Leitura orientada de textos de Natália Correia:
DATA |
GÉNERO |
TÍTULO
DA OBRA / COLETÂNEA |
TÍTULO
DA COMPOSIÇÃO |
INCIPIT |
1947 |
Poesia |
Rio de Nuvens |
Pássaro breve |
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1955 |
Poesia |
Poemas /
”Biografia” [2ª parte] |
Hoje quero com a
violência da dádiva interdita. |
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1955 |
Poesia |
Poemas / “Biografia” [2ª parte] |
Baile de corpos intermédios |
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1955 |
Poesia |
Poemas /
“Biografia” [2ª parte] |
Vida que
às costas me levas |
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1955 |
Poesia |
Poemas / ”Biografia” [2ª parte] |
Espáduas brancas palpitantes: |
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1955 |
Poesia |
Poemas /
“Apontamentos” [5ª parte] |
Não há
revolta no homem |
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1955 |
Poesia |
Poemas / “7 Poemas da morte e da
sobrevivência” [7ª parte] |
Que todos vivam a sua morte enquanto é tempo |
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1957 |
Poesia |
Dimensão
Encontrada |
É um outono que não é outono. |
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1957 |
Poesia |
Dimensão
Encontrada |
Dão-nos
um lírio e um canivete |
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1957 |
Teatro |
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1958 |
Poesia |
Passaporte |
Que margens têm os
rios? |
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1958 |
Poesia |
Passaporte |
Bastam-me as cinco
pontas de uma estrela |
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1966 |
Poesia |
Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica |
Membro a pino |
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1966 |
Poesia |
O Vinho e a Lira / “O Diário de Cynthia” [4ª parte] |
Nascitura
estava |
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1966 |
Poesia |
O Vinho e a Lira / “O
Diário de Cynthia” [4ª parte] |
De não ser deus nem bicho |
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1966 |
Poesia |
O Vinho e a Lira / “O Diário de Cynthia” [4ª parte] |
O esquivo
rosto contrito |
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1967 |
Teatro |
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Durante as duas últimas décadas do século XIX. |
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1972 |
Poesia |
A Mosca Iluminada / “Fragmentos de um
itinerário” [1ª parte] |
Ora foi num dia treze |
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1972 |
Prosa
poética |
A Mosca Iluminada / “Fragmentos de um
itinerário” [1ª parte] |
O meu perfil é a última
esperança |
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1972 |
Poesia |
A Mosca Iluminada / “Fragmentos de um
itinerário” [1ª parte] |
Poesia com dor já comprei |
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1973 |
Poesia |
O anjo do ocidente à entrada do ferro |
De franqueforte
franquefurta-me a placa giratória |
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1979 |
Poesia |
O Dilúvio e a Pomba / “O espírito é tão
real como uma árvore” [3ª parte] |
Se em
folhagem de poema |
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1979 |
Poesia |
O Dilúvio e a Pomba / “O espírito é tão
real como uma árvore” [3ª parte] |
Quando me derem por morta |
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1979/91 |
Poesia |
O Sol nas Noites e o
Luar nos Dias / Inéditos (1979/91) ‑ “Cantigas de Risadilha” |
Estava o Parlamento
em tédio morno |
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1981 |
Teatro |
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1985 |
Poesia |
O Armistício / “Sete motivos do
corpo” [3ª parte] |
Com a
essência das flores mais coniventes |
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1989 |
Poesia |
O
Sol nas Noites e o Luar nos Dias / Inéditos (1985/1990): “Cancioneiro Joco-Marcelino” |
Das
artes mágicas campeão audaz |
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1990 |
Poesia |
Sonetos Românticos / “Mãe Ilha” [3ª parte] |
Limão aceso na
meia-noite ilhada, |
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1990 |
Poesia |
Sonetos Românticos / “Do amor que acorda o
espírito que dorme” [5ª parte] |
Nada
a fazer, amor, eu sou do bando |
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1990-93 |
Poesia |
O Sol nas Noites e o
Luar nos Dias / Inéditos (posteriores a 1990): “Cantigas de
Amigo” – “Queixam-se as
novas amigas em velhos cantares de amigo” [1.ª parte] |
Nesta praia, amigas,
de onde p’rás cruzadas |
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1990-93 |
Poesia |
O Sol nas Noites e o Luar nos
Dias / Inéditos (posteriores a 1990): “Cantigas de Amigo” –
“Alegram-se as amigas em novos cantares de amigo” [2.ª parte] |
Pelos
campos primaveris |
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Poesia:
Rio de Nuvens, 1947
Poemas, 1955
Dimensão Encontrada, 1957
Passaporte, 1958
Cântico do País Emerso, 1961
Mátria, 1968
O Vinho e a Lira, 1969
As Maçãs de Orestes, 1970
A Mosca Iluminada, 1972
O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro,
1973
Poemas a Rebate (poemas censurados de livros anteriores), 1975
Epístola aos Iamitas, 1976
O Dilúvio e a Pomba, 1979
O Armistício, 1985
Sonetos Românticos, 1990
O Sol
nas Noites e o Luar nos Dias (obra
poética completa, 2 vol.), 1993
Memória da Sombra, versos para
esculturas de António Matos,
1993
Poesia Completa, 1999
Antologia Poética (organização, prefácio e nota biográfica de
Fernando Pinto do Amaral), 2002
Memórias:
Descobri Que Era Europeia -Impressões
de Uma Viagem à América (viagens), 1951
Não Percas a Rosa - Diário e Algo Mais (25 de Abril de 1974
- 20 de Dezembro de 1975)
(Diário), 1978
Romance:
As Aventuras de Um Pequeno Herói (romance infantil), 1945
Anoiteceu no Bairro, 1946
A Madona,
1968
As Núpcias, 1992
Conto:
A Ilha de Circe, 1983
Novela:
Onde Está o Menino Jesus?, 1987
Teatro:
Sucubina ou a Teoria do Chapéu, em colaboração com Manuel de Lima, 1952
O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957
Comunicação (poema dramático), 1959
O Homúnculo - Tragédia
Jocosa com Quatro Ilustrações da Autora, 1965
O Encoberto, 1969
Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, 1981
A Pécora, peça
escrita em 1967 e publicada em 1983
D. João e Julieta, peça escrita em 1959 e publicada em 1999
Antologia:
Antologia de Poesia Portuguesa Erótica
e Satírica: dos cancioneiros medievais à actualidade, 1966
Cantares dos Trovadores
Galego-Portugueses, 1970
Trovas de D. Dinis [Trobas
d'el Rey D. Denis], 1970
O Surrealismo na Poesia Portuguesa, 1973
A Mulher, antologia poética, 1973
Antologia de Poesia do Período Barroco, 1982
A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e
insularidade na poesia de António de Sousa, 1982
Ensaio:
Poesia de Arte e Realismo Poético, 1958
A Questão Académica de 1907, 1962
Uma
Estátua para Herodes, 1974
Notas Para Uma Introdução às Cantigas
D' Escarnho e de Mal Dizer Galego-Portuguesas, 1982
Somos Todos Hispanos,
1988
A Ibericidade na Dramaturgia
Portuguesa, 2000
Breve História da Mulher e Outros
Escritos (crónicas e ensaios), 2003
Textos de imprensa:
Breve História da Mulher e outros
escritos (2003)
A Estrela de Cada Um
(2004)
Entrevistas a Natália Correia (2004)
Disco:
Natália Correia Diz Poemas de Sua
Autoria, 1960
Improviso (com música, arranjos e direcção de António
Victorino d' Almeida, e texto de Alexandre O'Neill), 1972.
Libreto:
D. Garcia (cantata, com música de Joly Braga Santos),
1972
Obras
em colaboração:
Cesariny e o Enfarte (crónica; 1ª publicação na revista Notícia,
Luanda, Angola, 14 de Junho de 1969), in Mário Cesariny (com textos
de Raul Leal, Natália Correia e Lima de Freitas), 1977.
Sexualidade e Criatividade:
Bissexualidade e Ruptura Romântica na Poesia Portuguesa, in Sexualidade e Cultura, de Francisco
Allen Gomes, Afonso de Albuquerque e J. Silveira Nunes, 1978.
Açores: O Lugar do Espírito, in Cultura
Portuguesa, nº 1, Agosto/Setembro de 1982.
Discurso Proferido pela Escritora
Natália Correia, in 10 de Junho: Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas, 1984.
Barbo (texto de ficção científica), in Omnia, nº
6, Novembro/Dezembro de 1988.
Mediterrâneo: O Apelo das Origens (ensaio), in O Arco
Atlântico: «Contributos para o Esclarecimento da Actual Posição de Portugal no
Mundo», 1992.
Memória de Sombra (texto de Natália Correia e fotografias de
António Matos), 1993.
Prefácios
a:
Diário do Último Ano seguido de Um
Poema Sem Título, de Florbela Espanca, 1981
Os Desaparecidos, catálogo da
Exposição homónima de Eduardo Gageiro na SNBA, Lisboa, 30 de Novembro de 1982
Escultor Martins Correia, 1988; Eurídice (poemas), de Emanuel de
Sousa, 1989
Água, Som e Sonhos – Pintura e Gravura: Exposição de Carmo
Pólvora, 1991
«Seja qual for a resposta à pergunta:
A fotografia artística é ou não é arte no sentido clássico do termo?», in Exposição de Fotografias de José Luís
Madeira (catálogo de 4 páginas, com texto de Natália Correia, lista de
obras expostas e curriculum do autor), Teatro Municipal de Almada/Grupo de
Teatro de Campolide, Almada, Junho de 1992.
POESIA COMPLETA | O SOL NAS NOITES E O LUAR NOS DIAS
INTRODUÇÃO | NATÁLIA CORREIA
Perturba-me escrever sobre a minha poesia como me solicitam os que aqui a dão a conhecer numa amplitude próxima do seu conjunto (ficam ainda de fora alguns inéditos) porque, ao fazê-lo, das duas uma: ou, tara que não me seduz, indulgiria em entregar-me ao onanismo de uma autoapreciação irremediavelmente atada ao cordão umbilical que me liga aos meus poemas; ou, baforando fumaças de objetividade, só por um factício prodígio poderia transmigrar de autora para teorizadora desse meu íntimo assunto poético em que além de mim age um ignotus que ainda estou para saber o que é. Mas se não alcanço esse «outro» que entre as minhas intrínsecas pluralidades me provoca com palavras a ordená-las em imagens que libertem a linguagem escondida no silêncio, nem por isso cairei na cilada que, logo no raiar das Artes Poéticas, Platão no Ion armou aos poetas dizendo serem os deuses que põem a inspiração nas suas palavras. Não que ache isso impossível, pois recusa-se-me a mente a achar impossível seja o que for, mas lá perigoso é. Porque, a ser assim, o poeta toma-se por um ser excecional. O que, dando lugar à sua arrogância, o expõe ao ridículo de não ter razão para a ostentar visto que os versos que faz nem sequer são dele mas de uma entidade sobrenatural que fala pela sua boca, reduzindo-o à função de microfone. Ora um microfone vaidoso é um absurdo hilariante que retira toda a credibilidade ao poeta. O que não convém para que neste nosso tempo de chiqueiro dos dejetos de uma civilização atarantada pelo cerco de ameaças catastróficas possa a vida respirar o ar limpo de um começo que na poesia diz que quer emergir. Neste ponto seria tentada a enredar-me no fio que uma nova ciência nos estende para nos conduzir ao postulado de uma conexão cósmica da poesia com uma linguagem englobante da música e das matemáticas em que está estruturado o Universo. Nas matemáticas, o número de sílabas e de acentos regulado nas formas métricas. Na música, não só a simples melodia produzida por esse arranjo métrico mas a que na lógica encantatória da linguagem poética é essencial ao poema (Mallarmé). É nesta cosmicidade do idioma poético que surge a tentação remissiva que nos convida a revisitar Velhos Tratados Espirituais em que cada letra do alfabeto corresponde a um número numa relação significativa de um constituinte do Universo.
Envolvida nos feitiços destas meditações que por vezes me sobressaltam sobre o porquê da minha poesia, não sei se dela me distanciei ou aproximei. Sinto, isso sim, que a última alternativa é a mais idêntica a um puro relâmpago da minha recôndita disponibilidade para receber a mercê que me é dada em palavras de olhar as coisas de uma outra forma, alinhando-as num ritmo que corre para um ponto onde tudo está abrangido. Mera sensação? Como saber se até ignoro se sou eu que convoco essa dádiva em poesia ou se é ela que se convoca a si mesma em mim. Para quê? Para me mostrar o não ser do que julgo ser e o ser do que julgo não ser? Quantas perguntas! Esta, por exemplo: não será cada poema um pouco da biografia de todos? E esta ainda que é corolário da precedente: será que a poesia se manifesta no poeta porque é obra de todos? Fixo-me nesta velha questão porque nela encontro pistas abonatórias do que na vivência do meu fazer poético me surge como uma evidência: o brotar da poesia numa linguagem construída na esfera psíquica de fatores transpessoais que atuam como uma força unificadora. Eis porque nada é isolável em poesia, pelo que não pode ela furtar-se a nenhum modo de expressão, vivendo o poeta em cada um deles os diversos heterónimos do estar sendo em situação interior ou exterior. O tal drama em gente que o anglo-saxonizado Fernando Pessoa resolveu com pragmatismo metódico em sistematizada heteronímia.
Ora situando-se na faceta exterior da totalidade do sentir poético, logo ressalta o interesse geral em que o poeta partilha os sofrimentos e as esperanças dos outros. Chega o momento de a sociedade arder na alma do poeta em chamas de revolta contra a Medusa das prepotências que petrifica as almas? Inexoravelmente volve-se então a sua poesia em disparo de fulminantes recusas e subversões contra o olho dos Ciclopes da Ordem Absoluta que pintam com as cores da liberdade (política: hoje hospitalizada na clínica psiquiátrica dos Mastodontes do Gamanço Universal do Dinheiro), da abundância (atual pretexto para o voraz canibalismo economocrata) e das prebendas num deleitoso além canonicamente mobilado (igreja: à beira de ser inócua por anemia) o convite dirigido à incapacidade de ter de se escolher uma destas servidões.
Mas neste passo cumpre-me esclarecer: não sendo escassas as balas que, em poemas, disparei contra a univisualidade do mostrengo das coações fascio-puritano-pirosas, não me faltando também no arsenal as que estavam a pedir certas peneiras autoritárias com cravos de Abril na fala, não foi pelo manual de um neorrealismo, com o qual aliás sempre embirrou o meu duende libertário, que me fiz atiradora. Do que eu me livrei em não ter caído nessa esparrela que pode ter um desenlace trágico. Vejam o Maiakowski. Nem mesmo o seu génio tão vitalista quanto o seu agitado panfletarismo revolucionário sugeria o safou de seguir o pst do anjo fatal dos suicidas russos ao ver, entre o Cubofuturismo da LEF e o retorno aparente às práticas burguesas da NEP, o seu grito «… burguês, chegou o teu último dia!» afundar-se no apodrecimento da revolução.
Mas, prosseguindo nessa via comum, percorrida por todos os outros que são o poeta, forçoso é dar relevo ao magno momento: o encontro com a justiça. Distingamos. Refiro-me a Astreia, a Iustitia que vivia em harmonia com os mortais até que os delitos da humanidade a puseram em fuga para o céu onde lá está a cintilar na constelação da Virgem. Não à da dura lex, Témis, conselheira de Zeus, o Pater que subvertendo com o regime conflitual da fragmentação o indiviso da ordem materna que o precedera, reforçou a expansão falocrática, instauradora da competição instigadora de crimes que geraram a lei. Exercício espiritual, sempre mas nunca convictamente malogrado, para o retorno (a) ou progresso para a plenitude de uma comunhão universal prometida no mito de uma idade de ouro, a poesia, em sua pureza acrática identifica-se com a Iustitia. Daí a justiça poética, termo que no século XVII por fim dá o nome à moral da vida verdadeira que participa da vida do Universo, moral congénita à poesia que, por isso mesmo, pune a falsificação da vida submetida às leis de moralismos utilitários.
Volto-me agora para a face interna da totalidade que a poesia desespera por abranger fazendo -se a arte de ampliar a alma a tudo quanto existe por obra do mistério que o véu da Sabedoria encobre. Por outras palavras: é chegado o momento espiritualmente crucial do poeta fazer sua a ira de Shlegel: «Já são horas de rasgar o véu de Ísis e revelar-lhe o mistério. Quem não suportar a visão da deusa, fuja ou pereça.» Mas para lá chegar há que passar pela prova do abandono à atração da «gravidade metafisica» do Amor em que é demonstrado que a amada só no amante existe e vice-versa, fundamento da gnose inerente à poesia que nos diz: as coisas só se revelam inteiramente no seu oposto, visto que com ele são unas.
Com esta consabida receita contra a doença da homogeneidade, me desembaraço de ser nesta minha obra poética não omnia, subestimado aquilo que nela mais prezo por autêntico testemunho das várias almas que se unem na minha alma. Uma mobilidade dadivosamente passiva às solicitações dos correlatas que em matizes líricos de sacralidade do amor terreno, ou da terrealidade do divino e outras coisas luminosas tiradas do inferno, tensão dialógica sob forma mesmo estruturalmente dramática, ode, sátira ou humor que, cito-me, como a poesia, surge onde não há solução (O Surrealismo na Poesia Portuguesa), pediram a palavra ao meu léxico poético. Fontes de analogia sem as quais nunca subiria ao miradouro do Espírito de onde o poeta, por fim, enxerga (Sonetos Românticos) o futuro causador do começo. Operação de reversibilidade de causa e efeito a que é devido chamar-se poesia. Pelo que assiste toda a razão aos poetas de pesquisarem o ouro de um futuro vedado pela ordem artificial das ideias caminhando para um passado mítico. É-lhes pois irrecusável a competência para restabelecer as relações do homem com a natureza. Ou seja: consigo mesmo.
Finalmente uma satisfação que, dando aos leitores, também dou a mim mesma.
Logo no primeiro volume dos meus poemas Rio de Nuvens, que vieram a público anos depois de neles ter timidamente debutado por volta dos meus dezassete anos, agora integrados nesta compilação, serão notados cortes e correções pelos raros que os leram . Ou antes, raríssimos. Vai a razão:
Uma autoexigência insatisfeita com a escolha feita pelo poeta hoje esquecido mas então encartado e amigo da família que, empenhado na sua publicação, deles expurgou os poemas que me eram mais caros por considerá-los metafísicos e de grandiloquência dramática levou-me a bloquear a sua distribuição. Em abono da coerência do selecionador, autor do respetivo prefácio em que exagera a tónica de passar por meu mestre, direi que era seu vade mecum a arte poética postulante da poesia quase sem palavras. Princípio que aplicou ao exame dos meus poemas. Apenas já então me era intolerável aceitar que o valor da poesia consistisse na procura de se abolir no silêncio pois já intuía que a palavra vinha à poesia para tomar audível o que fala no silêncio.
Enfim, tal foi o choque que, durante anos, me encerrei num mutismo hostil à Musa tentadora até que a sua teimosia acabou por libertar em oito dias um caudal de poemas com amigos à volta a aturdirem-me mais o estonteamento: este sim... este não... Resultado, o livro Poemas, cuja releitura a dezenas de anos de distância me forçou a meter nele o bisturi.
Só vos digo que o mal foi começar. Porque se não me contenho em alterações, ia muita coisa a eito. Até ao ponto em que me pareceu mais fidedigno o testemunho em livro dos trechos do primeiro ciclo do meu pecúlio poético. Tolheu-me a gana cirúrgica o imperativo de não serem esses poemas desfigurados por corretivos verbais oriundos de entusiasmos pretéritos que sonegariam aos leitores interessados em seguirem essa evolução ou involução a que se dá o nome de obra poética, a autenticidade da sua génese e colocação no poiétikós que aqui se desenrola.
Quanto aos inéditos que desdenhei em prol da preferência dada aos publicados, falem eles por si. Como todos, de resto. O que vos dirão não sei. A mim dizem-me que são uma urgência do Espírito. Urgência de quê? Da poesia ser praticada. É por isso que cada poema, por mais elevado, evanescente ou injetado de virulentas ou mesmo fesceninas invetivas, é uma lição de moral. Não da moralidade que expira com a religião que a procriou, mas de uma ética espiritualizada que já neste kairos da roda das metamorfoses, em que o fantasma do Deus morto só aparece para passar o testemunho a uma nova legitimação sacral, dá sinais de querer ser objetivada. Apenas se o fatum do poeta o recruta para ser agente da fundação de uma nova história da mente, a fantasmagoria das potências do caos ambiental social e mental paralisam-no numa desresponsabilização que se socorre da narcísica anestesia dos outros que o poeta é. Ou, caso o atormente a insistência da lembrança de um futuro inscrito na mais elevada categoria do espírito que os proxenetas da prostituição da vida esconjuram com vade retros de poderio económico, resta-lhe desencantar, em penosa solidão, o engenho de fazer ouvir o sopro da AIma Universal na palavra em que se incuba a transformação da alma da humanidade.Natália Correia
Lisboa, 28 de outubro de 1992.
Natália Correia, por João de Sousa
VIOLÊNCIA E PAIXÃO
Quando se percorre a poesia escrita por mulheres ao longo do século XX português, o nome de Natália Correia continua a surgir como um dos que causaram uma repercussão mais duradoura, quer pela sua personalidade forte e polémica, quer pelo alcance da sua obra literária, na qual sempre se manifestou uma vocação poderosamente dionisíaca e por isso excessiva, capaz de apreender magicamente a realidade e de a transfigurar mediante uma rica imaginação metafórica, sobretudo a partir de "Dimensão Encontrada" (1957), já que os seus primeiros livros ("Rio de Nuvens", de 1947, e "Poemas", de 1955) exprimiam ainda uma atitude lírica mais tradicional.
É antiga a questão de saber até que ponto Natália Correia poderá ou não considerar-se uma escritora surrealista, embora nunca tenha pertencido a qualquer movimento com esse nome: definida algures por Claude Roy como «la violence surréaliste faite femme», a própria Autora terá admitido alguma proximidade com a visão surrealista do mundo, essencialmente no que toca a uma «identificação entre a poesia e a magia», na medida em que ambas procuram o acesso a uma alquimia libertadora. Trata-se, no fundo, de uma radical vontade criadora, de um desejo de libertar a linguagem de todos os constrangimentos e de dar livre curso à imaginação, como podemos sentir num texto que nos fala de uma ressurreição apta a transformar a morte em vida e a tristeza em alegria: «A harpa do vento / e os meus dedos de ventania / compuseram uma canção / da mais fantástica alegria. // (...) // É uma onda de magia / onde se enrolam os mortos / erguidos da terra fria / dum rosto que lhes pintou / a nossa melancolia.»
Foi sob o efeito do irresistível impulso dessa «onda de magia» que se construiu o essencial da escrita de Natália, em que um dos traços mais flagrantes consiste numa posição (sempre reafirmada) de rebeldia diante das instituições e dos poderes estabelecidos ou de quaisquer regras impostas pela força. Até certo ponto, é como um sinal dessa rebeldia que se compreendem as incursões da Autora no campo da poesia satírica e humorística, dirigida contra figuras ou acontecimentos da esfera política, como sucede na sequência das «Cantigas de Risadilha» — composta por poemas que ridicularizam episódios da vida parlamentar que Natália acompanhou enquanto foi deputada —, assim como em toda a "Epístola aos Iamitas" (1976), cujos sonetos constituem reflexões ora entusiásticas, ora sobretudo corrosivas, a respeito do Portugal pós-25 de Abril e disso a que na altura se chamou o P.R.E.C. (Processo Revolucionário Em Curso), perante o qual se manifesta por vezes uma dolorosa desilusão: «E veio Abril: cravos camonianos / aparelharam da liberdade as barcas. / Do verde pinho as flores foram-me enganos, / as tecelãs do sonho eram as parcas. // Da podridão variam os estados: / magicamente os nomes são mudados; / intacto o pasto vil das varejeiras.»
A mesma faceta surge igualmente em certos poemas isolados, como a célebre «Queixa das Almas Jovens Censuradas», fazendo eco de um profundo grito de revolta que preza, acima de tudo, a liberdade do poeta contra todas as formas de sujeição. E é também isso a estar em jogo num outro texto muito conhecido («A Defesa do Poeta»), aliás escrito com a intenção de ser lido no Tribunal Plenário que no tempo da ditadura acusou Natália Correia: «Senhores juízes sou um poeta / um multipétalo uivo um defeito / e ando com uma camisa de vento / ao contrário do esqueleto. // (...) // Sou (...) / uma avaria cantante / na maquineta dos felizes. / (...) // Sou uma impudência a mesa posta / de um verso onde o possa escrever. / Ó subalimentados do sonho! / A poesia é para comer.»
Lido este excerto, convirá atender a dois aspectos: por um lado, mesmo levando em conta o intuito profundamente afirmativo do texto (que desenvolve a vigorosa declaração: «sou um poeta»), o lugar de quem escreve poesia surge relacionado com uma excepcionalidade inquietante ou perturbadora, já que se identifica com um «defeito» ou uma «avaria cantante / na maquineta dos felizes», que corresponderiam à cinzenta maioria; por outro lado (e refiro-me agora aos dois últimos versos), acentua-se a dimensão gustativa, sensorial ou carnal da poesia, inscrevendo-se num entendimento global do mundo em que «o espírito é tão real como uma árvore», pressupondo uma integração harmoniosa na natureza. Ficamos, portanto, dentro de uma unidade fundamental entre todas as coisas humanas e cósmicas, naturais e divinas: «Vem das estrelas o sangue que nos guia / E na amorosa perfeição da carne / Está toda a eternidade resumida.»
Perante versos como estes, pode dizer-se sem grande exagero que Natália Correia nos deu, do princípio ao fim da sua obra, uma visão religiosa da existência, alicerçada não em qualquer adoração de um Deus ou num rito eclesiástico específico, mas numa espécie de comunhão pagã entre o eu e tudo o que o rodeia, religando-se a um universo do qual pretende auscultar os sinais, como se estivesse diante de um segredo que só a alguns é permitido desvendar e que a poesia aguarda, como se esperasse «o romper da manhã na noite mística». De facto, na escrita de Natália o conhecimento quase nunca se produz pela via intelectual e corresponde, acima de tudo, ao amor: fiel à tradição lírica portuguesa e à sua predilecção por temas amorosos, a Autora convoca sentimentos simultaneamente carnais e espirituais, porque neste caso é a partir dos sentidos que se intui a hipótese (ou a certeza?) de um sentido que os excede — veja-se o início do poema «Pórtico»: «Corpo, alma, razão, já os cantei, / estreme, sem me isentar em pseudónimos. / Antífrases de mim as assinei. / Contrários indaguei: eram sinónimos. // O Espírito agora cantarei. / Corpo, alma, razão lhe são compósitos.»
Também enquadrado no mesmo propósito de união e ampla comunhão universais está um politeísmo estrutural que leva a poesia desta «feiticeira cotovia» a celebrar a beleza do mundo, conotando-a com a presença do sagrado que o povoa e assim reflecte os poderes de uma pluralidade de deuses e deusas cujo culto, em vez de exigir submissão — «Os deuses não nos querem de joelhos» —, nos convida, pelo contrário, a um esfusiante cântico da vida e do amor, do qual podem ser emblemas os Jardins de Adónis, onde se recusam os labirintos da racionalidade e se declara a superioridade das sensações, tornadas elas mesmas divinas: «Sentir nos baste. Ideias são reveses. / Da vida, as naturais disposições, / Sigamos, Flávio. Até que sejam deuses / As nossas sensações.»
Perto das sensações mais vibrantes se encontram, aliás, todos os elementos de uma natureza cujo incognoscível daimon feminino se condensa na famosa imagem da «Mátria», nem sequer demasiadamente erotizada no sentido mais comum que atribuímos à sexualidade humana, mas sobretudo transmissora de paz, de bem-estar e de reconciliação com um estado primitivo, maternal ou genesíaco do universo: «E se o mundo em ti principiava, / No teu mistério entre astros absortos, / Suavemente, ó mãe, tudo termina.» Também o Amor (com maiúscula) ultrapassa, deste modo, as habituais fronteiras que limitam a consciência individual, elevando-se ao mais alto grau de gnose mística e adquirindo o estatuto de uma sabedoria esotérica comparável à de uma verdadeira alquimia: «Indemne atravessei as labaredas / porque o Amor faz a Obra / e o fogo faz o Amor.»
Para concluir, digamos que toda a poesia de Natália Correia configura um «ofício das trevas», mergulhando nas águas de mistérios que não ousa decifrar e assentando numa ideia (surrealista) de libertação total do ser, num processo de comunhão iniciática. Trata-se de um ritual posto em jogo não apenas graças aos já mencionados poderes alquímicos da escrita, mas também por uma abertura à «Saudade» portuguesa que sempre fascinou a Autora — essa «retráctil flor da ausência», cujo místico perfil se recorta sobre o passado e sobre o futuro, parecendo conferir ao conjunto da obra de Natália Correia uma indestrutível crença em qualquer coisa que extravasa os mesquinhos limites da razão humana. Na esteira dos românticos ou dos seus herdeiros surrealistas, é sempre muito para lá de tais limites que esta poesia nos deseja convocar, arrastando-nos para uma dimensão soberanamente libertadora da realidade e da linguagem — como se lê no texto final dos "Sonetos Românticos", que funciona como um «credo»:
«Creio nos anjos que andam pelo mundo, / Creio na Deusa com olhos de diamantes, / Creio em amores lunares com piano ao fundo, / Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes, // Creio num engenho que falta mais fecundo / De harmonizar as partes dissonantes, / Creio que tudo é eterno num segundo, / Creio num céu futuro que houve dantes, // Creio nos deuses de um astral mais puro, / Na flor humilde que se encosta ao muro, / Creio na carne que enfeitiça o além, // Creio no incrível, nas coisas assombrosas, / Na ocupação do mundo pelas rosas, / Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen».
Fernando Pinto Do Amaral, "Violência e Paixão", prefácio a Antologia Poética. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2002.
A escrita que conduz a poesia de Natália Correia é compreendida pela crítica sob, pelo menos, três óticas:
a que vê na ironia, no sarcasmo e nas associações fónicas e imagéticas traços do estilo surrealista;
a que considera a recorrência a ambiguidades, passagens obscuras, antíteses e hipérboles e também ao perspetivismo (perceção multifacetada) como uma identificação com o barroco;
e a que focaliza a tentativa de recriar a vida como uma preferência literária de base romântica.
NATÁLIA CORREIA (Furnas, 1975)
in Retratos de Família, Ana Isabel Serpa, Ângela Furtado Brum, Eduarda Silva Melo,
José Maria de Aguiar Carreiro, Mário Félix do Couto, Ponta Delgada, Escola Secundária Domingos Rebelo, 2008 |
RETRATO
DE NATÁLIA
Hierática cromática socrática
passas branca de neve pela sala
nebulosa da pele via láctea
do único percurso que nos falta.
No teu andar há ventres há tecidos
de leve lã circuitos do brocado
duma seda tecida na manhã
dos raios dos teus olhos deslumbrados.
Nos teus quadris há cisnes há pescoços
de virgens degoladas há indícios
do alabastro quente dos teus ossos
iluminando claros precipícios.
É isso. Uma vestal iluminada
uma deusa rangendo uma secreta
porta barroca aberta para o nada
que é o docel da cama do poeta
Ali deitas crianças animais
gemidos e maçãs vagidos e atletas
pois que amas as coisas naturais
com a tua carne impúbere e erecta.
Porém tu acalentas tu alentas
nossa senhora lenta mãe do escândalo
ave de carne lírio de placenta
com aroma de nardos e de sândalo.
Desinfectante e amante eis que transformas
em teus olhos de cânfora as orgias
e o teu corpo ânfora é a forma
em que a lira da noite vaza o dia.
José Carlos Ary dos Santos, Fotos-Grafias, 1970.
***
Ligações externas sobre a vida e obra de Natália Correia
1966-05-25 |
"[Recensão crítica a O
Vinho e a Lira, de Natália Correia]",
Liberto Cruz. Jornal de Letras e Artes, 1966-05-25.
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1973-01 |
"[Recensão crítica a A
Mosca Iluminada, de Natália Correia]"
/ Luís de Miranda Rocha. Revista Colóquio/Letras. Recensões
Críticas, n.º 11, janeiro de 1973, p. 70-71
|
1981-05 |
"[Recensão crítica a O
Dilúvio e a Pomba, de Natália Correia]",
Fernando Guimarães. In: Revista Colóquio/Letras. Recensões
Críticas, n.º 61, maio
de 1981, p. 72. |
1984-09 |
"[Recensão crítica a A
Ilha de Circe, de Natália Correia]",
Catherine Kong-Dumas. In: Revista Colóquio/Letras. Recensões
Críticas, n.º 81, setembro
de 1984, p. 85-86. |
1986-07 |
"[Recensão crítica a 'O
Armistício', de Natália Correia]", Clara Rocha. In: Revista
Colóquio/Letras. Recensões Críticas, n.º 92, julho
de 1986, p. 90-91. |
1988-07 |
"A
sedução do múltiplo. Natália Correia: literatura e paganismo", José
Augusto Mourão. In: Revista Colóquio/Letras. Ensaio, n.º 104/105, julho de 1988,
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1988-07 |
"[Recensão crítica a Onde
Está o Menino Jesus?, de Natália Correia]",
José Augusto Mourão. In: Revista Colóquio/Letras. Recensões Críticas, n.º 104/105, julho
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1990-05 |
"[Recensão crítica a Somos
Todos Hispanos, de Natália Correia]",
Benjamin Abdala Júnior. In: Revista Colóquio/Letras. Recensões
Críticas, n.º 115/116, maio
de 1990, p. 194-195. |
1991-04-28 1991-05-05 |
Crítica
literária de Maria Lúcia Lepecki a Sonetos
Românticos. In:
Diário de Notícias, 1991-04-28 e 1991-05-05 |
1991-10-27 |
“Natália
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Entrevista de António de Sousa. In: Diário
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1993 |
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1993-03-17 |
“A morte da pitonisa”, Público, 1993-03-17
|
1993-03-17 |
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|
1993-07 |
"In memoriam Natália Correia (1923-1993)",
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1993-09-13 |
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2009-07 |
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2009-09-13 |
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“Às voltas com a memória:
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“Natália Correia: Literatura e
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2013 |
O botequim da liberdade: como Natália
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2013 |
“Um retrato de Natália Correia”, Ana Maria Pacheco do
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2013-09-13 |
“Falar de Natália Correia”, Público, 2013-09-13,
Alberto Pinto Nogueira.
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2013-09-13 |
Natália
Correia: A Feiticeira Cotovia, Direção Regional da Cultura. Exposição itinerante organizada no
âmbito das comemorações regionais do 90.º aniversário de nascimento e 20.º da
morte da escritora. Inauguração: Praia da Vitória, 2013-09-13.
|
2013-12-26 |
“Natália Correia (1923-1993) - A
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dos Açores, 2013-12-26.
|
2014 |
As faces
de Natália, Ana Mota. FCSH-Universidade
Nova de Lisboa, 2014
|
2014 |
“Os cantares de amigo de Natália
Correia: das queixas contra o Estado Novo ao êxtase do encontro com a
Revolução dos Cravos”, Tatiana Picosque. In: Convergência Lusíada, v. 25 n. 31, 2014.
Dossiê: Poesia Portuguesa dos Anos 40 à Contemporaneidade.
|
2015 |
“Do ensaio como defesa do
pensamento matrista: breves considerações em torno de Natália Correia”, Jorge
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Mulheres e Literatura, v. 14, p. 1-10, 2015.
|
2016 |
“A mátria de Natália Correia:
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Internacional de Lusitanistas, n.º 26, p. 16-35, 2016
|
2019 |
Bailias de abril - lirismo e política na reescrita dos cantares
de amigo de Natália Correia, Anália Gomes, João Pessoa, UFPB/CCHLA, 2019
|
2019 |
“Natália
Correia: a censura de A Pécora”, Ana Bárbara Pedrosa, 2019-09-13. Disponível
em: https://www.esquerda.net/dossier/natalia-correia-censura-de-pecora/62601
|
2019 |
“Ressonâncias
do trovadorismo na lírica portuguesa: Camões, João de Deus e Natália Correia”, Josyane
Malta Nascimento. Diadorim: revista de estudos linguísticos e literários
(Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do
Rio de Janeiro), Rio de Janeiro, vol. 21, n. 1, p. 90-100, jan.-jun. 2019
|
|
LUSOFONIA - PLATAFORMA DE APOIO AO ESTUDO A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO.
Projeto concebido por José Carreiro.
1.ª edição: http://literaturaacoriana.com.sapo.pt/NataliaCorreia.htm, 2012-08-09, 2015-07-11.
2.ª edição: http://lusofonia.x10.mx/acores/NataliaCorreia.htm, 2016.
3.ª edição: "Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de textos de Natália Correia". In: https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/europa-galiza-e-portugal-continental-e-ilhas/Lit-Acoriana/natalia_correia, 2021.
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