sábado, 8 de setembro de 2012

VERBO E EQUÍVOCO (Vitorino Nemésio)

     
Xu Bing, "The Glassy Surface of a Lake"




VERBO E EQUÍVOCO

Chamo verbo ao equívoco falado
Que em tábuas decorei de tempo e modo
Mas o Verbo é unívoco e sagrado
Junto a Deus, mesmo Deus, único e todo.

Lá do sempre arrancando e em nunca nado,
O eterno abarca o mundo e a vida a rodo:
É no que foi e no devir tornado
Por amor novo Adão, limpo de lodo.

Desse Verbo que falo, mal declino
O caso do meu nome nele divino
Anónimo, sem ele, vagueio mudo:

Mas, chamem-no os vestígios da parábola,
E brilho como a pérola da fábula,
Homem, menos que nada e mais que tudo.
     
Vitorino Nemésio, O Verbo e a Morte, Lisboa, Moraes Editora, 1959, p. 67.
     
     



TEXTOS DE APOIO | LEITURA ORIENTADA
     

Texto 1
       
Em «Verbo e Equívoco», o Poeta contrapõe ao verbo humano, equívoco falado, aoVerbo de Deus, unívoco e sagrado, único e todo (1ª quadra), que abarca o mundo e a vida na Sua eternidade, sempre presente no que foi e no devir, novo Adão (2ª quadra).

Confrontando-se «Anónimo, sem ele», e mal declinando, mudo, o caso do seu nome, nos tercetos, o sujeito proclama-O paradoxalmente menos que nada e mais que tudo, ainda que seja considerado apenas vestígio de parábola fábula.
        
António Moniz, “O Ser e o não Ser”
 in Para uma leitura de sete poetas contemporâneos,
Lisboa, Editorial Presença, 1997, p. 79.
    
         


Texto 2
       
Voz interior, palavra-terra, verbo-vida, são imagens que atravessam a poesia de Vitorino Nemésio, um dos nossos poetas em quem a crença, metafísica e religiosa, na possibilidade de transmutação da palavra em Verbo está mais fortemente enraizada, em particular nesse livro abissal e denso de implicações linguístico-teológicas que é O Verbo e a Morte (1959). Com um sentido agudamente moderno da palavra e da língua, Nemésio joga-se num xadrez sem xeque-mate, que é o da dialética entre palavra (humana) e Verbo (sagrado), permanentemente em tensão criativa no trabalho poético com a língua. Se, quase a abrir, escreve: "No lance do verbo jogo, / Mas, se vigio o meu lado, / A boca sabe-me a fogo / Do sentido inesperado.", logo a seguir uma segunda voz parece contradizê-lo: "Flato de voz é morte irreparável, / Só Verbo é vida: / Aquele que tenta o inefável / Fala de voz proibida."

Neste jogo entre ilusão de univocidade e real equivocidade na língua, esta está consciente dos seus limites, mas sabe também que "só em nós o Verbo se demora", que a língua, enquanto "palavra essencial", pode entrar no caminho de uma sacralização do humano, ganhar alma, entrever o Verbo: "Chamo verbo ao equívoco falado (...) / Mas o Verbo é unívoco e sagrado (...) / Desse Verbo que falo, mal declino / O caso do meu nome, nele divino; / (...) Mas, chamem-no vestígios da parábola, / E brilho como a pérola da fábula, / Homem, menos que nada e mais que tudo."
                
João Barrento, “A língua portuguesa na poesia portuguesa de hoje”,
 in Revista de Cultura nº 30, Fortaleza, São Paulo, novembro de 2002. 
    



    
SUGESTÕES DE LEITURA

[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2012/09/08/Verbo.Equivoco.aspx]

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

VERBO E ABISMO (Vitorino Nemésio)

         
        


VERBO E ABISMO
        
Já da vaga vocálica dependo
Como a alga que a onda leva à areia:
Mas eu mesmo, que a digo, mal entendo
A voz que clama a minha vida e a enleia.

Se intervenho no som gratuito, ofendo
Seu sentido secreto e íntima cheia:
Transtornado por ela, emendo, emendo,
E é ela que me absorve e senhoreia.

Verbo ao abismo idêntico, toado
Sobre os traços de fogo que precedem
presença de Deus no monte irado,

Ao teu sopro de amor as vozes cedem
O que a morte decifra e restitui
Ao espírito liberto do que fui.
    

Vitorino Nemésio, O Verbo e a Morte, Lisboa, Moraes Editores, 1959
   



   
TEXTO DE APOIO
    
Este soneto pertence a O Verbo e a Morte, editado em 1959. Livro aonde afluem ainda as ressonâncias da culpa, ele marca efetivamente a libertação do autor em relação ao tom deprimido e ascético de O Pão e a Culpa, e da primeira e derradeira secções de Nem toda a noite a vida. Resignação, libertação, ressurreição - eis alguns dos tópicos fundamentais de O Verbo e a Morte. Superação da renúncia ‑ poderíamos acrescentar. Por isso melhor assentaria a esta obra o título «O Verbo e a Vida».

Mais de vinte anos após La Voyelle Promise, o problema da enunciação ressurge com todo o vigor na poesia de Nemésio. Mas agora traz em sua companhia os efeitos de duas linhas de força: o pensamento existencialista (caldeado) e a assimilação duma certa reflexão linguística de raiz estruturalista (não cabendo, porém, aos diversos estruturalismos qualquer responsabilidade no aproveitamento poético de certos frutos da investigação linguística).

Tais factos não chegam a eliminar dos poemas inclusos em O Verbo e a Morte a profunda influência judeo-cristã que se nota em livros que já comentámos. Nem os pensadores existencialistas católicos ‑ um Gabriel Marcel, por exemplo ‑ ou simplesmente cristãos ‑ recordemos Karl Jaspers ‑ se ausentaram do horizonte filosófico de Nemésio pelo facto de Martin Heidegger o ter impressionado seriamente. Heidegger, enquanto comentador de Hölderlin, forneceu a Nemésio, antes de mais, uma perspetiva de tipo linguístico-ontológico. As relações que o filósofo alemão intenta entre a linguagem e o «ser» deviam naturalmente impressionar um poeta atreito a questionar o seu próprio ato enunciador. Por outro lado, o «ser para a morte», que Heidegger tão ostensivamente ofertou ao pensamento europeu, inseria-se às mil maravilhas na grande aspiração de renúncia de que tratámos anteriormente. Assim, a certa impregnação de raiz cristã ‑ derivada de ambientes, família, usos e costumes ‑, matizada pela ambiguidade do culto do Divino Espírito Santo, vem juntar-se, na obra poética·de Vitorino Nemésio, um existencialismo híbrido, que aproveita dos pensadores cristãos a transcendência positiva, e dum Heidegger a transcendência negativa ­ esta, para mais, evidenciada num «balbúcio» em torno de pré-socráticos e quejandos, confusões inerentes a uma «filosofia da linguagem», que tudo pode afirmar ou negar, pois é perfeitamente arbitrário o campo que Wittgenstein considerava «dépourvu de sens».

Podemos dizer que Vitorino Nemésio resistiu. O seu espírito ávido assimilou, dos existencialismos, a problemática referente a características que se encontravam latentes ao longo da produção poética do autor. Por outro lado, Nemésio transpõe oabismo que separa o pensamento de Heidegger da investigação linguística de tipo estruturalista. E eis o mesmo poeta que escreveu «Ser para...» (pág. 38), em Agosto de 1959, assumindo a «vaga vocálica» (soneto transcrito), em Setembro do mesmo ano.

Trata-se, no fundo, de realizações divergentes do mesmo étimo: a relação ser/linguagem. Em «Ser para...», o poeta concluía:

Que então já nem meu verbo
Quid ou qual ergue ou ousa:
Mudo, no ser acerbo,
pensamento repousa.
   
A anulação (fictícia, pois o autor continua poetando) do verbo funciona como aspiração ao ser opaco («acerbo»), lugar estrutural dum pensamento mudo, absoluto. Mas que consistência tem esse projeto? Pouco antes, o poeta formulara a seguinte interrogação:

Já no esperado futuros,
As estações afeitos,
Que pretéritos puros
Seremos, imperfeitos?
    
Já se operara, mesmo sob a influência heideggeriana, a intromissão de elementos desestabilizadores ao nível do monólogo com o «Ser». São eles a própria nomenclatura gramatical e consequente ambiguidade: «futuros», «pretéritos», «imperfeitos», pois cada um desses vocábulos acumula o significado corrente com o significado técnico ‑ à beira duma função metalinguística ‑ denunciando a «imperfeição» que é irredutível à unidade do «ser».

Colocar-se perante a «vaga vocálica» quer dizer, graças ao «dependo», resignar-se, enquanto poeta, à edificação do monumento possível ‑ humano, imperfeito, transitório: o poema. É nesta resignação, humilde em relação aos altos voos dos filósofos, que radica a ressurreição de Nemésio, se considerarmos o filão metafísico da sua poesia (na verdade, Festa Redonda e outros poemas denotam a existência, no mesmo homem, do poeta dos sentidos ‑ vida – e do poeta da abstração ‑ morte).

Se confrontarmos os dois primeiros versos do soneto «Verbo e Abismo», aí encontramos depostas a matéria e a sua sublimação. Mas por ordem inversa da que acabamos de apontar: em primeiro lugar a «vaga vocálica»; em segundo lugar «a alga que a onda leva à areia». Raramente um poeta terá atingido, ao nível da pesquisa no seu ser marinho, insular e insulado, instável e insatisfeito, oscilante, a concisão que esses dois versos patenteiam: «Já... dependo». Como interpretar aquele «já» senão como um «finalmente», isto é, como o porto a que se chega depois da «odisseia»? E como é que esse porto se pode identificar com uma dependência? A única resposta possível será, em nosso entender, a vitória final sobre o povoamento torturado da anterior poesia «metafísica» de Vitorino Nemésio. Por outras palavras: o poeta resigna-se à sua oscilação existencial. E nessa resignação ‑ nem anjo nem bicho ‑, integra-se no seu habitat: a onda que o leva é vocálica, como se o mar se fundisse no Verbo; a sua terra de arribação é a «areia», a qual guarda das ondas o sabor e o molde; a palavra é «como a alga», elemento novo deposto por um elemento móvel (água) no elemento terreno que mais se lhe assemelha: a areia. Ou seja: entre dois elementos de natureza diferente, mas ambos movediços, estabelece-se a ponte humana (a palavra) como a alga que é momentâneo repouso, e cujo futuro não entra nos tratados de filosofia. Acrescente-se que a «alga», «vaga vocálica», tanto pode ser, no poema, uma vaga (onda) de vogais como uma entidade vocálica que fosse vaga (nebulosa). Espantosa capacidade de interpenetração de onde ressurge integralmente o autor de Mau Tempo no Canal, o autor que «confundia» a matéria e as almas num fabuloso universo de presságios...

Cada dicotomia, detetada ou superada, abre espaço, porém, a uma nova dicotomia. O «sistema» poético de Nemésio, colocado sob o signo da «vaga vocálica», não apaga uma oposição senão para a reassumir em outra oposição. O «eu mesmo» do 3º verso da 1ª quadra denota a insistência na ambiguidade da 1ª pessoa, o enunciante, agora oposto a uma enunciação que se explicita como tal. E logo a oposição se transfigura em eu/voz, sujeito contraposto a essa «voz que clama a minha vida e a enleia». Ambiguidade do enunciante, consequente ambiguidade do enunciado. E, para além disto, a magnífica acumulação de «clama». «Clama» será apregoa? Sim, que o poema é pregão do poeta. «Clama» será «lamenta»? Sim, que «clama» é alótropo de «crama», forma desse verbo «cramar» ainda tão vivo nos dialetos açorianos. Mas, como pregão ou como lamento, a «vida» é o complemento objetivo do ato enunciador. Vida enleada, mas vida!

Deixar a enunciação entregue ao «ser»? Deixar o «sentido» no seu secretismo, no seu tumulto de maré («íntima cheia»)? Impossível! Faltar-lhe-á o agente, o enunciante. Agente imperfeito, mas necessário. Daí o «emendo, emendo», desta vez desdobramento sintagmático dos significados paradigmaticamente depostos em «clama» na estrofe anterior. «Emendo», só no propósito estético? Ou moral? Ou amálgama? Ou mundividência que, por ser visão do mundo, necessita dum desdobramento? É esse o desdobramento de «emendo, emendo», como denúncia circular (a repetição dos morfemas cria a subjacência resignada) da imperfeição. E se repetir é, em estrutura de superfície, pleonasmo (aparente redundância que afinal entretece a própria função poética da linguagem), pleonástico será o último verso da segunda quadra: «E é ela que me absorve e senhoreia». Pleonástico? Só ao nível do conceito abstratamente encarado. Só na medida em que repete o embrião do «dependo» do 1ºverso. Postos de lado os pretensos matematicismos da linguagem, «depender» é estar sujeito, «ser absorvido» atinge uma intensidade que se não pode confundir com «depender», e «senhorear» envolve conotações de dominância que vão entroncar na história das civilizações. Assim, Vitorino Nemésio passa do reconhecimento duma «dependência» ao da globalidade da «absorvência», para depois restaurar, num vocábulo impregnado de feudalidade e culto da mulher, um tipo de fatal subjugação ‑ neste caso à cadeia vocálica do poema.

«Verbo ao abismo idêntico» ‑ prossegue. Salvação igual a perdição. Norma absoluta e tão arbitrária como o decálogo dum Deus irado. Ira igual a amor. Oxímoro que resulta da «presença» da negação integral que é a Morte. Consciência de «ser para... », a qual restitui ao Verbo a liberdade. Pode voar a palavra liberta por «saber a morte». E o Verbo, sendo Espírito, representa afinal a grande conquista da Vida!
     
José Martins Garcia, Vitorino Nemésio, a obra e o homem, 
Lisboa, Editora Arcádia, 1978, pp. 177-182)
       




       
SUGESTÕES DE LEITURA


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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O POSSÍVEL DEUS (Vitorino Nemésio)

         
Vitorino Nemésio
Desenho de Emanuel Félix (2012)



        
O POSSÍVEL DEUS

Pudesse Deus dizer!
Mas só pode
O possível de Deus, amor
Dito jamais senão amado.
Nem fazer pode
Deus amando, que tudo
É, nem feito nem dito:
Ser Amor
Ama sendo infinito.

Não posso Deus
Mas abro-me ao seu... quê?
Que relação de posse a Deus daria?
Ele nada tem nem é
Senão o amor que me dá:
Aberto é ele, e eu entraria.
Amar para caber?
Mas qualquer condição me perderia!
       

Vitorino Nemésio, O Verbo e a Morte (1959)
          



         
LINHAS DE LEITURA
      
Comente o poema, explicitando e desenvolvendo os tópicos:
      
• O sujeito poético reflecte sobre Deus:
- o inominável;
- o amor infinito.

• O sujeito poético reflecte sobre si mesmo:
-limitado pela linguagem incapaz de atingir Deus;
- amado por Deus;
- aberto Deus.

• O sujeito poético reflecte sobre relação de Deus do homem do homem de Deus.

• A ausência do verbo "dizer" no verso 10 indicia o silêncio perante Deus.
      
Aula Viva. Português B 12º Ano, João Guerra e José Vieira, Porto Editora, 1999.
    
      



SUGESTÕES DE LEITURA
      

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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O POETA É UM MOSTRADOR (Vitorino Nemésio)


           
        
O POETA É UM MOSTRADOR


O poeta é um mostrador. Tal numa ostra
Se esconde como lágrima uma pérola
Cantando, se não é alma o que mostra
E, chorando, uma estrela, acha uma esquírola

De estrela e um hausto íntimo que o prostra:
Último alento de hálito, berilo
Na coroa do Ser com que se arrostra.
Sua voz (frio e fosco) é a pérola.

Mas o poeta ainda é mais que mostrador
Do próprio coração da vida, à flor
Do verbo de raiz no Verbo-Amor:
Porque, do fogo ateador (e foge-o
Então o humano medo), é já relógio
Do tempo eterno, às mãos de Deus, sua dor.
       
Vitorino Nemésio, O Verbo e a Morte (1959)
          


         
TEXTO DE APOIO
      
No poema «O Poeta É Um Mostrador», Vitorino Nemésio, de forma implícita e através do recurso à ostra e à pérola por ela produzida, aborda de novo as modificações que o canto do poeta sofre, o meio de onde parte, até chegar à perfeição. Servindo‑se de uma comparação ‑ «Tal numa ostra / Se esconde como lágrima uma pérola» ‑, acaba por mostrar como a larva pode originar uma criação bela, considerando a voz do poeta a pérola que se encontra alojada dentro da ostra: «Sua voz (frio ele e fosco) é a pérola».

A pérola é o resultado da reacção da ostra a elementos perturbadores que nela se introduzem, um dos quais pode ser a larva. Esta, será, pois, causa da formação da pérola. O poeta é considerado por Vitorino Nemésio «frio e fosco», enquanto a sua voz, o seu canto, é a pérola preciosa que alberga em si, que esconde dentro de si próprio e que foi construindo a partir da «larva» que dentro de si se instalou.
              
Maria da Assunção Morais Monteiro, «A metamorfose em Vitorino Nemésio e Miguel Torga», em Vitorino Nemésio. Vinte Anos Depois – Actas do Colóquio Internacional, Lisboa-Ponta Delgada, Cosmos, 1998, pp. 179-187. Disponível em alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/assunc01.rtf
            


       
LINHAS DE LEITURA
      

Comente o poema, explicitando e desenvolvendo os tópicos:
      
• A pérola que se esconde dentro da ostra ‑ o poeta ‑ é palavra.

• A ostra participa do simbolismo da pérola: actividade criadora, perfeição.

• O poeta é um criador e sua actividade exerce-se pela palavra. É criador do Verbo, que revela "o coração da vida".

• Quer cante, quer chore, poeta é um ser que procura mostrar interioridade do Ser.

• A expressividade das metáforas e das imagens deixa transparecer trabalho sobre enunciação.
      
Aula Viva. Português B 12º Ano, João Guerra e José Vieira, Porto Editora, 1999.
    
      



SUGESTÕES DE LEITURA


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2012/09/05/poeta.mostrador.aspx]