Rosa dos ventos desenhada no atelier do arquiteto Luís Cristino da Silva, Lisboa, 1960 |
ORIENTE
Este lugar amou
perdidamente
Quem o cabo rondou do
extremo Sul
E a costa indo seguindo
para Oriente
Viu as ilhas azuis do mar
azul
………………………………………
Viu pérolas safiras e
corais
E a grande noite parada e
transparente
Viu cidades nações viu
passar gente
De leve passo e gestos
musicais
Perfumes e tempero
descobriu
E danças moduladas por
vestidos
Sedosos flutuantes e
compridos
E outro nasceu de tudo
quanto viu
………………………………………
Sophia de Mello Breyner Andresen, 1988
MUSA, 1.ª ed.,
1994, Lisboa, Editorial Caminho • 2.ª ed., 1995, Lisboa, Editorial Caminho •
3.ª ed., 1997, Lisboa, Editorial Caminho • 4 ed., 2001, Lisboa, Editorial
Caminho • 5.ª ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial Caminho.
***
Elabore um
comentário do poema “Oriente” em que desenvolva os seguintes tópicos:
- traços que caracterizam
a personagem representada;
- aspetos da realidade observada
e seu significado;
- recursos estilísticos
relevantes;
- integração no universo
poético de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Explicitação de
cenários de resposta:
Desenvolvimento dos tópicos
Traços que caracterizam a personagem
representada:
- o primeiro e o último
versos referem o sujeito na sua paixão pelo Oriente e no renascimento interior que
essa paixão trouxe;
- ele é um viajante por
mar,
- ou o português do tempo
dos Descobrimentos (v. 3, por exemplo);
- é movido pela
curiosidade do exótico (v. 9, por exemplo);
- deslumbrado pelo que
descobre («as ilhas azuis», as joias, as «cidades», os «Perfumes e tempero»);
- e transformado pela sua
experiência do novo o do diferente (v. 12);
- …
Aspetos da realidade observada e seu
significado:
- elementos naturais, nos
primeiros seis versos do poema: «cabo», «costa», «ilhas», «mar», «corais», «noite»;
- elementos da esfera
humana, nos restantes seis versos: «cidades nações», «gente», «tempero», «danças»,
«vestidos»;
- elementos naturais que são
especialmente valorizados na esfera humana: «pérolas safiras», «Perfumes»;
- a significação geral é o
brilho, a intensidade eufórica da experiência descrita, a magnificência do lugar
descoberto, sublinhada pela graça e pela harmonia que certos adjetivos
implicam: noite «transparente», passo «leve», gestos «musicais», vestidos
«Sedosos flutuantes»;
- …
Recursos estilísticos relevantes:
- repetição: «azuis»,
«azul», com efeito fónico e de reforço de uma tonalidade;
- anáfora: «Viu» (vv. 4,
5, 7);
- enumeração, marcada pela
conjunção copulativa «E» (vv. 3, 6 10);
- sinestesia: «gestos
musicais», «danças moduladas por vestidos»;
- hipérbato: «Quem o cabo
rondou», «Perfumes e tempero descobriu»;
- perífrase: «o cabo […]
do extremos Sul»;
- …
Integração no universo poético de Sophia de
Mello Breyner Andresen:
- o gosto pelo exótico,
pelo diferente;
- o gosto pelos espaços
abertos da natureza: o mar, o céu;
- a tendência para o real,
o concreto, o que pode ser nomeado e descrito;
- a procura da palavra precisa;
- uma sintaxe que busca a
simplicidade;
- o canto lírico das
coisas em plena luz (até mesmo a noite é aqui «transparente»);
- …
Fonte: Exame Nacional do Ensino
Secundário n.º 134. 12.º Ano de Escolaridade - Via de Ensino (4.º Curso). Prova
Escrita de Literatura Portuguesa – 2.ª fase. Portugal, GAVE, 1998
Poderá
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- Perfil poético e estilístico de Sophia de Mello Breyner Andresen - apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da lírica de Sophia de Mello Breyner Andresen, por José Carreiro. Folha de Poesia, 2020-07-17
“Oriente,
Sophia Andresen”, José Carreiro. Folha de Poesia, 2022-10-23. Disponível
em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/10/oriente-sophia-andresen.html
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