terça-feira, 16 de julho de 2024

Notícias locais, Sérgio Godinho


 

NOTÍCIAS LOCAIS

Ainda a procissão vai no adro
e já a zaragata é do ébrio
ainda a discussão vai no híbrido
e já a certidão é do óbito
de súbito
um punhal
e ei-lo que cai em
decúbito
dorsal
pobre instante, pobre morte
esse rapaz nunca teve grande sorte
não faz mal, não faz mal
pelo menos vem no jornal
pelo menos vem no jornal
pelo menos vem no jornal

 

Letra, música e interpretação de Sérgio Godinho, do álbum Escritor de Canções. Editora Guilda da Música, 1990 (Gravação: setembro de 1972)

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Notas: 1. Híbrido - que resulta do cruzamento de espécies diferentes. 2. Óbito – morte; certidão de óbito – documento em que um médico declara a morte de alguém. 3. Decúbito dorsal – deitado de costas.

 

De acordo com a leitura da letra da canção “Notícias locais”, de Sérgio Godinho, classifica cada afirmação que se segue como verdadeira ou falsa. Procede à correção das afirmações falsas.

1. A letra da canção “Notícias locais” começa com uma notícia satisfatória sobre um rapaz.

2. A expressão “ainda a procissão vai no adro” é uma metáfora que sugere que os eventos estão apenas a começar e que há mais por vir.

3. A zaragata que ocorre no texto é causada por um ébrio.

4. A "certidão de óbito" é emitida antes de o rapaz ser apunhalado.

5. O rapaz que é apunhalado tem uma vida cheia de sorte, conforme descrito no texto.

6. O facto de o rapaz ter sido noticiado no jornal é visto como uma forma de compensação pela sua morte.

7. A frase “pelo menos vem no jornal” aponta para uma crítica à superficialidade da busca pela visibilidade.

8. A frase “pelo menos vem no jornal” carrega satisfação e aponta para uma sociedade que valoriza a notoriedade, mesmo quando se trata de tragédias pessoais.

9. A expressão “não faz mal, não faz mal” sugere uma aceitação resignada da tragédia.

10. A expressão “não faz mal, não faz mal” sugere uma indiferença resignada à tragédia da morte, como se esta fosse apenas mais uma notícia passageira.

11. O texto critica a banalização da violência e da morte nos meios de comunicação social.

12. O texto termina com uma reflexão otimista sobre a notoriedade momentânea nos jornais.

 

RESPOSTAS:

1. Falso. O poema começa com uma notícia trágica: um ébrio apunhalou mortalmente um rapaz durante uma zaragata.

2. Verdadeiro

3. Verdadeiro.

4. Falso. A certidão de óbito é emitida após a morte do rapaz, simbolizando que a discussão evoluiu rapidamente para um desfecho fatal.

5. Falso. Na letra da canção diz-se que "esse rapaz nunca teve grande sorte", indicando que ele não foi afortunado na sua vida.

6. Verdadeiro

7. Verdadeiro

8. Falso. A frase “pelo menos vem no jornal” carrega sarcasmo e aponta para uma sociedade que valoriza a notoriedade, mesmo quando se trata de tragédias pessoais.

9. Verdadeiro

10. Verdadeiro

11. Verdadeiro

12. Falso. O poema termina com uma reflexão amarga, sugerindo que a única consolação para a tragédia é a sua notoriedade momentânea nos jornais.

 

 

ESCRITA

Proposta 1 – Notícia

Tendo por base o conteúdo da letra da canção "Notícias locais", redige o primeiro parágrafo (lead) da notícia que veio no jornal. Terás de responder às perguntas Quem? Fez o quê? Quando? Onde? (podes inventar a informação que a letra da canção de Sérgio Godinho não fornece).

 

Proposta 2 – Texto de opinião

A frase “pelo menos vem no jornal” sugere que a notoriedade é valorizada mesmo em situações trágicas.

Na tua opinião, a sociedade atual prioriza a visibilidade a qualquer custo?

Deves redigir o teu texto, tendo em conta a seguinte estrutura:

Introdução: Apresentação do tema; manifestação da tua posição sobre a questão colocada.

Desenvolvimento: Apresentação de, pelo menos, duas razões que te permitam justificar essa mesma posição, bem como de exemplos que as ilustrem.

Conclusão: Reforço da tua opinião sobre o tema e/ou conselho final aos teus colegas.

 

Proposta 3 – Texto de opinião

A violência nos telejornais é um assunto que tem gerado muita polémica e debate na sociedade. Há quem defenda que os telejornais devem mostrar a realidade tal como ela é e há quem critique o aumento de notícias sobre violência.

Escreve um texto de opinião em que defendas o teu ponto de vista sobre a problemática apresentada.

Segue a seguinte estrutura:

1.º parágrafo – introdução: apresentação do tema que está indicado na instrução + opinião

2.º parágrafo – desenvolvimento: razão 1 + exemplo 1

3.º parágrafo – desenvolvimento: razão 2 + exemplo 2

4.º parágrafo – conclusão: síntese + conselho final

 

Proposta 4 – Texto de opinião

«Numa altura em que a lógica da informação televisiva e os tradicionais valores do jornalismo se apresentam em mutação profunda; onde a violência e as catástrofes do mundo ganham cada vez mais destaque nos ecrãs da televisão, percebemos que as fronteiras da violência se encontram algo indefinidas. É possível estabelecer limites à exibição de violência na informação televisiva de serviço público?»

Sara Silva, O Tratamento da Violência na Informação de Serviço Público: O Caso da RTP. Escola Superior de Comunicação Social, 2015

Num texto de opinião bem estruturado, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão colocada por Sara Silva.

No teu texto:

− explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;

− utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

 


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