SÚPLICA
Agora
que o silêncio é um mar sem ondas,
E
que nele posso navegar sem rumo,
Não
respondas
Às
urgentes perguntas
Que
te fiz.
Deixa-me
ser feliz
Assim,
Já
tão longe de ti como de mim.
Perde-se
a vida a desejá-la tanto.
Só
soubemos sofrer, enquanto
O
nosso amor
Durou.
Mas
o tempo passou,
Há
calmaria...
Não
perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir
de novo a tua voz seria
Matar
a sede com água salgada.
Miguel Torga
Questionário sobre o poema “Súplica”, de Miguel
Torga:
1. A quem se dirige o sujeito
poético?
2. Que efeitos produziu o tempo no
sujeito poético?
3. O que pretende o sujeito lírico
transmitir ao dizer que «Agora que o silêncio é um mar sem ondas»?
3.1. De que forma é que essa
ideia é desenvolvida nos três últimos versos?
4. Nos dois últimos versos, é
percetível a razão desta súplica. Qual a verdadeira razão para ele desejar que
a amada não se aproxime?
5. O último verso da primeira
estrofe apresenta uma comparação. Indique a função expressiva desse recurso
estilístico.
Resolução:
1. O sujeito poético dirige-se a
alguém que já amou muito, mas cujo sentimento foi agora apaziguado («…enquanto/
O nosso amor/ Durou»).
2. O tempo permitiu o afastamento
dos dois, bem como o atenuar da paixão («Mas o tempo passou, /Há calmaria…»)
Porém, ele sabe que se ela se aproximar a paixão será ainda maior («Matar a
sede com água salgada»).
3. Ele pretende dizer que no
momento presente as emoções não magoam, pois, a paixão está tranquila. Porém,
esta situação deixa-o sem rumo, sem vida. 3.1. Como o sujeito poético consegue
encontrar e equilíbrio afastando-se da paixão que fazia sofrer (“só soubemos
sofrer”), ele suplica à amada para não se aproximar de novo, pois essa
aproximação ainda seria mais dolorosa.
4. No último verso vemos que a
aproximação seria ainda mais dolorosa, pois traria um desejo ainda maior
(“sede”), o qual seria sanado com o sofrimento (“água salgada”), ou seja, ainda
mais com desejo e paixão.
5. O facto de o sujeito poético se
afastar do amor, da paixão por ela, faz com que se afastasse também dele
próprio, deixando-se ir “sem rumo”, à deriva pela vida.
Fonte: Sebenta Português 12.º ano - Poetas
Contemporâneos II, Liliana Vieira Conde © 2016. Disponível
em: https://lilianavieira1.wixsite.com/sebentaportugues12/materiais-10-11-12-anos-portugues-e
CARREIRO, José. “Súplica,
Miguel Torga”. Portugal, Folha de Poesia, 18-08-2020. Disponível
em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2020/08/suplica-miguel-torga.html
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