POEMAS
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INCIPIT
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Conquista, pois, sozinho o teu Futuro,
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Se é lei, que rege o escuro pensamento,
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Pôs-te Deus sobre a fronte a mão piedosa:
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As fadas... eu creio nelas!
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Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços
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Não se perdeu teu sangue generoso,
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Tu, que dormes, espírito sereno,
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Num sonho todo feito de incerteza,
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Chovam lírios e rosas no teu colo!
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Em sonho, às vezes, se o sonhar quebranta
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Renasço, amigos, vivo! Há pouco ainda
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Em vão lutamos. Como névoa baça,
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Depois que dia a dia, aos poucos desmaiando,
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Sonho de olhos abertos, caminhando
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Ó quimera, que passas embalada
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Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
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Pelo caminho estreito, aonde a custo
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Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,
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Razão, irmã do Amor e da Justiça,
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Aquela que eu adoro não é feita
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Pelas rugas da fronte que medita
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Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,
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Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim
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Mãe - que adormente este viver dorido.
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Na tua mão, sombrio cavaleiro,
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Esse negro corcel, cujas passadas
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Na mão de Deus, na sua mão direita,
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Homem! Homem! Mendigo do Infinito!
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Para além do Universo luminoso,
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O Povo há de inda um dia entrar dentro do Templo,
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Ninguém o dia sabe ao certo: entanto, vemos
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No meu sonho desfilam as visões,
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Espírito que passas, quando o vento
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Noite, vão para ti meus pensamentos,
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Sonho que sou um cavaleiro andante.
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Junto do mar, que erguia gravemente
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Há mil anos, e mais, que aqui estou morto,
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Aspiração... desejo aberto todo
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Visões! sonhos antigos!
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Disse ao meu coração: Olha por quantos
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Quando Cristo sentiu que a sua hora
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Sonho-me às vezes rei, n'alguma ilha,
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Já não sei o que vale a nova ideia,
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Num céu intemerato e cristalino
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Conheci a Beleza que não morre
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Fumo e cismo. Os castelos do horizonte
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Eu vi o Amor ‑ mas nos seus olhos baços
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Adornou o meu quarto a flor do cardo,
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Ouve tu, meu cansado coração,
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Embebido num sonho doloroso,
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