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Literatura Portuguesa




Literatura Portuguesa
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Época Medieval

Século XII (Fundação de Portugal) - Século XVI (Descobrimentos).

 

Período: Poetas e Prosadores (1196-1385)

 

Poesia Trovadoresca

Cantigas de Amigo

Lopes de Baião

Afonso Meéndez de Beesteiros

Afonso Sanches

Airas Nunez

Airas Paes

D. Dinis

Estevam Coelho

Fernam Velho

Fernand'Esquio

Joam Airas de Santiago

Joam Garcia de Guilhade

Joam Lopes d'Ulhoa

Joam Mendes de Briteiros

Joam Perez d’Avoim

Joam Zorro

Juião Bolseiro

Lourenço, jograr

Martim Codax

Martin de Ginzo ou de Grijó

Meendinho

Nuno Fernandes Torneol

Nuno Trees

Pai Gomes Charinho

Pedr'Eanes Solaz/ Pedro Anes Solaz

Pero Garcia Burgalês

Pero Gonçalves de Porto Carreiro

Pêro Mafaldo

Pero Meogo

Pêro Viviaez

D. Sancho I

 

Cantigas de Amor

Afonso Lopes de Baião

Afonso Meéndez de Beesteiros

D. Afonso X

Bonifacio Calvo

D. Dinis

Fernam Garcia Esgaravunha

Fernam Velho

Gil Sanches

Joam Airas de Santiago

Joam Baveca

Joam Garcia de Guilhade

Joam Lobeira

Joam Perez d’Avoim

Joam Servando

Joam Soares Coelho

Martim Moia

Martim Soares

Pai Gomes Charinho

Pai Soares de Taveirós

Pêro da Ponte

Pero Garcia Burgalês

Pero Goterres, Cavaleiro

Pêro Mafaldo

Roi Paes de Ribela

Vidal, judeu d'Elvas

 

Cantigas de Escárnio e Maldizer

Afonso Lopes de Baião

Afonso Meéndez de Beesteiros

Airas Nunez

Airas Perez Vuituron

Diego Pezelho

D. Dinis

Estevam da Guarda

Fernam Garcia Esgaravunha

Fernam Velho

D. Gil Sanches

Joam Airas de Santiago

Joam de Gaia, escudeiro

Joam Garcia de Guilhade

Joam Lobeira

Joam Perez d’Avoim

Joam Soares Coelho

Martim Moia

Martim Soares

Osoir'Anes

Pedr'Amigo de Sevilha

Pero Garcia Burgalês

Pero Larouco

Pêro Mafaldo

Picandon

Roi Paes de Ribela

 

 

Prosa Medieval

Prosa Doutrinal e Religiosa (Traduções)

Capitulários, Cronicões, Nobiliários;

Novelas de Cavalaria: Cantar de Mio Cid, Ciclo clássico ou greco-latino, Ciclo carolíngio, Ciclo bretão, Amadis de Gaula.

 

Tradutores do Mosteiro de Alcobaça

 

Testamento de Lorvão, Livro de Mumadona, Livro Preto, Liber Fidei, Censual, Crónica Geral de Espanha de 1344, Nobiliário do Conde D. Pedro I;

Ciclo clássico: Roman de Thèbes;

Ciclo carolíngio: Chanson de Roland;

Ciclo bretão (Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda): Demanda do Santo Graal, Merlin, José de Arimateia, etc.

 

 

 

Período: Poetas Palacianos e Cronistas (1385-1527)

 

Poesia Palaciana

Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

Garcia de Resende

João Roiz de Castel Branco

Duarte de Brito

Bernardim Ribeiro

Anrique da Mota: Farsa do Alfaiate

 

Prosa Doutrinal

Prosa moralista

• desportiva

educativa

D. João I: Livro da Montaria

D. Duarte: Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela

D. Pedro: Livro da Virtuosa Benfeitoria

D. Afonso V: Constelação de Cão, Cartas

 

 

Historiografia

Crónicas

Fernão Lopes

Gomes Eanes de Zurara

Rui de Pina

outros cronistas

 

 

 

Época Clássica

 

 

Século XVI (Descobrimentos) - Século XIX (Revolução Francesa e Invasões)

 

de cerca de 1527 até 1825 (data da publicação do poema Camões de Almeida Garrett)

 

 

 

 

1º Período: Renascimento, Humanismo, Classicismo - de 1527 a 1580 (data da morte de Camões)

 

 

As novas formas de quinhentos

Poesia

Lírica

Camões

Sá de Miranda

António Ferreira

Bernardim Ribeiro

Diogo Bernardes

Teatro

Gil Vicente
 
António Ferreira
 Jorge Ferreira de Vasconcelos
 Chiado
 Camões

 
Sá de Miranda
 …

Épica

Camões | 1 | 2 |

 

Prosa Quinhentista

Historiografia

Damião de Góis

João de Barros

Pêro Vaz de Caminha

Diogo de Couto

Gaspar Correia

Gaspar Frutuoso

Literatura de Viagens

História Trágico-Marítima

Fernão Mendes Pinto:  Peregrinação

 

Novelas

Bernardim Ribeiro: Menina e Moça

Francisco de Morais: O Palmeirim

Jorge de Montemor: Diana

 

Prosa Mística

Frei Heitor Pinto

Frei Tomás de Jesus

Frei Amador Arrais

Samuel Usque

 

 

 

2.º Período: Barroco (Seiscentismo ou Escola Espanhola)

 

de 1580 a 1756 (data da fundação da Arcádia Lusitana ou Ulissiponense)

 

Poesia

(Academias Literárias)

Lírica

As coletâneas poéticas: A Fénix Renascida e Postilhão de Apolo;

André Nunes da Silva

António Barbosa Bacelar

António da Fonseca Soares

António Serrão de Crasto

D. Francisco de Portugal

Francisco Manuel de Melo

Francisco de Vasconcelos (Coutinho)

Gregório de Matos (Guerra)

Francisco de Pina e de Melo

Jerónimo Baía

Soror Madalena da Glória

Manuel Botelho de Oliveira

Manuel da Veiga Tagarro

Soror Maria do Céu

Rodrigues Lobo

D. Tomás de Noronha

Tomás Pinto Brandão

Soror Violante do Céu

 

Satírica

As coletâneas poéticas: A Fénix Renascida e Postilhão de Apolo

 

Épica

Rodrigues Lobo: O Condescendente

 

Dramática

D. Francisco Manuel de Melo: O Auto do Fidalgo Aprendiz

 

 

Prosa

(Academias Literárias)

Oratória

Frei António das Chagas

Padre António Vieira

Padre Bartolomeu de Quental

Padre Manuel Bernardes

...

Didática

Rodrigues Lobo: Corte na Aldeia

D. Francisco Manuel de Melo: Apólogos e Carta de Guia de Casados

 

Epistolar

Padre António Vieira

D. Francisco Manuel de Melo

Frei Lucas de Santa Catarina

Frei Pedro de Sá

 

Histórica

Frei Luís de Sousa

D. Francisco Manuel de Melo

Monarquia Lusitana (Historiadores de Alcobaça: Frei Bernardo de Brito, Frei António Brandão)

 

 

 

3.º Período: Neoclassicismo (Século das Luzes ou Escola Francesa)

 

de 1756 a 1825 (data da publicação do poema Camões de Garrett)

 

Arcadismo

Poesia Lírica

Cruz e Silva

Correia Garção

Bocage

 

Poesia Satírica

Cruz e Silva

Correia Garção

Nicolau Tolentino de Almeida (Dissidente)

 

Teatro

Correia Garção

António José da Silva

 

Prosa Doutrinária (Reformadores)

Luís António Verney

Francisco Xavier de Oliveira (Cavaleiro de Oliveira)

António Nunes Ribeiro Sanches

 

 

Pré-Romantismo

Poesia Lírica

Tomás António Gonzaga

Marquesa de Alorna

Nicolau Tolentino de Almeida

Bocage

 

Poesia Satírica

Bocage

 

 

 

Época Moderna

 

Século XIX e Século XX (de cerca de 1825 até à 2ª Grande Guerra)

 

 

 

 

1.º Período: Romantismo

 

de 1825 a 1865 (data da Questão Coimbrã) ou 1871 (data das Conferências do Casino)

 

Romantismo

Poesia Lírica

Almeida Garrett

Alexandre Herculano

António Feliciano de Castilho

 

Poesia Narrativa

Almeida Garrett

 

Poesia Dramática

Almeida Garrett

 

Prosa Dramática

Almeida Garrett

 

Prosa Narrativa

Almeida Garrett

Alexandre Herculano

 

Historiografia

Alexandre Herculano

 

 

Ultrarromantismo

Poesia Lírica

António Feliciano de Castilho

João de Lemos

Tomás Ribeiro

Soares de Passos

 

Transição entre o Romantismo e o Realismo

 

Poesia Lírica

João de Deus

 

Prosa Narrativa

Júlio Dinis

Camilo Castelo Branco

 

 

 

2.º Período: Do Realismo ao Pré-Modernismo

 

de 1865 ou 1871 a 1915

 

Realismo e Naturalismo

Geração de 70
 Realismo
 Naturalismo

Antero de Quental

Teófilo Braga

Gomes Leal

Oliveira Martins

Guilherme de Azevedo

Eça de Queirós

João de Deus

Guerra Junqueiro

Fialho de Almeida

Abel Botelho

Ramalho Ortigão

Trindade Coelho

 

Parnasianismo

Realismo e Concretismo

Cesário Verde

João Penha

 

 

Simbolismo e Decadentismo

Imagens, símbolos, alegorias

Camilo Pessanha

Eugénio de Castro

António Patrício

Teixeira Gomes

António Nobre

Raul Brandão

 

 

Neogarretismo

Gosto pelo popular e tradicional

António Nobre

Afonso Lopes Vieira

António Correia de Oliveira

Augusto Gil

Alberto de Oliveira

 

 

Saudosismo

Nacionalismo

Teixeira de Pascoaes

Raul Brandão

 

Tendências neorromânticas

Tradicionalismo e Sentimentalismo

António Nobre

Florbela Espanca

 

 

Poesia e prosa do início do século XX

Decadentismo-simbolismo

Poesia pós-simbolista

Prosa pós-naturalista

Regionalismo

 

António Botto

Alberto Pimentel

Judith Teixeira

Júlio Dantas

Mário de Sá-Carneiro

Aquilino Ribeiro

 

 

3.º Período: Modernismo

(1915-1945 ou 1915-década de 1960)

 

1.º Modernismo e vanguardas

(Grupo do Orpheu)

Decadentismo

Simbolismo

Paulismo

Futurismo

Interseccionismo

Sensacionismo

 Esteticismo

Impressionismo

Fernando Pessoa

Almada Negreiros

Mário de Sá-Carneiro | 1 | 2 |

Alfredo Guisado

Ângelo de Lima

Luís Montalvor

 

2.º Modernismo  (Grupo da Presença)

Valorização da inovação poética, originalidade, autenticidade

Adolfo Casais Monteiro

Adolfo Rocha (Miguel Torga)

Afonso Duarte

Alberto de Serpa

António de Navarro

Branquinho da Fonseca

Branquinho da Fonseca (António Madeira)

Carlos Queiroz

Edmundo de Bettencourt

Fausto José

Francisco Bugalho

João Gaspar Simões

José Régio

Saul Dias

 

 

3º Modernismo

 A nossa tradição crítica moderna consagrou as designações de Primeiro e Segundo Modernismos. Já o mesmo se não passa com a de Terceiro Modernismo. A esta designação alude por mais de uma vez Óscar Lopes (1987: 770, e 1990: 88 e 91-92), associando-a quer aos anos 40 quer ao «heterogéneo vanguardismo do pós-Guerra» ou ainda ao Modernismo dos anos 40-50-60. Luís Adriano Carlos retoma a designação, desenvolve-a e vincula-a claramente à Geração dos Cadernos de Poesia (2002: 240-242), que, no seu entender, pretenderia estabelecer um contacto direto com o Modernismo do Orpheu, «sem a mediação interpretativa da presença e contra uma certa desvalorização por parte dos neorrealistas». Embora os poetas que associamos aos Cadernos de Poesia realizem urna importante mudança no quadro de referências internacionais da nossa lírica modernista, seja por via do Modernismo anglo-americano ou do Imagismo da Geração espanhola de 27 ou do interesse despertado pelas traduções de Paulo Quintela de Hölderlin e Rilke, a verdade é que os neorrealistas não podem ser excluídos da nossa tradição modernista, uma vez que é bem sabida a importância de que se revestiu o exemplo, para uns, do versilibrismo de Campos e Caeiro, e, para outros, de poetas do Segundo Modernismo, como Afonso Duarte, Miguel Torga ou Casais Monteiro. Seja como for, a nós se nos afigura, não obstante a necessidade de vincar a singularidade da Geração dos Cadernos de Poesia, ser discutível a introdução de uma nova categoria periodológica, parecendo-nos, antes, preferível sublinhar o que Manuel Antunes, num artigo dos anos 50, considerou ser a persistência do Modernismo na poesia dessa década (1987: 179-183 ), acrescentando-lhe a observação de Óscar Lopes relativamente a um Modernismo dos anos 40-50-60, e tendo também em conta ser hoje claro que esse paradigma modernista começa a entrar em crise na passagem para a década de 70, justificando, de algum modo, a referência, a partir de então, a uma nova categoria periodológica, o Pós-Modernismo.

 

(BIBL.: CARLOS, Luís Adriano, «A Geração dos Cadernos de Poesia», in História da Literatura Portuguesa, 7. As Correntes Contemporâneas, ed. Óscar Lopes e Maria de Fátima Marinho, Lisboa, Alfa, 2002; MARTINHO, Fernando J. B., «Limites Cronológicos do Modernismo Poético Português», in Largo Mundo Alumiado: Estudos em Homenagem a Vítor Aguiar e Silva, vol. I, ed. Carlos Mendes de Sousa e Rita Patrício, Braga, Universidade do Minho, 2004.)

 

Fonte: Fernando J. B. Martinho, in Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, coord. Fernando Cabral Martins, Lisboa, Caminho, 2008

 

 

Época Contemporânea

 

 

da Segunda Grande Guerra ao final do século XX

 

 

 

(Dada a diluição dos géneros, a fusão dos temas e a fluidez das fronteiras entre correntes e movimentos e a própria evolução dos autores, este quadro apresenta-se apenas como uma tentativa de sistematização não exaustiva nem fechada)

 

 

 

 

do Neorrealismo ao final do século XX

 

Anos 1940

 

Influência da Presença

Autores ligados diretamente à Presença ou que indiretamente sofreram a influência das suas ideias.

Vitorino Nemésio

Irene Lisboa

José Rodrigues Miguéis

Tomás de Figueiredo

Domingos Monteiro

Joaquim Paço d’Arcos

António Botto

José Marmelo e Silva

 

 

Precursores do Neorrealismo

Temas rurais e regionais, problemas sociais.

Aquilino Ribeiro

Ferreira de Castro

 

 

Neorrealismo

Valorização da dimensão ideológica da criação literária e a sua capacidade de intervenção política e social (influência de Marx) ‑ consciência das classes mais desfavorecidas, preocupação com as injustiças sociais, luta pela liberdade, defesa dos oprimidos, arte ao serviço do homem contra a opressão.

Alves Redol

Soeiro Pereira Gomes

Manuel da Fonseca

Fernando Namora

Carlos de Oliveira

Mário Dionísio

José Marmelo e Silva

Sidónio Muralha

Na ordenação dos adeptos do Neorrealismo, é preciso ter em conta o seguinte:

1) alguns foram ou são conscientemente neorrealistas, de obra, de ação e, não raro, de pensamento político;

 

2) alguns outros foram ou são neorrealistas por coincidência, quer seguindo os ditames da vocação literária pessoal, quer, ao mesmo tempo ou não, recebendo os naturais eflúvios do ambiente neorrealista, em especial durante os anos da II Grande Guerra.

 

Seja entre os do primeiro grupo, seja entre os do segundo, houve escritores que não aceitaram senão parcialmente a nova moda, e evoluíram por trilhas próprias, tornaram-se autónomos e muitas vezes contraditórios; também houve outros que foram atenuando, no decurso de sua trajetória, a rigorosa ortodoxia do começo.

 

Além de Alves Redol, podemos agrupá-los, indistintamente: Soeiro Pereira Gomes, Faure da Rosa, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Romeu Correia, José Marmelo e Silva, Leão Penedo, Manuel do Nascimento, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Rogério de Freitas, Afonso Ribeiro, Aleixo Ribeiro, Assis Esperança, Alexandre Cabral, Tomás Ribas, Garibaldino de Andrade e tantos outros. Ainda há que acrescentar a figura de Ferreira de Castro, cuja obra romanesca pressagia claramente o movimento neorrealista.

 

(Fonte: Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa, São Paulo, Editora Cultrix, 1960)

 

 

Cadernos de Poesia

“Poesia Pura”

Sophia de Mello Breyner Andresen

Tomás Kim

Ruy Cinatti

Eugénio de Andrade

 

Surrealismo

Valorização do sonho e das manifestações do inconsciente (influência de Freud); inconformismo e fantasia; gosto do insólito.

Mário Cesariny de Vasconcelos

António Maria Lisboa

Alexandre O'Neill

Mário-Henrique Leiria

José Augusto França

Jorge de Sena

António Pedro

Ruben A.

 

Neoabjecionismo

"é uma ideia de gozo... é o gozar com o neorrealismo" (Luiz Pacheco)

 

Luiz Pacheco | 1|2|3|4|5|

 

Entre a Presença e o Neorrealismo e o Surrealismo

Temáticas sociais; fantástico

José Gomes Ferreira

Jorge de Sena

 

 

Encenar a vida nos anos 1940 em Portugal

(Dos pequenos palcos às grandes exposições do Estado, passando ainda pela representação em cinema.)

   No contexto de uma visão geral da história da cultura e das artes em Portugal nesta década do séc. XX, o programa visa interrogar modelos de representação artística na sua relação com a vida política, social e intelectual desse período, reportando-se quer a temáticas (viver em guerra, habitar o bairro, louvar o ruralismo, desenhar uma vocação colonial, definir "o lugar de cada um"), quer a configurações representacionais (que atravessam a arquitectura, as artes plásticas, a música, a dança, a canção, a fotografia, o cinema, a moda...), quer ainda à negociação com o interdito.

Maria Helena Serôdio. In Programa de Mestrado em Estudos de Teatro 2013-2014, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Diário da República, 2.ª Série, n.º 60, de 26 de Março de 2010. Despacho n.º 5554/2010

 

Bibliografia selecionada

AA.VV. (1982). Os anos 40 na arte portuguesa: A cultura nos anos 40. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
ACCIAIUOLI, Margarida (1998). Exposições do Estado Novo 1934-1940. Lisboa: Livros Horizonte.
AZEVEDO, Cândido de(1999). A censura de Salazar a Marcelo Caetano. Imprensa, teatro, cinema, televisão, radiodifusão, livro. Lisboa: Caminho.
DOS SANTOS, Graça (2002). Le spectacle dénaturé : Le théâtre sous le règne de Salazar (1933-1968). Préface de Robert Abirached. Paris : CNRS (trad. port. O espectáculo desvirtuado. Lisboa: Caminho, 2004).
MARTINS, Maria João (1994).O paraíso triste: O quotidiano em Lisboa durante a II Guerra Mundial. Lisboa: Vega.
Ó, Jorge Ramos do (1999). Os anos de Ferro: O dispositivo cultural durante a ‘Política do Espírito’ 1933-1949. Lisboa: Editorial Estampa.
PERNES, Fernando (Coord.) (2002). Século XX: Panorama da Cultura Portuguesa (3 vols.). Porto: Serralves & Afrontamento.
REBELLO, Luiz Francisco (2004). O palco virtual. Lisboa: Edições Asa.
ROSAS, Fernando / BRITO, J. M. Brandão de (Dir.) (1996). Dicionário de História do Estado Novo, 2 vols. Venda Nova: Bertrand Editora.
SANTOS, Vítor Pavão dos (2001). «Guia breve do século XX teatral», in Século XX: Panorama da cultura portuguesa. Coord. De Fernando Pernes. Porto: Serralves & Afrontamento, pp.187-312.
SCARLATTI, Eduardo (1943-46 ). Em casa de «O Diabo»: Subsídios para a história do teatro (4 Vols.). Lisboa: s/n.
TORGAL, Luís Reis (Dir.) (2001). Estudos do séc. XX, N.º 1: Estéticas do século. Coimbra.
TORGAL, Luís Reis (Coord.), (2000), O cinema sob o olhar de Salazar. Círculo de Leitores.

 

 

Anos 1950

 

Realismo contraditório

Revista Árvore  ‑ poesia autêntica que, como a árvore, mergulhe raízes na vida, mas se erga para o alto.

António Ramos Rosa

Raul de Carvalho

Egito Gonçalves

 

 

“Geração de 50”

Autoanálise subjetiva, recusa do compromisso ideológico

Vergílio Ferreira

José Cardoso Pires

Augusto Abelaira

Fernanda Botelho

David Mourão-Ferreira

 

 

Existencialismo

A existência precede a essência; livre escolha.

Vergílio Ferreira

 

À margem de qualquer grupo

Fusão de experiências do romance português anterior com uma visão pessoal da cultura e sociedade portuguesas.

 

Agustina Bessa-Luís

 

 

A partir de 1960

 

Experimentalismo e Poesia 61

Experimentalismo

Almeida Faria

Nuno Bragança

Álvaro Guerra

Maria Teresa Horta

Maria Velho da Costa

Luísa Neto Jorge

Fiama Hasse Pais Brandão

Casimiro de Brito

Ana Hatherly

Alberto Pimenta

Salette Tavares

 

Concretismo

Utilização dos aspetos concretos do significante, poesia visual, abolição da sintaxe e do verbo

E. M. de Melo e Castro

Ana Hatherly

Salette Tavares

António Aragão

Alexandre O'Neill

António Ramos Rosa

Herberto Hélder

 

Novo Romance

Contra as normas do romance; “a arte só se exprime a si mesma”

Artur Portela Filho

Alfredo Margarido

 

 

Experimentalismo

pós-nouveau roman

Síntese de experiências modernistas com um neossimbolismo de origem rilkeana

Herberto Hélder

João Palma-Ferreira

Maria Isabel Barreno

Nuno Bragança

Álvaro Guerra

Maria Teresa Horta

Maria Velho da Costa

 

 

“Poesia útil” e Literatura de resistência

(A literatura como arma contra a ditadura e a guerra colonial)

Apesar de esta tendência, que aqui designamos como poesia de intervenção, não existir enquanto movimento literário autónomo (e, em rigor, com ela possamos relacionar autores das mais distintas profissões de fé estético-literárias), adotamos a proposta terminológica sugerida por Óscar Lopes: «Em termos de poesia de qualidade, não é possível isolar uma tendência de intervenção política ou de intenção realista, pois ela manifesta-se, e por vezes de modo bem vivo, em obras de sensibilidade tão diferente como as de Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner, Alexandre O’Neill […] Vamos no entanto agrupar um conjunto de poetas cuja fase de consagração se liga a uma clara atitude de polémica ou de crítica social (Lopes e Saraiva, 1996:1069 apud Sílvia Cunha, 2008:47)

Urbano Tavares Rodrigues

António Gedeão

Augusto Abelaira

Herberto Hélder

Manuel Alegre

José Carlos Ary dos Santos

José Afonso

José Mário Branco

Sérgio Godinho

Sttau Monteiro

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

Realismo histórico (anos 80)

A história e a sua discussão,

a realidade e a fantasia,

o poético,

o empenho social e interventor,

as preocupações regionais.

Lídia Jorge

João de Melo

Mário de Carvalho

José Saramago

Bernardo Santareno

Romeu Correia

Olga Gonçalves

Agustina Bessa-Luís

Natália Correia

Fernanda Botelho

Nuno Bragança

João Aguiar

Luísa Beltrão

Álvaro Guerra

José Cardoso Pires

Augusto Abelaira

Urbano Tavares Rodrigues

Fernando Campos

Carlos Vale Ferraz (pseudónimo de Carlos de Matos Gomes)

 

Psicologismo

Realidade interior da psique

António Lobo Antunes

 

Percursos individuais

 

Eugénio de Andrade

António Gedeão

António Ramos Rosa

Herberto Hélder |1|2|3|4|5|6|7|8|9|10|11|12|13|14|15|16|17|

18 |19|20|21|22|23|24|25|26|27|28|29|30|31|32|33|34|35|

Pedro Tamen

Nuno Júdice

Ruy Belo

Teresa Rita Lopes

Manuel Gusmão

Teolinda Gersão

Maria Gabriela Llansol

Mário Cláudio

Al Berto |1|2|3|4|5|6|7|8|9|10|11|12|13|14|15|16|17|18|19|

20| 21|22|

 

A LITERATURA PORTUGUESA DA DÉCADA DE 70 ATÉ FINAL DO SÉCULO XX

 

 

 

 

 

    ÉPOCA PÓS-MODERNA

 

    Muito resumidamente, digamos que a atmosfera pós-moderna tem sido encarada sob a égide de um profundo ceticismo em face das ideias positivistas do progresso científico e de todas as principais «metanarrativas» (Lyotard) que desde o Iluminismo se propõem libertar e emancipar a humanidade da ignorância, da servidão, da pobreza ou da alienação, graças ao uso das faculdades da razão. É do lento desgaste (ou até da posterior falência) de algumas dessas utopias que recolhemos hoje consequências, das quais a mais importante consiste provavelmente num decréscimo de confiança perante o futuro, que antes surgia risonho e agora nos reserva uma incógnita e permanece aberto a certas pulsões irracionais que voltam à superfície e se plasmam, por exemplo, no exacerbamento de conflitos nacionalistas, religiosos, etc.

 

Fernando Pinto do Amaral, “Anos 70 e 80. Poesia” in História da Literatura Portuguesa.

Volume 7. As Correntes Contemporâneas, Lisboa, Publicações Alfa, 2002

 

 

 

 

 

    POESIA DOS ANOS 70 E 80 DO SÉCULO XX

 

    “Ausência de grupos homogéneos e emergência de obras individuais, onde ressalta o regresso a um certo lirismo e a uma expressividade mais próxima das sensações e dos sentimentos individuais. Integração da tradição literária.” (idem)

 

 

 

Referência a alguns poetas dos anos 70:

 

Al Berto

Alberto Pimenta

Alexandre Vargas

António Franco Alexandre

António Manuel Pires Cabral

António Osório

Diogo Pires Aurélio

Eduardo Pitta

Emanuel Jorge Botelho

Fernando Assis Pacheco

Fernando Guerreiro

Gastão Cruz

Helga Moreira

Helder Moura Pereira

Isabel de Sá

João Miguel Fernandes Jorge

Joaquim Manuel Magalhães

Joaquim Pessoa

Jorge Fallorca

Jorge Guimarães

José Agostinho Baptista

José Bento

José Jorge Letria

Manuel António Pina

Nuno Guimarães

Nuno Júdice

Paulo da Costa Domingues

Paulo Teixeira

Rogério Carrola

Rui Baião

Rui Diniz

Urbano Bettencourt

Vasco Graça Moura

 

 

Referência a alguns poetas dos anos 80:

 

Adília Lopes

Alberto Soares

Américo Teixeira Moreira

Ana Mafalda Leite

António Cabrita

António Cândido Franco

António José Queirós

António Magalhães

António Manuel Azevedo

Arnaldo Saraiva

Avelino de Sousa

Carlos Alberto Braga

Carlos M. Couto S. C.

Carlos Poças Falcão

Cecília Barreira

Eduarda Chiote

Eduardo Paz Barroso

Eugénio Lisboa

Fátima Maldonado

Fátima Murta

Fernando Gândra

Fernando J. B. Martinho

Fernando Luís

Francisco José Viegas

Francisco Palma Dias

Gil de Carvalho

Graça Videira Lopes

Inês Lourenço

J. Guardado Moreira

Joana Morais Varela

João Camilo

João de Melo

João Luís Barreto Guimarães

Jorge Aguiar Oliveira

Jorge de Sousa Braga

Jorge Fazenda Loureiro

Jorge Velhote

José Alberto Braga

José António de Almeida

José do Carmo Francisco

José Emílio-Nelson

José Oliveira

Laureano Silveira

Luís F. Adriano Carlos

Luís Filipe de Castro Mendes

Luís Miguel Nava

Luís Parrado

Manuel Fernando Gonçalves

Manuel Gusmão

Manuel Resende

Manuel Serras Pereira

Manuela Amaral

Maria Alzira Seixo

Maria de Lourdes Belchior

Mário Cláudio

Miguel Serras Pereira

Nuno Artur Silva

Nuno Vidal

Paulo E. Borges

Paulo Tunhas

Rosa Alice Branco

Rosette Lino

Rui André Delídia

Rui Caeiro

Rui Magalhães

Silva Carvalho

Teresa Rita Lopes

Teresa Tudela

 

 

 

 

    POESIA DOS ANOS 90 DO SÉCULO XX

 

 

    A poesia dos anos 90 é particularmente marcada pela articulação do poema com a experiência emocional do mundo, sendo esta entendida não num sentido puramente afetivo, mas numa relação que é simultaneamente sentimental e heurística. Poderíamos, assim, destacar uma atitude geral de recolhimento nesta poesia, percetível tanto na valorização do particular, do circunstancial e do privado como na importância de que se pode revestir, para alguns poetas, a meditação espiritual ou introspetiva. Em qualquer dos casos, é possível observar que a poesia se joga na tensão entre o reconhecimento de mundos habituais, ou de algum modo circunscritos, e a abertura desses mesmos mundos através de efeitos de estranhamento frequentemente provocados pela incidência de um olhar transfigurador. O «tom menor», tantas vezes privilegiado por muitos dos poetas aqui referenciados, deve ser articulado com a auto-apreensão de uma subjetividade que se diria procurar ainda nas pequenas coisas uma experiência de infinitude capaz de suspender a permanente disseminação de um inundo plural, sem centro e sem limites.

 

Rosa Maria Martelo, “Anos 90. Poesia” in História da Literatura Portuguesa.

Volume 7. As Correntes Contemporâneas, Lisboa, Publicações Alfa, 2002

 

 

 

 Referência a alguns poetas dos anos 90:

 

Agripina Costa Marques

Ana Luísa Amaral

António Carlos Cortez

António Gancho

Carlos Luís Bessa

Carlos Saraiva Pinto

Daniel Faria

Daniel Jonas

Fernando Martinho Guimarães

Fernando Pinto do Amaral

Firmino Mendes

Francisco Duarte Mangas

Helena Carvalhão Buescu

Isabel Cristina Pires

João Habitualmente

João Luís Barreto Guimarães

Jorge Manuel Gomes Miranda

Jorge Reis-Sá

José Alberto Oliveira

José Alberto Quaresma

José Guardado Moreira

José Ricardo Nunes

José Tolentino Mendonça

Luís Quintais

Manuel Gusmão

Maria Carlos Loureiro

Maria Rosário Pedreira

Nuno Félix da Costa

Paulo Jorge Fidalgo

Paulo José Miranda

Paulo Pais

Pedro Mexia

Rita Taborda Duarte

Rosa Alice Branco

Rui Pires Cabral

Sebastião Alba

Sérgio Pereira

Susana Secca Ruivo

Valter Hugo Mãe

Vasco Ferreira Campos

 

 

 

 

 

 

PÓS-MODERNISMO NO ROMANCE PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO

 

 

A rutura (que não significa oposição total e absoluta ao movimento cuja designação faz parte do novo termo), depois da iconoclastia de um Primeiro Modernismo, do retrocesso da Presença, da preocupação marcadamente ideológica do Neorrealismo ou da respigada ousadia do Surrealismo, ocorre na ficção portuguesa contemporânea (e em virtude de nítidas influências norte-americanas) principalmente depois da publicação de O Delfim de José Cardoso Pires. Se bem que retomando coordenadas estéticas e ideológicas da produção literária de movimentos anteriores (principalmente de correntes dos séculos XIX e XX, ou não fosse o efeito ‘manta de retalhos’ uma das características liminares da nova estética pós-modernista), este é o romance que, pela modalização levada a cabo, evidencia tendências e características outras que delas o distanciam.

 

Por outras palavras, o que legitima do ponto de vista institucional-literário o novo período consubstancia-se, em primeiro lugar, na existência de marcas inovadoras, não porque sejam algo de inédito mas porque, precisamente, passam a ser traduzidas e vertidas na escrita através de utilizações modalizadas, logo diferentes, de características que marcaram períodos anteriores. Em segundo lugar, mas não menos importante, porque algumas das técnicas e dos artifícios de narração a que anteriormente apenas pontualmente se recorria são, agora, sistematicamente utilizados em termos e em número suficientemente latos para alcançarem o estatuto de características passíveis de integrar o novo sócio-código.

 

Referimo-nos, destarte, à polifonia narrativa, à fluidez genológica, à modelização paródica da História e da história, e aos exercícios metaficcionais ou autorreflexivos. […]

 

Em termos genéricos, se no passado o autor permitia o cumprimento do contrato coleridgiano que conduzia à suspensão voluntária da descrença, a tendência contemporânea aponta no sentido inverso — o da suspensão voluntária da crença (na história, e na História, e na sua construção). É agora possível, pois, observar-se a destruição da ilusão criada pelas ficções anteriores, essas em que a quase ausência de intromissões do narrador, quer acerca da história quer acerca do modo como esta se tece, transportava o leitor para o mundo da ilusão narrativa, para um real cuja validade equivalia ao tempo da leitura.

 

Ana Paula Arnaut, Post-Modernismo no Romance Português Contemporâneo,
Coimbra, Livraria Almedina, 2002, pp. 356-357.

  

  

  

 

 

    FICÇÃO DOS ANOS 70 DO SÉCULO XX

 

·         São muitas as tendências que percorrem a novelística dos anos 70.

·         Nestes anos convergem uma nova digestão da conceção neorrealista e a definitiva assimilação da problemática existencialista e das experiências e artifícios do nouveau roman francês.

·         Relevo para a exploração da palavra, valorização da escrita e supremacia do particular e do subjetivo.

·         Recuperação da História enquanto matéria ficcional, exploração da memória da guerra e das imagens do Ultramar ou da vivência em torno da revolução de Abril.

·         Observação de um real insólito e marginal.

·         O redimensionamento da História em Agustina, Almeida Faria, Jorge de Sena, Saramago, Carlos de Oliveira.

·         O imaginário português e o sentido da História em João de Melo, Álvaro Guerra, Fernando Assis Pacheco, José Martins Garcia, Lobo Antunes.

·         A importância da crónica e a tendência para a exploração de formas de insólito e de estranhamento (Saramago, João Medina, José Gomes Ferreira, Altino do Tojal).

·         Considerações sobre a problemática da escrita (Dinis Machado, Fernando Namora, Armando da Silva Carvalho, Nuno Bragança e outros), e de tendência experimentalista.

·         Referência a Vergílio Ferreira, já há muito consagrado, à produção feminina de pendor introspetivo e sua vontade de desconstrução de um real entediante.

 

Cristina Robalo Cordeiro, “Ficção dos anos 70” in História da Literatura Portuguesa.

Volume 7. As Correntes Contemporâneas, Lisboa, Publicações Alfa, 2002

 

 

 

 

    FICÇÃO DOS ANOS 80 DO SÉCULO XX

 

 

    Nesta década assiste-se ao regresso à História enquanto matéria ficcional de eleição. Salientam-se os nomes de José Saramago e de Lídia Jorge.

 

    Há ainda a notar a memória traumática da guerra de África (Manuel Alegre, João de Meio, José Manuel Mendes) e de mundos concentracionários e demenciais como em Lobo Antunes.

 

    Em alguns autores deparamos com o retrato alegórico da realidade portuguesa (Almeida Faria, Fernando Dacosta, Baptista-Bastos, Álvaro Guerra, Mário de Carvalho, João Aguiar, Mário Ventura).

 

    Sucesso da biografia romanceada (Mário Cláudio, Fernando Campos, Agustina Bessa Luís) e da narrativa de autoria feminina: Natália Correia, Luísa Dacosta, Fernanda Botelho, Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno, Teolinda Gersão, Yvette Centeno, Maria Gabriela Llansol, Olga Gonçalves, Wanda Ramos, Hélia Correia, Luísa Costa Gomes, Clara Pinto Correia, Maria Ondina Braga e outras.

 

    Abordam-se ainda autores que vêm de décadas anteriores como Urbano Tavares Rodrigues, José Cardoso Pires, António Alçada Baptista, Augusto Abelaira, David Mourão-Ferreira ou Vergílio Ferreira.

 

Clara Rocha, “Ficção dos anos 80” in História da Literatura Portuguesa.

Volume 7. As Correntes Contemporâneas, Lisboa, Publicações Alfa, 2002

 

 

 

 

    FICÇÃO DOS ANOS 90 DO SÉCULO XX

 

    Na ficção dos anos 90, a questão da «identidade nacional» e do «modo de ser português» dá lugar aos problemas de desenvolvimento do self, vistos a partir de personagens que pertencem maioritariamente às classes médias urbanas. O tom oscila entre a melancolia sem trágico e a ironia sem revolta radical. Mas a diversidade dos autores e das suas formas estéticas é ampla, não enquadrada por grupos ou escolas, e permite por certo outras leituras mais singularizadas.

 

Luís Mourão, “Ficção” in História da Literatura Portuguesa.

Volume 7. As Correntes Contemporâneas, Lisboa, Publicações Alfa, 2002

 

 

 

 

10 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS ROMANCES DA GERAÇÃO DE 90

 

Realismo Urbano Total

 

1. Não existe revolução estética: a Geração de 90 recolhe e cruza singularmente as três fases anteriores da literatura portuguesa do século XX:

— é realista e descritivista (décadas de 20 a 40);

— é subjetivista (décadas de 30 a 50);

— é desconstrucionista (décadas de 60 a 80).

 

2. Alia o objetivismo mais chão ao subjetivismo mais delirante, aliança desprovida de mensagem e, aparentemente, correspondente ao preenchimento de um vazio individual interior (posição anti-subjetivista da literatura).

 

3. Perspetivismo narrativo: dissolução do eu narrativo e cruzamento de estatuto entre narrador e personagens; evidenciação no corpo do texto da própria arte ou forma do romance (posição do narrador fragmentário).

 

4. Semanticamente, tudo é permitido: as imagens e os jogos de palavras constroem a realidade (posição antirreferencialista da literatura).

 

5. Assim, o texto cria a sua própria realidade (cruzamento de realismo, subjetivismo e desconstrutivismo), abrindo novos horizontes de conhecimento social e permitindo, deste modo, que seja o texto a iluminar (dar sentido) a realidade. O texto torna-se o óculo da realidade; vemos a nova realidade portuguesa através dos textos destes autores.

 

6. Recolhe expressões espontâneas das mais diversas comunidades linguísticas, gerando textos multiculturais (posição anti-intelectualista da literatura).

 

7. Sem complexos, recolhe expressões linguísticas estrangeiras (posição anti-nacionalista da literatura).

 

8. Recolhe processos estilísticos de outras formas estéticas (CD-Rom, banda desenhada, guiões de filmes, publicidade...) (posição antissacralização ou anti-essencialista da literatura).

 

9. Vivência integral da dimensão temporal do presente, fazendo confluir na atualidade todas as civilizações, épocas históricas, religiões, ideologias... (o tempo é todo um).

 

10. O Realismo Urbano Total, como estilo dominante nas novas gerações, parece corresponder tanto a uma fase de europeização acelerada da totalidade de Portugal, quanto à emergência, pela primeira vez, de um genuíno espírito urbano ou cosmopolita que, cobrindo todo o país, influencia fortemente, através do relativismo e ceticismo éticos presentes nas grandes cidades, a literatura portuguesa.

 

Miguel Real, Geração de 90. Romance e Sociedade no Portugal Contemporâneo,
Porto, Campo das Letras, 2001, pp. 120-121

 

 

 

 

 

Referência a alguns escritores que continuaram a publicar nos anos 90:

 

Agustina Bessa Luís

Alberto Pimenta

Alexandre Pinheiro Torres

António Alçada Baptista

António Lobo Antunes

Armando Silva Carvalho

Augusto Abelaira

Baptista-Bastos

Fernanda Botelho

Fernando Campos

Fiama Hasse Pais Brandão

Hélder Macedo

Helena Marques

Hélia Correia

João Aguiar

José Cardoso Pires

José Saramago

Lídia Jorge

Luís Filipe Castro Mendes

Luísa Beltrão

Luísa Costa Gomes

Maria Gabriela Llansol

Maria Isabel Barreno

Maria Velho da Costa

Mário Cláudio

Mário de Carvalho

Nuno Júdice

Paulo Castilho

Rui Nunes

Rui Zink

Seomara da Veiga Ferreira

Sérgio Luís de Carvalho

Teolinda Gersão

Urbano Tavares Rodrigues

Vasco Graça Moura

Vergílio Ferreira

 

 

Referência a alguns escritores revelados nos anos 90:

 

Ana Teresa Pereira

Francisco Duarte Mangas

Francisco José Viegas

Jacinto Lucas Pires

José Luís Peixoto

José Riço Direitinho

Mafalda Ivo Cruz

Miguel Esteves Cardoso

Paulo José Miranda

Pedro Paixão

Pedro Rosa Mendes

 

 

 

 

 

 

    TEATRO DOS ANOS 80 E 90 DO SÉCULO XX

 

 

 

    Nos anos 80 salienta-se o experimentalismo, o empenhamento político e o tratamento de figuras históricas. A partir do fim dos anos 80, há uma crescente importância do texto.

 

Carlos Porto, “Teatro desde a Presença” in História da Literatura Portuguesa.

Volume 7. As Correntes Contemporâneas, Lisboa, Publicações Alfa, 2002

 

 

 

     Ultimamente, porém, ao fazer o balanço anual das peças portuguesas publicadas e encenadas, torna-se claro que tem havido um acréscimo muito significativo de títulos novos nos últimos anos, e que há editoras que têm vindo a dar à estampa textos de teatro de autores vivos. Por outro lado, há cada vez mais companhias que incluem no seu repertório peças portuguesas recentes e há outras que mantêm em permanência dramaturgos e dramaturgistas, criando uma espécie de oficina de escrita e experimentação cénica. Há no Porto uma estrutura vocacionada para trabalhar sobre dramaturgias contemporâneas, e começa também a haver encomendas interessantes para refazer textos que não dramáticos para a cena, como foi a reescrita de crónicas de Lobo Antunes, do romance A Paixão, de Almeida Faria (que o próprio autor refez), ou das Viagens na minha terra, de Garrett, feita pelo Carlos Porto. E há ainda a iniciativa exemplar da SPA e do Novo Grupo de patrocinarem um prémio que já permitiu a publicação e a encenação (notável, de João Lourenço) de uma peça de grande valor: Às vezes neva em Abril, de João Santos Lopes, sobre a violência racista em gangs da periferia.

     Mas outras temáticas igualmente importantes têm vindo a ser trabalhadas por autores portugueses, como as que mais diretamente interpelam o nosso quotidiano. É o caso de Mário de Carvalho que dramatizou a desagregação de valores e do convívio familiar em A rapariga de Varsóvia, ou falou, num estilo de comédia brilhante, de um perigoso tigre (leia-se: um estado fascista) que ronda um bloco de apartamentos (Se perguntarem por mim, não estou). Jorge Silva Melo escreveu sobre alguns dos condicionalismos trágicos da vida dos jovens, como é a droga (O fim, ou tende misericórdia de nós), Luísa Costa Gomes reportou-se ao quotidiano de mulheres em Nunca nada de ninguém, e Isabel Medina criou para a Escola de Mulheres uma comédia engraçadíssima sobre (des)amores de mulheres em Os novos confessionários. Mais recentemente, Maria Velho da Costa publicou uma peça excelente, Madame, e vários são os mais jovens escritores que têm visto (com relativa celeridade) as suas peças publicadas, encenadas e até premiadas.

Maria Helena Serôdio, “Teatro em português” in Avante! n.º 1368, 2000-02-17

 

 

 

As teias de Penélope: dramaturgia contemporânea no feminino: História do Teatro em Portugal

A história do teatro português mais recuada pouco ou nada contou com a contribuição de mulheres como autoras de escrita dramática. Podiam brilhar nos palcos, como artistas, mas a criação de textos foi, durante muito tempo, território quase exclusivamente masculino. Pelo menos até ao século XX, quando as lutas pelos direitos civis e pela emancipação feminina têm permitido que as mulheres que desejassem escrever para o palco se afirmassem com um estatuto de paridade com os seus homólogos masculinos.

Em especial a partir de meados do século XX e até aos nossos dias, a escrita das mulheres tem vindo a oferecer olhares complementares aos dos homens, transcendendo as questões de género para se debruçarem sobre questões do humano, que a ambos dizem respeito.

Após uma rápida recapitulação sobre as especificidades e características do teatro em Portugal no século XX, proceder-se-á ao exame de contribuições relevantes para a historiografia nacional que viram as mulheres empenhadas na primeira linha na criação duma dramaturgia com identidade própria. Aprofundar-se-á o estudo de obras de: Natália Correia, transfiguradora de mitos lusos com as ressonâncias barrocas dos seus versos; Teresa Rita Lopes, versátil cultora de géneros híbridos e que ludicamente oscila entre o riso e o siso arguto e filosófico; Hélia Correia, fascinada investigadora dos mitos clássicos gregos, interpelados com emocionada participação para neles se encontrarem novos entendimentos.

De acordo com o interesse dos alunos, manter-se-á em aberto a possibilidade de aproximação às dramaturgias de outras autoras, como Fiama Hasse Pais Brandão e Luísa Costa Gomes.

Sebastiana Fadda. In Programa de Mestrado em Estudos de Teatro 2013-2014, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Diário da República, 2.ª Série, n.º 60, de 26 de Março de 2010. Despacho n.º 5554/2010

 

Bibliografia ativa
CORREIA, Hélia, Perdição, Exercício sobre Antígona seguido de Florbela. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1991 (1ª). Lisboa: Relógio d’Água, 2006 (2ª).
---, O Rancor, Exercício sobre Helena. Lisboa: Relógio d'Água, 2000.
---, Desmesura, Exercício com Medeia. Lisboa: Relógio d’Água, 2006.
CORREIA, Natália, A pécora, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1983.
---, O encoberto, Lisboa, Galeria Panorama, 1969 / Lisboa, Afrodite, 1986.
---, D. João e Julieta, Lisboa, Sociedade Portuguesa de Autores / Publicações D. Quixote, 1999.
---, Erros meus má fortuna amor ardente, Lisboa, Afrodite, 1981 / Lisboa, O Jornal, 1991.
---, Auto do Solstício do Inverno, inédito, texto policopiado, 1989.
LOPES, Teresa Rita, Teatro reunido, 2 vols., Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Biblioteca de Autores Portugueses, 2007.

Bibliografia passiva
BARATA, José Oliveira, História do teatro português, Lisboa, Universidade Aberta, 1991.
---, História do teatro em Portugal (séc. XVIII). António José da Silva (o Judeu) no palco joanino, Lisboa, DIFEL, Memória e Sociedade, 1998.
BASTOS, Glória / VASCONCELOS, Ana Isabel P. Teixeira de, O teatro em Lisboa no tempo da Primeira República, Lisboa, Museu do Teatro, 2004
COELHO, Rui Pina, Casa da Comédia (1946-1975): Um palco para uma ideia de teatro, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009.
CORVIN, Michel, Dictionnaire encyclopédique du theatre, Paris, Bordas, 1991.
FALCÃO, Miguel, Espelho de ver por dentro: O percurso de Alves Redol, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009.
PAVIS, Patrice, Dictionnaire du théâtre, preface de Anne Ubersfeld, edition revue et corrigée, Paris, Armand Colin, 2002.
PICCHIO, Luciana Stegagno, História do teatro português, Lisboa, Portugália, 1969.
RAMALHETE, Ana Maria / MARTINS, Fernando Cabral /MEDEIROS, Luísa /SILVA, Manuela Parreira da (org.), Memórias, gestos, palavras. Textos oferecidos a Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, Peninsulares / 97.
REBELLO, Luiz Francisco, Teatro português do romantismo aos nossos dias:cento e vinte anos de literatura teatral portuguesa, Lisboa, Círculo do Livro, 2 vols., s.d.
---, O teatro simbolista e modernista (1890-1939), Lisboa, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Biblioteca Breve, 1979.
---, Breve história do teatro português, Lisboa, Publicações Europa-América, Colecção Saber, 2000 (5ª edição revista e actualizada).
---, Três espelhos: Uma visão panorâmica do teatro português do liberalismo à ditadura (1820-1926), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010.
SANTOS, Graça, O espectáculo desvirtuado, Lisboa, Editorial Caminho, 2004.
SERÔDIO, Maria Helena, “Dramaturgia”, in Fernando J.B. Martinho (coord.), Literatura portuguesa do século XX, Lisboa, Instituto Camões, Cadernos, 2004, pp. 95-141.
VASQUES, Eugénia, 9 considerações em torno do teatro em Portugal nos anos 90, Lisboa, Ministério da Cultura / IPAE-Instituto Português das Artes do Espectáculo, 1998.
---, Mulheres que escreveram teatro no século XX em Portugal, Lisboa, Edições Colibri, 2001.

 

 

 

 

Referência a alguns nomes que escreveram teatro nos anos 80:

 

Abel Neves

António Júlio Valarinho

António Macedo

António S. Ribeiro

António Torrado

Carlos Correia

Carlos J. Pessoa

Eduarda Dionísio

Fernando Augusto

Fernando Dacosta

Fernando Gomes

Filipe La Féria

João Brites

Joaquim Pacheco Neves

José Jorge Letria

Luísa Costa Gomes

Luz Franco

Mário Cláudio

Miguel Rovisco

Pedro Barbosa

 

 

Referência a alguns nomes que escreveram teatro nos anos 90:

 

Abel Neves

Alice Vieira,

Almeida Faria

António Torrado

Augusto Sobral

Carlos Alberto Machado

Dinis Cayolla Ribeiro

Eduarda Dionísio

Fernando Amado

Fernando Augusto

Filipe La Féria

Fonseca Lobo

Francisco Nicholson

Francisco Pestana

Hélder Costa

Hélia Correia

Jaime Gralheiro

Jaime Rocha

Jaime Salazar Sampaio

João Osório de Castro

João Santos Lopes

Jorge Guimarães

Jorge Listopad

Jorge Silva Melo

José Jorge Letria

José Maria Vieira

Júlia Nery

Luísa Costa Comes

Luiz Francisco Rebello

Manuel Córrego

Manuel Wiborg

Maria do Céu Ricardo

Maria Judite de Carvalho

Maria Velho da Costa

Mário de Carvalho

Natália Correia

Norberto Ávila

Orlando da Costa

Orlando Neves

Pedro Bandeira Freire

Sophia de Mello Breyner Andresen

Teresa Rita Lopes

Vicente Sanches

 

 

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 1.ª edição: http://lusofonia.com.sapo.pt/literatura_portuguesa.htm, 2007-2015.

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