O VENCEDOR VENCIDO
Não é fácil amar o que venceu,
o que leva alguns passos de avançada,
que o amor só se oferece ao que perdeu,
muito embora com culpa declarada.
Todavia, o que vence multiplica
sobre si as angústias de perder:
interroga, analisa e só complica
aquilo que não pode perceber;
e quando, em esgotamento prematuro,
ele aceita uma calma provisória,
vêm os homens que o lançam contra o muro
e lhe atiram ao rosto essa vitória.
Isabel Gouveia, Tangentes e Consequentes. Coimbra:
Coimbra Editora, 1977
Linhas de leitura:
- Quem é o
“vencedor vencido” referido no poema?
→ Que paradoxo está presente nesta expressão?
- Como é
retratada a figura do vencedor?
→ Que sentimentos ou
dilemas ele enfrenta?
- Por que
razão o amor “só se oferece ao que perdeu”?
→ Que crítica social ou humana está implícita?
- Que papel
têm os “homens” na estrofe final?
→ Que atitude mostram
em relação ao vencedor?
- Como o
poema contraria a ideia tradicional de vitória?
→ A vitória é apresentada como castigo ou como recompensa?
- Que
elementos estilísticos reforçam o tema do poema?
→ Há antíteses, repetições?
- O título
ajuda a entender o conteúdo do poema?
→ Que significado
simbólico tem a junção “vencedor vencido”?