domingo, 28 de fevereiro de 2021

Escrever e publicar poesia (Bibliomundi)

http://bibliomundi.com/blog/ 
https://www.facebook.com/bibliomundi


A Bibliomundi é uma plataforma gratuita de publicação e distribuição de livros digitais.

No âmbito da poesia, esta editora disponibilizou três apontamentos sobre escrita e (auto)publicação:

Não sei como escrever poesia…

Escrevendo um poema em 10 passos

Tudo sobre como escrever um livro de poesias

 



Não sei como escrever poesia…

 

Como escrever poesia? Ou como não escrever poesia? Hoje em dia, todos temos um pouco de poeta dentro de nós, mas expressar essa habilidade pode não ser tão simples quanto parece.

Em especial quando existem oportunidades como a autopublicação, definir a qualidade do próprio trabalho se torna uma tarefa essencial. Não precisamos mais de editoras para aprovar ou recusar nossas palavras.

A decisão de publicar livro é nossa, mas a responsabilidade pelo que publicamos também. E, com isso, as dúvidas e certezas, o compromisso com a nossa escrita.

Precisamos aprimorar nosso próprio trabalho. Não só escrever e reescrever, mas também editar até alcançar um nível profissional.

E como fazer tudo isso quando você nem tem certeza se sabe mesmo escrever poesia? Junto ao direito que todos temos à expressão, junto à capacidade que todos temos de escrever alguma coisa, vem também a insegurança.

Se todos tem um pouco de poeta, ao mesmo tempo parece que ninguém é. Então, como escrever poesia? Como aprender a fazer algo que parece tão natural? Como merecer o reconhecimento por nossas palavras?

1.     Entenda o que é poesia

Primeiro, o outro. Antes de escrever versos, é uma boa ideia tentar entender, de facto, o que é essa tal de poesia.

A resposta para essa dúvida já foi bem mais fácil de responder. Poesia era aquele tipo de texto em verso regulado por métrica e com rimas no final. Bem simples.

Hoje, por outro lado, poesia pode ser muito mais. Nem todo poema (a unidade da poesia), precisa de métrica ou rimas. Há muito mais liberdade para explorar outras estruturas e se livrar de amarras.

Na verdade, você pode até usar o formato da poesia para colocar suas palavras dentro de alguma caixinha, chama-se poesia concreta. Assim:

Eu sou um poema

Dentro de alguma

Caixa improvisada

O facto é que a poesia não é prosa. Prosa que vem em frases, em parágrafos, capítulos. A poesia vem em versos e estrofes. Tudo bem, ela pode ser longa ou curta, rimada ou livre, mas verso ela tem.

E, ainda que a poesia não precise ser regrada, ela tem diversos padrões e tendências. Por exemplo, podemos falar de poesia como linguagem condensada.

Enquanto a prosa usa longas frases para descrever algo ou transmitir uma mensagem, a poesia o faz com economia de palavras. Uma das consequências é a grande margem para interpretação que a poesia deixa, assim como um certo mistério de quem revela pouco.

Visando o lado mais tradicional, há também toda uma série de modelos de rima e métrica diferentes que podem ser usados e abusados na poesia.

2.     Encontre a sua poesia

Para escrever poesia, o caminho é descobrir o que é poesia para você. Existem diversas definições do que é poesia e, especialmente, do que é boa poesia, mas nenhum acordo universal quanto ao assunto. Nenhuma regra absoluta que sobreponha a sua própria criatividade.

A Bibliomundi acredita que todos têm o direito de se expressar. Nossa ideia é permitir a você publicar livros de todos para todos, e a sua poesia única cabe nisso.

Então, para começar bem, pense no conceito de poesia que mais agrada você, que melhor atende às suas expectativas. Pode ser poesia concreta das mais mirabolantes ou um perfeito parnasianismo, que usa a bela forma para falar sobre assuntos quaisquer.

3.     Escreva a sua mensagem

O próximo passo entra, novamente, nas grandes discussões sobre poesia. Nem todo poeta acredita que poesia precisa falar sobre algo em específico. Mas é sempre uma boa ideia ter algum tipo de musa inspiradora para se focar ao escrever. Assim, maior a garantia de que as suas ideias chegarão em algum lugar.

Assim como na prosa, e já explicamos isso no artigo “Iniciando o primeiro livro”, é uma boa ideia deixar as críticas e revisões para um momento posterior. Agora, dedique-se à fase mais solta do processo criativo. Deixe as palavras fluírem. Apenas deixe.

Recomendamos, inclusive, que ao menos nas primeiras poesias você foque um pouco mais na mensagem do que na forma. O motivo é simples: vai ser um grande trabalho para conquistar um resultado um pouco forçado.

Pense bem, não é chato quando alguém parece estar tentando impressionar com você usando palavras “difíceis” e conceitos hiper “intelectuais”? O esforço para tornar sua poesia uma obra “poética” costuma ter quase o mesmo efeito. Relaxe. Sua poesia já vai se poesia de qualquer forma.

4.     Revise o seu poema

E, como sugerimos anteriormente, a hora da revisão tem que chegar em algum momento. Na poesia, contudo, esse processo é um pouco diferente, pois poemas têm prioridades diferentes da prosa.

Além de evitar os erros gramaticais, você precisa se atentar a outras questões. E, sim, licenças poéticas são permitidas quando elas realmente fazem alguma diferença no poema.

Algumas dicas para aumentar a qualidade do seu poema:

Não seja redundante.

Por exemplo, todos sabemos que o céu é azul e a grama é verde. Se você tentar descrever poeticamente a linda cor azul do céu, por mais bonito que pareça na hora, o mais provável é que seu leitor acredite que seu poema é pura e simplesmente redundante.

Como fugir disso? Que tal falar o que não é óbvio? Há um exemplo muito interessante é a letra de Tempo Perdido, da banda Legião Urbana:

Veja o sol dessa manhã tão cinza

A tempestade que chega é da cor dos teus olhos

Castanhos

Além de atribuir cores a elementos abstratos, como a manhã, fazendo uma associação entre o céu cinza que existe neste período, o letrista subverte a expectativa do ouvinte. Tempestades não são castanhas, mas o sentimento transmitido pelos olhos castanhos da personagem é semelhante ao de uma tempestade, por assim dizer.

Não force originalidade.

Todo autor quer dicas para escrever um livro original em algum momento, mas a originalidade não é bem o que parece. De certa forma, tudo já foi feito e é quase impossível inovar e, sinceramente, isso não é algo ruim.

Podemos nos reinventar o tempo todo e, acima de tudo, você possui uma voz única que nunca pertenceu nem nunca pertencerá a mais ninguém. Essa dose de originalidade você já tem. E a qualidade do seu texto você pode se dedicar para conquistar, e é o que realmente importa.

Mas, entenda: mais do que dizer que alcançar a originalidade é impossível, estamos afirmando que, às vezes, é uma péssima ideia.

Tudo bem, rosas são vermelhas, violetas são azuis. Não vale a pena tentar subverter essa ideia com cores mirabolantes só para ser original. É uma questão de valorizar o que realmente importa: sua voz, suas ideias, seus sentimentos. Não um conceito utópico.

Reduza ao máximo e escolha bem as palavras.

Por fim, é importante se ater à ideia de poesia como linguagem condensada. Mesmo que o seu poema seja bem longo, no final das contas, a poesia continua se destacando da prosa por envolver uma escolha cuidadosa e precisa das palavras.

Menos é mais. E o “menos” que sobrevive aos cortes precisa expressar com exatidão a mensagem que você deseja transmitir.

Pense nas nuances entre uma palavra e outra. Nenhum termo é capaz de substituir completamente o outro, não existem sinônimos perfeitos. Embora ambas as palavras “menino” e “garoto” se refiram a jovens pessoas do gênero masculino, não se fala “menino de programa” e sim “garoto de programa”, por exemplo.

As palavras vão além do significado óbvio. Elas têm um peso social. Têm sonoridade. E, às vezes, têm mil possibilidades diferentes de significado que atravessam uma a outra, contribuindo para a complexidade do seu poema.

E agora, autor? Já sabe como escrever poesia? Deixe um comentário com a sua experiência!

Redação da Bibliomundi, 2017-12-27

https://bibliomundi.com/blog/nao-sei-como-escrever-poesia/

 

 

Escrevendo um poema em 10 passos

 

Se você acompanha o blog da Bibliomundi, já conhece nossas dicas de autopublicação para quem acha que não sabe como escrever poesia. Muito bem. Agora é hora de avançar mais uma vez com o nosso guia para escrever um poema passo a passo.

Saber como escrever um poema não é nenhum mistério, nem uma dádiva divina. Praticamente qualquer pessoa é capaz de escrever poesia, desde que se dedique à tarefa. Afinal, disciplina é importante para um autor profissional. Por isso, vamos dar dicas para você escrever um poema de maneira mais profissional, que ajudarão você a desenvolver uma técnica.

O objetivo é fazer uma transição de um autor que escreve somente para si a um autor que escreve para o leitor. Um autor que quer mais do que expressar seus próprios sentimentos, mas provocar emoção no outro. Um autor que sabe transmitir ideias e se comunicar por meio dessa linguagem condensada e enigmática que é a poesia.

Se você quer publicar ebook com suas poesias, siga as nossas dicas:

1.     Tenha um objetivo em mente

O primeiro passo para escrever um bom poema é ter um objetivo. Afinal, sem um destino, você não pode chegar a lugar algum.

A poesia é uma linguagem concisa e, como qualquer obra literária ou projeto em geral, é uma boa ideia você saber onde quer chegar. Caso contrário, suas palavras serão vagas.

Para ajudar nesta tarefa, pense no que você quer que o seu poema “faça”. Que tipo de reação você quer causar no leitor? Há algo em específico que você queira descrever? As respostas podem ser diversas. Por exemplo: “descrever uma experiência pessoal”, “protestar contra injustiças da sociedade”, “exaltar a beleza da natureza”, “provocar desconforto no leitor”.

Escolha um objetivo principal e guarde-o com você. Esse será o elemento central do seu poema.

2.     Expresse o seu tema

Muito bem, você tem um objetivo, um elemento principal. Já está próximo de ter um tema definido para o seu poema.

Um tema pode ser considerado a combinação de uma ideia com uma opinião. Por exemplo, o “amor” não é um tema por si só. “Amor é sofrimento”, por sua vez, já pode ser considerado um tema, ainda que um pouco pessimista.

O tema é uma afirmação. Uma ideia sobre um assunto. E, muitas vezes, podemos inclusive observar temas que persistem por movimentos literários inteiros. No romantismo britânico, por exemplo, havia o tema recorrente de como o homem se desconecta da natureza na vida adulta e que a literatura poderia ser o elo perdido.

Esse tema caracterizava o movimento e trazia beleza e significado para os poemas. Ele era uma expressão da angústia pessoal dos poetas que transpassava até os leitores. Em outras palavras, o tema torna a poesia mais tangível, fortalecendo a conexão com o leitor.

Torne o seu objetivo em um tema e expresse suas ideias. Valerá a pena.

3.     Não seja clichê

Todos têm o direito de se expressar como quiserem. A beleza dessa liberdade é justamente a grande diversidade de ideias que ela nos oferece. Logo, não tem graça se todo autor escrever de maneira igual aos outros, repetindo os mesmos clichês.

Claro, não estamos sugerindo que você tente escrever um livro original por completo. Pode-se dizer até mesmo que a originalidade não existe, considerando a quantidade de autores que existem e a baixa probabilidade de produzir algo que nunca foi feito antes.

Mas existem repetições e repetições. Algumas são saudáveis, outras são mais do que desnecessárias. O clichê pode ser considerado tudo aquilo que já foi tão utilizado que não contribui mais para a obra. Ele não causa impacto, não agrega valor, não traz significado.

Na poesia, os clichês muitas vezes se apresentam como frases ou expressões “prontas”. Um exemplo bastante clássico é “rosas são vermelhas, violetas são azuis” ou versos que começam com “amar é”.

Como fugir disso? Primeiro, pense se você já não ouviu diversas vezes essa mesma expressão que você pretende escrever. Se sim, ela deve ser um clichê. Então, reflita sobre o significado por trás dessas palavras batidas. Você pode transmitir essa mesma mensagem de outra forma. E pronto. Clichê evitado.

4.     Não seja melodramático

Ah, o melodrama. Sedutor e repulsivo ao mesmo tempo, ele atrai os autores para, então, afastar os leitores. Quando escrevemos, muitas vezes queremos transmitir e provocar sentimentos e, sendo esse o caso, é quase irresistível a chamada do melodrama. Saber como escrever um livro emocionante não é simples.

Queremos nos jogar nos sentimentos, expressar amor, paixão, ódio e indignação. Mas veja, a partir do momento que isso compromete a leitura, não vale a pena. E o facto é: quando um texto apela excessivamente para o emocional, o leitor tende a se rebelar contra as intenções do autor e sentir o oposto do que foi planejado.

Dizem por aí que, quando uma personagem chora, o leitor não precisa chorar por ela. Fique atento, pois isso pode se aplicar aos seus leitores.

5.     Estimule todos os sentidos

A poesia é muito mais do que texto, palavras. Ela deve estimular cada sentido do corpo humano. Visão, audição, olfato, toque, paladar e também o que vai além, como a nossa intuição e a maneira como absorvemos a realidade em constante movimento como um todo.

A beleza da literatura está justamente na capacidade de levar o leitor para outro lugar, onde cada sentido estará aguçado e nossa perceção estará voltada para os dilemas e conflitos levantados na obra.

Para provocar esse efeito no leitor, você deve escrever de maneira muito visual, imagética. Explore o cenário, explore os movimentos, explore os sons, os cheiros, cada elemento que leva o leitor até seu poema.

6.     Use figuras de linguagem

As figuras de linguagem existem para enriquecer o idioma e tornar a nossa comunicação ainda mais vívida. Nada melhor do que usá-las na poesia, não é mesmo?

Um destaque especial vai para as comparações e metáforas. Isto é, quando afirmamos que algo ou alguém é parecido com outro ou quando substituímos um termo por outro a fim de provocar essa comparação, respetivamente.

Por exemplo, “meu pensamento é um rio subterrâneo” é uma metáfora. No caso, o pensamento não pode ser um rio subterrâneo, mas há semelhanças, como o fluxo de consciência que se assemelha ao fluxo constante do rio e a individualidade dos pensamentos, que não podem ser ouvidos por mais ninguém, assim como o rio não pode ser visto.

Quando usadas sabiamente, as figuras de linguagem podem enriquecer o poema ao tornar tudo menos óbvio e instigar o pensamento crítico do leitor, que possivelmente precisará refletir para compreender as semelhanças que validam determinadas metáforas, por exemplo.

7.     Não use palavras abstratas

Sim, a poesia é linguagem condensada e, por isso, muitas vezes soa misteriosa. Isso não significa que, para saber como escrever um poema, você precise ser abstrato o tempo inteiro. Muito pelo contrário.

É uma boa ideia utilizar palavras concretas que descrevem elementos reais em vez de apelar para o abstrato. “Liberdade”, “sofrimento”, “felicidade” e “paixão” são ideias abstratas, por exemplo, que inclusive podem ter significados muito diferentes para cada pessoa.

Em vez disso, sempre que possível utilize palavras concretas, como “árvores”, “sorrisos”, “calor”, “gatos”. Dessa forma, o leitor poderá analisar o cenário que você criará e, a partir dessa imagem, desenvolver seus próprios sentimentos abstratos em relação à obra.

A princípio, pode parecer impossível substituir palavras abstratas por concretas, mas é mais simples do que você pensa. Basta seguir o preceito de “show, don’t tell”. Isto é, descrever de maneira imagética algo que represente um sentimento abstrato.

Não diga “Ela estava feliz”. Uma ideia melhor seria dizer “O seu sorriso se abriu como um lírio na primavera”.

8.     Saia da caixinha!

Por que se conformar a uma maneira padronizada de enxergar o mundo? Muitas vezes a graça da vida e a beleza da poesia é justamente a habilidade do poeta de enxergar a realidade de forma diferente, um pouco fora da caixinha.

Subverta as expectativas do leitor, revolucione sua visão de mundo. Mostre que é possível refletir de maneira diferente sobre elementos que fazem parte do nosso dia-a-dia. Escrever histórias surpreendentes na sua poesia é uma forma de marcar o mundo com a sua visão única da realidade.

9.     Tome cuidado com as rimas

Infelizmente, rimar com excelência não é tão fácil quanto parece. Se não tomarmos cuidado, nossas rimas parecerão dignas de uma música infantil. No geral, não é bem esse o efeito que os poetas querem causar.

Logo, apesar das aventuras com rimas serem necessárias para o desenvolvimento de um poeta, recomendamos que, pelo menos no começo, você evite usar rimas demais. Vá com calma. Experimente o verso livre e, aos poucos, implemente elementos formais complexos na sua poesia.

Nas mãos de um poeta iniciante, existem elementos mais importantes do que a rima e a métrica. Foque nas palavras que escolhe, na mensagem que transmite, nos temas. E, então, conforme ganhar experiência, experimente rimas novas.

10.Revise sua poesia

Como toda obra literária, a poesia também precisa ser revisada. Talvez até mais do que a prosa, afinal, na poesia, cada palavrinha deve cumprir um papel específico no texto. Cada elemento deve ser essencial, até a última vírgula.

Assim como ao editar o próprio livro, recomendamos que você tome certas medidas antes de revisar poesia. A primeira é deixar o poema de lado por uns tempos. Esqueça dele e, então, o revise com novos olhos e ouvidos, como se nunca o tivesse lido antes.

Leia em voz alta. Grave o poema e corrija. Mude sua experiência o máximo possível e não tenha medo de reescrever, mas sempre anotando as modificações sem descartar as versões anteriores.

E, é claro, é sempre válido pedir a opinião de outra pessoa. Especialmente se você tiver contato com pessoas que apreciam a poesia e tenham opiniões imparciais, com uma dose construtiva de crítica e sem medo de magoar o outro.

Aceitar essas críticas sem se desanimar é uma excelente maneira de evoluir. Aprenda com o que foi dito e siga melhorando seu poema até a hora de dar asas para sua pequena obra. E, então, escreva mais.

E aí, autor? Você tem um método para escrever poemas? Compartilhe suas experiências com a Bibliomundi!

Redação da Bibliomundi, 2018-01-03

https://bibliomundi.com/blog/escrevendo-um-poema-em-10-passos/

 


 


Tudo sobre como escrever um livro de poesias

 

Nas últimas semanas, falamos sobre como escrever poesia e ensinamos como escrever um poema em 10 passos. Se você acompanha o nosso blog, já sabe tudo sobre esta forma de escrita condensada que em tanto se diferencia da prosa… mas, agora que seus poemas já estão prontos, o que fazer com eles? Autopublicação, é claro!

Agora é hora de aprender tudo sobre como escrever um livro de poesias! Reunimos 9 dicas para você publicar ebook de poesias de maneira inteligente e que valorize ao máximo cada pequena obra como parte de uma grande unidade.

1.     Selecione o tema do seu livro de poesias

Quando falamos sobre como escrever um poema, os dois primeiros passos eram definir um objetivo e, em seguida, um tema. Isto é, a reação que você gostaria de causar no leitor e a “tese” defendida no poema, respetivamente.

O tema é mais do que simplesmente um assunto abordado no seu texto, ele é também a opinião que o autor ou eu lírico transmite com as palavras.

Assim como é importante definir um tema e um objetivo antes de escrever apenas um poema, no singular, é essencial para organizar uma boa coletânea de poesias definir um tema ou objetivo específico, que une os pequenos textos de maneira uniforme.

É o tema que fará com que o seu livro de poesias pareça, de facto, uma obra literária e não um conjunto disforme de várias. Por isso, comece por aí e, somente então, poderemos seguir para o próximo passo.

2.     Selecione os poemas sem medo de deixar algo de fora

Tendo o tema e o objetivo do seu ebook de poesias em mente, é hora de começar a selecionar os poemas que farão parte da obra. Essa seleção pode incluir poemas que você já publicou em blogs ou redes sociais, assim como poemas totalmente novos e desconhecidos pelo público.

O que mais importa nesta etapa é fazer uma seleção que funcione bem como unidade, cujos poemas se complementem de maneira fluida, sem repetir excessivamente as mesmas ideias ou variar drasticamente de assunto e tom.

Por exemplo, se você sente que dois dos seus poemas são apenas versões diferentes da mesma mensagem e que, ao incluir os dois, o seu livro se torna um pouco redundante… então, você já sabe a resposta. É necessário excluir pelo menos um deles.

Lembre-se que deixar um poema de fora do seu livro não significa rechaçá-lo para o resto da vida. Você terá outras oportunidades de aproveitar esses textos, apenas não neste ebook.

Da mesma forma, se você tem um poema que fala alegremente sobre os bigodes de um gatinho e outro que debate com profundidade a situação política do país, provavelmente esses dois não devem fazer parte do mesmo livro.

3.     Categorize seus poemas em tipos diferentes

Um bom exercício para selecionar e organizar os poemas que participarão do seu ebook é categorizar os poemas. Lembre-se que “poesia” é um conceito bastante vasto e muitas obras com estilos drasticamente diferentes podem ser categorizadas como tal.

Alguns dos tipos mais proeminentes de poesia são: verso livre, poesia rimada (formal) e até mesmo poesia em prosa (uma contradição em relação ao próprio limite que diferencia a poesia e a prosa em si, mas que vale ser lembrada na hora de categorizar poesias).

Pense nos seus poemas e como eles se encaixam nessas categorias e, então, como os estilos de cada um se comunicam um com o outro. Você pode optar por fazer um livro de poesias que contenha apenas poemas da mesma categoria ou ousar nas combinações, mantendo o tema como elo principal.

Sinta-se a vontade para explorar essas possibilidades, desde que a sua organização faça sentido. O bom senso é a sua melhor medida agora.

4.     Organize os poemas e use capítulos, tópicos e índices

Muito bem. Você já pensou em um tema, selecionou seus poemas e refletiu sobre como eles se comunicam um com o outro. Agora é hora de organizá-los de facto. É essa organização que transformará a sua mistura desorganizada de poemas em uma obra literária de verdade.

Para conseguir o melhor resultado possível, recomendamos o uso de capítulos, tópicos e até mesmo um índice no começo do ebook. Esses elementos serão a estrutura do seu livro de poesias e permitirão que você explore diferentes temas, ou diferentes facetas do mesmo tema, de maneira mais aprofundada.

5.     Escolha um título significativo para o seu livro de poesias

Você já tem o tema, as poesias, a organização… e qual o nome dessa obra? Em que o conjunto das suas poesias se torna? O título dá significado para algo.

Mais do que refletir o conteúdo do ebook, o título oferece uma expectativa ao leitor. Isso pode representar os sentimentos ou memórias do autor ao escrever esses poemas, o tema que eles carregam em comum, enfim, aquilo que parecer mais representativo para você.

Esse título pode ser uma única palavra que reflete o tema, pode ser autodescritivo (por exemplo, “Poemas de Amor – William Shakespeare”), ou ser o nome do poema mais representativo da coletânea.

Recomendamos que você pense no apelo ao público ao selecionar o título, mas, novamente, o bom senso é a sua melhor medida.

6.     Faça ou encomende uma capa para ebook

Todo ebook precisa de uma capa. Não é porque o livro é vendido online que as pessoas deixam de julgar pela capa, muito pelo contrário! O seu ebook será visualizado junto a incontáveis outras obras catalogadas, e as três primeiras informações que o leitor verá são: capa, título, preço.

Há uma relação muito próxima entre a comunicação visual e as vendas de ebook. Se você quiser que o seu livro de poesias seja mais do que uma obra esquecida no anonimato, é uma boa ideia pensar em uma capa interessante e sem excesso de informações, que atrai o interesse dos leitores.

A Bibliomundi disponibiliza capas gratuitas para todos os autores, com variações de acordo com o gênero do livro. Alguns de nossos best-sellers utilizam essa opção. Caso você queira investir em algo personalizado, você pode optar por ferramentas de design online, como o canva, ou contratar um designer profissional.

7.     Edite e peça segundas opiniões

Nem só de capa se sustenta um ebook. De nada adianta criar uma primeira impressão positiva se o seu conteúdo não passa profissionalismo. Por isso, você deve editar seu próprio livro e/ou contratar um editor profissional para elevar o seu ebook a outro nível.

Infelizmente, quando tentamos revisar nossos próprios textos, temos dificuldade para analisar de forma objetiva. Por isso, segundas opiniões são muito bem-vindas, especialmente quando vêm de profissionais. Caso não seja possível contratar alguém, até mesmo a opinião de amigos é válida, pois não virá dos seus olhos já acostumados com o texto.

Se você está preocupado com a formatação do ebook para o formato .epub, fique tranquilo. Nós disponibilizamos um editor online na nossa plataforma que converte o seu livro para .epub automaticamente, sem problemas.

8.     Dê um tempo e planeje o seu lançamento

Sim, sabemos que a ideia de lançar um ebook de poesias causa uma das duas sensações: medo ou empolgação. A vontade é desistir ou simplesmente publicar sem pensar em mais nada e pronto!

Mas, esse não é o melhor plano de ação. Que tal separar um tempinho para editar o seu ebook com calma, fazer um planejamento e, enfim, autopublicar no seu próprio tempo?

O planejamento é fundamental para que o lançamento de um livro seja um sucesso. Idealmente, ao lançar seu ebook, você já terá leitores esperando o novo título. Como conseguir isso? Criando uma estratégia de marketing de conteúdo.

Crie uma página de Facebook para você, comece um blog, publique seus poemas (mas não todos, deixe um certo mistério no ar), faça aparecer. E, então, quando finalmente publicar o ebook, anuncie-o nesses canais.

9.     Pensamento positivo e aceite críticas!

Por último, mas não menos importante, ao publicar livro, você deve se preparar emocionalmente para o que vier depois. Pense positivo, veja as críticas como uma oportunidade de crescimento e, depois disso, o que vier é lucro (literalmente!).

E aí, autor? Já está pronto para escrever um livro de poesia? Compartilhe suas experiências com a comunidade Bibliomundi de escritores!

Redação da Bibliomundi, 2018-01-10

https://bibliomundi.com/blog/tudo-sobre-como-escrever-um-livro-de-poesias/

 


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Retrato ardente, Eugénio de Andrade




RETRATO ARDENTE

 

Entre os teus lábios

é que a loucura acode,

desce à garganta,

invade a água.

 

No teu peito

é que o pólen do fogo

se junta à nascente,

alastra na sombra.

 

Nos teus flancos

é que a fonte começa

a ser rio de abelhas,

rumor de tigre.

 

Da cintura aos joelhos

é que a areia queima,

o sol é secreto,

cego o silêncio.

 

Deita-te comigo.

Ilumina meus vidros.

Entre lábios e lábios

toda a música é minha.

 

Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio (1972)

 

 


POESIA DO CORPO

 

Na poesia de Eugénio de Andrade a importância do corpo constitui um dos mais divulgados lugares comuns do ponto de vista da receção da sua obra. O próprio poeta, em 1979, no livro Rosto Precário confirma esta perceção relativamente à sua poética, ao afirmar o seguinte: «na minha poesia o corpo insurge-se, diz coisas despropositadas, põe-se a blasfemar, chegando a pretender-se metáfora do universo».

 

Atenta nas seguintes linhas de leitura propostas por Paula Morão:

 

- Veja como este é o simultâneo «retrato» de um Eu e um Tu; um Tu retratado nas partes do corpo e nos efeitos que produz sobre o Eu; um Eu que não só enuncia o Tu mas se enuncia reagindo, por marcas aparentemente impessoalizadas que se resolvem na «música» do último verso, condensando a «loucura», o «rumor», o «queimar».

 

- Esta simultaneidade Eu/Tu é apenas um dos estigmas de excesso presentes no poema. Note outros, como a progressão «desce» - v. 3; «invade» - v. 4, «se junta» - v. 7, «alastra» - v. 8, e a anulação de diferenças (como em «... pólen do fogo/se junta à nascente...»·- fogo e água con-fundem-se).

 

- Note ainda que a progressão no desejo tem a ver com a série «lábios»-«garganta»-«peito»-«flancos» e «da cintura aos joelhos» que omite a zona que «queima», deixando-a como zona inter-dita, na atitude do voyeur; a sugestão é bem mais eficaz que a visão em termos de erotismo, como diz Roland Barthes: «o lugar mais erótico de um corpo não é o ponto em que o vestuário se entreabre? [...] é a intermitência [...] ... que é erótica: a da pele que cintila entre duas peças (as calças e a camisola), entre duas margens (a camisa entreaberta, a luva e a manga) [...]». (O Prazer do Texto, Lisboa, Edições 70, s/d; p. 44.)

 

- Veja que a última estrofe define melhor o desejo como produto da relação amorosa, mas dá ao «Retrato» a dimensão «Ardente»: «iluminar», ter a «música», é saber que o espaço «Entre lábios e lábios» é definido por «lábios teus» (v. 1) e «meus» - para te percorrer o corpo e para te dizer, para te possuir no corpo e no dizer o corpo, instituindo a palavra como potência (também) sexual, o poema como «Retrato Ardente», como «Corpo Habitado».

 

Poemas de Eugénio de Andrade - O Homem, a Terra, a Palavra. Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de Paula Morão. Lisboa: Seara Nova/Editorial Comunicação, 1981


PODERÁ TAMBÉM GOSTAR DE:

 

 


CARREIRO, José. “Retrato ardente, Eugénio de Andrade”. Portugal, Folha de Poesia, 15-02-2021. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2021/02/retrato-ardente-eugenio-de-andrade.html