A
febre do que me suponho
Tolda-me
a fronte de o pensar.
Mas,
se penso, somente sonho,
Porque
a febre me faz sonhar.
Num
intervalo de mim mesmo
Durmo
desperto sem razão,
E
sou um encontrar-me a esmo
Entre
silêncios em desvão.
Delírio
de quem o não tem,
Sonho
que não me faz dormir –
Isto
não é nem mal nem bem,
Não
é pensar nem é sentir.
[15-9-1934]
Fernando Pessoa,
Poesia 1931-1935 e não datada, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria
Freitas, Madalena Dine, Assírio & Alvim, 2006
Fernando Pessoa
para exame - 12.º Ano. Guia Prático de Preparação para o Exame Nacional -
12.º Ano, Andreia Sousa e Regina Carvalho. Areal Editores, 2020. Recurso
disponível em: https://recursos.portoeditora.pt/recurso?id=24517312

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