.
Época
1º
Lopes de Baião Afonso Meéndez de Beesteiros Afonso Sanches Airas Paes Estevam Coelho Fernam Velho Fernand'Esquio Joam Garcia de Guilhade Joam Lopes d'Ulhoa Joam Mendes de Briteiros Joam Perez d’Avoim Lourenço, jograr Martim Codax Martin de Ginzo ou de Grijó Meendinho Nuno Trees Pai Gomes Charinho Pedr'Eanes Solaz/ Pedro Anes Solaz Pero Garcia Burgalês Pero Gonçalves de Porto Carreiro Pêro Mafaldo Pêro Viviaez D. Sancho I …
|
|
Cantigas de Amor |
Afonso Lopes de Baião Afonso Meéndez de Beesteiros D. Afonso X Bonifacio Calvo Fernam Garcia Esgaravunha Fernam Velho Joam Airas de Santiago Joam Baveca Joam Garcia de Guilhade Joam Lobeira Joam Perez d’Avoim Joam Servando Joam Soares Coelho Martim Moia Martim Soares Pai Gomes Charinho Pai Soares de Taveirós Pêro da Ponte Pero Garcia Burgalês Pero Goterres, Cavaleiro Pêro Mafaldo Roi Paes de Ribela Vidal, judeu d'Elvas …
|
Cantigas de Escárnio e Maldizer |
Afonso Lopes de Baião Afonso Meéndez de Beesteiros Airas Nunez Airas Perez Vuituron Diego Pezelho D. Dinis Estevam da Guarda Fernam Garcia Esgaravunha Fernam Velho D. Gil Sanches Joam Airas de Santiago Joam de Gaia, escudeiro Joam Lobeira Joam Perez d’Avoim Joam Soares Coelho Martim Moia Martim Soares Osoir'Anes Pedr'Amigo de Sevilha Pero Garcia Burgalês Pero Larouco Pêro Mafaldo Picandon Roi Paes de Ribela …
|
Prosa Doutrinal e Religiosa (Traduções) |
Capitulários,
Cronicões, Nobiliários; Novelas de Cavalaria: Cantar de Mio Cid, Ciclo clássico
ou greco-latino, Ciclo carolíngio, Ciclo bretão, Amadis de Gaula.
|
Tradutores do
Mosteiro de Alcobaça
|
Testamento de
Lorvão, Livro de Mumadona, Livro Preto, Liber Fidei, Censual, Crónica Geral
de Espanha de 1344, Nobiliário do Conde D. Pedro I; Ciclo clássico: Roman
de Thèbes; Ciclo carolíngio:
Chanson de Roland; Ciclo bretão (Rei
Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda): Demanda do Santo Graal, Merlin,
José de Arimateia, etc.
|
2º
Garcia de Resende João Roiz de Castel Duarte de Brito Bernardim Anrique da … |
Prosa moralista • desportiva • |
D. João I: D. Duarte: D. Pedro: D. Afonso V:
|
Crónicas |
Gomes Eanes de Zurara Rui de Pina outros cronistas
|
Época
Clássica
Século XVI
(Descobrimentos) - Século XIX (Revolução Francesa e Invasões)
de cerca de 1527 até 1825
(data da publicação do poema Camões de Almeida Garrett)
1º Período: Renascimento,
Humanismo, Classicismo - de 1527 a 1580 (data da morte de Camões)
|
Lírica |
Bernardim Ribeiro Diogo Bernardes … |
Gil Vicente |
||
Épica |
|
|
Prosa Quinhentista |
Historiografia |
Damião de Góis João de Barros Diogo de Couto Gaspar Correia Gaspar Frutuoso … |
Literatura de Viagens |
Fernão Mendes Pinto: Peregrinação
|
|
Novelas |
Bernardim Ribeiro: Menina e
Moça Francisco de Morais: O
Palmeirim Jorge de Montemor: Diana
|
|
Prosa Mística |
Frei Heitor Pinto Frei Tomás de Jesus Frei Amador Arrais Samuel Usque
|
2.º Período: Barroco (Seiscentismo ou Escola
Espanhola)
de 1580 a 1756 (data da
fundação da Arcádia Lusitana ou Ulissiponense)
(Academias
Literárias) |
|
Lírica |
As coletâneas poéticas: A Fénix
Renascida e Postilhão de Apolo; André Nunes da Silva António Barbosa Bacelar António da Fonseca Soares António Serrão de Crasto D. Francisco de Portugal Francisco Manuel de Melo Francisco de Vasconcelos
(Coutinho) Gregório de Matos (Guerra) Francisco de Pina e de Melo Jerónimo Baía Soror Madalena da Glória Manuel Botelho de Oliveira Manuel da Veiga Tagarro Soror Maria do Céu Rodrigues Lobo D. Tomás de Noronha Tomás Pinto Brandão Soror Violante do Céu … |
As coletâneas poéticas: A Fénix
Renascida e Postilhão de Apolo |
|
Épica |
Rodrigues Lobo: O Condescendente |
Dramática |
D. Francisco Manuel de Melo: O
Auto do Fidalgo Aprendiz |
(Academias
Literárias) |
|
Oratória |
Frei António das Chagas Padre António Vieira Padre Bartolomeu de Quental Padre Manuel Bernardes ... |
Didática |
Rodrigues Lobo: Corte na Aldeia D. Francisco Manuel de Melo: Apólogos e Carta de
Guia de Casados
|
Epistolar |
Padre António Vieira D. Francisco Manuel de Melo Frei Lucas de Santa Catarina Frei Pedro de Sá
|
Histórica |
Frei Luís de
Sousa D. Francisco
Manuel de Melo Monarquia
Lusitana (Historiadores de Alcobaça: Frei Bernardo de Brito, Frei António
Brandão)
|
3.º Período: Neoclassicismo (Século das
Luzes ou Escola Francesa)
de 1756 a 1825 (data da
publicação do poema Camões de Garrett)
Arcadismo |
|
Poesia Lírica |
Cruz e Silva Correia Garção |
Poesia Satírica |
Cruz e Silva Correia Garção Nicolau Tolentino de Almeida
(Dissidente)
|
Teatro |
Correia Garção
|
Prosa Doutrinária
(Reformadores) |
Luís António Verney Francisco Xavier de Oliveira
(Cavaleiro de Oliveira) António Nunes Ribeiro Sanches
|
Pré-Romantismo |
|
Poesia Lírica |
Tomás António Gonzaga Marquesa de Alorna Nicolau Tolentino de Almeida … |
Poesia Satírica |
|
Época
Moderna
Século XIX e Século XX (de
cerca de 1825 até à 2ª Grande Guerra)
1.º Período: Romantismo
de 1825 a 1865 (data da
Questão Coimbrã) ou 1871 (data das Conferências do Casino)
Poesia Lírica |
Alexandre Herculano António Feliciano de Castilho |
Poesia Narrativa |
Almeida Garrett |
Poesia Dramática |
Almeida Garrett |
Prosa Dramática |
|
Prosa Narrativa |
Alexandre Herculano |
Historiografia |
Alexandre Herculano |
Ultrarromantismo |
|
Poesia Lírica |
António Feliciano de Castilho João de Lemos Tomás Ribeiro Soares de Passos … |
Transição entre o
Romantismo e o Realismo |
|
Poesia Lírica |
João de Deus |
Prosa Narrativa |
Júlio Dinis |
2.º Período: Do Realismo
ao Pré-Modernismo
de 1865 ou 1871 a 1915
Realismo e Naturalismo |
|
Geração de 70 |
Teófilo Braga Gomes Leal Oliveira Martins Guilherme de Azevedo João de Deus Guerra Junqueiro Fialho de Almeida Abel Botelho Ramalho Ortigão Trindade Coelho … |
Parnasianismo |
|
Realismo e Concretismo |
João Penha |
Simbolismo e Decadentismo |
|
Imagens, símbolos, alegorias |
Eugénio de Castro António Patrício Teixeira Gomes António Nobre Raul Brandão |
Neogarretismo |
|
Gosto pelo popular e tradicional |
António Nobre Afonso Lopes Vieira António Correia de Oliveira Augusto Gil Alberto de Oliveira
|
Saudosismo |
|
Nacionalismo |
Raul Brandão |
Tendências neorromânticas |
|
Tradicionalismo e Sentimentalismo |
António Nobre
|
Poesia e prosa do início do
século XX |
|
Decadentismo-simbolismo Poesia pós-simbolista Prosa pós-naturalista Regionalismo
|
Alberto Pimentel Judith Teixeira Júlio Dantas Mário de Sá-Carneiro Aquilino Ribeiro … |
3.º Período:
Modernismo
(1915-1945
ou 1915-década de 1960)
(Grupo
do Orpheu) |
|
Decadentismo Simbolismo Paulismo Futurismo Interseccionismo Sensacionismo Esteticismo Impressionismo |
Mário de Sá-Carneiro | 1 | 2 | Alfredo Guisado Ângelo de Lima Luís Montalvor … |
2.º Modernismo (Grupo da Presença) |
|
Valorização da inovação poética, originalidade, autenticidade |
Adolfo Casais Monteiro Adolfo Rocha (Miguel Torga) Afonso Duarte Alberto de Serpa António de Navarro Branquinho da Fonseca Branquinho da Fonseca (António
Madeira) Carlos Queiroz Fausto José Francisco Bugalho João Gaspar Simões José Régio Saul Dias
|
3º Modernismo |
A nossa tradição
crítica moderna consagrou as designações de Primeiro e Segundo Modernismos.
Já o mesmo se não passa com a de Terceiro Modernismo. A esta designação alude
por mais de uma vez Óscar Lopes (1987: 770, e 1990: 88 e 91-92), associando-a
quer aos anos 40 quer ao «heterogéneo vanguardismo do pós-Guerra» ou ainda ao
Modernismo dos anos 40-50-60. Luís Adriano Carlos retoma a designação,
desenvolve-a e vincula-a claramente à Geração dos Cadernos de Poesia
(2002: 240-242), que, no seu entender, pretenderia estabelecer um contacto
direto com o Modernismo do Orpheu, «sem a mediação interpretativa da presença
e contra uma certa desvalorização por parte dos neorrealistas». Embora os
poetas que associamos aos Cadernos de Poesia realizem urna importante
mudança no quadro de referências internacionais da nossa lírica modernista,
seja por via do Modernismo anglo-americano ou do Imagismo da Geração
espanhola de 27 ou do interesse despertado pelas traduções de Paulo Quintela
de Hölderlin e Rilke, a verdade é que os neorrealistas não podem ser
excluídos da nossa tradição modernista, uma vez que é bem sabida a
importância de que se revestiu o exemplo, para uns, do versilibrismo de
Campos e Caeiro, e, para outros, de poetas do Segundo Modernismo, como Afonso
Duarte, Miguel Torga ou Casais Monteiro. Seja como for, a nós se nos afigura,
não obstante a necessidade de vincar a singularidade da Geração dos Cadernos
de Poesia, ser discutível a introdução de uma nova categoria
periodológica, parecendo-nos, antes, preferível sublinhar o que Manuel
Antunes, num artigo dos anos 50, considerou ser a persistência do Modernismo
na poesia dessa década (1987: 179-183 ), acrescentando-lhe a observação de
Óscar Lopes relativamente a um Modernismo dos anos 40-50-60, e tendo também
em conta ser hoje claro que esse paradigma modernista começa a entrar em
crise na passagem para a década de 70, justificando, de algum modo, a
referência, a partir de então, a uma nova categoria periodológica, o
Pós-Modernismo.
(BIBL.: CARLOS, Luís Adriano, «A Geração dos Cadernos de
Poesia», in História da Literatura Portuguesa, 7. As Correntes
Contemporâneas, ed. Óscar Lopes e Maria de Fátima Marinho, Lisboa, Alfa,
2002; MARTINHO, Fernando J. B., «Limites Cronológicos do Modernismo Poético
Português», in Largo Mundo Alumiado: Estudos em Homenagem a Vítor Aguiar e
Silva, vol. I, ed. Carlos Mendes de Sousa e Rita Patrício, Braga,
Universidade do Minho, 2004.)
Fonte: Fernando
J. B. Martinho, in Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo
Português, coord. Fernando Cabral Martins, Lisboa, Caminho, 2008 |
Época
Contemporânea
da Segunda Grande Guerra
ao final do século XX
(Dada a diluição dos
géneros, a fusão dos temas e a fluidez das fronteiras entre correntes e
movimentos e a própria evolução dos autores, este quadro apresenta-se apenas
como uma tentativa de sistematização não exaustiva nem fechada)
do Neorrealismo ao final
do século XX
Anos 1940
Influência da Presença |
|
Autores ligados diretamente à Presença ou que indiretamente
sofreram a influência das suas ideias. |
José Rodrigues Miguéis Tomás de Figueiredo Domingos Monteiro Joaquim Paço d’Arcos António Botto José Marmelo e Silva |
Precursores do Neorrealismo |
|
Temas rurais e regionais, problemas sociais. |
Aquilino Ribeiro Ferreira de Castro
|
Neorrealismo |
|
Valorização da dimensão ideológica da criação literária e a
sua capacidade de intervenção política e social (influência de Marx) ‑
consciência das classes mais desfavorecidas, preocupação com as injustiças
sociais, luta pela liberdade, defesa dos oprimidos, arte ao serviço do homem
contra a opressão. |
Alves Redol Soeiro Pereira Gomes |
Na ordenação dos adeptos do Neorrealismo, é preciso ter em
conta o seguinte: 1) alguns foram ou são conscientemente neorrealistas, de obra,
de ação e, não raro, de pensamento político;
2) alguns outros foram ou são neorrealistas por coincidência,
quer seguindo os ditames da vocação literária pessoal, quer, ao mesmo tempo
ou não, recebendo os naturais eflúvios do ambiente neorrealista, em especial
durante os anos da II Grande Guerra.
Seja entre os do primeiro grupo, seja entre os do segundo,
houve escritores que não aceitaram senão parcialmente a nova moda, e
evoluíram por trilhas próprias, tornaram-se autónomos e muitas vezes contraditórios;
também houve outros que foram atenuando, no decurso de sua trajetória, a
rigorosa ortodoxia do começo.
Além de Alves Redol, podemos agrupá-los, indistintamente:
Soeiro Pereira Gomes, Faure da Rosa, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca,
Romeu Correia, José Marmelo e Silva, Leão Penedo, Manuel do Nascimento,
Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Rogério de Freitas, Afonso Ribeiro,
Aleixo Ribeiro, Assis Esperança, Alexandre Cabral, Tomás Ribas, Garibaldino
de Andrade e tantos outros. Ainda há que acrescentar a figura de Ferreira de
Castro, cuja obra romanesca pressagia claramente o movimento neorrealista.
(Fonte: Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa, São
Paulo, Editora Cultrix, 1960)
|
Cadernos de Poesia |
|
“Poesia Pura” |
Sophia de Mello Breyner Andresen Tomás Kim … |
Surrealismo |
|
Valorização
do sonho e das manifestações do inconsciente (influência de Freud);
inconformismo e fantasia; gosto do insólito. |
António Maria Lisboa José Augusto França António Pedro Ruben A. … |
Neoabjecionismo |
|
"é uma ideia de gozo... é o gozar com o
neorrealismo" (Luiz Pacheco)
|
Entre a Presença e o
Neorrealismo e o Surrealismo |
|
Temáticas
sociais; fantástico |
|
Encenar a vida nos anos 1940 em Portugal (Dos pequenos palcos às grandes exposições do Estado, passando
ainda pela representação em cinema.) |
No contexto de uma
visão geral da história da cultura e das artes em Portugal nesta década do
séc. XX, o programa visa interrogar modelos de representação artística na sua
relação com a vida política, social e intelectual desse período,
reportando-se quer a temáticas (viver em guerra, habitar o bairro, louvar o
ruralismo, desenhar uma vocação colonial, definir "o lugar de cada
um"), quer a configurações representacionais (que atravessam a
arquitectura, as artes plásticas, a música, a dança, a canção, a fotografia,
o cinema, a moda...), quer ainda à negociação com o interdito. Maria Helena Serôdio. In Programa
de Mestrado em Estudos de Teatro 2013-2014, Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa
Bibliografia
selecionada AA.VV. (1982). Os
anos 40 na arte portuguesa: A cultura nos anos 40. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian. |
Anos 1950
Realismo contraditório |
|
Revista Árvore ‑ poesia autêntica que, como a
árvore, mergulhe raízes na vida, mas se erga para o alto. |
António Ramos Rosa Raul de Carvalho
|
“Geração de 50” |
|
Autoanálise subjetiva,
recusa do compromisso ideológico |
Vergílio Ferreira José Cardoso Pires Augusto Abelaira Fernanda Botelho
|
Existencialismo |
|
A existência precede a essência; livre escolha. |
À margem de qualquer grupo |
|
Fusão de experiências do
romance português anterior com uma visão pessoal da cultura e sociedade
portuguesas.
|
Agustina Bessa-Luís |
A partir de
1960
Experimentalismo e Poesia
61 |
|
Experimentalismo |
Almeida Faria Nuno Bragança Álvaro Guerra Luísa Neto Jorge Casimiro de Brito Alberto Pimenta Salette Tavares … |
Concretismo |
|
Utilização dos aspetos
concretos do significante, poesia
visual,
abolição da sintaxe e do verbo |
Ana Hatherly Salette Tavares António Aragão Alexandre O'Neill António Ramos Rosa Herberto Hélder … |
Novo Romance |
|
Contra as normas do
romance; “a arte só se exprime a si mesma” |
Artur Portela Filho Alfredo Margarido
|
Experimentalismo pós-nouveau roman |
|
Síntese de experiências
modernistas com um neossimbolismo de origem rilkeana |
Herberto Hélder João Palma-Ferreira Maria Isabel Barreno Nuno Bragança Álvaro Guerra Maria Teresa Horta Maria Velho da Costa |
“Poesia
útil” e Literatura de resistência (A literatura como arma contra a
ditadura e a guerra colonial) |
|
Apesar de esta tendência,
que aqui designamos como poesia
de intervenção, não existir enquanto
movimento literário autónomo (e, em rigor, com ela possamos relacionar
autores das mais distintas profissões de fé estético-literárias), adotamos a
proposta terminológica sugerida por Óscar Lopes: «Em termos de poesia de
qualidade, não é possível isolar uma tendência de intervenção política ou de
intenção realista, pois ela manifesta-se, e por vezes de modo bem vivo, em
obras de sensibilidade tão diferente como as de Jorge de Sena, Sophia de
Mello Breyner, Alexandre O’Neill […] Vamos no entanto agrupar um conjunto de
poetas cuja fase de consagração se liga a uma clara atitude de polémica ou de
crítica social.» (Lopes e Saraiva,
1996:1069 apud Sílvia Cunha, 2008:47) |
Urbano Tavares Rodrigues Augusto Abelaira Herberto Hélder Sttau Monteiro Sophia de Mello Breyner Andresen |
Realismo histórico (anos
80) |
|
A história e a sua discussão, a realidade e a fantasia, o poético, o empenho social e interventor, as preocupações regionais. |
Lídia Jorge Mário de Carvalho Bernardo Santareno Romeu Correia Agustina Bessa-Luís Fernanda Botelho Nuno Bragança João Aguiar Luísa Beltrão Álvaro Guerra José Cardoso Pires Augusto Abelaira Urbano Tavares Rodrigues Fernando Campos Carlos
Vale Ferraz (pseudónimo de Carlos
de Matos Gomes) … |
Psicologismo |
|
Realidade interior da psique |
Percursos individuais |
António Ramos Rosa
Herberto Hélder |1|2|3|4|5|6|7|8|9|10|11|12|13|14|15|16|17|
18 |19|20|21|22|23|24|25|26|27|28|29|30|31|32|33|34|35|
Pedro Tamen
Teresa Rita Lopes
Manuel Gusmão
Teolinda Gersão
Mário Cláudio
Al Berto |1|2|3|4|5|6|7|8|9|10|11|12|13|14|15|16|17|18|19|
…
A LITERATURA PORTUGUESA DA DÉCADA DE 70 ATÉ FINAL DO SÉCULO XX
ÉPOCA PÓS-MODERNA
Muito resumidamente, digamos que a atmosfera pós-moderna tem sido encarada sob
a égide de um profundo ceticismo em face das ideias positivistas do progresso
científico e de todas as principais «metanarrativas» (Lyotard) que desde o
Iluminismo se propõem libertar e emancipar a humanidade da ignorância, da
servidão, da pobreza ou da alienação, graças ao uso das faculdades da razão. É
do lento desgaste (ou até da posterior falência) de algumas dessas utopias que
recolhemos hoje consequências, das quais a mais importante consiste
provavelmente num decréscimo de confiança perante o futuro, que antes surgia
risonho e agora nos reserva uma incógnita e permanece aberto a certas pulsões
irracionais que voltam à superfície e se plasmam, por exemplo, no exacerbamento
de conflitos nacionalistas, religiosos, etc.
Fernando Pinto do Amaral, “Anos 70 e 80. Poesia”
in História da Literatura Portuguesa.
Volume 7. As Correntes
Contemporâneas, Lisboa,
Publicações Alfa, 2002
POESIA DOS ANOS 70 E 80 DO SÉCULO XX
“Ausência de grupos homogéneos e emergência de obras individuais, onde ressalta
o regresso a um certo lirismo e a uma expressividade mais próxima das sensações
e dos sentimentos individuais. Integração da tradição literária.” (idem)
Referência a alguns poetas dos anos 70:
Al Berto
Alberto Pimenta
Alexandre Vargas
António Manuel Pires Cabral
António Osório
Diogo Pires Aurélio
Eduardo Pitta
Fernando Assis Pacheco
Fernando Guerreiro
Helga Moreira
Helder Moura Pereira
Isabel de Sá
Joaquim Pessoa
Jorge Fallorca
Jorge Guimarães
José Agostinho Baptista
José Bento
José Jorge Letria
Nuno Guimarães
Nuno Júdice
Paulo da Costa Domingues
Paulo Teixeira
Rogério Carrola
Rui Baião
Rui Diniz
Vasco Graça Moura
Referência a alguns poetas dos anos 80:
Alberto Soares
Américo Teixeira Moreira
Ana Mafalda Leite
António Cabrita
António Cândido Franco
António José Queirós
António Magalhães
António Manuel Azevedo
Arnaldo Saraiva
Avelino de Sousa
Carlos Alberto Braga
Carlos M. Couto S. C.
Carlos Poças Falcão
Cecília Barreira
Eduarda Chiote
Eduardo Paz Barroso
Eugénio Lisboa
Fátima Maldonado
Fátima Murta
Fernando Gândra
Fernando J. B. Martinho
Fernando Luís
Francisco José Viegas
Francisco Palma Dias
Gil de Carvalho
Graça Videira Lopes
Inês Lourenço
J. Guardado Moreira
Joana Morais Varela
João Camilo
João Luís Barreto Guimarães
Jorge Aguiar Oliveira
Jorge de Sousa Braga
Jorge Fazenda Loureiro
Jorge Velhote
José Alberto Braga
José António de Almeida
José do Carmo Francisco
José Oliveira
Laureano Silveira
Luís F. Adriano Carlos
Luís Parrado
Manuel Fernando Gonçalves
Manuel Gusmão
Manuel Resende
Manuel Serras Pereira
Manuela Amaral
Maria Alzira Seixo
Maria de Lourdes Belchior
Mário Cláudio
Miguel Serras Pereira
Nuno Artur Silva
Nuno Vidal
Paulo E. Borges
Paulo Tunhas
Rosa Alice Branco
Rosette Lino
Rui André Delídia
Rui Magalhães
Silva Carvalho
Teresa Rita Lopes
Teresa Tudela
…
POESIA DOS ANOS 90 DO SÉCULO XX
A poesia dos anos 90 é particularmente marcada pela articulação do poema com a
experiência emocional do mundo, sendo esta entendida não num sentido puramente
afetivo, mas numa relação que é simultaneamente sentimental e heurística. Poderíamos,
assim, destacar uma atitude geral de recolhimento nesta poesia, percetível
tanto na valorização do particular, do circunstancial e do privado como na
importância de que se pode revestir, para alguns poetas, a meditação espiritual
ou introspetiva. Em qualquer dos casos, é possível observar que a poesia se
joga na tensão entre o reconhecimento de mundos habituais, ou de algum modo
circunscritos, e a abertura desses mesmos mundos através de efeitos de
estranhamento frequentemente provocados pela incidência de um olhar
transfigurador. O «tom menor», tantas vezes privilegiado por muitos dos poetas
aqui referenciados, deve ser articulado com a auto-apreensão de uma
subjetividade que se diria procurar ainda nas pequenas coisas uma experiência
de infinitude capaz de suspender a permanente disseminação de um inundo plural,
sem centro e sem limites.
Rosa Maria Martelo, “Anos 90. Poesia” in História
da Literatura Portuguesa.
Volume 7. As Correntes
Contemporâneas, Lisboa,
Publicações Alfa, 2002
Referência a alguns poetas dos anos 90:
Agripina Costa Marques
António Gancho
Carlos Luís Bessa
Carlos Saraiva Pinto
Daniel Jonas
Firmino Mendes
Francisco Duarte Mangas
Helena Carvalhão Buescu
Isabel Cristina Pires
João Luís Barreto Guimarães
Jorge Manuel Gomes Miranda
Jorge Reis-Sá
José Alberto Oliveira
José Alberto Quaresma
José Guardado Moreira
José Ricardo Nunes
Luís Quintais
Maria Carlos Loureiro
Nuno Félix da Costa
Paulo Jorge Fidalgo
Paulo José Miranda
Rita Taborda Duarte
Rosa Alice Branco
Rui Pires Cabral
Sebastião Alba
Sérgio Pereira
Susana Secca Ruivo
Vasco Ferreira Campos
PÓS-MODERNISMO NO ROMANCE PORTUGUÊS
CONTEMPORÂNEO
A
rutura (que não significa oposição total e absoluta ao movimento cuja
designação faz parte do novo termo), depois da iconoclastia de um Primeiro
Modernismo, do retrocesso da Presença, da preocupação marcadamente ideológica
do Neorrealismo ou da respigada ousadia do Surrealismo, ocorre na ficção
portuguesa contemporânea (e em virtude de nítidas influências norte-americanas)
principalmente depois da publicação de O Delfim de José Cardoso Pires.
Se bem que retomando coordenadas estéticas e ideológicas da produção literária
de movimentos anteriores (principalmente de correntes dos séculos XIX e XX, ou
não fosse o efeito ‘manta de retalhos’ uma das características liminares da
nova estética pós-modernista), este é o romance que, pela modalização levada a
cabo, evidencia tendências e características outras que delas o distanciam.
Por
outras palavras, o que legitima do ponto de vista institucional-literário o
novo período consubstancia-se, em primeiro lugar, na existência de marcas
inovadoras, não porque sejam algo de inédito mas porque, precisamente, passam a
ser traduzidas e vertidas na escrita através de utilizações modalizadas, logo
diferentes, de características que marcaram períodos anteriores. Em segundo
lugar, mas não menos importante, porque algumas das técnicas e dos artifícios
de narração a que anteriormente apenas pontualmente se recorria são, agora,
sistematicamente utilizados em termos e em número suficientemente latos para
alcançarem o estatuto de características passíveis de integrar o novo
sócio-código.
Referimo-nos,
destarte, à polifonia narrativa, à fluidez genológica, à modelização paródica
da História e da história, e aos exercícios metaficcionais ou autorreflexivos.
[…]
Em
termos genéricos, se no passado o autor permitia o cumprimento do contrato
coleridgiano que conduzia à suspensão voluntária da descrença, a tendência
contemporânea aponta no sentido inverso — o da suspensão voluntária da crença
(na história, e na História, e na sua construção). É agora possível, pois,
observar-se a destruição da ilusão criada pelas ficções anteriores, essas em
que a quase ausência de intromissões do narrador, quer acerca da história quer
acerca do modo como esta se tece, transportava o leitor para o mundo da ilusão
narrativa, para um real cuja validade equivalia ao tempo da leitura.
Ana Paula Arnaut, Post-Modernismo no Romance
Português Contemporâneo,
Coimbra, Livraria Almedina, 2002, pp. 356-357.
FICÇÃO DOS ANOS 70 DO SÉCULO XX
·
São muitas as
tendências que percorrem a novelística dos anos 70.
·
Nestes anos
convergem uma nova digestão da conceção neorrealista e a definitiva assimilação
da problemática existencialista e das experiências e artifícios do nouveau
roman francês.
·
Relevo para a
exploração da palavra, valorização da escrita e supremacia do particular e do
subjetivo.
·
Recuperação da
História enquanto matéria ficcional, exploração da memória da guerra e das
imagens do Ultramar ou da vivência em torno da revolução de Abril.
·
Observação de um
real insólito e marginal.
·
O
redimensionamento da História em Agustina, Almeida Faria, Jorge de Sena,
Saramago, Carlos de Oliveira.
·
O imaginário
português e o sentido da História em João de Melo, Álvaro Guerra, Fernando
Assis Pacheco, José Martins Garcia, Lobo Antunes.
·
A importância da
crónica e a tendência para a exploração de formas de insólito e de
estranhamento (Saramago, João Medina, José Gomes Ferreira, Altino do Tojal).
·
Considerações
sobre a problemática da escrita (Dinis Machado, Fernando Namora, Armando da
Silva Carvalho, Nuno Bragança e outros), e de tendência experimentalista.
·
Referência a Vergílio
Ferreira, já há muito consagrado, à produção feminina de pendor introspetivo e
sua vontade de desconstrução de um real entediante.
Cristina Robalo Cordeiro, “Ficção dos anos 70”
in História da Literatura Portuguesa.
Volume 7. As Correntes
Contemporâneas, Lisboa,
Publicações Alfa, 2002
FICÇÃO DOS ANOS 80 DO SÉCULO XX
Nesta década
assiste-se ao regresso à História enquanto matéria ficcional de eleição.
Salientam-se os nomes de José Saramago e de Lídia Jorge.
Há ainda a
notar a memória traumática da guerra de África (Manuel Alegre, João de Meio,
José Manuel Mendes) e de mundos concentracionários e demenciais como em Lobo
Antunes.
Em alguns
autores deparamos com o retrato alegórico da realidade portuguesa (Almeida
Faria, Fernando Dacosta, Baptista-Bastos, Álvaro Guerra, Mário de Carvalho,
João Aguiar, Mário Ventura).
Sucesso da
biografia romanceada (Mário Cláudio, Fernando Campos, Agustina Bessa Luís) e da
narrativa de autoria feminina: Natália Correia, Luísa Dacosta, Fernanda
Botelho, Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno, Teolinda Gersão, Yvette
Centeno, Maria Gabriela Llansol, Olga Gonçalves, Wanda Ramos, Hélia Correia,
Luísa Costa Gomes, Clara Pinto Correia, Maria Ondina Braga e outras.
Abordam-se
ainda autores que vêm de décadas anteriores como Urbano Tavares Rodrigues, José
Cardoso Pires, António Alçada Baptista, Augusto Abelaira, David Mourão-Ferreira
ou Vergílio Ferreira.
Clara Rocha, “Ficção dos anos 80” in História
da Literatura Portuguesa.
Volume 7. As Correntes
Contemporâneas, Lisboa,
Publicações Alfa, 2002
FICÇÃO DOS ANOS 90 DO SÉCULO XX
Na ficção dos anos 90, a questão da «identidade nacional» e do «modo de ser
português» dá lugar aos problemas de desenvolvimento do self, vistos a
partir de personagens que pertencem maioritariamente às classes médias urbanas.
O tom oscila entre a melancolia sem trágico e a ironia sem revolta radical. Mas
a diversidade dos autores e das suas formas estéticas é ampla, não enquadrada
por grupos ou escolas, e permite por certo outras leituras mais singularizadas.
Luís Mourão, “Ficção” in História da
Literatura Portuguesa.
Volume 7. As Correntes
Contemporâneas, Lisboa,
Publicações Alfa, 2002
10 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS ROMANCES DA GERAÇÃO DE 90
Realismo Urbano
Total
1. Não
existe revolução estética: a Geração de 90 recolhe e cruza singularmente
as três fases anteriores da literatura portuguesa do século XX:
— é
realista e descritivista (décadas de 20 a 40);
— é
subjetivista (décadas de 30 a 50);
— é
desconstrucionista (décadas de 60 a 80).
2. Alia
o objetivismo mais chão ao subjetivismo mais delirante, aliança desprovida
de mensagem e, aparentemente, correspondente ao preenchimento de um vazio
individual interior (posição anti-subjetivista da literatura).
3. Perspetivismo
narrativo: dissolução do eu narrativo e cruzamento de estatuto entre
narrador e personagens; evidenciação no corpo do texto da própria arte ou forma
do romance (posição do narrador fragmentário).
4.
Semanticamente, tudo é permitido: as imagens e os jogos de palavras
constroem a realidade (posição antirreferencialista da literatura).
5. Assim,
o texto cria a sua própria realidade (cruzamento de realismo,
subjetivismo e desconstrutivismo), abrindo novos horizontes de conhecimento
social e permitindo, deste modo, que seja o texto a iluminar (dar sentido) a
realidade. O texto torna-se o óculo da realidade; vemos a nova realidade
portuguesa através dos textos destes autores.
6.
Recolhe expressões espontâneas das mais diversas comunidades linguísticas,
gerando textos multiculturais (posição anti-intelectualista da literatura).
7. Sem
complexos, recolhe expressões linguísticas estrangeiras (posição
anti-nacionalista da literatura).
8.
Recolhe processos estilísticos de outras formas estéticas (CD-Rom, banda
desenhada, guiões de filmes, publicidade...) (posição antissacralização ou
anti-essencialista da literatura).
9.
Vivência integral da dimensão temporal do presente, fazendo confluir na
atualidade todas as civilizações, épocas históricas, religiões, ideologias... (o
tempo é todo um).
10. O
Realismo Urbano Total, como estilo dominante nas novas gerações, parece
corresponder tanto a uma fase de europeização acelerada da totalidade de
Portugal, quanto à emergência, pela primeira vez, de um genuíno espírito urbano
ou cosmopolita que, cobrindo todo o país, influencia fortemente, através do relativismo
e ceticismo éticos presentes nas grandes cidades, a literatura
portuguesa.
Miguel Real, Geração de 90. Romance e
Sociedade no Portugal Contemporâneo,
Porto, Campo das Letras, 2001, pp. 120-121
Referência a alguns escritores que continuaram a publicar nos
anos 90:
Agustina Bessa Luís
Alberto Pimenta
Alexandre Pinheiro Torres
António Alçada Baptista
António Lobo Antunes
Armando Silva Carvalho
Augusto Abelaira
Baptista-Bastos
Fernanda Botelho
Fernando Campos
Fiama Hasse Pais Brandão
Hélder Macedo
Helena Marques
Hélia Correia
João Aguiar
José Cardoso Pires
José Saramago
Lídia Jorge
Luís Filipe Castro Mendes
Luísa Beltrão
Luísa Costa Gomes
Maria Isabel Barreno
Maria Velho da Costa
Mário Cláudio
Mário de Carvalho
Nuno Júdice
Paulo Castilho
Rui Zink
Seomara da Veiga Ferreira
Sérgio Luís de Carvalho
Teolinda Gersão
Urbano Tavares Rodrigues
Vasco Graça Moura
Referência a alguns
escritores revelados nos anos 90:
Ana Teresa Pereira
Francisco Duarte Mangas
Francisco José Viegas
Jacinto Lucas Pires
José Luís Peixoto
José Riço Direitinho
Mafalda Ivo Cruz
Miguel Esteves Cardoso
Paulo José Miranda
Pedro Paixão
Pedro Rosa Mendes
TEATRO DOS ANOS 80 E 90 DO SÉCULO XX
Nos anos 80
salienta-se o experimentalismo, o empenhamento político e o tratamento de
figuras históricas. A partir do fim dos anos 80, há uma crescente importância
do texto.
Carlos Porto, “Teatro desde a Presença”
in História da Literatura Portuguesa.
Volume 7. As Correntes
Contemporâneas, Lisboa,
Publicações Alfa, 2002
Ultimamente, porém, ao fazer o balanço
anual das peças portuguesas publicadas e encenadas, torna-se claro que tem
havido um acréscimo muito significativo de títulos novos nos últimos anos, e
que há editoras que têm vindo a dar à estampa textos de teatro de autores
vivos. Por outro lado, há cada vez mais companhias que incluem no seu
repertório peças portuguesas recentes e há outras que mantêm em permanência
dramaturgos e dramaturgistas, criando uma espécie de oficina de escrita e
experimentação cénica. Há no Porto uma estrutura vocacionada para trabalhar
sobre dramaturgias contemporâneas, e começa também a haver encomendas
interessantes para refazer textos que não dramáticos para a cena, como foi a
reescrita de crónicas de Lobo Antunes, do romance A Paixão, de Almeida
Faria (que o próprio autor refez), ou das Viagens na minha terra, de
Garrett, feita pelo Carlos Porto. E há ainda a iniciativa exemplar da SPA e do
Novo Grupo de patrocinarem um prémio que já permitiu a publicação e a encenação
(notável, de João Lourenço) de uma peça de grande valor: Às vezes neva em
Abril, de João Santos Lopes, sobre a violência racista em gangs da
periferia.
Mas outras temáticas igualmente
importantes têm vindo a ser trabalhadas por autores portugueses, como as que mais
diretamente interpelam o nosso quotidiano. É o caso de Mário de Carvalho que
dramatizou a desagregação de valores e do convívio familiar em A rapariga de
Varsóvia, ou falou, num estilo de comédia brilhante, de um perigoso tigre
(leia-se: um estado fascista) que ronda um bloco de apartamentos (Se
perguntarem por mim, não estou). Jorge Silva Melo escreveu sobre alguns dos
condicionalismos trágicos da vida dos jovens, como é a droga (O fim, ou
tende misericórdia de nós), Luísa Costa Gomes reportou-se ao quotidiano de
mulheres em Nunca nada de ninguém, e Isabel Medina criou para a Escola
de Mulheres uma comédia engraçadíssima sobre (des)amores de mulheres em Os
novos confessionários. Mais recentemente, Maria Velho da Costa publicou uma
peça excelente, Madame, e vários são os mais jovens escritores que têm
visto (com relativa celeridade) as suas peças publicadas, encenadas e até
premiadas.
Maria Helena Serôdio, “Teatro em
português” in Avante! n.º 1368, 2000-02-17
As teias de
Penélope: dramaturgia contemporânea no feminino: História do Teatro em Portugal
A história do teatro português mais recuada pouco ou nada contou
com a contribuição de mulheres como autoras de escrita dramática. Podiam
brilhar nos palcos, como artistas, mas a criação de textos foi, durante muito
tempo, território quase exclusivamente masculino. Pelo menos até ao século XX,
quando as lutas pelos direitos civis e pela emancipação feminina têm permitido
que as mulheres que desejassem escrever para o palco se afirmassem com um
estatuto de paridade com os seus homólogos masculinos.
Em especial a partir de meados do século XX e até aos nossos
dias, a escrita das mulheres tem vindo a oferecer olhares complementares aos
dos homens, transcendendo as questões de género para se debruçarem sobre
questões do humano, que a ambos dizem respeito.
Após uma rápida recapitulação sobre as especificidades e
características do teatro em Portugal no século XX, proceder-se-á ao exame de
contribuições relevantes para a historiografia nacional que viram as mulheres
empenhadas na primeira linha na criação duma dramaturgia com identidade
própria. Aprofundar-se-á o estudo de obras de: Natália Correia, transfiguradora
de mitos lusos com as ressonâncias barrocas dos seus versos; Teresa Rita Lopes,
versátil cultora de géneros híbridos e que ludicamente oscila entre o riso e o
siso arguto e filosófico; Hélia Correia, fascinada investigadora dos mitos
clássicos gregos, interpelados com emocionada participação para neles se
encontrarem novos entendimentos.
De acordo com o interesse dos alunos, manter-se-á em aberto a
possibilidade de aproximação às dramaturgias de outras autoras, como Fiama
Hasse Pais Brandão e Luísa Costa Gomes.
Sebastiana Fadda. In Programa de Mestrado em Estudos de Teatro 2013-2014, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Diário da República,
2.ª Série, n.º 60, de 26 de Março de 2010. Despacho n.º 5554/2010
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seguido de Florbela. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1991 (1ª). Lisboa:
Relógio d’Água, 2006 (2ª).
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CORREIA, Natália, A pécora, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1983.
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1986.
---, D. João e Julieta, Lisboa, Sociedade Portuguesa de Autores /
Publicações D. Quixote, 1999.
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LOPES, Teresa Rita, Teatro reunido, 2 vols., Lisboa, Imprensa
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Bibliografia passiva
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Judeu) no palco joanino, Lisboa, DIFEL, Memória e Sociedade, 1998.
BASTOS, Glória / VASCONCELOS, Ana Isabel P. Teixeira de, O teatro em Lisboa
no tempo da Primeira República, Lisboa, Museu do Teatro, 2004
COELHO, Rui Pina, Casa da Comédia (1946-1975): Um palco para uma ideia de
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CORVIN, Michel, Dictionnaire encyclopédique du theatre, Paris, Bordas,
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FALCÃO, Miguel, Espelho de ver por dentro: O percurso de Alves Redol, Lisboa,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009.
PAVIS, Patrice, Dictionnaire du théâtre, preface de Anne Ubersfeld,
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PICCHIO, Luciana Stegagno, História do teatro português, Lisboa,
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RAMALHETE, Ana Maria / MARTINS, Fernando Cabral /MEDEIROS, Luísa /SILVA,
Manuela Parreira da (org.), Memórias, gestos, palavras. Textos oferecidos a
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REBELLO, Luiz Francisco, Teatro português do romantismo aos nossos dias:cento e vinte anos de literatura teatral
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(1890-1939), Lisboa, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Biblioteca
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---, Três espelhos: Uma visão panorâmica do teatro português do liberalismo
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SERÔDIO, Maria Helena, “Dramaturgia”, in Fernando J.B. Martinho (coord.), Literatura
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VASQUES, Eugénia, 9 considerações em torno do teatro em Portugal nos anos 90,
Lisboa, Ministério da Cultura / IPAE-Instituto Português das Artes do
Espectáculo, 1998.
---, Mulheres que escreveram teatro no século XX em Portugal, Lisboa,
Edições Colibri, 2001.
Referência a alguns
nomes que escreveram teatro nos anos 80:
Abel Neves
António Júlio Valarinho
António Macedo
António S. Ribeiro
António Torrado
Carlos Correia
Carlos J. Pessoa
Eduarda Dionísio
Fernando Augusto
Fernando Dacosta
Fernando Gomes
Filipe La Féria
João Brites
Joaquim Pacheco Neves
José Jorge Letria
Luísa Costa Gomes
Luz Franco
Mário Cláudio
Miguel Rovisco
Pedro Barbosa
…
Referência a alguns
nomes que escreveram teatro nos anos 90:
Abel Neves
Alice Vieira,
Almeida Faria
António Torrado
Augusto Sobral
Carlos Alberto Machado
Dinis Cayolla Ribeiro
Eduarda Dionísio
Fernando Amado
Fernando Augusto
Filipe La Féria
Fonseca Lobo
Francisco Nicholson
Francisco Pestana
Hélder Costa
Hélia Correia
Jaime Gralheiro
Jaime Rocha
Jaime Salazar Sampaio
João Osório de Castro
João Santos Lopes
Jorge Guimarães
Jorge Listopad
Jorge Silva Melo
José Jorge Letria
José Maria Vieira
Júlia Nery
Luísa Costa Comes
Luiz Francisco Rebello
Manuel Córrego
Manuel Wiborg
Maria do Céu Ricardo
Maria Judite de Carvalho
Maria Velho da Costa
Mário de Carvalho
Natália Correia
Norberto Ávila
Orlando da Costa
Orlando Neves
Pedro Bandeira Freire
Sophia de Mello Breyner Andresen
Teresa Rita Lopes
Vicente Sanches
…
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LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
Projeto
concebido por José Carreiro.
1.ª edição:
http://lusofonia.com.sapo.pt/literatura_portuguesa.htm, 2007-2015.
2.ª edição:
http://lusofonia.x10.mx/literatura_portuguesa.htm, 2016.
3.ª edição: https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/literatura-portuguesa, 2021.