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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

De tarde, naquele «pic-nic» de burguesas, Cesário Verde


Vladimir Volegov


Naquele «pic-nic» de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E, que sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.

 

Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão de bico

Um ramalhete rubro de papoilas.

 

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o Sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia.

 

Mas, todo púrpuro, a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas.

Cesário Verde, 1887

Notas

granzoal (v. 7): campo semeado de grão-de-bico.

malvasia (v. 12): vinho licoroso. 


 


Leitura orientada do poema "De tarde", de Cesário Verde.

 

Síntese do conteúdo de cada estrofe:

1.ª) indício de algo singularmente belo ocorrido num piquenique.

2.ª) relato da situação de uma mulher colhendo um ramo de papoilas.

3.ª) descrição do piquenique/merenda.

4.ª) o encanto provocado pelas papoilas colocadas no decote.

 

Divisão do poema em partes lógicas:

1.ª parte (I): introdução, apresentando o texto como uma aguarela que representa um piquenique passado, onde ocorreu um acontecimento singular.

 

2.ª parte (II e III): descreve o piquenique com pormenorização de acções e cores.

 

3.ª parte (IV): (reflexo  que a «coisa simplesmente bela» teve no interior do sujeito) a recordação que ficou desse piquenique: o ramalhete de papoilas vermelhas a contrastar com a brancura dos seios dessa mulher.

 

Presença do sujeito poético:

A imagem concebida de «uma coisa bela» permite que o sujeito poético passe de simples observador (do cenário dos movimentos) para elemento do grupo observado («nós acampámos»), mas participante privilegiado do momento de encanto.

 

 

Relação entre o piquenique do poema e o estado de espírito do sujeito lírico:

O piquenique em que o sujeito lírico participou (Nós acampámos, v. 10) teve a característica de permanecer na sua lembrança, daí o assunto do poema, devido a um acontecimento simples («sem ter história nem grandezas», v. 3) mas que o eu lírico destaca como algo singularmente belo («Houve uma coisa simplesmente bela», v.2). Num misto de satisfação e saudade, o sujeito recorda e relata com pormenor e vivacidade a situação de uma mulher a colher um ramo de papoilas («Foi quando tu [] / Foste colher [] / Um ramalhete rubro de papoulas», vv. 5-8), bem como o contraste provocado pela cor vermelha das papoilas junto da pele branca dessa mulher («[] todo púrpuro, a sair da renda / Dos teus dois seios como duas rolas, / [] / O ramalhete rubro das papoulas», vv. 13-16). Tal lembrança pode funcionar como uma tentativa de alimentar o ego do sujeito, já que recorda uma situação passada (note-se o predomínio dos pretéritos perfeito e imperfeito), aparentemente insignificante, mas que, pelos laivos de sensualidade e erotismo que deixa transparecer, leva-nos a pensar se o que resta de uma relação ou o que ainda acalenta o prazer do eu lírico.

 

 

Tema: a lembrança de um piquenique.

 

Assunto: recordação de um momento passado em que, num piquenique, o apanhar de um ramo de papoilas e a sua colocação num decote rendilhado o torna singular e inesquecível.

 

Poema narrativo / descritivo:

-          relato de um episódio – acção sequencial;

-          enumeração das cores e outros aspectos que compõem o cenário;

-          predomínio do pretérito perfeito do indicativo que atribui à acção narrada um carácter concluído e passado, uma acção localizada num determinado tempo mas sem continuidade no presente;

-          pretérito imperfeito do indicativo empresta à acção passada um certo cariz durativo («inda o sol se via», v. 10) ou conferindo-lhe uma tonalidade narrativa («Em todo o caso dava uma aguarela», v.4; «Era o supremo encanto da merenda», v. 15);

-          expressões temporais («Foi quando tu», v. 5; «Pouco depois», v. 9; «inda o sol se via», v. 10), conferindo assim dinamismo ao relato presente nas três estrofes iniciais.

 

Vasco Graça Moura, em Várias Vozes, analisa «De Tarde», poema de Cesário Verde, como uma aguarela, o que pode ser comparado «a um processo cinematográfico avant la lettre, um pouco como um filme colorido cuja montagem possa ser feita pelo encaixar ou encadear sucessivo de quatro secções de estrutura semelhante, em que se parte sempre do mais para o menos, do todo que enche o campo visual para o pormenor nele contido e posto em destaque, até a transição final do grande plano para a mancha (de cor) pura e simples, havendo ainda a notar os contrastes de cor que se vão sucedendo e ainda que até não falta o "genérico" inicial» (Moura 1987: 23).

 

Destacam-se três quadros descritivos:

1.º) Plano geral da mulher a descer do burro e a colher papoilas num granzoal (II).

2.º) Plano geral de ambos em cima duns penhascos envoltos dos alimentos (III).

3.º) Grande plano: dos seios e das papoilas. (IV).

 

Visão plástica do poeta-pintor conseguida pelo registo do pormenor de «uma coisa simplesmente bela» (v. 2), digna de ser pintada:

-          o cenário do campo: do granzoal (v.7) e dos penhascos (v.9), onde acampam para o piquenique de burguesas (v.1);

-          o fim de tarde («inda o Sol se via», v. 10);

-          os alimentos: os frutos como o melão e os damascos; o pão-de-ló e  o vinho malvasia;

-          as cores fortes azul («[] um granzoal azul de grão-de-bico», v. 7) e vermelha («Um ramalhete rubro de papoulas», v.8), os tons de amarelo ou dourado («Sol», v. 10; «[] talhadas de melão, damascos, / E pão-de-ló molhado em malvasia», vv. 11-12), bem como a cor branca da renda e dos seios («[] como duas rolas», v. 14) emprestam a este texto a coloração necessária para se estabelecer a analogia com uma aguarela, como o próprio sujeito lírico anuncia no verso 4. São as cores que emprestam a qualquer reprodução pictórica beleza, vivacidade, realismo, intemporalidade, as protagonistas desta tela. Entre elas, sobressaem o azul e o vermelho que, pela sua força característica, conferem lugar de destaque aos objectos que caracterizam – o granzoal e o ramalhete. Contrastando com a sua intensidade, está o branco da roupa interior e da pele da mulher. As restantes cores presentes, mais homogéneas entre si, quer se refiram ao sol, ao melão, quer aos damascos ou ao pão-de-ló, traduzem a visão atenta do sujeito, a intenção de não deixar qualquer pormenor esquecido, qualquer ponto da tela sem cor.

 

 

Sensualidade do quadro, com o «ramalhete rubro das papoulas» a emergir dos dois seios da jovem. A imagem das «duas rolas», a que compara os seios, associa-se fortemente a uma simbologia de ternura e de relação sensual. Assim, a expressão «dos teus seios» é uma sinédoque, ao permitir visualizar o corpo sensual da mulher.

 

Leitura comparativa dos versos 8 e 16: 

O verso que refere a realidade central do poema (ramo de papoilas) encontra-se em posição central e final, para assim conseguir maior efeito e destaque, quer pela reiteração, quer pelas posições que ocupa. Apenas há a distinguir nestas duas ocorrências o determinante, que no verso 8 é o artigo indefinido e no verso 16 é o artigo indefinido. O primeiro tem como objectivo não concretizar, não especificar, não atribuir especial importância  àquele ramalhete, já que se afirma sem grande emoção, objectivamente, o facto de uma mulher ter ido apanhar um. O segundo pretende tirar do abstracto, aquele ramo de papoilas, que, por ter provocado todas aquelas sensações e recordações, merece ser individualizado como o ramalhete e acrescentar-lhe uma exclamação como reforço de tais sentimentos.

 

(Fonte: adaptado de Sugestões de análise com propostas de resolução de textos líricos, Dulce Teixeira e Lurdes Trilho, Porto Ed., 1999 e Acesso ao ensino superior. Português 12.º ano – A e B, Vasco Moreira e Hilário Pimenta, Porto Editora, 2000.)




Questionários sobre a leitura do poema "De tarde", de Cesário Verde.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Explicite a função da primeira quadra na estrutura do poema.

2. Indique três traços caracterizadores do «tu», fundamentando a resposta em elementos do texto.

3. Refira as sensações representadas no poema, justificando a resposta com citações.

4. Identifique dois recursos estilísticos presentes no texto, analisando o efeito expressivo de cada um deles.

 

Explicitação de cenários de resposta

1. A primeira quadra tem a função de apresentar, em traços genéricos, um determinado quadro social e de nele inscrever uma ocorrência significativa («cousa simplesmente bela» – v. 2), criando a expectativa de que tal ocorrência será o assunto do poema. Para fundamentar esta resposta, podem ser referidos, entre outros, os seguintes elementos dessa estrofe:

– é identificada uma situação – um «pic-nic» (v. 1);

– os intervenientes são apresentados como um grupo de «burguesas» (v. 1);

– é anunciada uma «cousa» caracterizada como «bela» (v. 2) e simples;

– essa «cousa» (v. 2) é apresentada como um motivo de «aguarela» (v. 4), induzindo a sua associação a valores pictóricos;

– ...

 

2. O «tu» apresenta, entre outros, os seguintes traços caracterizadores:

– surge integrado no grupo de «burguesas» (v. 1) referido na abertura do poema;

– individualiza-se do grupo, ao descer do «burrico» (v. 5) para ir colher um «ramalhete [...] de papoulas» (v. 8);

– distingue-se pela ausência de pose, impondo-se pela simplicidade que marca uma atitude «sem imposturas tolas» (v. 6);

– traz «renda» (v. 13) a rematar o decote, o que sugere um modo de vestir próprio da elegância citadina;

– age com naturalidade, colocando o «ramalhete» de «papoulas» (vv. 8 e 16) entre «os seios» (v. 14), a «sair da renda» (v. 13);

– ...

 

3. Predominam as sensações (ou imagens) visuais, na descrição de três quadros sucessivos – o tu» (v. 5) que desce do «burrico» (v. 5) e colhe o «ramalhete» de «papoulas» (v. 8); o «pic-nic» (v. 1) em cima duns «penhascos» (v. 9), num fim de tarde soalheiro; o ramo de «papoulas» entre os «seios», «a sair da renda» (vv. 13-14) – e, igualmente, no destaque dado às cores – «azul»; «rubro»; «púrpuro» – vv. 7, 8, 13 e 16.

     Há também uma forte sugestão de sensações gustativas no enumerar de elementos da «merenda» (v. 15): frutas doces e frescas, «pão-de-ló» (v. 12), vinho licoroso.

     Estes dois tipos de sensações comunicam ao poema uma ambiência de viva representação sensorial e realista.

 

4. Estão presentes no poema, entre outros, os seguintes recursos estilísticos:

– a adjetivação simples, em posposição («bela», «tolas», «azul», «rubro», «rubro» – v. 2, v. 6, v. 8 e v. 16) e em anteposição («supremo»), salientando a expressividade sensorial do quadro representado;

– as aliterações em /r/ («ramalhete rubro» – vv. 8 e 16) e em /z/ («granzoal azul» – v. 7), sublinhando as imagens visuais;

– a anáfora («E houve […] / E pão-de-ló […]» – vv. 11-12), conjugada com a enumeração («talhadas de melão, damascos» – v. 11), tanto reiterando e amplificando os elementos da «merenda» (v. 15) ao dispor dos convivas, como criando uma forte sugestão de sensações gustativas;

– a comparação («Dos teus dois seios como duas rolas» – v. 14), evidenciando, pela associação estabelecida entre «seios» e «rolas» (v. 14), a atenção do olhar do «eu» dirigido à figura feminina;

– a repetição de versos (8 e 16), com uma pequena variante: a substituição do artigo indefinido «Um» (v. 8) pelo artigo definido «O» (v. 16), exprimindo a alteração do estatuto do «ramalhete rubro», que deixa de ser um qualquer e passa a ser algo singular, único, conotando a sensualidade associada à figura feminina;

– o hipérbato, pondo em destaque, nos dois últimos versos do poema, pela inversão da ordem natural do sujeito e do predicado, o motivo central do poema («O ramalhete rubro das papoulas» – v. 16);

– … 

(Fonte: Exame Nacional do Ensino Secundário (Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de março) - Prova Escrita de Literatura Portuguesa n.º 734 e respetivos critérios de classificação - 11.º ou 12.º anos de Escolaridade. Portugal, GAVE, 2010, 2.ª Fase)

 ***



 

1. Divida o texto nas suas partes lógicas. justificando a resposta.

2. Indique as imagens do poema que podem ser associadas a uma aguarela.

3. Refira os traços principais que definem a figura feminina.

4. Mostre de que modos o espaço e o tempo são representados.

5. Identifique, no poema, dois traços característicos da poesia de Cesário Verde.

 

 

Explicitação de cenários de resposta

1. O poema pode dividir-se em duas partes lógicas: a primeira é constituída pelas três primeiras quadras e a segunda, pela última.

   Na primeira parte conta-se uma cena passada no campo; na segunda mostra-se uma imagem única, que é dada como «supremo encanto». A primeira parte é “narrativa", ao passo que a segunda é "descritiva".

 

Nota - Aceita-se, ainda, a seguinte divisão:

   As duas primeiras quadras, por um lado, e a terceira e a quarta, por outro.

   A primeira parte está centrada numa parte do passeio de burrico, aquela em que o «tu» vai colher as papoulas; a segunda tem a ver com o «pic-nic», «em cima duns penhascos».

 

2. São três as imagens que podem ser associadas a uma aguarela.

    Uma é a do «pic-nic» propriamente dito, em que aos tons magenta do crepúsculo («inda o sol se via»), ou, pelo menos, aos tons mais doces do fim da tarde, se juntam as cores claras das frutase do pão-de-ló.

    As outras duas estão relacionadas entra si: a primeira, a da uma dama que colha um «ramalhete rubro» de papoulas num «granzoal azul»; a segunda, a desse «ramalhete rubro» de papoulas visto, por assim dizer, em grande plano, no colo da figura feminina.

 

3. A figura feminina representada é uma dama da cidade, uma "burguesa". Destaca-se das outras pelas suas maneiras simples, «sem imposturas tolas». Mostra-se coquete no seu gesto de garridice, ao pôr entre os seios o «ramalhete rubro». Revela uma afinidade certa com a natureza, pois é vista no campo a colher flores e, depois, a confundi-las consigo, ou a juntar as flores à sua própria pele. Essa afinidade com a natureza surge acentuada pela comparação dos seios com «duas rolas».

    É a figura feminina que centraliza toda a representação que o poema propõe e que, primeiro vislumbrada ao longe, acaba por ser vista em primeiro plano, e já com exclusão de todos os outros elementos figurativos, na última quadra.

 

4. O espaço é o campo que é atravessado num passeio de burrices, uma "burricada” através do campo, do qual é dado a ver um «granzoal azul» com papoulas; depois, é uma elevação de terreno (uns «penhascos») propícia à merenda.

    O tempo é o de uma tarde que se escoa até ao fim, o momento do crepúsculo ou muito próximo dele.

 

5. Exemplos de traços característicos da poesia da Cesário:

- descritivismo e visualismo;

- simplicidade de processos estilísticos, ligada ao desejo de realismo;

- presença da natureza, na sua direta relação com as figuras femininas (as «burguesas», citadinas que gostam do campo);

- referência à oposição cidade/campo, evidente no relato de um passeio ao campo de alguém que habita na cidade;

- …

(Fonte: Exame Nacional do Ensino Secundário. Cursos Complementares Noturnos - Liceal e Técnicos. Prova escrita de Português n.º 537 (Índole Científica). Portugal, 1999, 2.ª fase)


 *** 

1. "Naquele pic-nic de burguesas / [...]/ Em todo o caso dava uma aguarela." (vv. 1 a 4)

1.1. Explique o sentido da palavra "aguarela", identificando o elemento referido pelo poema, que a poderia "dar".

1.2. Explicite o que significa neste contexto a expressão "em todo o caso".

2. "Foi quando tu, descendo do burrico / [...]/ Um ramalhete rubro de papoulas." (vv. 5 a 8)

2.1. Identifique o recurso estilístico patente nos versos 7 e 8, comentando o seu efeito expressivo.

2.2. Saliente a importância do verso 8 no poema; compare-o com o verso 16 e interprete as diferenças existentes entre eles.

3. "Pouco depois, em cima duns penhascos, /[...]/ E pão-de-ló molhado em malvasia" (w. 9 a 12).

3.1. Demonstre a presença da sugestão de cor, interpretando o seu valor estético.

3.2. Refira duas das características gerais da poesia de Cesário Verde, patentes neste poema.

4. "Mas, todo púrpuro a sair da renda [ ... ] O ramalhete rubro das papoulas" (vv. 13 a 16).

4.1. Esclareça a função da conjunção "Mas".

4.2. Identifique o recurso estilístico presente no verso 14 e demonstre a sua expressividade.

4.3. Comente os sentimentos do sujeito lírico expressos na última estrofe do poema.

 

(Fonte: Exame Nacional do Ensino Secundário n.º 337 - Formação Geral 11.º ano - Prova escrita de Português, 1997, 1.ª fase, 1.ª chamada)


Vladimir Volegov



CARREIRO, José. “De tarde, naquele «pic-nic» de burguesas, Cesário Verde”. Portugal, Folha de Poesia, 08-09-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/09/de-tarde-cesario-verde.html



terça-feira, 26 de julho de 2022

Vaidosa, Cesário Verde


 

 

Vaidosa

 

Dizem que tu és pura como um lírio

E mais fria e insensível que o granito,

E que eu que passo aí por favorito

Vivo louco de dor e de martírio.

 

Contam que tens um modo altivo e sério,

Que és muito desdenhosa e presumida,

E que o maior prazer da tua vida,

Seria acompanhar-me ao cemitério.

 

Chamam-te a bela imperatriz das fátuas1,

A déspota, a fatal, o figurino2,

E afirmam que és um molde alabastrino3,

E não tens coração como as estátuas.

 

E narram o cruel martirológio4

Dos que são teus, ó corpo sem defeito,

E julgam que é monótono o teu peito

Como o bater cadente dum relógio.

 

Porém eu sei que tu, que como um ópio

Me matas, me desvairas e adormeces

És tão loira e doirada como as messes5

E possuis muito amor... muito amor-próprio.

 

Cesário Verde, Obra Completa, edição de Joel Serrão,

Lisboa, Livros Horizonte, 1988, p. 77.

 

NOTAS

1 fátuas – vaidades.

2 figurino – modelo; exemplo de moda.

3 alabastrino – de alabastro, mármore branco e translúcido.

4 martirológio – narrativa do martírio dos mártires e santos.

5 messes – searas maduras.

 

QUESTIONÁRIO

1. Refira dois efeitos de sentido provocados pela utilização de verbos na terceira pessoa do plural (versos 1, 5, 9, 11, 13 e 15) na construção do retrato da figura feminina.

 

2. Explicite, com base em dois aspetos significativos, o modo como o sujeito poético perspetiva a relação que se estabelece entre si e a mulher representada no poema.

 

3. Selecione a opção de resposta adequada para completar a afirmação.

A mulher «fatal» (v. 10) descrita no poema é caracterizada como insensível e cruel, ao ser associada, respetivamente, a expressões como

(A) «imperatriz das fátuas» (v. 9) e «modo altivo e sério» (v. 5).

(B) «molde alabastrino» (v. 11) e «acompanhar-me ao cemitério» (v. 8).

(C) «imperatriz das fátuas» (v. 9) e «martírio» (v. 4).

(D) «molde alabastrino» (v. 11) e «figurino» (v. 10).

 

4. Baseando-se na leitura do poema “Vaidosa”, de Cesário Verde, e no “Retrato de Mónica”, texto de Sophia de Mello Breyner Andresen, escreva uma breve exposição na qual compare as duas figuras femininas neles retratadas.

A sua exposição deve incluir:

uma introdução ao tema;

um desenvolvimento no qual explicite um aspeto em que as figuras femininas se aproximam e um outro em que se distinguem;

uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

 

CENÁRIO DE RESPOSTAS

Nota prévia: Nos tópicos de resposta de cada item, as expressões separadas por barras oblíquas à exceção das utilizadas no interior de cada uma das citações correspondem a exemplos de formulações possíveis, apresentadas em alternativa. As ideias apresentadas entre parênteses não têm de ser obrigatoriamente mobilizadas para que as respostas sejam consideradas adequadas.

 

1. Devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes.

A utilização de verbos na terceira pessoa do plural:

  • sugere que o modo como esta mulher fatal trata os homens, em geral, e o sujeito poético, em particular, é um conhecimento partilhado por outros;

 

  • evidencia a ideia de que todos os que falam sobre esta mulher são de opinião de que ela é bela, mas, sentimentalmente, fria/insensível, vaidosa e cruel na relação com os homens;

 

  • permite que o sujeito poético não se comprometa com o ponto de vista depreciativo dos outros sobre a mulher que ama (embora indicie que partilha desse ponto de vista).

 

2. Devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

  • o sujeito poético parece estar apaixonado pela mulher representada no poema, mas essa paixão causa‑lhe um sofrimento tão atroz («Vivo louco de dor e de martírio» – v. 4) que se sente a enlouquecer e a morrer de amor («Me matas, me desvairas e adormeces» – v. 18);

 

  • a forma como a mulher age leva o sujeito poético a pensar que ela sente prazer em seduzi-lo e em torturá-lo («E que o maior prazer da tua vida, / Seria acompanhar-me ao cemitério» – vv. 7 e 8; «o cruel martirológio / Dos que são teus» – vv. 13 e 14);

 

  • o sujeito poético considera-a uma droga («como um ópio» – v. 17) na qual está viciado;


  • o sujeito poético perspetiva a relação entre si e a mulher como uma relação desigual, na qual ela o humilha, enquanto ele a venera.

 

3. (B) A mulher «fatal» (v. 10) descrita no poema é caracterizada como insensível e cruel, ao ser associada, respetivamente, a expressões como «molde alabastrino» (v. 11) e «acompanhar-me ao cemitério» (v. 8).

 

4. Relativamente a cada aspeto, deve ser abordado um dos tópicos apresentados, ou outro igualmente relevante.

As duas figuras femininas aproximam-se, na medida em que são retratadas como:

  • mulheres elegantes e que vestem bem, o que se evidencia, por exemplo, no facto de Mónica «ser chiquíssima» (l. 2) e de que «Todos os seus vestidos são bem escolhidos» (ll. 20-21), enquanto a «Vaidosa» é considerada a «bela imperatriz» (v. 9), o «figurino» de moda (v. 10) ou o «corpo sem defeito» (v. 14);

 

  • mulheres poderosas, que causam impacto naqueles com quem convivem, o que está patente, por exemplo, quando o narrador afirma que «Esta é a forma de inteligência que garante o domínio. Por isso o reino de Mónica é sólido e grande» (ll. 29-30), ou quando, no poema «Vaidosa», se realça «o cruel martirológio» (v. 13) dos que são seduzidos pela figura feminina;

 

  • mulheres autoconfiantes, como se verifica, por exemplo, quando o narrador afirma que Mónica define objetivos e os concretiza de forma disciplinada («salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos» – l. 23) e quando o sujeito poético realça que a mulher possui «muito amor... muito amor‑próprio» (v. 20).

 

As duas figuras femininas distinguem-se, na medida em que:

  • enquanto Mónica é apreciada por muita gente («ter imensos amigos» – l. 3; «toda a gente dizer bem dela» – l. 5), sendo retratada como «um belo exemplo de virtudes» (ll. 7-8), a «Vaidosa» é alvo de duras críticas por parte dos outros, que a consideram, por exemplo, «a bela imperatriz das fátuas, / A déspota, a fatal» (vv. 9 e 10);

 

  • enquanto Mónica procura criar empatia com os outros, dizendo «bem de toda a gente» (l. 5) e estando «sempre divertida» (l. 7), a mulher que o sujeito poético admira é descrita como «fria e insensível» (v. 2) e «muito desdenhosa e presumida» (v. 6);

 

  • enquanto Mónica é retratada como intencionalmente manipuladora e calculista, seguindo um plano rigoroso para alcançar os seus objetivos («observar uma disciplina severa» – l. 19), a «Vaidosa» é uma mulher «fatal» (v. 10) que atrai os homens pela sua beleza física.

 

Fonte: 

Exame Final Nacional de Português | Prova 639 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2022 |12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho | Decreto-Lei n.º 27-B/2022, de 23 de março)

Prova – versão 1: https://iave.pt/wp-content/uploads/2022/07/EX-Port639-F2-2022-V1_net.pdf

Critérios de correção: https://iave.pt/wp-content/uploads/2022/07/EX-Port639-F2-2022-CC-VT_net.pdf

 

Poderá também gostar de:

 

“Para uma síntese da obra de Cesário Verde”, José Carreiro <https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/04/cesario-verde.html> 2018-04-22

 

“Cesário Verde - o homem e o seu tempo”, José Carreiro <https://folhadepoesia.blogspot.com/2021/09/biografia-de-cesario-verde.html> 2021-09-08

 

“Sobre a edição da poesia de Cesário Verde”, José Carreiro <https://folhadepoesia.blogspot.com/2021/09/sobre-o-corpus-poetico-de-cesario-verde.html> 2021-09-08

 

“Eu, que sou feio, sólido, leal (Cesário Verde)”, José Carreiro. In: https://folhadepoesia.blogspot.com/2015/06/a-debil.html

 



CARREIRO, José. “Vaidosa, Cesário Verde”. Portugal, Folha de Poesia, 26-07-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/07/vaidosa-cesario-verde.html



domingo, 19 de junho de 2022

O tema do sebastianismo no exame nacional de Português (OS LUSÍADAS, FREI LUÍS DE SOUSA e MENSAGEM)



 GRUPO I

PARTE A

D. Sebastião

 

‘Sperai! Caí no areal e na hora adversa

Que Deus concede aos seus

Para o intervalo em que esteja a alma imersa

Em sonhos que são Deus.

 

Que importa o areal e a morte e a desventura

Se com Deus me guardei?

É O que eu me sonhei que eterno dura,

É Esse que regressarei.

 

Fernando Pessoa, Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal, edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 102.

 

 

1. No poema, está presente um «eu», D. Sebastião, que se dirige a um «vós», os Portugueses.

Explicite o apelo feito na primeira estrofe e, com base nesse apelo, infira os sentimentos desse «eu» e desse «vós».

 

2. Evidencie a presença do herói histórico e a presença do herói mítico na segunda estrofe do poema, fundamentando a resposta com a referência a um elemento textual para cada um dos tipos de herói.

 

3. Selecione a opção de resposta adequada para completar a afirmação.

Na primeira estrofe, o uso do vocábulo «intervalo» remete para um antes e um depois, correspondendo a um tempo

(A) de desistência durante o qual a essência do sujeito poético perdura.

(B) de transição durante o qual a essência do sujeito poético esmorece.

(C) de desistência durante o qual a essência do sujeito poético esmorece.

(D) de transição durante o qual a essência do sujeito poético perdura.

 

PARTE B

     Leia o texto seguinte, constituído pelas estâncias 15 a 18 do Canto I de Os Lusíadas, e as notas.

 

Est. 15

E, enquanto eu estes canto – e a vós não posso,

Sublime Rei, que não me atrevo a tanto –,

Tomai as rédeas vós do Reino vosso:

Dareis matéria a nunca ouvido canto.

Comecem a sentir o peso grosso

(Que polo mundo todo faça espanto)

De exércitos e feitos singulares,

De África as terras e do Oriente os mares.

 

Est. 16

Em vós os olhos tem o Mouro frio,

Em quem vê seu exício1 afigurado;

Só com vos ver, o bárbaro Gentio

Mostra o pescoço ao jugo2 já inclinado;

Tétis todo o cerúleo senhorio3

Tem pera vós por dote aparelhado4,

Que, afeiçoada ao gesto5 belo e tenro,

Deseja de comprar-vos pera genro.

 

Est. 17

Em vós se vêm6, da Olímpica morada,

Dos dous avós7 as almas cá famosas;

Ũa, na paz angélica dourada,

Outra, pelas batalhas sanguinosas.

Em vós esperam ver-se renovada

Sua memória e obras valerosas;

E lá vos têm lugar, no fim da idade,

No templo da suprema Eternidade.

 

Est. 18

Mas, enquanto este tempo passa lento

De regerdes os povos, que o desejam,

Dai vós favor ao novo atrevimento,

Pera que estes meus versos vossos sejam,

E vereis ir cortando o salso argento8

Os vossos Argonautas9, por que vejam

Que são vistos de vós no mar irado,

E costumai-vos já a ser invocado.

 

Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de A. J. da Costa Pimpão, 5.ª ed., Lisboa, MNE/IC, 2003, pp. 4-5.

 

NOTAS

1 exício – destruição; ruína; mortandade.

2 jugo – peça de madeira que une os bois de uma junta; domínio; força repressiva; sujeição.

3 cerúleo senhorio – domínio do mar de cor azul-celeste.

4 aparelhado – preparado.

5 gesto – aspeto; aparência; rosto.

6 vêm – veem.

7 dous avós – D. João III, pai do príncipe D. João, e Carlos V, pai da princesa D. Joana.

8 salso argento – mar da cor da prata.

9 Os vossos Argonautas – referência aos navegadores portugueses.

 

4. Releia a estância 15.

Explicite o modo como se desenvolve a estratégia argumentativa usada pelo poeta nessa estância para incitar o rei D. Sebastião à ação gloriosa.

 

5. Nas estâncias 16 e 17, o poeta confere ao rei D. Sebastião uma dimensão excecional.

Comprove esta afirmação, recorrendo a dois exemplos pertinentes mencionados nessas estâncias.

 

6. Selecione a opção de resposta adequada para completar a afirmação.

A par do louvor aos feitos dos navegadores cantados n’Os Lusíadas, na estância 18, está subjacente

(A) a crítica à ambição desmesurada que o rei manifesta.

(B) a alusão à demora na ação heroica que se espera do rei.

(C) o reconhecimento pelo rei da força guerreira dos povos que há de dominar.

(D) o elogio que o rei tece ao valor artístico dos versos escritos pelo poeta.

 

PARTE C

7. Baseando-se na sua experiência de leitura de Mensagem, de Fernando Pessoa, e de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, escreva uma breve exposição sobre o modo como o sebastianismo emerge em cada uma das obras.

A sua exposição deve incluir:

uma introdução ao tema;

um desenvolvimento no qual compare as duas obras, referindo uma manifestação significativa do sebastianismo em cada uma delas;

uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

 

GRUPO III

 

Para muitas pessoas, o heroísmo exige percorrer um caminho árduo, que implica renúncia e sofrimento.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a conceção de heroísmo apresentada.

No seu texto:

explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;

formule uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;

utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

 

CENÁRIOS DE RESPOSTAS

Nota prévia sobre o Grupo I: Nos tópicos de resposta de cada item, as expressões separadas por barras oblíquas à exceção das utilizadas no interior de cada uma das citações correspondem a exemplos de formulações possíveis, apresentadas em alternativa. As ideias apresentadas entre parênteses não têm de ser obrigatoriamente mobilizadas para que as respostas sejam consideradas adequadas.

 

1. Explicitação do apelo que D. Sebastião dirige aos portugueses: incita-os a aguardar o seu regresso messiânico (no pressuposto de que a morte física é um momento transitório em que os sonhos «são Deus» – v. 4).

Identificação dos sentimentos do «eu» e do «vós»: D. Sebastião revela confiança na concretização dos seus sonhos (apesar da sua morte); o apelo de D. Sebastião permite inferir que os portugueses manifestam desânimo/descrença, o que leva o rei a incutir-lhes um sentimento de esperança no seu regresso/naquilo de que ele é o símbolo.

 

2. Relativamente a cada uma das dimensões do herói, deve ser abordado um dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

Herói histórico

referência ao «areal» para identificar o local da batalha em Alcácer Quibir/no Norte de África;

referência à «morte» física de D. Sebastião no decurso da batalha;

referência à «desventura» que conduziu à morte do rei (e à desgraça do país).

 

Herói mítico

referência ao carácter transcendente de D. Sebastião, enquanto figura guardada por Deus/enquanto figura identificada através do uso de maiúsculas em «O» e «Esse»;

referência à permanência do sonho do rei, que é aquilo que «eterno dura» (v. 7);

referência à certeza do regresso do rei enquanto sonho criador.

 

3. (D)

 

4.Primeiramente, o poeta tece o elogio do rei – «Sublime Rei» –, dando a entender que ele está predestinado a cometer tão grandes feitos que o poeta afirma não ousar cantá-los.

Seguidamente, o poeta aconselha o rei D. Sebastião:

· a assumir o controlo e a responsabilidade da governação (o que dará assunto para um novo e singular canto épico);

· a dominar as terras de África e os mares do Oriente (vitórias que serão exaltadas e admiradas por todos).

 

5. Devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

· D. Sebastião assusta de tal modo os Mouros e os Gentios que os primeiros o veem como a causa da sua ruína futura e os segundos se mostram já predispostos a submeter-se-lhe;

· a própria Tétis deseja oferecer a filha em casamento a D. Sebastião e, como dote, o controlo dos mares;

· os feitos de D. Sebastião serão motivo de orgulho para os seus antepassados, que esperam dele a realização de feitos tão grandiosos como os do passado/de feitos que mereçam ser para sempre recordados.

 

6. (B)

 

7. Relativamente a cada obra, deve ser abordado um dos tópicos seguintes, ou outro igualmente relevante.

Mensagem

·  Séculos após a Batalha de Alcácer Quibir, não é mais a crença no regresso do rei vivo que está em causa, mas o que ele representa – o mito, fecundador da realidade/o Desejado, que surge como o Salvador.

· D. Sebastião surge na obra como o mito que exprime o drama nacional de um país decadente que precisa de acreditar nas suas capacidades para superar o presente de «nevoeiro» (recusa do presente e crença no futuro).

· O sebastianismo evidencia-se na crença no regresso messiânico do Salvador que conduzirá Portugal a nova conquista – o império espiritual e civilizacional («Senhor, falta cumprir-se Portugal!»).

· D. Sebastião é o símbolo da loucura positiva, da sede de infinito que caracteriza o ser humano que pretende ultrapassar a sua própria natureza («Louco, sim, louco, porque quis grandeza»).

 

Frei Luís de Sousa

· Num contexto em que Portugal está sob o domínio filipino, o sebastianismo evidencia-se na crença nacional de que D. Sebastião não morreu na batalha de Alcácer Quibir.

·  O sebastianismo evidencia-se na convicção de que o regresso de D. Sebastião devolverá a Portugal a independência e a liberdade perdidas.

· Existem na obra personagens fortemente sebastianistas: Telmo, vinte e um anos passados sobre a fatídica batalha, mantém a esperança de que o seu antigo amo esteja vivo e regresse, o que significaria que D. Sebastião poderia também regressar / Maria, porta-voz da ilusão popular de que D. Sebastião está vivo, acredita que o rei regressará a qualquer momento para salvar o seu povo do jugo castelhano.

·  A mensagem sebastianista não é absolutamente linear: se com a chegada do Romeiro, ou seja, de D. João, se verifica a destruição de quem ele ama (o seu regresso, em vez de ser uma graça, é uma des – graça), o hipotético regresso de D. Sebastião também poderia não ser a melhor solução para Portugal.

 

 Fonte: Exame Final Nacional de Português | Prova 639 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2022 |12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho | Decreto-Lei n.º 27-B/2022, de 23 de março):

Prova – versão 1: https://iave.pt/wp-content/uploads/2022/06/EX-Port639-F1-2022-V1_net.pdf

Critérios de correção: https://iave.pt/wp-content/uploads/2022/06/EX-Port639-F1-2022-CC-VT_net.pdf


 

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Fernando Pessoa - Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da obra de Fernando Pessoa, por José Carreiro. In: Lusofonia, https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/literatura-portuguesa/fernando_pessoa, 2021 (3.ª edição) e Folha de Poesia, 17-05-2018. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html

 



CARREIRO, José. “O tema do sebastianismo no exame nacional de Português (Os Lusíadas, Frei Luís de Sousa e Mensagem)”. Portugal, Folha de Poesia, 19-06-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/06/o-mito-do-sebastianismo-em-os-lusiadas.html