Conheço
o sal da tua pele seca
depois
que o estio se volveu inverno
da
carne repousada em suor nocturno.
Conheço
o sal do leite que bebemos
quando
das bocas se estreitavam lábios
e
o coração no sexo palpitava.
Conheço
o sal dos teus cabelos negros
ou
louros ou cinzentos que se enrolam
neste
dormir de brilhos azulados.
Conheço
o sal que resta em minhas mãos
como
nas praias o perfume fica
quando
a maré desceu e se retrai.
Conheço
o sal da tua boca, o sal
da
tua língua, o sal de teus mamilos,
e
o da cintura se encurvando de ancas.
A
todo o sal conheço que é só teu,
ou
é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um
cristalino pó de amantes enlaçados.
Jorge de Sena, Madrid, 16
de março de 1973.
CARREIRO, José. “Conheço
o sal, Jorge de Sena”. Portugal, Folha de Poesia, 10-08-2020.
Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2020/08/conheco-o-sal-jorge-de-sena.html
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