- "Como fazer caligramas", Folha de Poesia, José Carreiro, 2023/11/19.
- "Como fazer um poema visual", Folha de Poesia, José Carreiro, 2020/05/27.
- “pOEsIA VISUAL”, Folha de Poesia, José Carreiro, 2010/12/10.
- “EDD'ORA ADDIO... - MIA SOAVE!...”, Folha de Poesia, José Carreiro, 2010/12/20.
- “poesia lúdica barroca”, Folha de Poesia, José Carreiro, 2010/11/04
- “A Poesia Experimental Portuguesa de Melo e Castro”, Isaac Ramos
- "Progression in Poetry", Innovat Education, Julie Sargent
- "Poetry toolkits", Pie Corbett and John Stannard Primary Writing Project 31 May 2013,
- https://www.pinterest.pt/cacanope/caligrama/
quarta-feira, 25 de maio de 2016
O homem-mãe (Cesariny)
sábado, 14 de maio de 2016
O guardador de rebanhos, Alberto Caeiro
Poderá também gostar de:
Fernando Pessoa
- Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da
obra de Fernando Pessoa, por José Carreiro. In: Lusofonia, https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/literatura-portuguesa/fernando_pessoa, 2021 (3.ª edição) e Folha
de Poesia, 17-05-2018.
Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html
segunda-feira, 9 de maio de 2016
ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE (Camões)
Marta Madureira (2012) |
Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
a grande dor das cousas que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
dei causa [a] que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse que fartasse
este meu duro génio de vinganças!
Luís de Camões, Rimas, texto estabelecido, revisto e prefaciado
por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005, p.170.
- Estamos perante um soneto em verso decassilábico heroico, com rima interpolada e emparelhada nas quadras e interpolada nos tercetos, segundo o esquema rimático ABBA / ABBA / CDE / CDE, sendo de assinalar o ritmo ternário do 1.º verso.
- Marcas de um discurso autobiográfico: uso da 1.ª pessoa do singular nos determinantes, pronomes e formas verbais (por exemplo, meus, minha, mim, passei, tenho, me, Errei, minhas, vi, meu); as referências ao percurso de vida («Errei todo o discurso de meus anos»).
- Neste relato autobiográfico, o sujeito poético atribui as causas da sua perdição aos erros que cometeu, ao seu destino infeliz e ao amor intenso, sendo que o amor, por si só, seria suficiente para a sua perdição.
- Os três termos dados no primeiro verso são desenvolvidos nos versos seguintes.
- As expressões «Tudo errei» (2.ª quadra) e «Errei todo o discurso de meus anos» (1.º terceto) sintetizam a forma como o sujeito poético olha para a sua vida passada.
- Na 2.ª quadra, o sujeito poético apresenta as consequências do seu passado de sofrimento no momento presente, a saber: a dor e o sofrimento passados foram tão intensos que impedem, no presente, o simples desejo de felicidade.
- No 1.º terceto, o sujeito poético identifica-se como o verdadeiro culpado por tudo o que passou, porque considera que os seus erros impediram-no de ter outro destino traçado.
- O amor, que já tinha sido referido na 1.ª quadra, reaparece no último terceto associado a «breves enganos» (i.e., as desilusões amorosas que terá sofrido).
- Processos usados na construção do sentido disfórico do soneto: em primeiro lugar, o léxico selecionado pelo autor é fortemente indicativo de disforia: «em minha perdição»; «a grande dor»; «as magoadas iras»; «errei». O uso do pronome indefinido «tudo» («tudo passei») e do quantificador «todo» («Errei todo o discurso de meus anos») introduzem uma nota de extremismo no balanço negativo, nota que aliás se repete no verso «De amor não vi senão breves enganos». A acumulação no primeiro verso do soneto pode também considerar-se como um processo de construir a disforia já que a junção das três causas negativas poderá constituir um meio de as intensificar.
- A interjeição «Oh!» acompanhada de uma frase exclamativa e de tipo imperativo estão ao serviço da expressão de um desejo que o sujeito poético gostaria de ver realizado: o de que as vinganças do destino acabem. Assim, os sentimentos presentes na interjeição que introduz os dois últimos versos são os de amargura, alguma revolta e necessidade de pôr fim ao sofrimento do próprio sujeito poético.
Questionários sobre a leitura do poema “Erros meus,
má fortuna, amor ardente”.
QUESTIONÁRIO 1
1. Explicite de que modo os «erros», a «fortuna» e o
«amor» contribuíram para a «perdição» do sujeito poético, tendo em conta a
primeira estrofe.
2. Explique as relações estabelecidas, na segunda
estrofe, entre o passado e o presente.
3. No primeiro terceto, o sujeito poético assume-se
como responsável pelos infortúnios que sofreu.
Justifique esta afirmação, referindo dois aspetos relevantes.
4. Interprete os dois versos finais do soneto.
Cenário de respostas:
1. Os «erros», a «fortuna» e o «amor» contribuíram
para a «perdição» do sujeito poético do modo seguinte:
- ditaram a inevitabilidade do seu sofrimento, numa ação convergente («em minha perdição se conjuraram» – v. 2);
- levaram-no a sentir-se vítima da conjugação de três fatores nefastos: a «má fortuna» (v. 1), o «amor ardente» (v. 1) e os «Erros» (v. 1) que cometeu;
- deram origem a um castigo excessivo, pois o amor, por si só, teria causado sofrimento bastante («que para mim bastava o amor somente» – v. 4).
2. As relações estabelecidas, na segunda
estrofe, entre o passado e o presente podem ser explicadas a partir dos aspetos
seguintes:
- o presente conserva a memória do passado, marcada pela experiência do sofrimento, a tal ponto que a dor outrora sentida ainda persiste («tenho tão presente / a grande dor das cousas que passaram» – vv. 5-6);
- a experiência do passado representa uma aprendizagem que condiciona a vivência do presente, levando o sujeito poético a abdicar de toda a esperança de felicidade («a não querer já nunca ser contente» – v. 8).
3. No primeiro terceto, o sujeito poético
assume-se como responsável pelos infortúnios que sofreu:
- por ter cometido «erros» que marcaram profundamente a sua vida («Errei todo o discurso de meus anos» – v. 9);
- por ter dado azo a que a «Fortuna» (v. 10) o punisse;
- por ter confiado em «mal fundadas esperanças» (v. 11).
4. Nos dois
versos finais do soneto, o sujeito poético:
- sublinha o sofrimento e a angústia, através da interjeição e do tom exclamativo;
- expressa a mágoa provocada pelos infortúnios que marcaram a sua vida;
- anseia pelo fim das provações por que tem passado;
- dirige uma súplica a quem tivesse o poder de saciar o seu «duro génio de vinganças» (v. 14).
Fonte: Exame
Final Nacional de Literatura Portuguesa | Prova 734 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2022
|11.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho | Decreto-Lei
n.º 27-B/2022, de 23 de março)
Prova: https://iave.pt/wp-content/uploads/2022/06/EX-LitP734-F1-2022_net.pdf
Critérios de
correção: https://iave.pt/wp-content/uploads/2022/07/EX-LitP734-F1-2022-CC-VD_net.pdf
QUESTIONÁRIO 2
(Fonte: Exame Nacional do Ensino
Secundário n.º 337 – Formação geral 11.º ano - Prova escrita de Português,
1997, 1.ª fase, 2.ª chamada)
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(Última atualização: 2022-07-26)
domingo, 8 de maio de 2016
a poesia das coisas se insinua (Idílio, Antero de Quental)
Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas;
Ou, vendo o mar das ermas cumeadas
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longo, no horizonte, amontoadas:
Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão e empalideces
O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.