terça-feira, 30 de julho de 2024

Meu coração é como um peixe cego, Vitorino Nemésio

 

Obra artística de Vitorino Nemésio construída
na Escola Secundária Vitorino Nemésio, 2018






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Meu coração é como um peixe cego,
Só o calor das águas o orienta,
E por isso me arrasta aonde me nego;
De puros impossíveis me sustenta.

O que eu tenho sentido é mais que mar;
Em força e azul, cinco oceanos soma:
Mas ainda há a tristeza a carregar
E as coisas que só pesam pelo aroma.

Há o país da espera e dos sinais,
Se feitos, apagados na neblina,
E a terra de tudo e muito mais,
Onde a minha alma é quase uma menina.

Sentada no jardim de nunca, a triste!
Se vale a pena em flor, essa ainda rego.
Tudo o mais – nem me agrava, nem existe:
Árida1 distração, lânguido2 apego.


Vitorino Nemésio, Eu, Comovido a Oeste, 1940

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Notas: 1. árida: estéril, seca, pobre. 2. lânguido: que não tem forças, abatido, fraco.

 

QUESTIONÁRIO

De acordo com a leitura do poema, classifica cada afirmação que se segue como verdadeira ou falsa. Procede à correção das afirmações falsas. 

1. O poema apresenta um esquema rimático fixo, com rima cruzada em todas as estrofes.

2. A comparação “Meu coração é como um peixe cego” (v. 1) sugere a desorientação do sujeito poético, que se sente perdido e sem direção.

3. A expressão “puros impossíveis” (v. 4) sugere que o sujeito poético se alimenta de esperanças realizáveis.

4. O sujeito poético sente que os seus sentimentos são comparáveis a um pequeno lago.

5. O poema utiliza a conjunção “Mas”, no verso 7, para introduzir a alegria e satisfação do sujeito poético.

6. A conjunção “Mas” no verso 7 indica que, apesar da vastidão dos seus sentimentos, a tristeza é uma presença constante.

7. O “país da espera e dos sinais” (v. 9) representa um lugar de certeza e realização.

8. A terceira estrofe refere-se a sinais claros e visíveis que guiam o sujeito poético.

9. A metáfora da alma “quase uma menina” (v. 12) indica a vulnerabilidade e a pureza do sujeito poético, que se sente exposto e frágil no meio das suas emoções.

10. O sujeito poético sente-se indiferente em relação a tudo, exceto às suas esperanças frágeis, conforme descrito na última estrofe.

11. A imagem do “jardim de nunca” (v. 13) na última estrofe simboliza um lugar de realizações e conquistas.

12. A expressão “árida distração, lânguido apego” (v. 16) sugere que a maior parte da vida do sujeito poético é estéril e sem vitalidade.

13. O uso do ponto de exclamação na última estrofe reforça a intensidade emocional do sujeito poético.

 

Respostas:

1. Verdadeiro.

2. Verdadeiro.

3. Falso. A expressão “puros impossíveis” indica que o sujeito poético se sustenta de sonhos e idealizações que não podem ser alcançadas, destacando a sua tendência para se nutrir de ilusões.

4. Falso. O sujeito poético utiliza a hipérbole para expressar a intensidade dos seus sentimentos, comparando-os a “cinco oceanos” em força e azul.

5. Falso. A conjunção “Mas” é utilizada para introduzir a tristeza como parte das emoções do sujeito poético, contrastando com a imensidão de sentimentos descritos antes.

6. Verdadeiro.

7. Falso. O “país da espera e dos sinais” representa um lugar de incerteza e expectativa, onde os sinais são “apagados na neblina”.

8. Falso. Na terceira estrofe, os sinais são descritos como “apagados na neblina”, sugerindo falta de clareza e orientação.

9. Verdadeiro.

10. Verdadeiro.

11. Falso. O “jardim de nunca” simboliza a eterna espera e a impossibilidade de concretização, um lugar onde os desejos e esperanças do sujeito poético nunca se realizam.

12. Verdadeiro.

13. Verdadeiro.

 


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