Caldeirão da ilha do Corvo |
CORO DOS VELHOS DO CORVO
Num rochedo fomos gerados pelo amor
da solidão. Nascemos do mar e da pedra.
Meninos brincámos ao tempo o único
brinquedo que nossos avós forjaram
na navalha das noites aluadas.
Éramos a chuva que inundava
nossos pés sem caminhos de andar.
Éramos o vento em correria na vertente
do pico que nos vencia.
Éramos o sol aquecendo nossa pele
de sal ardente e maresia.
Alguns tiveram um barco no silêncio
da viagem para oeste apetecida
e disseram haver e ser atalhos
sem fim e terras sem mar.
Mas ficámos presos ao verde
que atapeta nosso rochedo
e nosso sonho na partida adiada.
Anediámos os úberes das vacas
os seios de uma mulher
os flancos das ovelhas.
Apetecemos os pêlos das raízes
o orvalho dos lábios a doçura
das ervas nas manhãs brandas.
Falámos amor num só dia
e calámos. A nossa raiva
num instante emudecida.
Os nossos gestos desperdiçados
numa hora. Depois voltámos
a olhar o mar e éramos
homens no limite da vida.
Revolvemos o caldeirão plantámos
o milho e a novidade soubemos
curar o queijo erguer labaredas
na pá do forno na paz da cozinha.
Criamos filhos no embalo
dos dedos no arame da viola
no baloiço da onda na voz
da mulher que os parira. Que também
eles tinham sido gerados
pela solidão do mar e da pedra.
Um dia demos as mãos
subimos ao pico da ilha.
Aos filhos revelámos a cratera
a lagoa com ilhotas figurando outras
terras de só ter o mar.
Dissemos os verdes diferentes
de ver a chuva o vento o sol.
Apontámos a distinção do céu
e das águas confundidas.
E mostramos um barco para oeste
no murmúrio da viagem incitada.
Ficámos. À navalha raspamos
o tempo para os netos que não temos.
Tropeçamos nos carreiros os passos
que não se dão. Contamos nos degraus
da igreja as palavras ditas
da dita de quem partiu. Desenhamos
no terreiro traços do que calamos
- a única coisa que temos.
E mais a ilha. Cá estamos.
Vasco Pereira da Costa, Ilhíada
Angra do Heroísmo, SREC, 1981, pp. 29-32
Vasco Pereira da Costa (1948). Professor, poeta, pintor, natural de Angra do Heroísmo reside em Coimbra.
ILHÍADA
I
trago na mão
na boca versos que trago
e lanço à germinação
II
antes de tudo houve o caos
mas em verdade houve
fogo deveras e pedras
após terra que cresceu verde
no canto dos melros pretos
III
entre a água e a terra o frio
e o lume de amores plenos
IV
foi assim por muito tempo
o tempo da idade esquecida
maduros os verdes
nas gerações da água das aves
de arribação
V
vieram dos algarves homens sem terra
que ataram o preto servindo
os capitães pintaram loiro no verde
geraram filhos dos senhores na fala
mansa do sul
chegaram nomes estranhos de mais
donos da terra
VI
mas o caos era
latente fervia nas entranhas
sem fuga o céu salvava
a dor curvada ao trigo dos mercadores
VII
no mar da noite o medo novo
de corsairos novos amos
VIII
a maré ouvia sombras
nos lenes sons dos filhos dos homens
do sul
confundia o preto da pedra o verde da terra
o loiro do trigo
IX
a água límpida impia
tolhia a vista afogando visões
de infinito sem mar
X
para oeste navegavam galeões aos grandes
voos libertadores chegavam naus
de aromas metais cadáveres honras
na baía o monte envolvente surdia
ressonâncias de chama a chamar
XI
partiam os filhos dos homens já
loiros do sul morenos do norte
deixando o grão no arado e a sanha
dos capitães mercadores donatários
XII
o caos apedrejava os lutadores
teimosos de frente
aos elementos aos senhores
do solo do céu
XIII
duas sílabas inda pronunciavam
li ber
XIV
o tempo foi colhendo verdes
chocando ovos dos melros
pretos foram-se mais
homens da terra a ver o mar
américa para quem vai
na vaga
XV
a onda ajuntava nas despedidas
uma sílaba à palavra iniciada
XVI
ficava povo nos cerrados acariciando
as tetas das gueixas criaram
verdes inda mais maduros
e souberam completar o
nome
XVII
donatários capitães vedores
da fazenda provedores mercadores
frades contadores almoxarifes
padres oficiais recebedores
corregedores juízes e justiças
proibiram
a palavra escrita
no cais interrogou-se o mar
XVIII
trago na mão versos
na boca versos que trago
e lanço à germinação
deixo o teu nome escrito
numa pedrinha do cais
Vasco Pereira da Costa, Ilhíada
Angra do Heroísmo, SREC, 1981, pp. 44-61
Angra do Heroísmo, SREC, 1981, pp. 44-61
VASCO PEREIRA DA COSTA - [N. Angra do Heroísmo, 22.6.1948] Professor e escritor. Concluiu os estudos secundários no Liceu de Angra de Heroísmo e licenciou-se em Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, cidade onde passou a residir. Professor do Ensino Secundário, desde 1972, esteve ligado à formação de docentes, de 1986 a 1991, tendo frequentado vários cursos de formação pedagógica. Lecionou, também, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra e é autor de um programa para a disciplina de Português, do 10º ano de escolaridade.
Paralelamente à atividade docente, proferiu várias conferências, em Portugal e no estrangeiro, sobre gestão das atividades culturais, temas de carácter didático-pedagógico e literário. Várias das suas comunicações, proferidas em encontros de escritores açorianos e junto das comunidades de emigrantes, abordam temáticas da cultura açoriana. Fez parte de diversos júris de prémios literários e é membro do comité da Alliance Française de Coimbra e Cônsul Honorário de França, na mesma cidade. A partir de 1991, exerceu as funções de Diretor do Departamento de Cultura, Turismo e Espaços Verdes da Câmara Municipal de Coimbra.
É, também, poeta, ensaísta e contista. Para além de vários livros publicados a partir de 1978, parte da sua obra está dispersa em jornais e revistas dos Açores e do continente. Está representado na Antologia de Poesia Açoriana, organizada por Pedro da Silveira, e na Antologia Panorâmica do Conto Açoriano, organizada por João de Melo. É um escritor fortemente marcado pelas origens açorianas, mas também por toda a vivência coimbrã e pelos contactos mantidos com as comunidades de emigrantes. Em 1984, recebeu o Prémio Literário Miguel Torga, instituído pela Câmara Municipal de Coimbra, com a obra Plantador de Palavras. Vendedor de Lérias. Em Setembro de 2001, integrou o Governo Regional dos Açores, como Diretor Regional da Cultura.
Carlos Enes, Enciclopédia Açoriana (2001)
Obras Principais (1972), 5 Poemas. Vértice, XXXII (338). (1978), Nas Escadas do Império. Coimbra, ed. Centelha [contos]. (1979), Amanhece na Cidade. Coimbra, Ed. Centelha [novela]. (1980), Venho cá mandado do Senhor Espírito Santo. Lisboa, Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa [memória]. (1981), Ilhíada. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura [poesia]. (1984), Plantador de Palavras. Vendedor de Lérias. Coimbra, Câmara Municipal [contos]. (1987), Memória Breve. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura [contos]. (1992), Riscos de Marear. Ponta Delgada, Signo [poesia]. (1994), Sobre-Ripas/ Sobre-Rimas. Coimbra, Minerva [poesia]. (1998), Terras. Porto, Campo das Letras [poesia]. (1999), My Californian Friends. Viseu/Providence, Palimaye/Gavea Brown [poesia].
VASCO PEREIRA DA COSTA: O ESCRITOR E A ESCRITA
O meu primeiro encontro com a escrita de Vasco Pereira da Costa ocorreu aí por mil novecentos setenta e oito e graças à mediação de Mestre Gibicas, professor de ciências da vida, engraxador e aprendiz de poliglota na Praça Velha da cidade de Angra1, já então património da Humanidade, embora os homens ainda não tivessem reparado nisso.
Vinte anos depois, será caso para dizer que não perderam sentido nem força as razões que, na altura, motivaram a minha empatia e solidariedade para com uma personagem em cujos contornos se delineavam os traços de uma infância desamparada e dorida, a quem a escola da rua ensinara os mistérios do corpo e da vida e o desembaraço bastante para insultar os americanos da Base, em ocasião de People to People por certo não menos humilhante do que o palavrão que lhes é dirigido no seu próprio idioma. Um pouco por tudo isso, Gibicas passou a pertencer a esse património de imaginário que, na minha qualidade de leitor, vim acumulando ao longo do tempo e onde poderá, perfeitamente, ter como companheiro do lado o Abílio cabeça de boga2, talvez seu afastado primo terceirense de um tempo em que a moda da gasolina [ainda não secara] o, trigo do chão3 nem transformara a eira do Ramo Grande numa "pista colossal de aviões"4. Muito possivelmente, porém, ficar-se-ão por aí as afinidades entre ambos, pelo sentimento e pela experiência de uma infância desprotegida e ácida, a que a amizade e a cumplicidade do narrador-personagem trarão, em cada uma das histórias, aquele grão de afeto que salva um destino e um leitor também; porque, mesmo ao nível das modulações internas da escrita, a personagem e a narrativa de Vasco Pereira da Costa manifestam já os sinais de um tempo diverso, o da liberdade de nomear cruamente as coisas, sem a necessidade do recurso à alusão e ao subentendido, marcado pelo desembaraço verbal que permite afrontar o Outro pela palavra, os sinais de um tempo social também em mutação e em que, para citar de novo Nemésio, os filhos e netos dos velhos lobos-do-mar já não seguem as pisadas de pais e avós, mas são "grooms, ... engraxadores, criados de café, caixeiros de estanco e, até, donos de restaurante, de casa regional e de vendola"5.
A estreia editorial de Vasco Pereira da Costa em 1978 permite integrá-lo no grupo de escritores açorianos que desde os princípios dessa década (nalguns casos ainda nos limites finais da anterior) têm vindo a configurar aquele que, salvo erro de apreciação, se apresenta hoje como um dos mais fecundos momentos da literatura açoriana, em extensão, mas em profundidade também, a nível da criação propriamente dita e igualmente a nível da circulação e da receção: a mero título de exemplo refira-se a atenção que, em termos mais vastos, lhe tem sido prestada em Universidades norte-americanas e brasileiras (na Universidade de Brown, Onésimo Teotónio Almeida criou em 1977 uma cadeira de Literatura Açoriana, e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul possui neste momento um dinâmico núcleo de estudos da Literatura Açoriana coordenado por Assis Brasil) e mesmo por estudiosos europeus, entre eles alguns universitários portugueses, de que destacaria Carlos Jorge Pereira pelo seu contributo para o estudo e divulgação da obra do parnasiano Garcia Monteiro, de quem preparou Rimas de Ironia Alegre, antologia editada na Coleção Brevíssima (Livraria Civilização e Contexto Editora, 1997); a própria Universidade dos Açores desde 1985 que tem em funcionamento nos planos curriculares dos cursos de Línguas e Literaturas Modernas uma disciplina anual de Literatura e Cultura Açorianas, que já foi regida pelos Professores Doutores José Martins Garcia e José de Almeida Pavão e cuja lecionação assumi a partir de 1990 com um abrangente programa que inclui mesmo autores que não gostam de ouvir falar nem de Literatura Açoriana nem da Universidade.
Trata-se, em suma, e para retomar o fio à meada, de um grupo de escritores na sua maioria a rondar por essa altura a casa dos trinta anos (a que depois se juntariam outros não situáveis dentro desses limites etários) e que, em termos literários e no contexto açoriano, prolongam e refazem a lição da "geração" anterior (admitindo sempre o que de precário e impreciso possa existir nesta designação), em que sobressaem os nomes de Emanuel Félix, Almeida Firmino (desaparecido a meio dessa década), Dias de Melo (que em meados dos anos sessenta publicara Pedras Negras, uma narrativa central na sua obra), Pedro da Silveira (poeta e investigador, autor da Antologia de Poesia Açoriana, de 1977, ainda hoje uma obra de referência), Vitorino Nemésio (que em 1972 vem a público com Limite de Idade, livro de viragem de um poeta que aos setenta anos está suficientemente vivo ainda para apontar novos caminhos à poesia portuguesa, em parte reafirmados na Sapateia Açoriana, de 1976, que assinala também uma revitalizada revisitação da realidade insular) e, mais remotamente talvez, o Armando Côrtes-Rodrigues de Horto Fechado (1953). E ao referir apenas estes não ignoro a existência de outros, mas convoco-os pela sua maior visibilidade, por serem aqueles que mais nitidamente se vislumbravam no horizonte e de quem, de modo mais imediato, se poderia receber um testemunho literário em que era possível detetar a consciência do espaço e a consciência da linguagem e onde a lição do neorrealismo se cruzava com a dos modernismos portugueses, filtrados já pelas experiências posteriores à Poesia 61 e, mais restritamente, com a leitura da literatura cabo-verdiana nascida com a Claridade (1936).
Admitindo que os dados circunstanciais, embora não expliquem uma obra literária, ajudam a compreendê-la e a situá-la, dir-se-á muito genericamente que esta geração dos anos setenta (para evitar confusões com a do século passado) traz consigo a experiência dos anos finais do Estado Novo, com os seus mecanismos de apertado policiamento das almas e restrição das liberdades individuais, com a "apagada e vil tristeza" de um quotidiano cinzento entrecortado pelo fogo e pelos rumores de fundo de uma guerra colonial que, para muitos, foi bem mais do que um simples rumor. Mas esta é também uma geração que pôde viver a experiência de liberdade6 proporcionada por Abril de 1974 e dela desfrutou para te matizar a história recente ou pretérita redimindo-a ou esconjurando-a pela palavra e também para reinventar a sua própria memória, através dela questionando o sentido de pertença a um tempo e a um espaço - e tudo isso sob o signo de um olhar descentrado, que vê o mundo a partir de uma matriz insular de afastamento, distância.
No caso de Vasco Pereira da Costa, a sua escrita organiza-se muito em função desse lastro da memória, bastante mais vasta, aliás, do que aquilo que deixa entender o título de um dos seus livros7.
Em primeiro lugar, aquela a que, à falta de melhor, eu chamaria uma memória geográfica, propiciando a representação de um espaço e de um tempo que são fundamentalmente os da infância e mesmo da adolescência no "pequeno mundo" açoriano e angrense8: a euforia e a perplexidade perante a descoberta do corpo, as deceções dos primeiros amores frustrados recortam-se sobre o fundo de uma vivência coletiva em que, na anotação do tempo da história, a referência política combina com as "miragens da América" e o tropeço nos americanos de cada dia, compondo ainda um quadro de rotinas e pequenas vidas, mas também de olhares inquietos sobre o "grande mundo", de sonhos e expectativas nem sempre concretizadas, a desembocar na loucura insular9 que atravessa, por exemplo, o conto "A Fuga"10. E até mesmo a presença de uma imagem como a da devastação física de Angra é pretexto para uma incursão por esse espaço da memória, numa indagação que conduz narrador e leitor aos primórdios de uma saga familiar em que verdade e mito se entrelaçam e fundem, finalmente.11
Num percurso de iniciação e amadurecimento do narrador-personagem que a narrativa de Vasco Pereira da Costa globalmente perfaz, essa memória geográfica é também a de Coimbra, espaço de formação intelectual e de localização dos acontecimentos narrados em Amanhece a Cidade12, onde a ficção recupera o ambiente da crise académica de 1969. Se noutros textos as referências à América remetiam já para uma condição de dispersão e errância, em Amanhece a Cidade a dispersão e o desenraizamento, levando à criação de ilhas alternativas, são um facto objetivo, vivido e contado por um narrador insular que, tal como Antero um século antes, também poderia referir-se a Coimbra e à "irrespeitosa agitação intelectual de um centro, onde mais ou menos vinham repercutir-se as encontradas correntes do espírito moderno”.13 Mas nem aqui se perde de vista essa ilha real, mesmo que nos seus traços gerais o registo irónico que assinala a visão de regresso, frequente neste autor e produtor de um determinado efeito de distanciação, acabe por evidenciar ainda um desenraizamento de outra espécie, o da personagem em relação ao seu próprio espaço originário.
Em segundo lugar, poder-se-á falar, a propósito de Vasco Pereira da Costa, de uma memória cultural, e literária em termos mais restritos. Esse seria, por exemplo, o sentido da recuperação "histórica" verificada nas narrativas de Memória Breve e mesmo em vários dos textos que integram os seus livros de poemas, muito embora se esteja longe de uma simples reconstituição epocal, que, nalguns relatos, o recurso à linguagem arcaizante mais levaria a fazer crer. Trata-se sobretudo de indagar a profunda verdade humana e afetiva que subjaz aos acontecimentos narrados, articulando-os, por vezes, com a realidade do presente, como acontece com a memória de Pedro e Inês, em que numa colagem de tempos o passado histórico se cruza com a contemporaneidade do narrador, para mostrar na diversidade dos sinais a permanência da punição e do castigo que atingem o homem na sua precária condição. E mesmo a evocação de episódios históricos, a reescrita de textos ou ainda a suposta enunciação de personagens, cuja voz se faz ouvir em poemas de Ilhíada14 ou com grande incidência em Riscos de Marear15, passam como presença desse legado que enforma a escrita e que nela é interpretado à luz de um tempo presente; individual ou coletivo, esse legado integra um vasto índice de referências e informações que vêm de universos tão distintos como o da pintura e o da música, articulam o texto erudito com a canção popular açoriana, a crónica histórica e o registo da fala popular.
É a combinação dessas duas memórias, a geográfica e a cultural, que confere particular densidade a uma boa parte da poesia de Vasco Pereira da Costa, nomeadamente àquela que uma primeira abordagem tenderia a ver como um simples inventário de lugares, repositório de espaços e terras, que é exatamente o título do seu mais recente livro de poemas16. Também neste se parte de um espaço insular, o da "Prima Terra" que inaugura a obra, para perfazer um percurso de errância pelos "portos do mundo", simultaneamente físicos ô imateriais, objeto de um olhar perscrutador que neles atravessa a espessura dos dias e dá sentido e alma aos lugares e às coisas.
A convocação de toda esta herança cultural e a pluralidade de discursos produzem no interior da obra um efeito de vozes que dialogam entre si, e atestam a conceção da escrita como um trabalho de transformação de outros textos, como um processo de reescrita, afinal, e traduzem ainda, por parte do autor, a forte consciência de que escrever, sendo um compromisso com o tempo e com os homens, é também, e no mesmo plano, um compromisso com a literatura, com o rigor e a exigência da palavra em que nos dizemos.
Urbano Bettencourt, 1998
O Gosto das Palavras III (crónicas e leituras),
Lisboa, Edições Salamandra, 1999, Coleção Garajau nº55, pp. 113-118.
Lisboa, Edições Salamandra, 1999, Coleção Garajau nº55, pp. 113-118.
________________________
(1)
Vasco Pereira da Costa, "O Gibicas", in Nas Escadas do Império, Coimbra,
Centelha, 1978.
(2)
Personagem do conto "Cabeça de Boga", de Vitorino Nemésio, O Mistério
do Paço do Milhafre, Lisboa, Bertrand, 1949.
(3)
Vitorino Nemésio, "Cantigas ao Campo das Lajes", in Festa Redonda,
Lisboa, Bertrand, 1950.
(4)
Vitorino Nemésio, Corsário das Ilhas,
2ª ed., Lisboa, Bertrand, 1983, p.
105.
(5)
Ibid., p. 106.
(6)
Título de um livro que reúne textos publicados no Suplemento "Artes e Letras” do Diário de
Notícias, de maio a novembro de 1975 (Lisboa, Diabril, 1976).
(7) Memória Breve, Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura,
1987. O livro inclui três "memórias", a de Dinis e Isabel, a de Pedro
e Inês e a de Francisco Ornelas da Câmara.
(8)
A propósito de Nas Escadas do Império escreveu J. H. Santos Barros:
"... a minha Angra aí está, fidelissimamente restituída na sua
pureza de cal. E, depois, é uma Angra visível e legível em qualquer tempo e
lugar" (Diário de Lisboa, 26/12/1978).
(9)
Expressão de José Martins Garcia a propósito de Varanda de Pilatos, de Vitorino
Nemésio.
(10) Nas Escadas do Império, pp. 65-87.
(11) Plantador de palavras vendedor de lérias (Prémio Literário Miguel Torga ‑ Cidade de Coimbra), Câmara Municipal de
Coimbra, 1984.
(12) Amanhece a Cidade, Coimbra, Centelha, 1979.
(13)
Antero de Quental, Cartas, Lisboa, Editorial Comunicação e Universidade dos
Açores, 1989, Vol. II, pp. 833-834.
(14)
Por exemplo, "Poema de Ted Dutra... " e "Coro dos Velhos do
Corvo" in
Ilhíada, Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e
Cultura, 1981.
(15) Riscos de Marear, Ponta Delgada, Signo, 1992; veja-se "Lamentação
de Dona Violante do Canto a Dom António Prior do Crato".
(16) Terras, Porto, Campo das Letras, 1997.
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2010/02/17/ilhiada.aspx]
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