domingo, 7 de setembro de 2014

PORTUGAL (por Georges Moustaki)





PORTUGAL
          

Oh muse ma complice 
Petite sœur d’exil 
Tu as les cicatrices 
D’un 21 avril

Mais ne sois pas sévère 
Pour ceux qui t’ont déçue 
De n’avoir rien pu faire 
Ou de n’avoir jamais su
A ceux qui ne croient plus 
Voir s’accomplir leur idéal 
Dis leur qu’un œillet rouge 
A fleuri au Portugal
On crucifie l’Espagne 
On torture au Chili 
La guerre du Viêt-Nam 
Continue dans l’oubli

Aux quatre coins du monde 
Des frères ennemis 
S’expliquent par les bombes 
Par la fureur et le bruit
A ceux qui ne croient plus 
Voir s’accomplir leur idéal 
Dis leur qu’un œillet rouge 
À fleuri au Portugal
Pour tous les camarades 
Pourchassés dans les villes 
Enfermés dans les stades 
Déportés dans les îles

Oh muse ma compagne 
Ne vois-tu rien venir 
Je vois comme une flamme 
Qui éclaire l’avenir
A ceux qui ne croient plus 
Voir s’accomplir leur idéal 
Dis leur qu’un œillet rouge 
À fleuri au Portugal
Débouche une bouteille 
Prends ton accordéon 
Que de bouche à oreille 
S’envole ta chanson

Car enfin le soleil 
Réchauffe les pétales 
De mille fleurs vermeilles 
En avril au Portugal

Et cette fleur nouvelle 
Qui fleurit au Portugal 
C’est peut-être la fin 
D’un empire colonial

Oh musa minha cúmplice
Pequena irmã do exílio
Tu tens as cicatrizes 
De um 21 de abril

Mas não sejas severa
Para aqueles que te dececionaram
De nada ter podido fazer 
Ou de nunca o ter sabido 
Àqueles que já não acreditam 
Ver cumprido o seu ideal
Diz-lhes que um cravo vermelho
Floriu em Portugal


Crucificamos a espanha
Torturam no chile
A guerra do Vietnam 
Continua no esquecimento

Nos quatro cantos do mundo 
Irmãos inimigos
Explicam-se pelas bombas
Pela fúria e barulho
Àqueles que já não acreditam
Ver cumprido o seu ideal
Diz-lhes que um cravo vermelho
Floriu em Portugal


Para todos os camaradas
Perseguidos em cidades
Fechados em estádios 
Deportados para as ilhas

Oh musa minha companheira 
Não vês algo que vem
Eu vejo como uma chama
Que ilumina o devir 
Àqueles que já não acreditam 
Ver cumprido o seu ideal
Diz-lhes que um cravo vermelho
Floriu em Portugal


Abre uma garrafa
Pega no teu acordeão
Que de boca em boca
Voe a tua canção

Porque enfim o sol
Aquece as pétalas
De mil flores vermelhas
Em abril, em Portugal

E esta nova flor
Que floriu em Portugal
É talvez o fim
De um império colonial
          

Letra: Ruy Guerra ("Fado Tropical") e Georges Moustaki
Música: Chico Buarque ("Fado Tropical")Intérprete: Georges Moustaki (in LP "Les Amis de Georges", Polydor, 1974, reed. Polydor, 1994)Arranjos e direcção musical – Hubert Rostaing, Jean MusyDirecção artística – Jacques BedosEngenheiro de som – William Flageollet
         


               
          
A  canção  Portugal  do  álbum  Moustaki  (1974)  dedicada  à  “revolução  dos cravos”  de  25  de  Abril  de  1974  que  teve  lugar  no  nosso  país,  assume  o  papel paradigmático da esperança porquanto todos aqueles que não acreditam na mudança dos regimes despóticos têm agora um motivo de forte regozijo – “o cravo vermelho floriu em Portugal”.
Este tema musical surge numa estrutura antitética:  Por um lado, a desilusão, a guerra  em  Espanha,  a  tortura  do  governo  de  Pinochet no  Chile  (confronte-se  com o capítulo sobre o Chile) – a guerra no Vietname entre os vietnamitas e americanos e, por outro, o paradigma da concretização de um sonho – Portugal que de um país reprimido passou a respirar liberdade.
Destaque-se o impacto simbólico que a revolução portuguesa teve nos restantes países do mundo sobretudo, pelo facto da queda da ditadura não ter gerado, oficialmente, qualquer derramamento de sangue.
José Manuel Cardoso Belo. 
Vila Real, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2010, pp. 39-40.


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 Tradução para castelhano:
Oh musa, mi cómplice,
hermanita de exilio,
tienes las cicatrices
de un 21 de abril.

Pero no seas severa
con aquellos que te han decepcionado,
de no haber podido hacer
o de no haber sabido nunca.
A aquellos que no creen más
ver cumplirse su ideal
diles que un clavel rojo
ha florecido en Portugal


Se crucifica España,
se tortura en Chile,
la guerra de Vietnam
continúa en el olvido.

En las cuatro esquinas del mundo
los hermanos enemigos
se explican con las bombas,
con la furia y con el ruido.
A aquellos que no creen más
ver cumplirse su ideal
diles que un clavel rojo
ha florecido en Portugal


Para todos los camaradas
perseguidos en los pueblos,
encerrados en los estadios,
deportados en las islas.

Oh musa, mi compañera
no ves venir nada
Yo veo como una llama
que ilumina el futuro.

A aquellos que no creen más
ver cumplirse su ideal
diles que un clavel rojo
ha florecido en Portugal


Descorcha una botella
coge tu acordeón,
que de boca a oído
vuele tu canción.

Pues al final el sol
calienta los pétalos
de mil flores rojas
en abril, en Portugal.

Y esta flor nueva
que florece en Portugal
es quizás el final
de un imperio colonial
                
 “Fado tropical de Chico Buarque et Portugal de Georges Moustaki. De la dictature de Salazar à la Révolution des œillets au Portugal”, Adriana Coelho-Florent. In: Cahiers d’etudes romanes, nº 24, 2011, pp. 171-184:
Em sua canção de 1974, intitulada Portugal, Georges Moustaki transpõe Fado Tropical de Chico Buarque, gravada um ano antes. Ao mudar radicalmente o sentido da letra original, para expressar a reviravolta também radical que havia sido provocada pela Revolução dos Cravos, o cantor francês poderia ser acusado de ter traído o conjunto de significados presente em Fado tropical? Através deste exemplo peculiar, defrontamo-nos com uma das noções mais complexas em tradutologia: a questão da fidelidade.
               
 “Moustaki, um homem bondoso e multicultural”, Daniel Ribeiro, 2013-05-23http://expresso.sapo.pt/moustaki-um-homem-bondoso-e-multicultural=f809018#ixzz3Cf829Z00
     
         
 APoesia útil e literatura de resistência” (A literatura como arma contra a ditadura e a guerra colonial portuguesas), José Carreiro

   
      
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2014/09/07/Portugal.Moustaki.aspx]

domingo, 24 de agosto de 2014

Análise psicológica da música «Esse Cara Sou Eu» de Roberto Carlos


    


Imagem
Nota: onde se lê obsecado, leia-se: obcecado.


 *


Paródias contestam letra do hit de Roberto Carlos: 'Esse cara não existe'

G1 entrevista cantores de versões de 'Esse cara sou eu'; ouça músicas.
Novas letras são inspiradas em 'análise psicológica', bebidas e infidelidade.


 Rodrigo Ortega, do G1, em São Paulo, http://g1.globo.com/musica/noticia/2012/12/parodias-contestam-letra-do-hit-de-roberto-carlos-esse-cara-nao-existe.html, 11/12/2012 10h38 - Atualizado em 11/12/2012 12h32

 "Fiz essa música falando do cara que toda mulher gostaria de ter e que todo homem gostaria de ser. E é o cara que eu tento ser." Foi assim que Roberto Carlos apresentou "Esse cara sou eu" na primeira vez que cantou o hit da novela "Salve Jorge" ao vivo, em São Paulo, no início de novembro. Os verbos "gostaria" e "tento" indicam que ele mesmo sabe que o "cara" da letra, lançada em outubro, é mais ideal do que real. Este é o gancho para respostas "realistas" de outros músicos para o hit de Roberto.
Ciúme, insegurança, alcoolismo, infidelidade e até psicopatia estão entre as características dos "caras" das novas letras. Duas bandas de pagode da Bahia, O Troco e Operários do Samba, se destacam entre as releituras que mais chamam atenção em redes sociais. "Esse cara não existe", da O Troco, tem mais de 160 mil de cliques no Youtube em dez dias.
Mário Brasil, cantor da banda de Salvador O Troco, que fez resposta a "Esse cara sou eu", de Roberto Carlos, inspirado em "análise psicológica" no Facebook (Foto: Arquivo pessoal)Mário Brasil, cantor da banda de Salvador O Troco, fez resposta a "Esse cara sou eu", de Roberto Carlos, inspirado em "análise psicológica" no Facebook (Foto: Arquivo pessoal)
O cara que pensa em você toda hora (o psicopata)
Que conta os segundos se você demora (o impaciente)
Que está todo o tempo querendo te ver (o grudento)
Porque já não sabe ficar sem você (dependente e chorão)
E no meio da noite te chama (maluco sem noção)
Pra dizer que te ama (inseguro)
Esse cara não sou eu"
Trecho de 'Esse cara não existe', de O Troco
"Estava conversando com uma amiga e ela me mostrou uma 'análise psicológica' da letra do Roberto Carlos no Facebook", conta ao G1Mário Brasil, cantor da O Troco, de Salvador. O texto humorístico, compartilhado sem autoria creditada em diversos perfis e páginas no Facebook,  indica traços de obsessão, insegurança e possessividade na letra de "Esse cara sou eu". "Pensei na hora: isso dá uma música", conta Mário. Ouça "Esse cara não existe", com a banda baiana O Troco.
"Fiz a versão, inspirada na análise que vi no Facebook, no mesmo dia, uma quarta-feira. Na quinta fiz o arranjo, na sexta o playback, no sábado gravei a voz e na segunda coloquei para tocar", conta.
A velocidade do processo tem um facilitador: a paródia usa exatamente a mesma melodia, em um ritmo de pagode baiano, e letra parecida, com o acréscimo dos supostos "distúrbios psicológicos" de cada verso.
Mário, assim como os outros cantores de versões, se diz fã de Roberto, e abre uma exceção para o "rei": "O Roberto pode até ser 'o cara'. Mas, tirando ele, 'esse cara' não existe.". Ele acha que a letra aumenta a expectativa das mulheres em relação aos seus companheros  "A mulher já espera o príncipe encantado, o Super-homem. E hoje a realidade não é assim", defende o pagodeiro.
A banda baiana Operários do Samba gravou a paródia 'Esse cara sou eu (versão real)', com personagem mulherengo e 'cachaceiro' (Foto: Divulgação)A banda baiana Operários do Samba gravou a paródia 'Esse cara sou eu (versão real)', com personagem mulherengo e 'cachaceiro' (Foto: Divulgação)
O cara que reclama se você demora
Que sai com os amigos e esquece da hora / Que 'tá' todo o tempo querendo beber / E quando 'tá bêbo' esquece você / E no meio da noite 'cê' liga / Arretada da vida
Esse cara sou eu"
Trehco de 'Esse cara sou eu (versão real), gravada pelos Operários do Samba
Se "Esse cara não existe" foi inspirada em uma piada de Facebook, "Esse cara sou eu (versão real)", tocada pela banda de pagode Operários do Samba, de Itabuna (BA), veio de "criação própria", garantem os músicos. A faixa foi divulgada no dia 17 de novembro no YouTube, atualmente com 50 mil views no YouTube. O texto da letra está espalhado em diversas redes sociais, sites e até novos registros no YouTube, todos posteriores à postagem do grupo. Ouça "Esse cara sou eu (versão real)", com os Operários do Samba.
O "cara" da nova letra é alcoólatra, mulherengo e negligente com a mulher. "Abrimos e fechamos nossos shows com essa música. Nossa 'galera' toda já sabe cantar, e diz que nem se lembra mais da letra do Roberto. A versão mais engraçada fica na cabeça", diz Thiago Santos, vocalista do grupo. A banda surgiu há cinco meses a partir de roda de pagode de amigos e aumentou o número de shows com o sucesso da versão. "Registramos a letra como paródia", ressalta Thiago.
O cantor alagoano Odivar Santos, autor de 'Eu não sou o kara' (Foto: Arquivo pessoal)O cantor alagoano Odivar Santos, autor de 'Eu não sou o kara' (Foto: Arquivo pessoal)
"Eu não sou o cara, eu sou o seu amante / Eu não sou o cara, eu sou o seu ficante / Eu não abro porta pra você entrar / Fecho a do motel pra gente se amar"
Trecho de 'Eu não sou o kara', de Odivar Santos
O cantor alagoano Odivar Santos, brega assumido, optou por caminho mais autoral na sua resposta a "Esse cara sou eu". Sua música "Eu não sou o kara" tem nova melodia e versos que fazem apenas menção à letra de Roberto Carlos, sem reproduzir sua métrica. Ouça "Eu não sou o kara", de Odivar Santos.
"O Roberto Carlos pode tudo. Só que nem sempre é assim. Às vezes, você dá tudo pra mulher, dá conforto, mas ela não quer isso - quer pegada, aventura, 'saidinha'. Não quer compromisso, que você fique ligando toda hora. A mulher independente quer sentir mais livre", defende Odivar.
Ao contrário dos outros autores de "respostas", o alagoano acredita que é possível ser "o cara", mas só para quem tem "muita grana". "Se você não tem 'bala na agulha' como o Roberto, tem que ser ficante mesmo, pular o muro quando 'o cara' chega. Mas, no fundo, é com você que a mulher tem prazer. O Roberto gasta toda a grana dele, dá conforto, mas na hora da pegada, ela gosta é do amante", provoca Odivar, antes de inverter os papéis da entrevista: "E você, é o cara ou o amante?".






 [Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2014/08/24/esse.cara.sou.eu.aspx]

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A nêspera deitada, muito calada, a ver o que acontecia


MÁRIO VIEGAS diz “Uma nêspera que fica deitada”. 
Adaptado de Mário Henrique Leiria, Novos contos do gin tonic, 1974
              


RIFÃO QUOTIDIANO1

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece


Mário Henrique Leiria, Novos Contos do Gin, 1978, p. 31.


______________________
(1) Rifão: ditado popular, provérbio.




Mário Henrique Leiria

Nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou por pouco tempo a Escola de Belas Artes. Entre 1949 e 1951 participou nas atividades da movimentação surrealista em Portugal. Teve vários empregos: marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil. Viajou. Em 1961 foi para a América Latina onde desenvolveu várias atividades, entre as quais a de encenador de teatro e de diretor literário de uma editora. Voltou nove anos depois. Colaborou em várias revistas e jornais nacionais.
Obras principais: A Afixação Proibida (manifesto surrealista de vários autores), 1949; Contos do Gin Tonic, 1973; Novos Contos do Gin, 1978; Imagem Devolvida, 1974.

Geraldo Augusto Fernandes, Surrealismo português (1947-1974)


Leituras

O humor, de que este texto é exemplo, é uma constante na obra do autor de Contos do Gin-Tonic, chegando, por vezes, a atingir o famoso humor negro surrealista.

Maria de Fátima Aires Pereira Marinho Saraiva, O Surrealismo em Portugal e a Obra de Mário Cesariny de Vasconcelos. Porto, FLUP, 1986, p. 236.

***

Em “Rifão quotidiano”, é ilustrado o destino de todos os que se deixam, de modo passivo, conduzir por desígnios superiores.

Num primeiro momento, atente-se no título deste rifão. Ao qualificá-lo de «quotidiano», é expressa a ideia de uma vivência pobre porque repetitiva e comum, reforçando-se a ideia de não-realização da vida pelo estado «vegetativo» em que a nêspera se encontra.

A diferença principal entre estes dois textos está intrinsecamente associada às consequências distintas provocadas por um semelhante instrumento de opressão e as diferentes atitudes que se adotam na presença dele: se, na cegarrega, tal como constatámos, a solução levada a cabo passa pela fuga, que acaba por ter um papel de insubordinação ante o poder vigente, já no Rifão quotidiano a inação e a passividade conduzem à morte do sujeito – expressa eufemisticamente pelo uso do vocábulo comer. Esta última é obviamente a atitude que melhor convém a um poder político autoritário, que manobra melhor ante uma postura pouco reivindicativa dos elementos que constituem a sociedade que governa.

 

“O jogo na literatura de Mário-Henrique Leiria”, Marta Braga. In: O Jogo do Mundo, coord. Margarida Alpalhão, Carlos Carreto e Isabel Dias. Lisboa, IELT - NOVA FCSH, 2017.


***

"Uma nêspera estava na cama, deitada, muito calada, a ver o que acontecia. Chegou a Velha e disse: olha uma nêspera e zás comeu-a! É o que acontece às nêsperas que ficam deitadas, caladas, a esperar o que acontece!" O poema de Mário Henrique Leiria também nos pode recordar que, em democracia, não somos clientes. Nem temos sempre razão, nem estamos aqui para ser servidos. Ou servimos a democracia ou outros se servem dela. Quem fica deitado, calado, a ver o que acontece, terá sempre um triste fim.

A nêspera deitada, muito calada, a ver o que acontecia”, Daniel Oliveira. Expresso, 2012-06-19


 Ilustração de Marta Madureira, 2012, para "Rifão Quotidiano"



Questionário de leitura orientada do “Rifão quotidiano”

1. Leia o título do poema e sugira uma possível intenção comunicativa por parte do sujeito poético. Depois, leia o poema e diga se a leitura confirma, ou não, a sua sugestão.

2. Como se posiciona o sujeito poético em relação à atitude da nêspera? E que palavras do poema nos revelam esse seu posicionamento?

3. Tratando-se de um rifão, a situação particular descrita na primeira estrofe é depois apresentada como uma ideia geral. Em que versos se faz essa generalização?

3.1. Parece-lhe que a moralidade deste rifão se mantém atual para o sujeito poético? Justifique.

4. Do seu ponto de vista, que tipo de pessoas são satirizadas neste poema?

Cenário de respostas

1. A presença da palavra “rifão” no título do poema poderá apontar para a intenção de transmitir uma lição de moral, o que se confirma na leitura do poema.
2. Posiciona-se criticamente afirmando que acontecera àquela nêspera o que acontece às que têm a mesma atitude: “É o que acontece / às nêsperas […]”.
3. Nos versos da última estrofe.
3.1. Mantém-se atual, tal como indicam o adjetivo “quotidiano”, usado no título do poema, e as formas verbais dos verbos ser, acontecer e ficar conjugados no presente do indicativo (“é o que acontece / às nêsperas / que ficam deitadas / […] o que acontece”).

(In: P8 Português – 8.º Ano, Ana Santiago e Sofia Paixão, Texto Editora, 2012)








  
               


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2014/08/14/nespera.aspx]

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Aquí me pongo a cantar al compás de la vigüela...


GOTAN PROJECT, «LA VIGUELA»


           
                             
vigüela (vihuela) é um instrumento de cordas similar à guitarra crioula.
"Aquí me pongo a cantar al compás de la vigüela..." são os primeiros versos de um poema narrativo argentino, escrito em 1872 por José Hernández, que relata as desventuras do gaucho Martín Fierro, forçado a ir para a fronteira lutar contra os indígenas.

           
GAUCHO    
           

Aquí me pongo á cantar
al compás de la vigüela,
que el hombre que lo desvela
una pena estrordinaria,
como la ave solitária
con el cantar se consuela.
[…]
Que no se trabe mi lengua
ni me falte la palabra;
el cantar mi gloria labra
y poniéndome á cantar,
cantando me han de encontrar
aunque la tierra se abra.

Me siento en el plan de un bajo
a cantar un argumento;
como si soplara el viento
hago tiritar los pastos.
Con oros, copas y bastos
juega alli mi pensamiento.

Yo no soy cantor letrao,
mas si me pongo á cantar
no tengo cuando acabar
y me envejezco cantando
las coplas me van brotando
como agua de manantial.
[…]
Mi gloria es vivir tan libre
como el pájaro del Cielo;
no hago nido en este suelo
ande hay tanto que sufrir,
y naides me ha de seguir
cuando yo remonto el vuelo
            
[…]

José Hernández, Argentina, 1872
            


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2014/08/01/viguela.aspx]