 

 

 



CARREIRO, José. Fernando Pessoa - Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da obra de Fernando Pessoa. Portugal, Folha de Poesia, 17-05-2018. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html (1.ª edição: Lusofonia - Plataforma de Apoio ao Estudo da Língua Portuguesa no Mundo, 2011-12-15. Projeto concebido por José Carreiro, disponível em http://lusofonia.com.sapo.pt/literatura_portuguesa/Fernando_Pessoa.htm)


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