quarta-feira, 22 de março de 2023

Mia irmana fremosa, treides comigo (Cantiga de Amigo)


 






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Mia irmana fremosa, treides1 comigo
a la igreja de Vig’2, u3 é o mar salido4:
       E miraremos las ondas!

Mia irmana fremosa, treides de grado5
a la igreja de Vig’, u é o mar levado6:
       E miraremos las ondas!

A la igreja de Vig’, u é o mar salido,
e verra i7, mia madre, o meu amigo:
       E miraremos las ondas!

A la igreja de Vig’, u é o mar levado,
e verra i, mia madre, o meu amado:
       E miraremos las ondas!

Martim Codax (B 1280/V 886/PV 3)

A Lírica Galego-Portuguesa, edição de Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, 2.ª ed., Lisboa, Comunicação, 1985, p. 262.

_________
1 treides – vinde.
2 Vig’ – Vigo.
3 u – onde.
4 salido – agitado.
5 de grado – de vontade; com gosto.
6 levado – agitado.
7 verra i – virá aí.

Nesta cantiga de Martim Codax “a donzela incita a sua irmã formosa a irem ao santuário de Vigo, onde o mar é bravo, para olharem as ondas. Na verdade, como compreendemos nas duas últimas estrofes, essa ida é um pretexto para estar com o seu amigo, que também lá irá (como confessa, dirigindo-se agora à mãe). Note-se, de resto, como o refrão, mantendo-se inalterado, ganha, nestas estrofes finais, um outro (ambíguo) sentido”.

Fonte: Lopes, Graça Videira; Ferreira, Manuel Pedro et al. (2011-), Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA. [Consulta em 2023-03-21] Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1310&pv=sim




 

Paráfrase da cantiga

Minha irmã formosa, vinde comigo
à igreja de Vigo, que fica no meio do mar:
       E miraremos as ondas!

Minha irmã formosa, vinde com vontade
À igreja de Vigo, onde o mar é levantado:
       E miraremos as ondas!

À igreja de Vigo, que fica no meio do mar,
e virá aí, minha mãe, o meu amigo:
       E miraremos as ondas!

À igreja de Vigo, onde o mar é levantado,
e virá aí, minha mãe, o meu amado:
       E miraremos as ondas!



 

Questionário sobre a cantiga de Martim Codax

1. Refira dois dos sentimentos que motivam o sujeito de enunciação desta cantiga a ir a Vigo. Apresente, para cada um desses sentimentos, uma transcrição pertinente.

2. Explicite o papel da natureza nesta cantiga, bem como o valor simbólico que assume.

3. Complete as afirmações seguintes, selecionando a opção adequada a cada espaço.

Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Do ponto de vista formal, esta cantiga classifica-se como paralelística. Uma evidência dessa estrutura formal é a).

Quanto ao desenvolvimento temático, é de assinalar, por um lado, o facto de, em todas as estrofes, o sujeito poético se dirigir a um interlocutor; a partir da terceira estrofe, esse interlocutor passa a ser b).

Por outro lado, constata-se que, nas duas últimas estrofes, o sentido do verso «E miraremos las ondas!» evolui, podendo, mais claramente, ser associado c).

a)

b)

c)

1. o facto de todos os dísticos terem o mesmo número de sílabas métricas

2. a existência de quatro estrofes, todas elas constituídas por tercetos

3. a repetição dos versos da primeira estrofe na segunda estrofe e da terceira estrofe na quarta estrofe,

com variação das palavras em

posição de rima

1. o mar revolto

2. a mãe

3. a irmã

1. à ideia de proximidade entre a donzela e o seu amado

2. à permanente vigilância que familiares exercem sobre a donzela

3. à preocupação da donzela com o estado do mar

 

Explicitação de cenários de resposta:

1. Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

o amor, patente, por exemplo, em «o meu amigo» (v. 8) ou «o meu amado» (v. 11);

a esperança de ver o seu «amigo», patente, por exemplo, em «e verra i, mia madre, o meu amigo» (v. 8) ou «E miraremos las ondas!» (refrão).

2. Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

o espaço físico constitui o cenário natural para o encontro entre a donzela e o amigo;

o mar agitado espelha, simbolicamente, o estado de alma da donzela, que espera com ansiedade encontrar o seu amigo.

3. Chave de correção: a-3; b.2; c-1.

 

Fonte: Exame Final Nacional de Português n.º 639 – Ensino Secundário, 12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho | Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho). Portugal, IAVE– Instituto de Avaliação Educativa, I.P., 2020, 2.ª Fase

 


     Poderá também gostar de:

 “Poesia trovadoresca galego-portuguesa”, José Carreiro. In: Folha de Poesia, 2018-05-18. Síntese didática disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/poesia-trovadoresca-galego-portuguesa.html


 


CARREIRO, José. “Mia irmana fremosa, treides comigo (Cantiga de Amigo)”. Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 22-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/mia-irmana-fremosa-treides-comigo.html


terça-feira, 21 de março de 2023

Mia senhor fremosa, direi-vos ũa rem (Cantiga de Amor)

CBN 132

 






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Mia senhor fremosa, direi-vos ũa rem1:
vós sodes mia morte e meu mal e meu bem!
     E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
     Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Vós sodes mia mort’e meu mal, mia senhor,
e quant’eu no mund’hei de bem e de sabor2!
     E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
     Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Mia mort’e mia coita sodes, nom há i al3,
e os vossos olhos mi fazem bem e mal.
     E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
     Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Senhor, bem me fazem soo4 de me catar5,
pero vem m’en6 coita7 grand’; e vos direi ar8:
     E mais por que vo-lo hei eu já mais a dizer?
     Mia morte sodes, que me fazedes morrer!

Nuno Eanes Cerzeo, Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 132

Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, edição coordenada por Graça Videira Lopes, Vol. 2, Lisboa, BNP/IEM/CESEM, 2016, pp. 167-168.


__________

1 rem (verso 1) – coisa.
2 sabor (verso 6) – gosto; prazer; desejo.
3 nom há i al (verso 9) – sem qualquer dúvida.
4 soo (verso 13) – só.
5 catar (verso 13) – olhar.
6 en (verso 14) – disso; disto.
7 coita (verso 14) – sofrimento, mágoa.
8 ar (verso 14) – novamente; também.

 

Nesta cantiga de amigo, o trovador diz à sua senhora que ela é, ao mesmo tempo, a sua morte, o seu mal e o seu bem. É a sua morte porque o faz morrer, mas é também todo o bem que ele tem no mundo. Quando ela o olha, os seus olhos fazem-lhe bem, mas fazem-lhe mal quando esse bem se transforma em sofrimento.

Fonte: Lopes, Graça Videira; Ferreira, Manuel Pedro et al. (2011-), Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA. [Consulta em 2023-03-20] Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=105&pv=sim

 

Questionário sobre a cantiga de Nuno Eanes Cerzeo

1. Apresente três características do poema que permitam identificá-lo como uma cantiga de amor.

2. Explicite dois dos efeitos que resultam da oposição estabelecida, ao longo do texto, entre «meu mal» e «meu bem».

3. Analise o sentido das palavras «morte» e «morrer», tal como ocorrem no segundo verso do refrão.

4. Tendo em conta a terceira e a quarta estrofes, explique as referências ao olhar («olhos», verso 10; «catar», verso 13).

 

Explicitação de cenários de resposta

1. Na resposta, devem ser desenvolvidos três dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes.

As características que permitem identificar o poema como uma cantiga de amor são:

− a apóstrofe «mia senhor» (vv. 1 e 5);

− a voz masculina do sujeito poético;

− o tema do amor tratado segundo o ideal do amor cortês;

− uma acentuação dos aspetos contraditórios do sentimento amoroso;

− o elogio da dama, caracterizada pelo sujeito poético como «fremosa» (v. 1).

2. Na resposta, devem ser desenvolvidos dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes.

A oposição estabelecida entre «meu mal» e «meu bem» produz os seguintes efeitos:

− marcar o tom antitético que, introduzido no verso 2, se manterá ao longo do poema;

− sugerir o sofrimento («meu mal») e o prazer («meu bem») provocados pelo amor que o sujeito poético sente pela amada;

− expressar a tensão provocada por sentimentos contraditórios;

− acentuar a intensidade da paixão amorosa.

3. Na resposta, devem ser desenvolvidos dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes.

Tal como ocorrem no segundo verso do refrão, as palavras «morte» e «morrer» remetem para:

− a expressão dos efeitos dolorosos do sentimento amoroso;

− a sugestão de que a morte é consequência inevitável da «coita» (vv. 9 e 14);

− a representação poética da intensidade da paixão despertada pela «senhor»;

− a manifestação de um amor intenso, embora impossível.

4. Na resposta, devem ser desenvolvidos dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes.

Na terceira e na quarta estrofes, o olhar é apresentado como:

− veículo da paixão que atormenta o sujeito poético;

− símbolo da atenção que a «senhor» dedica ao sujeito poético;

− modo privilegiado de relação entre a «senhor» e o sujeito poético;

− sinal da distância entre a «senhor» e o sujeito poético.

 

Fonte: Exame Final Nacional de Literatura Portuguesa. Prova 734 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2019 | 11.º Ano de Escolaridade | Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho | Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho. República Portuguesa – Educação / IAVE-Instituto de Avaliação Educativa, I.P.

 


     Poderá também gostar de:

 “Poesia trovadoresca galego-portuguesa”, José Carreiro. In: Folha de Poesia, 2018-05-18. Síntese didática disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/poesia-trovadoresca-galego-portuguesa.html


 


CARREIRO, José. “Mia senhor fremosa, direi-vos ũa rem (Cantiga de Amor)”. Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 21-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/mia-senhor-fremosa-direi-vos-ua-rem.html


segunda-feira, 20 de março de 2023

Pois nossas madres vam a San Simon (Cantiga de Amigo)

 






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Pois1 nossas madres vam2 a San Simon
de Val de Prados candeas3 queimar4,
nós, as meninas, punhemos5 d’ andar6
com nossas madres; e elas enton
queimem candeas por nós e por si,
e nós, meninas, bailaremos i7.

Nossos amigos todos lá iram8
por9 nos veer10, e andaremos nós
bailand’ ant’11 eles, fremosas, em cós12;
e nossas madres, pois que alá13 vam,
queimem candeas por nós e por si,
e nós, meninas, bailaremos i.

Nossos amigos iram por cousir14
como bailamos, e podem veer
bailar i moças de bom parecer;
e nossas madres, pois lá querem ir,
queimem candeas por nós e por si,
e nós, meninas, bailaremos i.

 

Pero de Viviães, CV 336, CBN 698

Stephen Reckert e Helder Macedo, Do Cancioneiro de Amigo, Lisboa, Assírio & Alvim, 1976 (texto com algumas atualizações ortográficas)

 

____________
1 pois (vv. 1, 10 e 16): já que.
2 vam (vv. 1 e 10): vão.
3 candeas (vv. 2, 5, 11 e 17): candeias; velas.
4 queimar (v. 2): acender.
5 punhemos d’ (v. 3): decidamo-nos a.
6 andar (v. 3): ir.
7 i (vv. 6, 12, 15 e 18): aí; lá.
8 iram (vv. 7 e 13): irão.
9 por (vv. 8 e 13): para.
10 veer (vv. 8 e 14): ver.
11 ant’ (v. 9): diante de.
12 em cós (v. 9): sem manto ou capa.
13 alá (v. 10): lá.
14 cousir (v. 13): apreciar.

 

I. Análise de uma composição trovadoresca galego-portuguesa:

Apresentação

Identificação: «Pois nossas madres vam a San Simon»,

Género: cantiga de amigo

Presença nos cancioneiros: CV 336, CBN 698

Autor: Pero de Viviães (jogral)

 

Paráfrase da cantiga

que nossas mães vão a S. Simião

de Vale dos Prados velas queimar,

nós, as meninas, deixemo-nos levar

com nossas mães, e elas então

queimem velas por nós e por si,

e nós, as meninas, bailaremos .

 

Os nossos amigos todos irão

para nos ver e andaremos nós

bailando diante deles, formosas, em cós (sem manto, em corpo bem feito);

as nossas mães, que vão,

queimem velas por nós e por si,

e nós, as meninas, bailaremos .

 

Os nossos amigos irão para ver (contemplar, apreciar)

como bailamos, e podem ver

bailar moças de mui bom parecer (formosas);

e as nossas mães, que vão (querem ir),

queimem velas por nós e por si,

e nós, as meninas, bailaremos

 

Paráfrase da cantiga adaptada de Aula Viva Português A 10.º Ano. João Guerra e José Vieira. Porto Editora, 1995, p.121

 

Estrutura externa (descrição dos processos formais de versificação)

Cantiga de refrão, constituída por três coplas singulares (uma combinação de rimas para cada estrofe; note-se que as rimas mudam de estrofe para estrofe, embora dentro da mesma fórmula rimática: abbaCC. Vários autores dizem ao contrário: que cada copla tem o seu próprio esquema rimático, por isso seriam coplas singulares).

Cada copla tem uma quadra com o tipo de rima emparelhada e interpolada de versos decassílabos agudos e o refrão em dísticos monorrimos de decassílabos agudos.

 

Tema

Convite ao amor, numa situação de romaria, enquanto as mães cumprem promessas.

 

Assunto

Nesta composição poética, cantiga de amigo e de romaria, o trovador, num discurso lírico e narrativo, através da boca das meninas, traquinas e matreiras, expressa a sua grande alegria e entusiasmo por irem a San Simon de Val de Prados: é que se vão encontrar com os seus amigos e bailar, elas; as mães podem bem rezar por todas elas e por si próprias, “pois que alá van”.

(In A lírica trovadoresca, Mª José Barbosa, Edições Sebenta, [1997])


Esquema interpretativo da cantiga “Pois nossas madres vam a San Simon”

(cf. Ser em Português, Português A, 10.º Ano, Artur Veríssimo et alii. Areal Editores, 1997, p. 89)


II - Apresente, de forma estruturada, as suas respostas ao questionário sobre a cantiga de Pero de Viviães, “Pois nossas madres vam a San Simon”.

1. Indique quatro características temáticas do poema que contribuem para a sua inserção no género das cantigas de amigo.

2. Analise as relações, formais e semânticas, existentes entre o conjunto de versos 7, 8, 9 e o conjunto de versos 13, 14, 15.

3. Compare, apoiando-se em elementos do poema, os objetivos das raparigas e os das suas mães, relativamente à romaria.

4. Neste género de cantigas é, muitas vezes, recriado um ambiente sensual, ainda que de forma mais ou menos discreta. Comente, desse ponto de vista, a cantiga de Pero de Viviães, explicitando três dos aspetos indiciadores do tipo de ambiente referido.

 

Explicitação de cenários de resposta

1. Na resposta, podem ser referidas, entre outras, as seguintes características:

– representação de um sujeito poético feminino («meninas»);

– alusão aos namorados ou pretendentes («amigos»);

– referência às figuras maternas («madres») como tendo um papel relevante na vida das «meninas»;

– expressão, por parte das «meninas», do desejo de encontros amorosos;

– autoelogio do sujeito poético feminino («fremosas, em cós»; «moças de bom parecer» – v. 9 e v. 15);

– duplo valor da romaria, com objetivos religiosos para as mães e amorosos para as jovens;

– menção a cenas da vida concreta do povo;

– ...

2. Na resposta, o examinando deverá referir o paralelismo existente entre os dois conjuntos de versos, construído pela repetição e pelas variações. Assim:

– através da repetição da referência aos «amigos», é enfatizada a importância da presença do elemento masculino com um intuito determinado («Nossos amigos todos lá iram / por»; «Nossos amigos iram por» – vv. 7-8 e v. 13);

– através das variações formais, ganham destaque os objetivos de cada um dos grupos: de sedução e de exibição consciente, por parte das «meninas»; de observação e de admiração, por parte dos «amigos», relativamente às jovens («por nos veer», «por cousir / como bailamos» – v. 8 e vv. 13-14; «fremosas, em cós», «moças de bom parecer» – v. 9 e v. 15).

3. Na resposta, para além de outros aspetos, o examinando deverá referir que:

– para as mães, a viagem apresenta características de peregrinação religiosa («Pois nossas madres vam a San Simom / de Val de Prados candeas queimar» – vv. 1-2);

– para as «meninas», essa peregrinação não é mais do que uma oportunidade para se divertirem, um pretexto para se exibirem perante namorados ou pretendentes («lá iram / por nos veer, e andaremos nós / bailand’ ant’ eles» – vv. 7-9), deixando às mães o cumprimento das devoções («queimem candeas por nós e por si» – vv. 5, 11 e 17).

4. Na resposta, para além de outros aspetos, poderão ser referidos como traços indiciadores de sensualidade na cantiga:

– a dança das donzelas diante dos namorados;

– os termos pelos quais as «meninas» se descrevem fisicamente, dando conta da beleza sensual das suas figuras («fremosas, em cós») e do efeito que essa beleza possa ter sobre os seus «amigos»;

– a vontade, manifestada pelas donzelas, de serem observadas e apreciadas pelos rapazes, enquanto bailam;

– a utilização, pelas donzelas, da peregrinação religiosa das mães, como pretexto para encontros de natureza amorosa, possíveis no contexto da festa profana de uma romaria, em que bailar tem particular relevo;

– ... 

Fonte: Exame Nacional do Ensino Secundário n.º 734 - 10.º/11.º ou 11.º/12.º anos de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de março). Prova Escrita de Literatura Portuguesa, Lisboa, GAVE-Gabinete de Avaliação Educacional, 2007, 1.ª Fase



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 “Poesia trovadoresca galego-portuguesa”, José Carreiro. In: Folha de Poesia, 2018-05-18. Síntese didática disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/poesia-trovadoresca-galego-portuguesa.html


 


CARREIRO, José. “Pois nossas madres vam a San Simon (Cantiga de Amigo)”. Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 20-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/pois-nossas-madres-vam-san-simon.html