O barco vai de saída
Adeus ó cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P’ra lá da loucura
P´ra lá do equador
Ah! mas que ingrata ventura bem me posso queixar
Da pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado a essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado.
Foi pecado!
E foi pecado sim senhor!
Que vida boa era a de Lisboa!
Gingão de roda batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia
Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa sem fronha
Vou de viagem ai que largada
Só vejo cores ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias
Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia
Arrepia
E arrepia sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
O mar das águas ardendo
O delírio dos céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar
E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola, mata, agarra
Ai quem me ajuda
Reza, implora, escapa
Ai que pagode
Reza tremem heróis e eunucos
São mouros são turcos
São mouros acode
Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai p´ra lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do inferno
Vai ao fundo
Vai ao fundo
E vai ao fundo sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa.
Letra e música de Fausto Bordalo Dias, in Por este rio acima, 1982
Por este rio acima é o sexto álbum de Fausto, editado em 1982. É o primeiro disco da trilogia inacabada "Lusitana Diáspora", que inclui ainda o álbum Crónicas da Terra Ardente (1994). Baseia-se nas viagens de Fernão Mendes Pinto, relatadas na sua Peregrinação. É considerado geralmente pela crítica um dos álbuns mais marcantes da música de intervenção portuguesa das últimas décadas.
Ficha de abordagem sobre o tema “O barco vai de saída” (Fausto)
I
Escute a canção “O barco vai de saída”, de Fausto.
Relacione as expressões da coluna A com os tópicos da coluna B, de forma
a indicar os factos relatados na canção.
Coluna A
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Coluna B
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A.
“O barco vai de saída”
B.
“P’ra lá do equador”
C. “bem me posso queixar / Da Pátria a pouca fartura”
D. “Sem
contar essa história escondida / Por servir de criado a essa senhora”
E. “Em terras de pimenta e maravilha / Com sonhos de prata e fantasia”
F. “O
mar das águas ardendo / O delírio dos céus / A fúria do barlavento”
G. “Vira
o barco e cai marujo ao mar / Vira o barco na curva da morte”
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1.
Razão da partida.
2.
Índia como terra de riqueza e beleza.
3.
História de amor antiga.
4.
Destino da viagem marítima.
5.
O naufrágio.
6.
Partida de Lisboa.
7.
Os perigos da viagem marítima.
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Chave de resposta: A-6; B-4; C-1; D-3; E-2; F-7; G-5. (in Letras & Companhia 9, C. Marques e
I. Silva, ASA, 2013)
II
Classifique o tema musical de acordo com:
a) o ritmo
b) a melodia
c) a harmonia
III
1. Como é que o autor nos descreve a pátria?
2. A quarta estrofe caracteriza o marinheiro que personifica a mundividência, o espírito português da época. Elabore um comentário.
3. O poema surge marcado pelas antíteses. Aponte duas salientando a sua importância.
4. Saliente o realismo expresso na 8ª estrofe. Destaca a linguagem irónica aí presente.
5. Comente a perspetiva apresentada pelo poeta relativamente à mentalidade do marinheiro português que, por extensão, personifica o povo.
José Manuel Cardoso Belo. Vila Real, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2010, p. 171.
IV
Leia o seguinte trecho tirado da obra Peregrinação e que serviu de inspiração à canção “O barco vai de saída”. Responda depois às perguntas abaixo:
“Ainda muito jovem vim para Lisboa onde um tio meu me pôs ao serviço de uma senhora de geração nobre e de parentes ilustres. Sucedeu-me então um caso que me pôs a vida em tanto risco que para a poder salvar me vi forçado a sair naquela mesma hora de casa, fugindo com a maior pressa que pude. Indo assim tão desatinado, entre outros medos, e sem trabalho que bastasse para minha sustentação, decidi embarcar-me para a Índia, ainda que com poucas ilusões. Já disposto a toda a ventura, ou má ou boa, que me sucedesse”.
1. Relacione o texto de Fernão Mendes Pinto com a canção. Destaque os versos que mencionam as razões que levaram o narrador a embarcar para a Índia.
2. Como antevisão da viagem, o narrador apresenta o que o espera ao longo da viagem: não só as expectativas, mas também os perigos. Quais são as expectativas de quem parte e quais os perigos que pode correr?
3. O verso “Que vida boa era a de Lisboa” aparece três vezes ao longo da canção. Tente explicar porquê.
4. Porque é que uma viagem à Índia ou ao Oriente em geral era considerada no século XVI uma “aventura / P’ra lá da loucura”?
5. Selecione algumas figuras de estilo (epítetos, metáforas etc.) que revelam o carácter medonho de uma tempestade no mar.
6. Qual é o tema da canção? Que sentimentos domina o narrador? Apoie a sua resposta nos versos da canção.
7. Repare que (quase) todos os verbos da canção são utilizados no Presente do Indicativo. Explique porquê.
Texto de apoio
A Simbiose Sinestésica Intertextual da Poesia Musicada em Sala de Aula: “O barco vai de saída” de Fausto.
Ritmo ‑ Quaternário, popular, emotivo, mesmo esfusiante, marcado pelo bombo, pelo cavaquinho ao estilo da música tradicional portuguesa.
Melodia ‑ Muito rica, com a voz principal e as do coro com variações em tom menor nas quadras e maior no refrão.
Harmonia ‑ A conjugação de instrumentos tão diversos mas populares propiciam um conjunto de sons agradáveis.
Análise Semântica ‑ Este tema é também considerado de intervenção, porquanto Fausto Bordalo Dias se preocupa em divulgar um espaço da nossa História Portuguesa menos conhecido, ao qual urge dar voz. Segundo ele, há que repor a justiça, no reconhecimento dos mais indefesos, dos mais desprotegidos e geralmente dos mais sacrificados. A este propósito, apraz refletir sobre o que argumenta Barata-Moura (1977:138),
Se é certo que as revoluções não se fazem com canções no sentido de serem estas a determinarem-nas principalmente na ordem da causalidade, também é certo que se não fazem com palavras ou com escritos. No entanto, importa não esquecer o lugar das canções, das palavras, dos escritos, no duro combate ideológico que não só acompanha as revoluções mas toda a luta de classes em geral.
Trata-se de uma ação que não pode deixar ser encarada dialeticamente, já que não é apenas das cabeças de quem pensa, escreve ou canta que estas produções ideológicas saem. Elas mergulham as suas raízes no viver quotidiano dos homens e das mulheres ao serviço de quem procuram estar. É da sua vivência, da sua auscultação, da sua compreensão, da participação numa luta que é comum, que podem recolher, enquanto elaborações da consciência que são a força, a justiça, a razão de ser, de que se encontram animadas.
Este trabalho pretende realçar a capacidade poética do cantautor. Efetivamente, a sua intervenção é considerada como de excelente inspiração musical bem como de irreprimível execução técnica tanto do cantor principal como dos restantes músicos casos de Júlio Pereira, Pedro Caldeira Cabral e Rui Júnior, entre outros, considerados dos melhores instrumentistas nacionais. Um trabalho poético tal como iremos analisar, conjugado com uma criatividade musical de referência, surgiu naturalmente uma simbiose sonora peculiar. De acrescentar a utilização criteriosa dos sons dos nossos instrumentos tradicionais tais como da guitarra portuguesa, cavaquinho, viola braguesa, acordeão, adufes, ferrinhos, flautas, bombo, palmas e vozes que imprimem um cariz puramente popular e simultaneamente uma dimensão contemporânea, inovadora. A identidade musical de Fausto B. Dias, a sua patente em termos de estilo gerou este tema que integra o álbum “Por este rio acima”‑ uma obra-prima que alargou e ajudou a solidificar o panorama da História da Música Portuguesa.
O poema “O Barco Vai de Saída”, pela sua importância, pelo valor emblemático que alcança, merece especial destaque porquanto aborda, de uma forma sintética, todos os momentos gerados pelos Descobrimentos.
Este poema assume-se, por isso, como paradigma dos descobrimentos. É o que se pode comprovar, desde logo, na primeira estrofe, na qual o leitor experimenta as sensações de entusiasmo, de euforia, por parte dos marinheiros em busca de uma prometida vida melhor:
O barco vai de saída / Adeus ó cais de Alfama
Se agora vou de partida /Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor/ Lembra-te de mim nesta aventura
P’ra lá da loucura /P’ra lá do Equador.
(…) Só vejo cores ai que alegria …
O marinheiro, “outrando-se“ já de pirata, sem escrúpulos, refere a sua ambição:
Corsário sem cruzado /em terras de pimenta e maravilha
(…) Com sonhos de prata e fantasia /Com sonhos da cor do arco-íris
O delírio esfusiante, contudo, efémero, contrastava com a pouca fartura, as fracas condições de vida que a Pátria lhe oferecia. É aliás, também por esse facto que o marinheiro – entenda-se, por sinédoque, ‑ o povo português, ‑ se sente impelido a defrontar-se contra os previsíveis e imprevisíveis perigos - quer do Mar numa primeira fase, quer do Desconhecido, numa fase posterior. O poeta refere ainda a história secreta dos amores correspondidos com uma senhora que se serviu dele de uma forma amorosa mas furtiva, pecado que assumiu com toda a frontalidade, sem qualquer espécie de preconceitos, apoiado inclusive pelo coro. Era o que ele considera uma excelente recordação da vida boa que se levava em Lisboa:
Ah mas que grata ventura/bem me posso queixar /
Da Pátria a pouca fartura/Cheia de mágoas ai quebra – mar
(…) Que eu vou de fugida sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora /serviu-se também tão sedutora
Foi pecado, foi pecado /E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa.
Esta passagem, segundo Reis (1978:131), evoca o “Auto da Índia, em termos de “intertextualidade de grau mínimo”. Gil Vicente, à semelhança deste tema musical, aborda de uma forma também satírica, a vida de algumas pessoas de costumes dissolutos, aprazíveis. Esta vida, considerada depravada, fácil “de Lisboa”, pretende contrastar dramaticamente com a dureza, a crueldade das situações vividas durante as viagens, que serão múltiplas e complexas.
Fausto, de seguida, identifica-se como corsário sem cruzado, sem dinheiro. Esta nova personalidade, um heterónimo resultante desta situação de marinheiro, irá reiterar a nova identidade do marinheiro português. Esta perspetiva de se considerar pirata contrasta com os habituais cânones do Classicismo. A noção de herói converte-se em anti-herói, em herói pícaro. Poder-se-á referir que o marinheiro está pronto, “ao som do baile mandado” por um qualquer capitão português, em terras maravilhosas e de fartura, a roubar e a matar para concretizar o seu sonho da cor da sedução e da fantasia; ele não terá escrúpulos, não olhará a meios para atingir os fins – o odor da pimenta e a beleza da prata endoidece qualquer um:
Gingão de rota batida /Corsário sem cruzado/
Ao som do baile mandado /Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia /Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires /desvairas magia
Na estrofe seguinte, o júbilo do pirata, o esplendor do início da viagem, vai-se esmorecendo sobre o menosprezo que recai nos seus companheiros de viagem, apelidados de marranos (porcos, sujos) e judeus sem carácter. De acrescentar, segundo Cruz (1989:84), que a tripulação era também constituída por degredados – condenados à morte, mas com comutação de pena – e os arrenegados soldados que iam trabalhar para outros exércitos. Quando alguns destes regressavam ao país eram integrados nas expedições.
Esta caracterização dos companheiros reflete-se na sua reputação de corsário.
Ele sente-se rodeado de corsários, considerando-se obviamente um elemento integrante do grupo.
A terceira estrofe termina com a alusão ao medo provocado pelos fortíssimos ventos que contrastam, uma vez mais ironicamente, com a deleitosa vida em Lisboa:
Marrano sem vergonha /Judeu sem coisa nem fronha (…)
Só vejo piratas e tesouros / São pratas são ouros (…)
Vou no tremendo assopro dos ventos /(…)arrepia
E arrepia sim senhor/Que vida boa era a de Lisboa
Perante este novo desafio de atravessar os mares, surgem fenómenos como o descrito “Fogo-de-santelmo” que origina o espanto, o receio, o pavor. De seguida, são referidos de novo, os ventos tão inesperados como fortíssimos que provocam um naufrágio que é simultaneamente o seu destino (sorte) do marinheiro. É o seu azar que será a sua mais que provável morte …. O poeta, através deste jogo de palavras, ironiza com o fado, com o destino dos marinheiros portugueses:
O mar das águas ardendo/O delírio dos céus
A fúria do barlavento (…) / vira o barco e vai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte/Olha a minha sorte
Olha o meu azar
Finalmente, a última estrofe testemunha o pânico, a angústia da tripulação de várias centenas de navegantes perdidos num naufrágio ou por razões naturais ou por ataque do inimigo, neste caso, os “infiéis” mouros.
O poeta continua a driblar com as palavras para gerar o efeito de confusão, de violência onde coloca no mesmo pé de igualdade heróis e doidos, colocando-os no mesmo pé de igualdade. Ele pretende desmistificar a noção de herói ao revelar o seu pavor, a sua perdição tal qual um demente já que o ambiente era” infernal”. O verso “Vou ao fundo” exprime a morte do herói e o surgir da ideia do anti-herói: aquele que revela fraqueza, que deixa de ser considerado um homem divinizado para passar a ser simplesmente humano, mortal. Este ambiente está evidenciado na orquestração musical de forte influência tradicional, com uma percussão alegre, de ritmo popular. A melodia envolvente, em sintonia com o texto, transmite uma energia, resultante de um jogo entre a harmonia e as constantes intervenções de um coro de vozes.
O poema termina com a refinada e cruel ironia da deliciosa vida que se vivia em Lisboa:
E depois do barco virado / Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos /Esfola /mata Agarra ai quem me ajuda /
Reza/Implora/escapa ai que pagode /reza
Tremem heróis e eunucos /são mouros são turcos /
(…) Aquilo era o retrato do inferno /(…)
Vou ao fundo /e vai ao fundo sim senhor/
Que vida boa era a de Lisboa.
Este poema musicado pretende, de uma forma duplamente estética, traduzir uma mundividência do tempo dos descobrimentos. O objetivo do cantautor foi desmistificar, derrubar uma mentalidade que durante alguns séculos perdurou ao serviço de uma ideologia arreigada a valores agora contestados. Os conceitos de coragem, de heroísmo, de patriotismo são, desta forma, redefinidos, com a finalidade de abrir novos horizontes na busca da identidade do povo português.
José Manuel Cardoso Belo. Vila Real, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2010, pp. 131-136
Poderá também gostar de:
► “Poesia útil e literatura de resistência” (A literatura como
arma contra a ditadura e a guerra colonial portuguesas), José Carreiro
► Fausto (músico). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. URL: http://www.infopedia.pt/$fausto-(musico)
Músico português, Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias nasceu a 26 de novembro de 1948, a bordo do navio "Pátria", que viajava entre Portugal e Angola. Ao fim de vinte anos em terra africana, viajou para Lisboa onde fixou residência. Estudou no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina e iniciou a sua carreira musical como cantor e compositor com um dos melhores agrupamentos angolanos.
A sua vinda para a capital portuguesa permitiu-lhe conhecer novos meios artísticos e editar o seu primeiro grande sucesso, "Chora, amigo chora" - que o levou a ganhar o Prémio Revelação em 1969 - assim como aproximar-se de nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Manuel Freire.
Fausto, dedicado sobretudo ao canto de intervenção, é considerado um dos mais criativos e expressivos criadores e intérpretes da música popular portuguesa.
Destacam-se os álbuns Pró que Der e Vier (1974) e Beco sem Saída (1975), dois trabalhos marcados pela sua experiência revolucionária; Madrugada dos Trapeiros (1977), que inclui o famoso tema "Rosalinda"; Histórias de Viajeiros (1979), abordando, pela primeira vez, o tema das Descobertas; Por este Rio Acima (1982), baseado na obra Peregrinação de Fernão Mendes Pinto; O Despertar dos Alquimistas (1985), onde tenta descrever o país após a revolução do 25 de abril;Para Além das Cordilheiras (1989), que ganha o Prémio José Afonso; Crónicas da Terra Ardente (1994), onde volta ao tema dos descobrimentos portugueses; e A Ópera Mágica do Cantor Maldito (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa pós-25 de abril.
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2014/09/15/o-barco-vai-de-saida.aspx]