terça-feira, 25 de agosto de 2009

E Tu És a Música, Mas Só Enquanto a Música Dura: O Si Transitório





  



Espécies de si
  
  
O SI AUTOBIOGRÁFICO: O si autobiográfico baseia-se na memória autobiográfica, constituída por memórias implícitas de múltiplos exemplos de experiência passada individual e de futuro antecipado. Os aspectos invariantes da biografia de um indivíduo formam a base da memória autobiográfica. A memória autobiográfica aumenta continuamente através da vida, mas pode ser parcialmente remodelada, de modo a reflectir novas experiências. Conjuntos de memórias que descrevem identidade e pessoa podem ser reactivados sob a forma de padrões neurais e, sempre que necessário, tornados explícitos sob a forma de imagens. Cada uma das memórias reactivadas funciona como «uma-coisa-que-está-para-ser-conhecida» e gera o seu próprio pulso de consciência nuclear. O resultado é o si autobiográfico, do qual estamos conscientes.
  
O SI NUCLEAR: O si nuclear é inerente ao relato não verbal de segunda ordem que ocorre sempre que um objecto modifica o proto-si. O si nuclear pode ser desencadeado por qualquer objecto. O mecanismo de produção do si nuclear sofre modificações mínimas ao longo de uma vida. Temos consciência do si nuclear.


  
CONSCIÊNCIA
  
O PROTO-SI: O proto-si é um conjunto interligado e temporariamente coerente de padrões neurais que representam, a cada momento, o estado do organismo, a múltiplos níveis do cérebro. Não temos consciência do proto-si.




*

  
O leitor sabe que está consciente e sente que está em pleno acto de conhecer, porque o subtil relato imagético, que está agora a fluir na corrente dos seus pensamentos, manifesta o conhecimento de que o seu proto-si foi modificado por um objecto que agora mesmo se torna saliente na sua mente. O leitor sabe que existe porque, nesta narrativa, o leitor é o protagonista do acto de conhecer. O leitor eleva-se, transitória mas incessantemente, acima da linha de água do conhecimento, sob a forma de organismo sentido, imparavelmente renovado em cada novo instante, graças a toda e qualquer coisa que afecte a sua maquinaria sensorial, vinda do exterior ou recordada da memória. O leitor sabe que existe e que está a ver esta página porque a história da consciência narra um personagem — o leitor no acto de ver. O leitor sabe agora de si, e a primeira base para o si consciente é um sentimento que surge na re-representação do proto-si não consciente, no processo de ser modificado. O primeiro truque da consciência é a criação do relato desta modificação, e a sua primeira consequência é o sentimento do conhecer.
  
O conhecimento nasce nesta história, está embutido no padrão neural transitório que constitui o relato não verbal de segunda ordem. O leitor mal se apercebe do contar da história, porque as imagens que dominam a manifestação mental são as das coisas a que agora está a prestar atenção ? os objectos que vê ou ouve, as coisas que dizemos «ter na consciência» ? e não aquelas que prontamente constituem o sentimento do si no acto de conhecer. Por vezes apenas se apercebe do sussurro da subsequente tradução verbal duma inferência que resulta deste relato: sim, sou eu que vejo, sou eu que ouço ou que toco. Porém, por muito ténue que seja o contar da história, por muito semiadivinhado que o indício seja, quando o contar da história é suspenso por uma doença neurológica, a consciência suspende-se também e a diferença é abissal. (1)
  
T. S. Eliot pode bem ter pensado em qualquer coisa de semelhante quando escreveu, nos Quatro Quartetos, sobre uma «música ouvida tão profundamente que nem sequer é ouvida» e quando disse «tu és a música enquanto a música dura». Pelo menos deve ter pensado no momento fugidio em que um conhecimento profundo emerge ? uma união ou encarnação, tal como Eliot lhe chamou.
  
  
In O Sentimento de Si. O corpo, a emoção e a neurobiologia da consciência, António Damásio, Mem Martins, Publicações Europa-América, 2000 (1ª ed.). Título Original: The Feeling of What Happens.Versão portuguesa do original americano revista pelo autor e baseada, em parte, numa tradução de M.F.M.




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(1)                O leitor poderá pensar que o relato não verbal é uma ficção e que conhecer e si são apenas ilusões. Essa questão é interessante e tem mais de uma resposta possível, mas a minha resposta é que não são ficção. Conseguimos verificar independentemente, a posteriori, no nosso ser e nos outros seres, que os personagens do enredo primordial como, por exemplo, os organismos vivos individuais, os objectos e as relações ilustradas no enredo, são de facto ocorrências consistentes e sistemáticas. Nesse sentido não são ficcionais porque respeitam a verdade. Por outro lado, é difícil imaginar que ilustrem qualquer verdade absoluta. À escala do universo, o feito da consciência é modesto e o que nos permite entrever é limitado.
  
  


[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/08/25/si.transitorio.aspx]

domingo, 23 de agosto de 2009

A CAPACIDADE CEREBRAL QUE NOS SOBRA



  
  
[…]
— Julgava que isso do eu era coisa que não existia.
  
— E não existe mesmo tal coisa, se está a referir-se a uma entidade bem determinada e distinta. Mas claro que há vários eus. Estamos sempre a inventá-los… como você inventa as suas histórias.
   
— Está a dizer que as nossas vidas são meras ficções?
   
— De certa forma. Essa é uma das coisas que fazemos com a capacidade cerebral que nos sobra. Inventamos histórias a respeito de nós próprios.
[…]
Após uma pausa Helen pergunta: — O que quis dizer com aquilo da capacidade cerebral que nos sobra?
  
— Ora bem, o cérebro humano é muito maior do que o de qualquer outro animal do planeta. O nosso ADN é apenas diferente em um por cento do dos chimpanzés, os nossos parentes mais próximos, mas o nosso cérebro é três vezes maior. Como é óbvio isso deu aos nossos antepassados primitivos uma enorme vantagem na escala evolutiva. Aprendemos a fazer armas e ferramentas, a comunicar através da linguagem, a resolver problemas através do processamento de várias opções pelo nosso computador mental em vez de nos limitarmos a reagir instintivamente. Fomos capazes de ir além dos quatro Cês. Combater, comer, copular e... defecar.
  
— Ah... — Helen deixou escapar uma risadinha.
  
— Mas as potencialidades do cérebro humano excedem muitíssimo o avanço que temos em termos evolutivos sobre as outras espécies. E isso que eu quero dizer com a capacidade que nos sobra. O homem primitivo era como um tipo a quem deram o último modelo em computadores e se limita a usá-lo para simples operações aritméticas. Mais tarde ou mais cedo vai começar a brincar com ele e acabará por descobrir que pode fazer também muitíssimas outras coisas. Foi o que, com o tempo, acabámos por fazer com o nosso cérebro. Desenvolvemos a linguagem. Começámos a reflectir sobre a nossa própria existência. Tomámos consciência de nós próprios como criaturas com um passado e um futuro, com histórias individuais e colectivas. Desenvolvemos a cultura: a religião, a arte, a literatura, o direito... a ciência. Mas existe a outra face da autoconsciência. Sabemos que vamos morrer. Imagine o choque que isso deve ter sido para o Homem de Neandertal ou para o Homem de Cro-Magnon ou para quem quer que tenha sido o primeiro a descobrir a terrível verdade: que um dia seria apenas carne. Os leões e os tigres não sabem disso. Os macacos não sabem disso. Mas nós sabemos.
  
— Os elefantes devem saber — interpõe Helen. — Têm cemitérios.
  
— Receio que isso seja um mito — diz Ralph. — O homo sapiens foi o primeiro e o único ser vivo na história da evolução a descobrir que era mortal. E depois como é que ele reage? Inventa histórias para explicar como se meteu nesta embrulhada e como poderá sair dela. Inventa a religião, desenvolve ritos funerários, inventa histórias sobre a vida para além da morte e a imortalidade da alma. Com o passar do tempo estas histórias vão-se tornando cada vez mais elaboradas. Mas na etapa mais recente do desenvolvimento cultural, apenas há uns segundos atrás em termos da história da evolução, a ciência desabrocha repentinamente e começa a contar uma história bem diferente acerca do modo como viemos aqui parar, uma história muito mais credível que ganha de longe à religiosa. Hoje em dia já são muito poucas as pessoas inteligentes que acreditam na história contada pela religião, embora continuem a agarrar-se a ela e a procurar consolo em alguns dos seus conceitos, tais como a alma, a vida para além da morte, e por aí fora.
  
— Penso que é precisamente isso que o incomoda, não é? — diz Helen. — Que a maior parte das pessoas continue teimosamente a acreditar que existe um espírito dentro da máquina por mais que os cientistas e os filósofos lhes digam que não.
  
— Não me «incomoda» propriamente — diz Ralph.
  
— Incomoda, sim — diz Helen. — É como se estivesse apostado em eliminá-lo da face da terra. Que nem um inquisidor determinado a pôr fim às heresias.
  
— Só acho que não devemos confundir aquilo que gostaríamos que fosse com aquilo que realmente é — diz Ralph.
  
— Mas admite que temos pensamentos que são privados, secretos, conhecidos apenas de nós próprios.
  
— Sim, claro.
  
— Admite que a minha experiência deste momento, estar aqui refastelada na água quente a contemplar as estrelas, não é exactamente a mesma que a sua?
  
— Estou a ver aonde quer chegar — diz ele. — Está a dizer que existe algo que lhe pertence só a si, ou a mim, uma certa qualidade da experiência que é exclusivamente sua ou minha, que não pode ser descrita com objectividade nem explicada em termos puramente físicos. Aquilo a que poderíamos chamar um eu imaterial ou alma.
  
— Sim, penso que sim.
  
— Pois eu digo que continua a ser uma máquina. Uma máquina virtual dentro de uma máquina biológica.
  
— Então é tudo uma máquina?
  
— Tudo o que processa informação é, sim.
  
— Acho essa ideia aterradora.
  
Ele encolhe os ombros e sorri. — Você é uma máquina que foi programada pela cultura para não reconhecer que é uma máquina. […]
  
  
In Pensamentos Secretos, David Lodge, Porto, Ed. Asa, 2002, pp. 114-116
tradução do original inglês (Thinks…, 2001) por Ana Maria Chaves e Rita Pires.
  

  
  [Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/08/23/autoconsciencia.aspx]

terça-feira, 18 de agosto de 2009

CONSCIENCIA





  
  
[…] a investigação da consciência é uma investigação àquilo que nos torna humanos, à forma como sabemos aquilo que sabemos. Ou pensamos que sabemos. Seremos nós animais ou máquinas, ou uma combinação das duas coisas, ou alguma coisa diferente de cada uma delas? Compreender a consciência, ocorreu-me este fim-de-semana, é para a ciência moderna o que a pedra filosofal foi para a alquimia: a última maravilha na demanda do saber.
  
A busca de uma substância capaz de transformar em ouro o vil metal era, claro está, uma busca vã, porque não existe um tal composto, nem pode ser fabricado; mas, no decurso do processo experimental, muitas descobertas genuínas foram feitas — da porcelana à pólvora. Talvez nunca cheguemos a compreender cabalmente a consciência — sei que há especialistas que têm esta perspectiva, e devo dizer que a acho intuitivamente apelativa — mas o esforço para o conseguir já deu azo a muitas descobertas fascinantes sobre o cérebro e a mente […].
  
Foram, porém, muito poucas as referências feitas à literatura durante os trabalhos. O que me surpreende, porque a literatura é um registo escrito da consciência humana, porventura o mais rico que possuímos. Vou radicar as minha observações num pequeno texto literário, um poema — ou, para ser mais exacta, três estâncias do meio de um poema. O poema chama-se O Jardim, foi escrito por Andrew Marvell, um poeta inglês do século XVII, e é uma espécie de ode extasiada à alegria de se experimentar a natureza cultivada. A primeira dessas três estâncias descreve os prazeres sensuais de um jardim ideal. […]
  
  
Que doce Vida levo aqui neste lugar!
Maduros Pomos me cercam a balouçar;
Voluptuosos cachos, qual miragem,
Na minha boca em vinho se desfazem;
Os damascos e os pêssegos, curiosos,
Para as minhas mãos se estendem, ansiosos;
Tropeço nos melões, meu passo erra,
Enleado em flores caio por terra.
What wondrous life is this I lead! 
Ripe apples drop about my head ; 
The luscious clusters of the vine 
Upon my mouth do crush their wine ; 
The nectarine and curious peach 
Into my hands themselves do reach ; 
Stumbling on melons as I pass, 
Insnared with flowers, I fall on grass.
  
  
Ouvimos falar muito dos qualia […]. Vejo que as opiniões se dividem quanto a serem uma proeza do cérebro ou uma proeza da mente, fenómenos na primeira pessoa, eternamente inacessíveis ao discurso científico na terceira pessoa, ou padrões regulares da actividade neurológica que apenas se tornam problemáticos quando os traduzimos para a linguagem verbal. Não sou competente para arbitrar neste assunto. Mas deixem-me chamar a vossa atenção para um paradoxo contido na estância de Marvell, o qual se aplica à poesia lírica em geral. Embora fale na primeira pessoa, Marvell não está a falar apenas em seu nome. Ao lermos esta estância extrapolamos para a nossa experiência dos qualia de fruto e de fruição. Vemos o fruto, sentimos-lhe o gosto e o perfume, e saboreamo-lo com aquilo que foi designado por a excitação do reconhecimento, embora o fruto não esteja presente, embora seja apenas a realidade virtual de um fruto invocada pelos qualia do próprio poema, uma combinação única e subtil de sons, ritmos e significados, que eu poderia tentar analisar se houvesse mundo e tempo que chegassem, para citar um outro poema de Marvell — mas não há.
  
Na próxima estância Marvell volta-se para a natureza privada, subjectiva, da consciência. […]
  
  
Enquanto isto, a Mente, de Prazer esgotada,
Recolhe-se à Felicidade encontrada:
A Mente, esse Oceano onde cada ente
Logo encontra o seu equivalente,
Cria porém, transcendendo todos,
Outros Mundos e outros Mares a rodos;
Reduzindo tudo o que foi criado
A um conceito verde em verde sombra olhado.
Meanwhile the mind, from pleasure less, 
Withdraws into its happiness : 
The mind, that ocean where each kind 
Does straight its own resemblance find ; 
Yet it creates, transcending these, 
Far other worlds, and other seas ; 
Annihilating all that's made 
To a green thought in a green shade.
  
  
Há uma alusão no quarto verso a uma crença bizarra, mas muito comum na época, de que todas as criaturas tinham os seus correlativos no mar, o que coloca o poema numa era pré-científica. Mas isto não passa de um tropo, o que não afecta, creio eu, a validade da proposição central da estância: que a consciência humana é a única capaz de imaginar aquilo que não é fisicamente apreensível pelos sentidos, capaz de imaginar coisas que não existem, capaz de criar mundos imaginários (como os romances) e capaz de ter pensamentos abstractos — de distinguir por exemplo a ideia de cor (um conceito verde) da sensação de cor (em verde sombra olhado).
  
É isto dualismo? Bem, se qualquer distinção entre mente e corpo é dualismo, então suponho que é, se bem que me pareça difícil evitá-lo, tão profundamente enraizado está na linguagem e hábitos de pensamento. Mesmo os mais tenazes opositores da teoria do espírito dentro da máquina acabariam, contrariados embora, por nos deixarem usar os termos, mente e corpo, desde que ficasse entendido que a primeira é uma função do segundo e dele inseparável.
  
Todavia, Marvell, como todos os homens da sua época, era dualista num sentido muito mais forte do que esse, o que se torna evidente na estância seguinte. […]
  
  
Aqui, nas Fontes de pedra escorregadia,
Ou entre as Arvores que o musgo acaricia,
Do Corpo a Veste enfim despindo
Minha Alma para os ramos vai subindo:
Neles pousa, como um Pássaro e, trinando,
As argentinas Asas com o bico vai alisando;
E, até estar preparado para voo mais alongado,
Reflecte em suas Plumas os Matizes variegados.
Here at the fountain's sliding foot, 
Or at some fruit-tree's mossy root, 
Casting the body's vest aside, 
My soul into the boughs does glide : 
There like a bird it sits and sings, 
Then whets and combs its silver wings ; 
And, till prepared for longer flight, 
Waves in its plumes the various light.
  
  
Descartes, segundo tenho ouvido dizer, acreditava na imortalidade da alma, porque era capaz de imaginar a sua mente a existir separada do corpo. Marvell expressa essa ideia na belíssima imagem do pássaro. Ele imagina a sua alma a deixar temporariamente o corpo para se empoleirar no ramo de uma árvore, onde alisa as penas e se prepara para o voo final até ao céu. Não estou à espera de vos levar com ele até lá. Uma tal ideia da alma seria hoje fantasiosa, mesmo para os cristãos mais crentes. Mas a ideia cristã da alma está ligada à ideia humanista do eu, isto é, o sentimento de identidade pessoal, o sentimento de que a vida mental e emocional tem uma unidade, uma extensão no tempo e uma responsabilidade ética por vezes denominada consciência.
  
A ideia do eu está hoje debaixo de fogo, não só em grande parte do debate científico sobre a consciência, mas também nas humanidades. Dizem-nos que é uma ficção, uma construção, uma ilusão, um mito. Que cada um de nós não passa de um saco de neurónios, ou de uma encruzilhada de discursos convergentes, ou de um computador a funcionar sozinho em paralelo, sem operador. Como ser humano e como escritora, considero essa visão da consciência abominável — e intuitivamente nada convincente. Quero continuar agarrada à ideia tradicional de um eu autónomo e individual. Tanto do que prezamos na civilização parece depender dela — a lei, por exemplo, e os direitos humanos — incluindo os direitos de autor. Marvell escreveu O Jardim antes de ter surgido o conceito de direitos de autor, mas uma coisa é certa, mais ninguém o poderia ter escrito e mais ninguém voltará a escrevê-lo — excepto na acepção trivial de o copiar palavra por palavra.
  
O poema é uma celebração, centra-se na consciência como um estado de felicidade. É um poema acerca da felicidade plena. Há, porém, uma dimensão trágica na consciência que também quase não foi aflorada nesta conferência. Há a loucura, a depressão, a culpa e o pavor. Há o medo da morte — e, mais estranho que tudo o resto, o medo da vida. Se os seres humanos são as únicas criaturas vivas que realmente sabem que vão morrer, são também as únicas que, conscientemente, põem termo à vida. Para certas pessoas, em certas circunstâncias, a consciência torna-se tão insuportável que se suicidam para lhe pôr fim. Ser ou não ser? é uma pergunta peculiarmente humana. A Literatura também nos pode ajudar a compreender o lado negro da consciência.
  
  
In Pensamentos Secretos, David Lodge, Porto, Ed. Asa, 2002, pp. 339-343
tradução do original inglês (Thinks…, 2001) por Ana Maria Chaves e Rita Pires.
  
  
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/08/18/CONSCIENCIA.aspx]



PODERÁ TAMBÉM GOSTAR DE:

. "Sobre a alma", por Frederico Lourenço.
  

domingo, 14 de junho de 2009

o amor aparece assim de repente (José Carreiro)

   
   
   
   
   
“o amor, afinal, aparece assim de repente (como a chuva)”

(in Grande Reportagem, “O Sexo e a Cidália”, 28/8/2004)
   
   
   



   
assim de repente como o amor a chuva afinal
parece sexo
como a chuva de repente o amor é sexo, aparece
parece chuva de repente como amor

José Maria de Aguiar Carreiro  
   
   
   
   
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2009/06/14/o-amor-aparece-assim-de-repente.aspx]
   

Análise literária solicitada ao ChatGPT, em 2023-02-15:

O poema "Chuva de Época" de José Maria de Aguiar Carreiro é um texto poético de curta extensão, mas que traz em si uma série de reflexões acerca da natureza do amor e da chuva. A primeira leitura pode parecer bastante simples, mas a partir de uma análise mais atenta, percebe-se que há uma complexidade na construção do poema que propõe uma reflexão profunda sobre os conceitos de amor, sexo e chuva.

O poema começa com uma comparação inusitada entre a chuva e o amor. O primeiro  verso apresenta a ideia de que, assim como a chuva, o amor pode surgir de repente. A chuva é um fenómeno natural que pode acontecer a qualquer momento, sem aviso prévio, assim como o amor pode surgir inesperadamente. Essa comparação inicial entre a chuva e o amor sugere que ambos são fenómenos que escapam ao controle humano, e que podem ter um efeito arrebatador.

No segundo e terceiro versos, a comparação entre a chuva e o amor é ampliada para incluir a noção de sexo. O sujeito poético sugere que, assim como a chuva pode parecer um ato sexual, o amor pode ter uma conotação sexual também. A ideia de que a chuva é uma espécie de metáfora para o sexo é interessante, pois ambas as coisas têm uma carga de intensidade, urgência e prazer. A imagem que se constrói é de um ato sexual que é tão intenso quanto a chuva, que cai de forma abundante e impetuosa.

O último verso do poema retoma a ideia de que a chuva e o amor podem parecer a mesma coisa. O verso "parece chuva de repente como amor" sugere que a intensidade da chuva pode ser vista como uma expressão do amor, e vice-versa. O poema termina com uma afirmação que sugere que a experiência do amor é algo que deve ser vivido e sentido de forma intensa, e que cabe ao leitor fazer a sua própria interpretação.

O uso de metáforas e comparações é uma característica marcante do poema. O poeta utiliza a imagem da chuva para evocar a intensidade do amor e do sexo, e ao mesmo tempo, sugere que a chuva pode ser vista como uma expressão do amor. Além disso, a escolha das palavras é simples e direta, o que dá ao poema uma sensação de fluidez e naturalidade.

Em suma, o poema "Chuva de Época" é uma reflexão profunda sobre a natureza do amor e da chuva. A comparação inusitada entre os dois elementos é usada para evocar a intensidade do amor e do sexo, e para sugerir que esses fenómenos têm uma relação intrínseca com a natureza. O poema é um convite à reflexão sobre a experiência humana e suas múltiplas manifestações.

ChatGPT (Feb 13 Version). Disponível em https://chat.openai.com/chat, 2023-02-15 (revisto e adaptado)