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quinta-feira, 6 de junho de 2024

Noite, Manuel da Fonseca

  


Noite

Milhões de barcos perdidos no mar!
Perdidos na noite!
As velas rasgadas de todos os ventos
Os lemes sem tino
vogando ao acaso
roçando no fundo
subindo a vaga
tocando as rochas!
E quantos e quantos naufragando...

Quem vem acender faróis na costa do mar bravo?!
Quem?!

 

Manuel da Fonseca, Obra Poética. Lisboa, Editorial Caminho, 1984, p. 61

 

O texto seguinte apresenta uma breve análise de alguns dos recursos mobilizados no poema de Manuel da Fonseca.

Completa-o, selecionando a palavra correta em cada espaço.

O poema inicia-se com a referência a «Milhões de barcos perdidos no mar!/ Perdidos na noite!», que não podem recorrer nem às «velas» nem aos «lemes».

Os versos 5 a 8, que têm, cada um, cinco sílabas métricas, atribuem um ritmo rápido / lento / inconstante à descrição da situação enfrentada por esses barcos. O verso 9 indica o destino inesperado / frequente / raro desses barcos, nomeadamente, através da repetição «E quantos e quantos». Por sua vez, os versos 10 e 11 apresentam o pronome interrogativo «Quem» destacado através da comparação / anáfora / enumeração. As perguntas aí colocadas ficam sem resposta, o que acentua a ideia de perdição que percorre o poema.


Resposta:

Os versos 5 a 8, que têm, cada um, cinco sílabas métricas, atribuem um ritmo rápido à descrição da situação enfrentada por esses barcos. O verso 9 indica o destino frequente desses barcos, nomeadamente, através da repetição «E quantos e quantos». Por sua vez, os versos 10 e 11 apresentam o pronome interrogativo «Quem» destacado através da anáfora. As perguntas aí colocadas ficam sem resposta, o que acentua a ideia de perdição que percorre o poema.

Prova de Aferição de Português. Prova 85 | 8.º Ano de Escolaridade | República Portuguesa – Educação, Ciência e Inovação / Instituto de Avaliação Educativa, I. P. (IAVE), 03/06/2024 (Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho). 

 

Texto de apoio

O poema “Noite” de Manuel da Fonseca retrata uma cena de naufrágio e perdição no mar.

O poema começa com a imagem de “Milhões de barcos perdidos no mar!” Essa imagem evoca a vastidão do oceano e a vulnerabilidade dos barcos.

A repetição da palavra “Perdidos na noite!” enfatiza a escuridão e a falta de orientação. Os barcos estão à deriva, sem rumo, com “velas rasgadas de todos os ventos” e “lemes sem tino”.

O verso 9 (“E quantos e quantos naufragando…”) sugere que muitos barcos enfrentam o mesmo destino trágico. A repetição do pronome interrogativo “Quem” nos versos 10 e 11 destaca a impotência diante dessa situação. A ausência de respostas sugere que a perdição é inevitável, o que reforça a sensação de desamparo e fatalidade.


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