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Tenho tanto
sentimento |
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Temos, todos que
vivemos, |
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Qual porém é
verdadeira |
18-9-1933
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota
explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942
(15ª ed. 1995). - 179. Disponível em: http://arquivopessoa.net/textos/2174
Questionário sobre o poema “Tenho tanto
sentimento”, de Fernando Pessoa.
1. Divida o poema nos seus momentos lógicos. Justifique a sua
resposta.
2. Enuncie as características do sujeito poético.
3. Refira a figura de estilo fundamental em todo o poema,
indicando o seu valor expressivo.
4. Faça o levantamento de outros dois recursos
estilísticos (a nível morfossintático e semântico) recorrentes na poesia
pessoana. Mostre a expressividade de cada um deles.
5. «E a única vida que temos / É essa que é dividida / Entre a
verdadeira e a errada.»
Explicite o sentido destes versos,
atendendo aos conceitos de Aparência e Essência, em Fernando Pessoa ortónimo.
6. Comente, à luz da teoria poética do fingimento, a última
estrofe do poema.
Chave de correção:
1.
O poeta passa de uma reflexão íntima (1.ª estrofe) sobre a dicotomia sentir/pensar para uma
reflexão alargada a todo o ser humano (2.ª e 3ª estrofes).
2.
Características do sujeito poético: ser sofredor, fragmentado (dividido),
meditativo (reflexivo), racional
3.
A antítese é a figura de estilo fundamental em todo o poema. É expressiva da
divisão interior do sujeito poético.
4.
Outros recursos estilísticos (a nível morfossintático e semântico) recorrentes
na poesia pessoana e explicitação da sua expressividade:
Adjetivação automática: «verdadeira», «errada» |
Ao serviço da
expressividade da antítese que suporta a dialéctica do sentir/pensar. |
Presente do Indicativo |
Expressivo de um
discurso reflexivo e intemporal |
Vocabulário simples, corrente: «a gente»... |
Facilitador da
compreensão de um discurso já de si complexo, tenta uma aproximação com o
“comum dos mortais”. |
Repetição de vocabulário: «vida» |
Eufonia; chama a
atenção para o que está em discussão que é o conceito de vida. |
5.
Explicitação do sentido dos versos «E a única vida [pensada] que temos / É essa
que é dividida / Entre a verdadeira e a errada», atendendo aos conceitos de
Aparência e Essência, em Fernando Pessoa ortónimo:
A vida é a síntese entre o mundo da
aparência (“vida errada”) e a da essência (“verdadeiro”)
Vida verdadeira ↓ essência |
Pensamento (entre) |
Vida errada ↓ aparência |
6. O
des-conhecimento do eu:
- Sentir-se estranho não está somente no mundo envolvente de natureza diversa: domina de tal maneira a existência do poeta que o mantém estranho a si mesmo. Só que este sentir-se estranho lhe é próprio: tudo quanto é físico se retira do espiritual, o sentimento faz saltar em breve os laços do pensamento, logo o pensar fica paralisado e finalmente torna-se passivo e alheio.
- O ser está sempre algures, fora das fronteiras limitativas, do outro lado do muro, longe da costa: não nos pertence. Esta é a noção insuportável do consciente de Fernando Pessoa. (G. Güntert, F. Pessoa, o Eu Estranho)
- Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe permita conciliar o pensar e o sentir.
- O interseccionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade são tentativas para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.
- Em Fernando Pessoa observa-se uma dialéctica da sinceridade/fingimento que se liga à consciência/inconsciência e do sentir/pensar. (Acesso ao Ensino Superior. Português 12.º Ano – A e B, Vasco Moreira e Hilário Pimenta, Porto Ed., 2000).
- A vida que se tem é a dramatizada (representada) (“a que tem que pensar”, v. 18), porque esta é a via obrigatória para um autoconhecimento (consciencialização do Eu).
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Fernando Pessoa
- Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da
obra de Fernando Pessoa, por José Carreiro.
- In: Lusofonia, https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/literatura-portuguesa/fernando_pessoa, 2021 (3.ª edição)
- e Folha de Poesia, 17-05-2018. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html
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