Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da lírica de Sophia de Mello Breyner Andresen.
ÍNDICE
1. Nota
biográfica
2. Perfil
poético
3. Temas e
motivos poéticos
3.1.
O
jogo dos quatro elementos primordiais
3.2.
A
procura da justiça
3.3.
A
abordagem dos mitos gregos
3.4.
As
reflexões sobre poética: arte poética e valor educativo da poesia
5. Linguagem
e estilo
6. Obras de
Sophia de Mello Breyner Andresen
7. Leitura
orientada e sugestões para análise literária de poemas de Sophia de Mello
Breyner Andresen:
[Ano] Obra
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Poema
|
Incipit
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[1944] Poesia
|
As fontes
|
Um dia
quebrarei todas as pontes
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[1944] Poesia
|
Casa branca
|
Casa
branca em frente ao mar enorme
|
[1944] Poesia
|
Catilina
|
Eu sou o
solitário e nunca minto
|
[1944] Poesia
|
Cidade
|
Cidade,
rumor e vaivém sem paz nas ruas
|
[1944] Poesia
|
Em todos
os jardins
|
Em todos
os jardins hei de florir
|
[1944] Poesia
|
Mar
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I
- De todos os cantos do mundo
II
- Cheiro a terra as árvores e o vento
|
[1944] Poesia
|
O jardim e a casa
|
Não se
perdeu nenhuma coisa em mim.
|
[1944] Poesia
|
Paisagem
|
Passavam
pelo ar aves repentinas,
|
[1947] Dia do mar
|
Horizonte vazio
|
Horizonte
vazio em que nada resta
|
[1947] Dia do mar
|
Quando
|
Quando
o meu corpo apodrecer e eu for morta
|
[1947] Dia do mar
|
Um dia
|
Um dia, mortos, gastos,
voltaremos
|
[1950] Coral
|
Chamei
por mim quando cantava o mar
|
Chamei
por mim quando cantava o mar
|
[1950] Coral
|
Eu
chamei-te para ser a torre
|
Eu
chamei-te para ser a torre
|
[1958] Mar novo
|
Este é o tempo
|
Este
é o tempo
|
[1958] Mar novo
|
Meditação
do duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal
|
Nunca
mais
|
[1958] Mar novo
|
O Soldado Morto
|
Os
infinitos céus fitam seu rosto
|
[1958] Mar novo
|
Poema inspirado nos
painéis que Júlio Resende desenhou para o monumento que devia ser construído
em Sagres
|
I -
Nenhuma ausência em ti cais de partida.
II –
Regresso
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[1958] Mar novo
|
Porque
|
Porque
os outros se mascaram mas tu não
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[1962] Livro sexto
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A veste dos fariseus
|
Era um
Cristo sem poder
|
[1962] Livro sexto
|
As pessoas sensíveis
|
As
pessoas sensíveis não são capazes
|
[1962] Livro sexto
|
Data
|
Tempo de solidão e de incerteza
|
[1962] Livro sexto
|
No poema
|
Transferir
o quadro o muro a brisa
|
[1962] Livro sexto
|
O hospital e a praia
|
E eu
caminhei no hospital
|
[1962] Livro sexto
|
Para
atravessar contigo o deserto do mundo
|
Para
atravessar contigo o deserto do mundo
|
[1962] Livro sexto
|
Pranto
pelo dia de hoje
|
Nunca choraremos bastante
quando vemos
|
[1962] Livro sexto
|
Ressurgiremos
|
Ressurgiremos
ainda sob os muros de Cnossos
|
[1962] Livro sexto
|
Cantar
|
Tão longo caminho
|
[1962] Livro sexto
|
Pátria
|
Por um país de pedra e vento duro
|
[1967] Geografia
|
As Nereides
|
Pudesse
eu reter o teu fluir, ó quarto
|
[1967] Geografia
|
Bach Segóvia Guitarra
|
A
música do ser
|
[1967] Geografia
|
Epidauro
|
O cardo
floresce na claridade do dia.
|
[1967] Geografia
|
Espera
|
Deito-me
tarde
|
[1967] Geografia
|
Esta gente
|
Esta gente cujo rosto
|
[1967] Geografia
|
Procelária
|
É vista quando há vento e grande vaga
|
[1972] Dual
|
A paz sem vencedor e
sem vencidos
|
Dai-nos
Senhor a paz que vos pedimos
|
[1972] Dual
|
Camões e a tença
|
Irás
ao paço. Irás pedir que a tença
|
[1972] Dual
|
Catarina Eufémia
|
O
primeiro tema da reflexão grega é a justiça
|
[1972] Dual
|
Há muito
|
Há
muito que deixei aquela praia
|
[1972] Dual
|
Não creias, Lídia,
que nenhum estio
|
Não
creias, Lídia, que nenhum estio
|
[1972] Dual
|
Retrato
de uma princesa desconhecida
|
Para
que ela tivesse um pescoço tão fino
|
[1977] O nome das coisas
|
25 de Abril
|
Esta é a
madrugada que eu esperava
|
[1977] O nome das coisas
|
A
forma justa
|
Sei
que seria possível construir o mundo justo
|
[1983] Navegações
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Deriva VIII
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Vi as
águas os cabos vi as ilhas
|
[1989] Ilhas
|
Carta(s) a Jorge de
Sena
|
Não
és navegador mas emigrante
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[1989] Ilhas
|
Fúrias
|
Escorraçadas
do pecado e do sagrado
|
[1989] Ilhas
|
Olímpia
|
Ele
emergiu do poente como se fosse um deus
|
[1994] Musa
|
Oriente
|
Este
lugar amou perdidamente
|
[1997] O búzio de cós e
outros poemas
|
O
búzio de cós
|
Este
búzio não o encontrei eu própria numa praia
|
[2010] Poemas dispersos – Obra poética
|
Mar
|
De novo
o som o ressoar o mar
|
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Perfil poético e estilístico de Sophia de Mello Breyner Andresen
- apresentação crítica,
seleção, notas e sugestões para análise literária da lírica de Sophia de Mello
Breyner Andresen, por José Carreiro. Folha de Poesia, 2020-07-17, <https://folhadepoesia.blogspot.com/2020/07/sophia-de-mello-breyner-andresen.html>
Sophia
de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, em 6 de Novembro
de 1916, e faleceu em Lisboa,
em 2 de Julho
de 2004. Pelo
lado paterno,
é de origem dinamarquesa. Vive a sua infância na
Quinta do Campo
Alegre, da qual
diz ter sido "um
território fabuloso
com uma grande
e rica família
servida por uma criadagem
numerosa".
Influenciada
pelo avô materno, Thomaz Mello Breyner, cedo
começa a tomar
contacto com os grandes
escritores portugueses.
Os
seus pais
alugavam uma casa na praia da Granja
para passar férias de Verão.
A Quinta do Campo
Alegre e a casa
da praia da Granja,
voltada para o mar,
estão omnipresentes na sua obra, pois ali passou uma infância
feliz, uma adolescência
e juventude muito
sadias. Contudo, a casa
da Granja destaca-se, pois
a voz do mar,
dos búzios, dos corais
ficará para sempre
gravada no seu coração
e será a sua musa
inspiradora.
Em 1947, já
casada com
Francisco Sousa Tavares, inscreve-se na Assembleia da Granja,
frequentada pela elite
cultural do Porto e por
muitos espanhóis cultos.
Do seu casamento
nasceram cinco filhos,
um dos quais
o conhecido jornalista
Miguel Sousa Tavares.
Instalada
em Lisboa, matricula-se em
Filologia Clássica
na Faculdade de Letras.
Apesar de não
ter concluído o curso,
contacta com a cultura
clássica que
muito a veio
a influenciar.
Nascida e criada
na velha aristocracia
portuguesa, educada nos valores tradicionais da moral
cristã, dirigente de movimentos universitários
católicos, vem a tornar-se uma das figuras mais
representativas de uma atitude política
liberal, denunciando os falsos critérios
do regime salazarista e os seus
seguidores mais
radicais. Em
1975, foi eleita para a Assembleia Constituinte pelo círculo do Porto numa lista do Partido Socialista, enquanto
o seu marido
navegava rumo ao Partido
Social Democrata.
Também dedicou especial
atenção à literatura
infanto-juvenil.
(Dossier Exame 12.º Português B, Mª
José Peixoto e Célia Fonseca, Ed. Asa, 2001, p. 110)
2.
Perfil poético
A
poesia de Sophia de Mello Breyner revela
uma grande fidelidade
à realidade do mundo
em que
vivemos, e é a sua palavra
poética que
servirá de agente da transfiguração da realidade,
fazendo surgir um
mundo harmonioso.
A
observação da realidade
exterior, do presente
caótico, faz despertar
na poetisa reminiscências (crença na verdade antiga da natureza,
da sabedoria, das gerações),
assim como
alimentar a esperança
de uma nova realidade,
baseada em
valores como
a justiça, a verdade
e a igualdade.
É
nos quatro
elementos primordiais
– terra, água,
ar e fogo
– que Sophia busca
não só
a beleza poética,
mas essencialmente
o reencontro e a comunhão
com o primitivo
e a verdade das origens.
É
então na natureza
(elemento de purificação)
que encontra
a perfeição e a harmonia
que tanto
deseja encontrar
entre os homens.
Deste modo, a natureza
é o espaço primordial,
onde a poetisa reencontra
as suas origens,
por oposição
à cidade, local
de conflitos e desencontros,
onde existe "uma terrível atroz imensa / Desonestidade".
(Peixoto: 2001, 118)
3.
Temas e motivos poéticos
|
Português
A e B: acesso ao ensino superior 2000:preparação para a prova de exame nacional – 12.º ano, Vasco Moreira e Hilário Pimenta, Porto Editora, 2000 |
3.1. O jogo dos quatro elementos
primordiais
ar (vento, brisa, sopro, luar...)
fogo (sol,
lume, luz - símbolo do fim das trevas e do caos,
harmonia, encontro
com o mundo)
terra (natureza,
fauna, flora...)
água (mar,
espuma, praia,
conchas, búzios,
polvos, areia,
fonte...)
Para a poetisa a poesia "implica", isto é, compromete-se com
o mundo exterior,
interiorizando-o e retransmitindo-o. Há uma reconstrução
da aliança com
a natureza e com
as coisas numa procura
de harmonia e pureza.
Nestes elementos Sophia busca a beleza poética, o fascínio,
a meditação, o reencontro
e a comunhão com
o primitivo, com
as origens.
O mar,
com as suas
imagens, aromas
e música, é um
motivo que
percorre quase toda
a obra de Sophia. Simbolicamente
representa:
-
a totalidade, o infinito;
-
a recuperação genesíaca e purificadora da infância;
-
os segredos mais profundos do ser e do mundo;
-
o lugar do Bem, do Amor e da Verdade;
-
a transparência, a exatidão;
-
a beleza;
-
a abundância;
-
a pureza;
-
o desejo de aventura,
descoberta e conhecimento;
-
o eterno movimento;
-
a vida e a morte.
Relacionados com
o mar estão outros
espaços e ambientes
que marcaram a infância
e juventude: a casa
e o jardim (símbolo
da beleza e da pureza
dos dias vividos,
chega a não
ter dimensões,
a existir fora
do espaço e do tempo,
e transforma-se em fonte
de imagens do passado
de sonho e fantasia).
Por oposição
a estes elementos
está a cidade por representar a destruição da natureza,
lugar confuso, que
limita os horizontes e a impede de atingir a perfeição e o equilíbrio, ou
seja, a cidade aparece, pois,
como símbolo
da artificialidade, em contraste com a
natureza, símbolo
de beleza.
Esquema-síntese:
|
(In Dossier
Exame – Port. B, Mª José Peixoto e Célia, Fonseca,
Ed. Asa, 2001, 2ª ed., p.114) |
- denúncia
das injustiças e da opressão
numa atitude de empenhamento social
e político;
- a poesia como
"perseguição do real": "aquele que vê o espantoso esplendor do mundo
é logicamente levado a ver
o espantoso sofrimento do mundo" ("Arte Poética III", 1964);
- nesta preocupação com
a degradação do mundo
ocorre o motivo poético do Tempo:
- degradação do tempo
histórico, do comportamento
humano marcado pelo
ódio e pela
ameaça constante,
pela mentira
e pela impureza,
pela injustiça
e pelo Mal. Um "tempo
dividido" entre o presente
e o futuro, sendo o primeiro
o tempo de agir
na construção do segundo;
- ao "tempo dividido" contrapõe-se o "tempo absoluto",
transcendente, tempo
fora do tempo
que se espelha
na natureza, no mar,
no infinito. Um
tempo da harmonia
eterna, da realização
suprema do homem,
da verdade e da pureza,
da justiça e do Bem.
3.3. A abordagem
dos mitos gregos
-
evocação nostálgica e memória da Grécia e do mundo
clássico cuja
estética é conotada com
a ideia de harmonia, equilíbrio, perfeição e unidade (o tempo
absoluto procurado);
-
aliança entre
beleza e verdade;
-
visão apolínea[1];
das divindades diurnas; da luz solar;
-
mundo povoado
por deuses
e não por
homens.
Na
cultura e educação
da Grécia antiga encontrou uma ética (a consciência
da justiça e do humanismo)
e uma estética que
conjugou harmoniosamente com a ideologia
cristã. (adaptado
de Acesso ao Ensino Superior 2005. Prova de Exame 12 Português A-B. Vasco
Moreira e Hilário Pimenta. Porto Editora.)
3.4. As reflexões sobre poética: arte poética e valor educativo
da poesia
Para Sophia, a poesia é a "arte mágica do ser" e o poeta «o sacerdote», o «mago», que se
compromete com o sofrimento do mundo.
Se o poeta
nasce de um estado
de atenção, o acto poético é o fruto de uma "revelação
mágica" e constitui uma forma de comunhão com a Musa, o sobrenatural, o Absoluto,
o outro lado
da natureza. Então,
as palavras que
integram os poemas não
são apenas
a matéria-prima, elas
são o "nome
das coisas" e estabelecem uma aliança com o real, elas são o seu espelho vivo (Veríssimo: 1999, 119).
ARTE POÉTICA
As Artes
Poéticas I, II, III, IV e V são sínteses
meditativas fundamentais para
uma mais completa
compreensão do universo
poético de Sophia e da sua evolução:
ARTE POÉTICA
I
«Em
Lagos em
Agosto o sol
cai a direito e há sítios
onde até
o chão é caiado. O sol
é pesado e a luz leve.
Caminho no passeio
rente ao muro
mas não
caibo na sombra. A sombra
é uma fita estreita.
Mergulho a mão na sombra
como se a mergulhasse na água.
A loja
dos barros fica numa pequena rua do outro lado da praça. Fica depois
da taberna fresca
e da oficina do ferreiro.
Entro na loja dos barros.
A mulher que
os vende é pequena e velha, vestida
de preto. Está em
frente de mim
rodeada de ânforas. A direita e à esquerda
o chão e as prateleiras
estão cobertos de louças
alinhadas, empilhadas e amontoadas: pratos,
bilhas, tigelas,
ânforas. Há duas espécies
de barro: barro
cor-de-rosa-pálido e barro
vermelho-escuro. Barro que desde tempos imemoriais
os homens aprenderam a modelar
numa medida humana.
Formas que
através dos séculos vêm
de mão
em mão. A loja
onde estou é como
uma loja de Creta. Olho
as ânforas de barro
pálido poisadas em
minha frente
no chão. Talvez
a arte deste tempo
em que
vivo me
tenha ensinado a olhá-las melhor. Talvez a arte deste tempo tenha sido uma arte
de ascese que
serviu para limpar o olhar.
A beleza
da ânfora de barro
pálido é tão evidente, tão certa que não pode ser descrita. Mas eu sei que a palavra beleza não é nada, sei que a
beleza não
existe em si
mas é apenas
o rosto, a forma,
o sinal de uma verdade
da qual ela
não pode ser
separada. Não falo
de uma beleza estética
mas sim
de uma beleza poética.
Olho para a ânfora: quando a encher de água ela me dará de beber. Mas já agora ela me dá de beber. Paz e alegria,
deslumbramento de estar no mundo,
religação.
Olho para
a ânfora na pequena
loja dos barros.
Aqui paira uma doce
penumbra. Lá
fora está o sol.
A ânfora estabelece uma aliança entre mim e o sol.
Olho para
a ânfora igual
a todas as outras ânforas, a ânfora inumeravelmente repetida mas
que nenhuma repetição
pode aviltar porque
nela existe um princípio
incorruptível.
Porém, lá fora na rua, sob o peso do mesmo sol, outras coisas
me são
oferecidas. Coisas diferentes.
Não têm nada
de comum nem
comigo nem
com o sol.
Vêm de um mundo
onde a aliança
foi quebrada. Mundo
que não
está religado nem ao sol nem à lua, nem a Ísis, nem a Deméter, nem
aos astros, nem
ao eterno. Mundo
que pode ser um habitat mas não é um reino.
O
reino agora
é só aquele
que cada
um por
si mesmo
encontra e conquista,
a aliança que
cada um
tece.
Este é o reino
que buscamos nas praias
de mar verde,
no azul suspenso da noite,
na pureza dá cal,
na pequena pedra
polida, no perfume
do orégão, Semelhante ao corpo de Orfeu dilacerado pelas fúrias[2] este reino
está dividido. Nós procuramos reuni-lo,
procuramos a sua unidade,
vamos de coisa em
coisa.
É
por isso
que eu
levo a ânfora de barro
pálido e ela
é para mim preciosa. Ponho-a sobre
o muro em
frente do mar.
Ela é ali
a nova imagem
da minha aliança
com as coisas.
Aliança ameaçada. Reino
que com
paixão encontro,
reúno, edifico. Reino vulnerável. Companheiro
mortal da eternidade.»
Síntese da Arte Poética I (a relação
com a realidade):
- A
beleza é o sinal
de uma verdade da qual
ela não
pode ser separada; daí ser
evidente, certa,
sem poder
ser descrita.
- Daí
o contraste estabelecido entre:
- por um
lado, a ânfora,
modelada numa «medida humana», forma que «através
dos séculos, vem «de mão em mão», dá ao poeta paz, alegria,
deslumbramento de estar no mundo,
religação
- e,
por outro
lado, as coisas
da cidade, que
não têm nada
de comum com
o poeta «nem com o sol»,
«vêm de um mundo
onde a aliança
foi quebrada», um
mundo que
«pode ser um habitat, não um reino», que «não está
ligado nem ao sol,
nem à lua, nem a Ísis, nem
a Deméter, nem aos astros
nem ao eterno».
ARTE POÉTICA
II
«A poesia
não me
pede propriamente uma especialização pois a sua arte é uma arte do ser. Também
não é tempo
ou trabalho que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência
nem uma estética
nem uma teoria.
Pede-me antes a inteireza
do meu ser,
uma consciência mais
funda do que
a minha inteligência,
uma fidelidade mais
pura do que
aquela que eu
posso controlar. Pede-me uma intransigência
sem lacuna.
Pede-me que arranque
da minha vida
que se quebra,
gasta, corrompe e dilui uma túnica sem
costura. Pede-me que viva atenta como uma antena,
pede-me que viva
sempre, que
nunca me
esqueça. Pede-me uma obstinação sem
tréguas, densa
e compacta.
Pois a poesia
é a minha explicação
com o universo,
a minha convivência
com as coisas,
a minha participação no real, o meu encontro com as
vozes e as imagens.
Por isso
o poema não
fala duma vida
ideal mas
sim duma vida
concreta: ângulo
da janela, ressonância
das ruas, das cidades
e dos quartos, sombra
dos muros, aparição
dos rostos, silêncio,
distância e brilho
das estrelas, respiração
da noite, perfume
da tília e do orégão.
É esta relação com o universo que
define o poema como
poema, como
obra de criação
poética. Quando
há apenas relação
com uma matéria
há apenas artesanato.
É o artesanato
que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética.
Todo o poeta,
todo o artista
é artesão duma linguagem.
Mas o artesanato
das artes poéticas
não nasce de si
mesmo, isto
é da relação com
uma matéria, como
nas artes artesanais.
O artesanato das artes
poéticas nasce da própria
poesia à qual
está consubstancialmente unido. Se um poeta diz «obscuro»,
«amplo», «barco»,
«pedra» é porque
estas palavras nomeiam a sua visão do mundo, a sua ligação com as coisas. Não
foram palavras escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela
sua realidade,
pela sua
necessidade, pela
seu poder
poético de estabelecer uma aliança.
E é da obstinação sem
tréguas que
a poesia exige que
nasce o «obstinado rigor»
do poema. O verso
é denso, tenso
como um
arco, exatamente dito,
porque os dias
foram densos, tensos
como arcos,
exatamente vividos. O equilíbrio das palavras
entre si
é o equilíbrio dos momentos
entre si.
E
no quadro sensível
do poema vejo para
onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida.»
Originalmente, o texto foi publicado na revista Távola Redonda, nº 21, jan. 1963. Seguidamente a Arte
Poética I e II foram publicadas com alterações em Geografia, 1967
Síntese da Arte Poética
II:
- A
poesia como
«explicação do universo»,
como «participação no real», «encontro
com as vozes
e as imagens»;
- «O
poema não
fala de uma vida
ideal mas
sim de uma vida
concreta.»
- A
palavra como
instrumento da aliança
do poeta com
as coisas.
- Daí
o «obstinado rigor» do poema. Daí a inteireza,
a intransigência sem
lacuna, a túnica
sem costura que
o poeta deve arrancar
da sua vida
que se quebra,
gasta, daí a atenção
e a obstinação sem
tréguas exigidas ao poeta.
ARTE POÉTICA
III (1964)
«A coisa
mais antiga
de que me
lembro é dum quarto em
frente do mar
dentro do qual
estava poisada em cima
duma mesa, uma maçã
enorme e vermelha.
Do brilho do mar
e do vermelho da maçã
erguia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira.
Não era
nada de fantástico,
não era
nada de imaginário:
era a própria
presença do real
que eu
descobria. Mais tarde
a obra de outros
artistas veio
confirmar a objetividade do meu
próprio olhar. Em Homero reconheci essa felicidade
nua e inteira, esse
esplendor da presença
das coisas. E também
a reconheci intensa, atenta e acesa
na pintura de Amadeo de Sousa-Cardoso. Dizer que a obra de arte faz parte da cultura
é uma coisa um
pouco escolar
e artificial. A obra
de arte faz parte
do real e é destino,
realização, salvação e vida.
Sempre a poesia
foi para mim
uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda
duma coisa, um
círculo onde
o pássaro do real
fica preso. E se a minha
poesia, tendo partido
do ar, do mar
e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro
dessa busca atenta.
Quem procura
uma relação justa
com a pedra,
com a árvore,
com o rio, é
necessariamente levado, pelo
espírito de verdade
que o anima, a procurar
uma relação justa
com o homem.
Aquele que
vê o espantoso
esplendor do mundo
é logicamente levado a ver
o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o
fenómeno quer ver
todo o fenómeno. É apenas
uma questão de atenção,
de sequência e de rigor.
E
é por isso
que a poesia
é uma moral. E é por
isso que
o poeta é levado
a buscar a justiça
pela própria
natureza da sua
poesia. E a busca
da justiça é desde
sempre uma coordenada
fundamental de toda
a obra poética.
Vemos que no teatro
grego o tema
da justiça é a própria
respiração das palavras.
Diz o coro de Ésquilo: «Nenhuma muralha defenderá aquele
que, embriagado
com a sua
riqueza, derruba o altar
sagrado da justiça». Pois a justiça se confunde com
aquele equilíbrio
das coisas, com
aquela ordem do mundo
onde o poeta quer integrar o seu canto.
Confunde-se com aquele
amor que,
segundo Dante, move o sol e os outros
astros. Confunde-se com
a nossa fé
no universo. Se em
frente do esplendor
do mundo nos
alegramos com paixão,
também em
frente do sofrimento do mundo nos
revoltamos com paixão.
Esta lógica é íntima,
interior, consequente consigo própria,
necessária, fiel
a si mesma.
O facto de sermos feitos de louvor e protesto
testemunha a unidade
da nossa consciência.
A moral
do poema não
depende de nenhum código,
de nenhuma lei, de nenhum
programa que
lhe seja exterior,
mas, porque
é uma realidade vivida,
integra-se no tempo vivido.
E o tempo em
que vivemos é o tempo
duma profunda tomada
de consciência. Depois
de tantos séculos
de pecado burguês
a nossa época
rejeita a herança do pecado organizado. Não
aceitamos a fatalidade do mal. Como
Antígona, a poesia do nosso tempo não aprendeu a ceder aos desastres. Há um
desejo de rigor
e de verdade que
é intrínseco à íntima
estrutura do poema
e que não
pode aceitar uma ordem
falsa.
O artista não é, e nunca
foi, um homem
isolado que vive no alto
duma torre de marfim.
O artista, mesmo
aquele que
mais se coloca à margem
da convivência, influenciará necessariamente, através da sua obra, a vida e
o destino dos outros.
Mesmo que
o artista escolha
o isolamento como
melhor condição
de trabalho e criação,
pelo simples
facto de fazer uma obra
de rigor, de verdade e de
consciência, ele
está a contribuir para a formação duma consciência
comum. Mesmo
que fale somente
de pedras ou
de brisas a obra
do artista vem sempre
dizer-nos isto: Que
não somos apenas
animais acossados na luta pela sobrevivência mas
que somos, por
direito natural,
herdeiros da liberdade
e da dignidade do ser.
Eis-nos aqui reunidos, nós
escritores portugueses, reunidos por uma língua comum. Mas acima de tudo
estamos reunidos por aquilo a que o Padre Teilhard de Chardin chamou a nossa confiança no progresso das coisas.
E tendo começado por saudar os amigos presentes
quero, ao terminar, saudar
os meus amigos
ausentes: porque
não há nada
que possa separar
aqueles que
estão reunidos por uma fé e por uma esperança.»
(Texto lido
em 11 de Julho
de 1964 no almoço de homenagem
promovido pela Sociedade
Portuguesa de Escritores, por ocasião da entrega do Grande
Prémio de Poesia, atribuído a Livro Sexto).
Síntese da Arte Poética
III (a poesia é a «perseguição do real»):
- na
procura da relação
justa com
as coisas onde
está implícita uma relação justa
com o homem.
- É
por isso
que a poesia
é uma moral: «aquele
que vê
o espantoso esplendor
do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo».
- É
por isso
que a poesia
conterá em si
uma procura de justiça
(a justiça «confunde-se com o equilíbrio
das coisas, com
aquela ordem do mundo que
o poeta quer
integrar no seu
canto».
- É
por isso
que o poeta
se revolta perante
o sofrimento do mundo.
- É
por isso
que a moral
do poema é o resultado
de uma «integração no tempo vivido»
– tempo «duma profunda
tomada de consciência»;
tempo de rejeição do «pecado burguês».
- Por isso,
o artista tem um
papel a cumprir:
-
influencia
a vida e o destino
dos outros;
-
contribui
para a formação
de uma consciência comum
dizendo-nos que «não
somos apenas animais
acossados na luta pela
sobrevivência mas
que somos, por
direito natural,
herdeiros da liberdade
e da dignidade do ser».
(por:
Luís Lima Barreto in http://www.esec-cidade-universitaria.rcts.pt/textosportugues)
ARTE POÉTICA IV (1972)
«Fernando Pessoa dizia: «Aconteceu-me um
poema.» A minha maneira de escrever fundamental é muito próxima deste «acontecer».
O poema aparece feito, emerge, dado (ou como se fosse dado). Como um ditado que
escuto e noto.
É possível que esta maneira esteja em parte
ligada ao facto de, na minha infância, muito antes de eu saber ler, me terem
ensinado a decorar poemas.
Encontrei a poesia antes de saber que havia
literatura. Pensava que os poemas não eram escritos por ninguém, que existiam em
si mesmos, por si mesmos, que eram como que um elemento do natural, que estavam
suspensos, imanentes. E que bastaria estar muito quieta, calada e atenta para os
ouvir.
Desse encontro inicial ficou em mim a noção de
que fazer versos é estar atento e de que o poeta é um escutador.
É difícil descrever o fazer de um poema. Há
sempre uma parte que não consigo distinguir, uma parte que se passa na zona
onde eu não vejo.
Sei que o poema aparece, emerge e é escutado num
equilíbrio especial da atenção, numa tensão especial da concentração. O meu
esforço é para conseguir ouvir o «poema todo» e não apenas um fragmento. Para
ouvir o «poema todo» é necessário que a atenção não se quebre ou atenue e que
eu própria não intervenha. É preciso que eu deixe o poema dizer-se. Sei que quando
o poema se quebra, como um fio no ar, o meu trabalho, a minha aplicação não
conseguem continuá-lo.
Como, onde e por quem é feito esse poema que
acontece, que aparece como já feito? A esse «como, onde e quem» os antigos
chamavam Musa. É possível dar-lhe outros nomes e alguns lhe chamarão o
subconsciente, um subconsciente acumulado, enrolado sobre si próprio como um
filme que de repente, movido por qualquer estímulo, se projeta na consciência
como num écran. Por mim, é-me difícil nomear aquilo que não distingo bem. É-me difícil,
talvez impossível, distinguir se o poema é feito por mim, em zonas sonâmbulas
de mim, ou se é feito em mim por aquilo que em mim se inscreve. Mas sei que o
nascer do poema só é possível a partir daquela forma de ser, estar e viver que
me torna sensível — como a película de um filme — ao ser e ao aparecer das
coisas. E a partir de uma obstinada paixão por esse ser e esse aparecer.
Deixar que o poema se diga por si, sem intervenção
minha (ou sem intervenção que eu veja), como quem segue um ditado (que ora é
mais nítido, ora mais confuso), é a minha maneira de escrever.
Assim algumas vezes o poema aparece
desarrumado, desordenado, numa sucessão incoerente de versos e imagens. Então
faço uma espécie de montagem em que geralmente mudo não os versos mas a sua
ordem. Mas esta intervenção não é propriamente «inter-vir» pois só toco no
poema depois de ele se ter dito até ao fim. Se toco a meio o poema nas minhas
mãos desagrega-se. O poema «Crepúsculo dos
Deuses» (Geografia) é um exemplo desta maneira de escrever. É uma montagem feita
com um texto caótico que arrumei: ordenei os versos e acrescentei no final uma
citação de um texto histórico sobre Juliano, o Apóstata.
Algumas vezes surge não um poema mas um desejo
de escrever, um «estado de escrita». Há uma aguda sensação de plasticidade e um
vazio, como num palco antes de entrar a bailarina. E há uma espécie de jogo com
o desconhecido, o «in-dito», a possibilidade. O branco do papel torna-se hipnótico.
Exemplo dessa maneira de escrever, texto que diz esta maneira de escrever, é o
poema de Coral:
Que poema, de entre todos
os poemas,
Página em branco?
Outra ainda é a maneira que surgiu quando
escrevi O Cristo Cigano: havia uma história, um tema, anterior ao poema. Sobre esse
tema escrevi vários poemas soltos que depois organizei num só poema longo.
E por três vezes me aconteceu uma outra
maneira de escrever: de textos que eu escrevera em prosa surgiram poemas. Assim
o poema «Fernando Pessoa» apareceu repentinamente depois de eu ter acabado de
escrever uma conferência sobre Fernando Pessoa. E o poema «Maria Helena Vieira
da Silva ou O Itinerário Inelutável» emergiu de um artigo sobre a obra desta pintora.
E enquanto escrevi este texto para a Crítica apareceu um poema que cito por ser a forma
mais concreta de dar a resposta que me é pedida:
Aqui me sentei quieta
Com as mãos sobre os
joelhos
Quieta muda secreta
Passiva como os espelhos
Musa ensina-me o canto
Imanente e latente
Eu quero ouvir devagar
O teu súbito falar
Que me foge de repente
Durante vários dias disse a mim própria: «tenho
de responder à Crítica». Sabia que ia escrever e sobre que tema ia escrever. Escrevi
pouco a pouco, com muitas interrupções, metade escrito num caderno, metade num
bloco, riscando e emendando para trás e para a frente, num artesanato muito laborioso,
perdida em pausas e descontinuidades. E através das pausas o poema surgiu,
passou através da prosa, apareceu na folha direita do caderno que estava vazia.
Ninguém me tinha pedido um poema, eu própria não
o tinha pedido a mim própria e não sabia que o ia escrever. Direi que o poema
falou quando eu me calei e se escreveu quando parei de escrever. Ao tentar
escrever um texto em prosa sobre a minha maneira de escrever «invoquei» essa
maneira de escrever para a «ver» e assim a poder descrever. Mas, quando «vi», aquilo
que me apareceu foi um poema.»
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual, 1972
ARTE POÉTICA V (1988)
Na minha infância, antes de saber ler, ouvi
recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta. Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de
conhecer o poema antes de conhecer a literatura.
Eu era de facto tão nova que nem sabia que os
poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao
universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio.
Pensava também que, se conseguisse ficar
completamente imóvel e muda em certos lugares mágicos do jardim, eu conseguiria
ouvir um desses poemas que o próprio ar continha em si.
No fundo, toda a minha vida tentei escrever
esse poema imanente. E aqueles momentos de silêncio no fundo do jardim
ensinaram-me, muito tempo mais tarde, que não há poesia sem silêncio, sem que
se tenha criado o vazio e a despersonalização.
Um dia em Epidauro - aproveitando o sossego
deixado pelo horário do almoço dos turistas - coloquei-me no centro do teatro e disse em voz alta o princípio
de um poema. E ouvi, no instante seguinte, lá no alto, a minha própria voz,
livre, desligada de mim.
Tempos depois, escrevi
estes três versos:
A voz sobe os últimos
degraus
Oiço a palavra alada
impessoal
Que reconheço por não ser
já minha.
(Lido na Sorbonne, em
Paris, em dezembro de 1988, por ocasião do encontro intitulado Les Belles Étrangères.)
Sophia de Mello Breyner
Andresen, Ilhas, 1989
Síntese das Artes Poéticas IV e V:
Na Arte
poética IV e na Arte
Poética V, Sophia recorre à expressão do ser e do fazer do poema como escuta do que concebe como
“nome deste mundo
dito por
ele próprio”(Arte Poética
V), expressão enigmática onde o próprio mundo se diz a si
próprio como nome, palavra, logos que
a si próprio
se anuncia e se exprime. Nas referidas Artes
Poéticas IV e V, Sophia
assume o estatuto do poeta
como “escutador”(Arte
Poética IV) cujo
esforço consiste em
“conseguir ouvir o poema todo”, para que ele não se
quebre, na tradição da poesia como escuta de uma musa,
de um deus,
neste caso do próprio
poema.
O que
se nos afigura a um
tempo inesperado
e coerente, no universo
poético de Sophia, é a sua meditação sobre
a dificuldade de saber
como, onde
e por quem
se faz o poema, interrogando-se se vem
do mundo onírico
e/ou inconsciente
– “não sei se é feito
por mim
em zonas
sonâmbulas de mim”- ou
do mundo imanente
e/ou transcendente
que venha ao encontro
do seu ser, através da palavra
que se transmuta em
poesia – “ou
se é feito por
aquilo que
em mim
se inscreve” (Arte Poética
IV). Parece clara a necessidade de, seja donde venha a palavra transmutada em
poesia, criar,
no sujeito escrevente
poético, um modo
de ser, estar e viver, pleno de atenção (recorde-se a expressão
“atenta como
uma antena”, in Arte
Poética II), concentração
e silêncio que
lhe permita criar
um “estado
de escrita”, no qual
terá de vigorar a paixão
pelo que é essencial e se desoculta mostrando-se – “paixão...pelo ser e o aparecer das coisas” (Arte Poética V).Daí a conceção
da poesia como
encontro com
uma epifania, desocultação ou
revelação do mundo,
na sua essencialidade, um estado de sensibilidade “como
a película de um
filme” (Arte
Poética IV). Recorrendo a palavras do universo
fílmico, escolhe a palavra “ montagem” para a ordenação de versos, por vezes a partir de um caos, de “ uma sucessão
incoerente de versos
e de imagens” (Arte
Poética IV). Nota
que o poema
pode ser longo
– o caso de O Cristo
Cigano, fundamentado
numa história que
lhe foi contada por
João Cabral Melo Neto sobre um escultor que,
ao procurar o rosto
de Cristo sofredor, o encontrou no rosto de um cigano – na Andaluzia, Espanha –, quer
escrito a partir
de vários poemas,
quer a partir
de uma história. Outros
poemas – Fernando Pessoa,
Vieira da Silva – surgiram nas pausas
da escrita de textos
em prosa,
sobre o mesmo
assunto (Arte
Poética IV).
(por:
Helena S. C. Langrouva, «Sophia de Mello
Breyner: Transmutação da Palavra em Poesia,
Artes Poéticas,
Aedos e Cidades» in http://www.triplov.com/sophia/langr_alquimia_3.html)
5.
Linguagem e estilo
No discurso
de Sophia encontramos um conjunto de símbolos
e alegorias, e uma
ambiguidade que faz lembrar
Fernando Pessoa. Sobressaem sensações
visuais, auditivas e tácteis através das quais
estabelece relações com
a realidade.
Usa
uma linguagem cheia
de imagens evocativas e de alusões, uma métrica
livre, criando um
mundo abstracto e longínquo,
em que
o concreto e o presente
surgem renovados pelo comentário
indirecto a situações actuais ou actualizadas pelo contexto em que a sua meditação as coloca.
A metáfora e a comparação são figuras que brotam na poesia
de Sophia, sugeridas, frequentemente, pelos
elementos naturais
que contribuem para
acentuar a comunhão
do poeta com
a natureza, a união
da poesia com
aquilo que
há de mais primitivo,
puro e verdadeiro.
A hipálage e o
animismo, que
abalam as fronteiras lógicas do discurso,
o assíndeto e a inversão, que
anulam as leis da sintaxe,
são marcas
da poesia de Sophia que
se afirma com uma escrita
pessoal, de invenção,
em fantasia
e em liberdade.
A imagem-símbolo
é outro recurso
utilizado sistematicamente pela poetisa
e que permite captar
o real através
da imagem e fazer
com que
essa realidade seja assumida como
símbolo.
No que
diz respeito à versificação, o ritmo, a rima,
o metro, a pontuação
e a anáfora ilustram os traços de liberdade e de fantasia
próprias da escrita de Sophia. O
versilibrismo e o ritmo livre estão ao serviço
da expressão do pensamento
e do devaneio. A rima
nunca se impõe como
rígida ou
absorvente. A pontuação
é pouco utilizada de modo a não tolher a imaginação e
o sonho. A anáfora, que cria um ritmo repetitivo, serve para marcar a insistência em determinada
ideia, emoção ou
sensação, ou
seja, para representar
estilisticamente a redundância semântica.
A função
mágica parece ser
o núcleo da arte
poética de Sophia, mesmo
porque ser poeta é ser mágico,
tal como
o símbolo clássico
do Poeta que
Sophia faz reviver na sua
poesia e a quem
presta culto: Orfeu. Este atraía a si
os homens, os animais
e as plantas; era
o grande músico
que deslumbrava os seres
com a melodia
da sua lira;
era o mítico poeta
que estava em
união sagrada
com a natureza
e a vida.
(Peixoto:
2001, 113)
6. Obras
de Sophia de Mello Breyner Andresen
POESIA
POESIA, 1.ª ed., 1944,
Coimbra, Edição da Autora • 2.ª ed., 1959, Lisboa, Edições Ática • 3.ª
ed., Poesia I, 1975, Lisboa, Edições Ática • 4.ª ed., revista,
2003, Lisboa, Editorial Caminho • 5.ª ed., revista, 2005, Lisboa, Editorial
Caminho • 6.ª ed., 2007, Lisboa, Editorial Caminho • 1.ª edição na Assírio
& Alvim (7.ª ed.), Lisboa, 2013, prefácio de Pedro Eiras.
DIA DO MAR,
1.ª ed., 1947, Lisboa, Edições Ática • 2.ª ed., 1961, Lisboa, Edições Ática •
3.ª ed., 1974, Lisboa, Edições Ática • 4.ª ed., revista, 2003, Lisboa,
Editorial Caminho • 5.ª ed., revista, 2005, Lisboa, Editorial Caminho • 6.ª
ed., 2010, Alfragide, Editorial Caminho • 1.ª edição na Assírio & Alvim
(7.ª ed.), Lisboa, 2014, prefácio de Gastão Cruz.
CORAL, 1.ª ed., 1950, Porto,
Livraria Simões Lopes • 2.ª ed., s/d [c. 1979], Lisboa, Portugália Editora •
3.ª ed., s/d [c. 1980], Lisboa, Portugália Editora, ilustrações de José Escada
• 4.ª ed., revista, 2003, Lisboa, Editorial Caminho • 5.ª ed., revista, 2005,
Lisboa, Editorial Caminho • 1.ª edição na Assírio & Alvim (6.ª ed.),
Lisboa, 2013, prefácio de Manuel Gusmão.
NO TEMPO DIVIDIDO,
1.ª ed., 1954, Lisboa, Guimarães Editores • 2.ª ed., 1985, in No Tempo
Dividido e Mar Novo, Lisboa, Edições Salamandra, ilustrações de
Arpad Szenes • 3.ª ed., revista, 2003, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed.,
revista, 2005, Lisboa, Editorial Caminho • 1.ª edição na Assírio & Alvim
(5.ª ed.), Lisboa, 2013, prefácio de Frederico Bertolazzi.
MAR NOVO,
1.ª ed., 1958, Lisboa, Guimarães Editores • 2.ª ed., 1985, in No Tempo
Dividido e Mar Novo, Lisboa, Edições Salamandra, ilustrações de
Arpad Szenes • 3.ª ed., revista, 2003, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed.,
revista, 2005, Lisboa, Editorial Caminho • 1.ª edição na Assírio & Alvim
(5.ª ed.), Lisboa, 2013, prefácio de Fernando J.B. Martinho.
O CRISTO CIGANO,
1.ª ed., O Cristo Cigano ou A Lenda do Cristo Cachorro, 1961, Lisboa,
Minotauro, ilustrações de Júlio Pomar • 2.ª ed., 1978, Lisboa, Moraes Editores,
ilustração de José Escada • 3.ª ed., revista, 2003, Lisboa, Editorial Caminho •
4.ª ed., revista, 2005, Lisboa, Editorial Caminho • 1.ª edição na Assírio &
Alvim (5.ª ed.), Lisboa, 2014, prefácio de Rosa Maria Martelo.
LIVRO SEXTO,
1.ª ed., 1962, Lisboa, Livraria Morais Editora • 2.ª ed., 1964, Lisboa,
Livraria Morais Editora • 3.ª ed., 1966, Lisboa, Livraria Morais Editora • 4.ª
ed., 1972, Lisboa, Moraes Editores • 5.ª ed., 1976, Lisboa, Moraes Editores •
6.ª ed., 1985, Lisboa, Edições Salamandra • 7.ª ed., revista, 2003, Lisboa,
Editorial Caminho • 8.ª ed., revista, 2006, Lisboa, Editorial Caminho. • 1.ª
edição na Assírio & Alvim (9.ª ed.), Lisboa, 2014, prefácio de Gustavo
Rubim.
GEOGRAFIA,
1.ª ed., 1967, Lisboa, Edições Ática • 2.ª ed., 1972, Lisboa, Edições Ática •
3.ª ed., 1990, Lisboa, Edições Salamandra, ilustrações de Xavier Sousa Tavares
• 4.ª ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial Caminho. • 1.ª edição na Assírio
& Alvim (5.ª ed.), Lisboa, 2014, prefácio de Frederico Lourenço
ANTOLOGIA,
1.ª ed., 1968, Lisboa, Portugália Editora • 2.ª ed., 1970, Lisboa, Moraes
Editores • 3.ª ed., 1975, Lisboa, Moraes Editores • 4.ª ed., 1978, Lisboa,
Moraes Editores, prefácio de Eduardo Lourenço • 5.ª ed., 1985, Porto,
Figueirinhas.
GRADES [Antologia de
Poemas de Resistência], 1970, Lisboa, Publicações Dom Quixote.
11 POEMAS,
1971, Lisboa, Movimento.
«POEMAS DE UM LIVRO DESTRUÍDO»,
1972, in Fevereiro — Textos de Poesia, Lisboa. (Incluído em No Tempo
Dividido, a partir da 2.ª ed.).
DUAL, 1.ª ed., 1972,
Lisboa, Moraes Editores • 2.ª ed., 1977, Lisboa, Moraes Editores • 3.ª ed.,
1986, Lisboa, Edições Salamandra • 4.ª ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial
Caminho. • 1.ª edição na Assírio & Alvim (5.ª ed.), Lisboa, 2014, prefácio
de Eduardo Lourenço
O NOME DAS COISAS,
1.ª ed., 1977, Lisboa, Moraes Editores • 2.ª ed., 1986, Lisboa, Edições
Salamandra • 3.ª ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed.,
revista, 2006, Lisboa, Editorial Caminho.
POEMAS ESCOLHIDOS, 1981, Lisboa, Círculo
de Leitores.
NAVEGAÇÕES, 1ª
ed., versão inglesa de Ruth Fainlight, versão francesa de Joaquim Vital, 1983,
Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, «Musarum officia», com um disco
gravado pela Autora • 2.ª ed., 1996, Lisboa, Editorial Caminho • 3.ª ed., 1996,
Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial Caminho.
O SOL O MURO O MAR, 1984, Lisboa.
Portfolio com seis fotografias de Eduardo Gageiro. (Incluído em Ilhas.)
ILHAS, 1.ª ed., 1989,
Lisboa, Texto Editora, ilustração de Xavier Sousa Tavares • 2.ª ed., 1990,
Lisboa, Texto Editora • 3.ª ed., 1992, Lisboa, Texto Editora, ilustração de
Xavier Sousa Tavares • 4.ª ed., 2001, Lisboa, Texto Editora • 5.ª ed., revista,
2004, Lisboa, Editorial Caminho.
OBRA POÉTICA I, 1.ª ed., 1990, Lisboa, Editorial
Caminho • 2.ª ed., 1991, Lisboa, Editorial Caminho • 3.ª ed., 1995, Lisboa,
Editorial Caminho • 4.ª ed., 1998, Lisboa, Editorial Caminho • 5.ª ed., 1999,
Lisboa, Editorial Caminho • 6.ª ed., 2001, Lisboa, Editorial Caminho.
OBRA POÉTICA II, 1.ª ed., 1991,
Lisboa, Editorial Caminho • 2.ª ed., 1995, Lisboa, Editorial Caminho • 3.ª ed.,
1998, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., 1999, Lisboa, Editorial Caminho.
OBRA POÉTICA III, 1.ª ed., 1991,
Lisboa, Editorial Caminho • 2ª ed., 1996, Lisboa, Editorial Caminho • 3.ª ed.,
1999, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., 2001, Lisboa, Editorial Caminho.
SINGRADURAS,
1991, Lisboa, Galeria 111, com seis gravuras de David de Almeida. (Poema VI de
«As Ilhas», incluído em Navegações.)
OBRA POÉTICA I e OBRA POÉTICA II,
1992, Lisboa, Círculo de Leitores.
MUSA, 1.ª ed., 1994,
Lisboa, Editorial Caminho • 2.ª ed., 1995, Lisboa, Editorial Caminho • 3.ª ed.,
1997, Lisboa, Editorial Caminho • 4 ed., 2001, Lisboa, Editorial Caminho • 5.ª
ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial Caminho.
SIGNO (ESCOLHA DE POEMAS),
1.ª ed 1994, Lisboa, Editorial Presença/Casa Fernando Pessoa (inclui um CD com
poemas ditos por Luís Miguel Cintra).
ILHAS — POEMAS ESCOLHIDOS/ISLANDS — SELECTED POEMS,
1995, Lisboa, Texto Editora/Expo’ 98, versão inglesa de Richard Zenith,
fotografias de Daniel Blaufuks.
O BÚZIO DE CÓS E OUTROS POEMAS,
1.ª ed., 1997, Lisboa, Editorial Caminho • 2.ª ed., 1998, Lisboa, Editorial
Caminho • 3.ª ed., 1999, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., 2002, Lisboa,
Editorial Caminho • 5.ª ed., revista, 2004, Lisboa, Editorial Caminho.
MAR [Antologia
organizada por Maria Andresen de Sousa Tavares], 1.ª ed., 2001, Lisboa,
Editorial Caminho • 2.ª ed., 2001, Lisboa, Editorial Caminho • 3.ª ed., 2001,
Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., 2002, Lisboa, Editorial Caminho • 5.ª ed.,
revista e aumentada, 2004, Lisboa, Editorial Caminho • 6.ª ed., 2006, Lisboa,
Editorial Caminho • 7.ª ed., 2009, Alfragide, Editorial Caminho.
ORPHEU E EURYDICE,
2001, Lisboa, Galeria 111, ilustrações de Graça Morais.
CEM POEMAS DE SOPHIA, 1.ª ed., 2004,
Lisboa, Visão/JL — Jornal de Letras, Artes e Ideias, seleção e
introdução de José Carlos de Vasconcelos.
OBRA POÉTICA (edição de Carlos Mendes de
Sousa), 1.ª ed., 2010, Alfragide, Editorial Caminho • 2.ª ed., 2011, Alfragide,
Editorial Caminho. • 1.ª edição na Assírio & Alvim (3.ª ed.), Lisboa, 2015,
prefácio de Maria Andresen Sousa Tavares.
POEMAS SOBRE PESSOA [Antologia
organizada por Maria Andresen de Sousa Tavares], 1ª ed., 2012, Alfragide,
Editorial Caminho.
PROSA
CONTOS EXEMPLARES,
1.ª ed., 1962, Lisboa, Livraria Morais Editora • 2.ª ed., 1966, Lisboa,
Portugália Editora • 3ª. ed., 1970, Lisboa, Portugália Editora, prefácio de D.
António Ferreira Gomes • 11.ª ed., 1982, Porto, Figueirinhas, desenho de Carlos
Natividade Corrêa • 35.ª ed., 2004, Porto, Figueirinhas • 37.ª ed., 2010,
Porto, Figueirinhas • 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2013, ilustrações de
João catarino • 1.ª edição na Assírio & Alvim (39.ª ed.), Lisboa, 2014,
prefácio de Frederico Bertolazzi.
OS TRÊS REIS DO ORIENTE,
1.ª ed., 1965, Lisboa, Estúdios Cor, ilustrações de Manuel Lapa • 2.ª ed., s/d
[1980], Lisboa, Galeria S. Mamede/Portugália Editora, ilustrações de Francisco
Relógio • 3.ª ed., s/d [2004], Porto, Figueirinhas, ilustrações de Fedra
Santos. (Incluído em Contos Exemplares, a partir da 3.ª ed.)
• 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2013, ilustrações de Fátima Afonso.
A CASA DO MAR,
Lisboa, Galeria S. Mamede, 1979, ilustrações de Maria Helena Vieira da Silva.
(Incluído em Histórias da Terra e do Mar.)
HISTÓRIAS DA TERRA E DO MAR,
1.ª ed., 1984, Lisboa, Edições Salamandra • 2.ª ed., 1984, Lisboa, Edições
Salamandra • 3.ª ed., 1989, Lisboa, Texto Editora • 21.ª ed., 2002, Lisboa,
Texto Editora • reed., 2006, Porto, Figueirinhas • 1.ª edição na Porto Editora,
Porto, 2013, ilustrações de Jorge Nesbitt • 1.ª edição na Assírio & Alvim
(23.ª ed.), Lisboa, 2013, prefácio de Gustavo Rubim.
«O CARRASCO», As Escadas não Têm Degraus,
n.º 5, 1991, Lisboa, Edições Cotovia.
ERA UMA VEZ UMA PRAIA ATLÂNTICA,
1997, Lisboa, Expo’ 98.
«LEITURA NO COMBOIO» e «O CEGO», Colóquio/Letras,
n.º 159-160, Janeiro-Junho de 2002, ilustrações de Tiago Manuel.
O ANJO DE TIMOR, 2003, Marco de Canaveses,
Cenateca, Associação Teatro e Cultura, ilustrações de Graça Morais.
QUATRO CONTOS DISPERSOS,
ed. de Maria Andresen Sousa Tavares, 2008, Porto, Figueirinhas, ilustração de
Diogo Vaz. 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2012, ilustrações de João
Caetano.
CONTOS PARA CRIANÇAS
A MENINA DO MAR,
1.ª ed., 1958, Lisboa, Edições Ática, ilustrações de Sarah Affonso • 2.ª ed.,
1961, Lisboa, Editorial Aster, ilustrações de Fernando de Azevedo • 3.ª ed.,
1972, Porto, Figueirinhas, ilustrações de Armando Alves • 7.ª ed., 1977, Porto,
Figueirinhas, ilustrações de Luís Noronha da Costa • 41.ª ed., 2002, Porto,
Figueirinhas • ed. de Maria Andresen de Sousa Tavares, 2009, Porto,
Figueirinhas • 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2012, ilustrações de
Fernanda Fragateiro.
A FADA ORIANA,
1.ª ed., 1958, Lisboa, Edições Ática, ilustrações de Bió, capa de Quito sobre
quadro de Nuno de Siqueira • 2.ª ed., 1964, Lisboa, Edições Ática • 3.ª ed.,
s/d [c. 1972], Lisboa, Edições Ática, ilustrações de Luís Noronha da Costa •
7.ª ed., 1982, Porto, Figueirinhas, ilustrações de Natividade Corrêa • 34.ª
ed., 2002, Porto, Figueirinhas • 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2012,
ilustrações de Teresa Calem.
A NOITE DE NATAL, 1.ª ed., 1959, Lisboa,
Edições Ática, ilustrações de Maria Keil • 2.ª ed., s/d [1972], Lisboa, Edições
Ática, ilustrações de José Escada • 3.ª ed., 1983, Lisboa, Edições «O Jornal»,
ilustrações de José Escada • 4.ª ed., 1989, Porto, Figueirinhas, ilustrações de
Júlio Resende. • 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2013, ilustrações de Jorge
Nesbitt.
O CAVALEIRO DA DINAMARCA,
1.ª ed., 1964, Porto, Figueirinhas, ilustrações de Armando Alves • 56.ª ed.,
2001, Porto, Figueirinhas. • 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2014,
ilustrações de Henrique Cayatte.
O RAPAZ DE BRONZE,
1.ª ed., 1966, Lisboa, Minotauro, ilustrações de Fernando de Azevedo • 2.ª ed.,
1972, Lisboa, Moraes Editores • ed. da Comissão Organizadora das Comemorações
do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas, 1977 (Moraes
Editores), ilustrações da colecção particular da Autora • 5.ª ed., 1978,
Lisboa, Moraes Editores, ilustrações de Natividade Corrêa • 7.ª ed., 1983,
Lisboa, Moraes Editores ilustração da capa de Vitorino Martins • 9.ª ed., 1990,
Lisboa, Edições Salamandra, ilustrações de Júlio Resende • 19.ª ed., 1994,
Lisboa, Edições Salamandra • reimpressão, 2006, Porto, Figueirinhas • 1.ª
edição na Porto Editora, Porto, 2013, ilustrações de Inês de Carmo.
A FLORESTA,
1.ª ed., 1968, Porto, Figueirinhas, ilustrações de Armando Alves • 23.ª ed.,
1995, Porto, Figueirinhas, ilustrações de Teresa Olazabal Cabral • 35.ª ed.,
2003, Porto, Figueirinhas. 1.ª ed. na Porto Editora, Porto, 2013, ilustrações
de Sofia Arez.
A ÁRVORE, 1.ª ed., 1985, Porto, Figueirinhas •
13.ª ed., 2002, Porto, Figueirinhas. 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2013,
ilustrações de Teresa Lima.
«A CEBOLA DA VELHA AVARENTA»,
in A
Antologia Diferente — De Que São Feitos os Sonhos, organização de
Luísa Ducla Soares, 1986, Porto, Areal Editores, ilustração de Vítor Simões.
OS CIGANOS [edição especial], Sophia de
Mello Breyner Andresen, Pedro Sousa Tavares, 1.ª edição, 2012, Porto, Porto
Editora, ilustrações de Danuta Wojciechowska.
OS CIGANOS, Sophia de Mello Breyner Andresen,
Pedro Sousa Tavares, 1.ª edição, 2012, Porto, Porto Editora, ilustrações de
Danuta Wojciechowska.
ANTOLOGIAS ORGANIZADAS PELA AUTORA
POESIA SEMPRE I (em
colaboração com Alberto de Lacerda), s/d [1964], Lisboa, Livraria Sampedro
Editora.
POESIA SEMPRE II,
s/d [1964], Lisboa, Livraria Sampedro Editora.
PRIMEIRO LIVRO DE POESIA,
1.ª ed., 1991, Lisboa, Editorial Caminho, ilustrações de Júlio Resende • 11.ª
ed., 2008, Alfragide, Editorial Caminho.
TEATRO
O BOJADOR,
1.ª ed., s/d [1961], Lisboa, separata da Escola Portuguesa, Direcção-Geral
do Ensino Primário • 2.ª ed., 2000, Lisboa, Editorial Caminho, ilustrações de
Henrique Cayatte • 3.ª ed., 2006, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., 2007,
Lisboa, Editorial Caminho • 5.ª ed., 2009, Lisboa, Editorial Caminho. • 1.ª
edição na Porto Editora, Porto, 2014, ilustrações de João Catarino.
O COLAR, 1.ª ed., 2001,
Lisboa, Editorial Caminho • 2.ª ed., revista, 2002, Lisboa, Editorial Caminho •
3.ª ed., 2005, Lisboa, Editorial Caminho • 4.ª ed., 2006, Lisboa, Editorial
Caminho • 5.ª ed., 2008, Alfragide, Editorial Caminho • 6.ª ed., 2009, Lisboa,
Editorial Caminho • 1.ª edição na Porto Editora, Porto, 2012, ilustrações de
Daniel Silvestre da Silva • 2.ª edição, 2013, Porto, Porto Editora, ilustrações
de João Catarino. • 1.ª edição na Assírio & Alvim (9.ª ed.), Lisboa, 2013,
prefácio de Luis Miguel Cintra.
ENSAIO (seleção)
«A POESIA DE CECÍLIA MEIRELES», Cidade Nova —
Revista de Cultura, IV Série, n.º 6, 1956.
«POESIA E REALIDADE», Colóquio —
Revista de Artes e Letras, n.º 8, 1960.
«CAMINHOS DA DIVINA COMÉDIA», Diário de Lisboa,
13 de Maio e 1 de Julho de 1965 • republicado em Ler — Livros
& Leitores, n.º 58, Primavera de 2003, ilustrações de Tiago
Manuel.
O NU NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA,
1.ª ed., 1975, in O Nu e a Arte, Lisboa,
Estúdios Cor • 2.ª ed., s/d [c. 1979], Lisboa, Portugália Editora • 3.ª ed.,
1992, Lisboa, Editorial Caminho.
TRADUÇÕES
A VIDA QUOTIDIANA NO TEMPO DE HOMERO (Émile
Mireaux), 1.ª ed., s/d [c.1957], Lisboa, Livros do Brasil • 3.ª ed., s/d
[1979], Lisboa, Livros do Brasil.
A ANUNCIAÇÃO A MARIA (Paul
Claudel), s/d [1960], Lisboa, Editorial Aster.
O PURGATÓRIO (Dante), 1.ª ed., 1962, Lisboa,
Minotauro, ilustrações de J. Pomar, L. Freitas, L. F. Abreu, M. Keil, C. C.
Pinto, F. Azevedo, C. Botelho, J. Júlio, A. Jorge, Menez, J. A. Manta, A.
Charrua • 2.ª ed., 1981, Lisboa, Círculo de Leitores.
MUITO BARULHO POR NADA (William
Shakespeare), 1964 (inédito).
HAMLET (William Shakespeare) [1965]; 1.ª
ed., 1987, Porto, Lello & Irmão Editores.
QUATRE POÈTES PORTUGAIS — CAMÕES, CESÁRIO VERDE, MÁRIO DE
SÁ-CARNEIRO, FERNANDO PESSOA, 1.ª ed., 1970, Paris, Presses
Universitaires de France e Fundação Calouste Gulbenkian — Centre Culturel
Portugais • 2.ª ed., 1979, Paris, Presses Universitaires de France e Fundação
Calouste Gulbenkian — Centre Culturel Portugais.
SER FELIZ (Leif Kristiansson), 1.ª ed.,
1973, Lisboa, Editorial Presença • 6.ª ed., 1997, Lisboa, Editorial Presença.
UM AMIGO (Leif Kristiansson), 1.ª ed.,
1973, Lisboa, Editorial Presença • 11.ª ed., 2001, Lisboa, Editorial Presença.
MEDEIA (Eurípides),
2006, Lisboa, Editorial Caminho, prefácio de Frederico Lourenço.
Fonte; Biblioteca
Nacional de Portugal, 2011 <Bibliografia disponível em <https://purl.pt/19841/1/bibliografia/bibliografia.html> com atualização de Carlos Mendes de Sousa em: Obra Poética, Sophia de Mello Breyner Andresen. Lisboa, Assírio & Alvim, 2015.
CARREIRO, José. “Perfil
poético e estilístico de Sophia de Mello Breyner Andresen” - apresentação
crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da lírica de Sophia
de Mello Breyner Andresen. Portugal, Folha de Poesia,
2020-07-17. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2020/07/sophia-de-mello-breyner-andresen.html