Mensagem, de Fernando Pessoa
Primeira Parte – Brasão
III – As Quinas
Segunda
D. FERNANDO, INFANTE DE
PORTUGAL
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Deu-me
Deus o seu gládio1 porque eu faça |
|
Pôs-me
as mãos sobre os ombros e doirou-me |
|
E eu
vou, e a luz do gládio erguido dá |
21-07-1913
Fernando Pessoa, Mensagem. Lisboa:
Parceria António Maria Pereira, 1934
____________
1 gládio: antiga espada curta,
robusta, de lâmina larga com dois gumes; (fig.) poder.
D. Fernando (irmão de D.
Duarte, rei de Portugal) foi feito cativo pelos mouros. Embora humilhado e
martirizado, aconselhou sempre o seu irmão a não entregar Ceuta. É símbolo de
fé e coragem religiosa.
Questionário sobre o poema “D. Fernando, Infante de
Portugal”, de Fernando Pessoa:
1. "Deu-me Deus o seu gládio porque eu faça /
A sua santa guerra."
1.1. Identifique o objetivo da
entrega do gládio e a sua simbologia.
1.2. Justifique a referência a
D. Fernando como símbolo da "santa guerra".
2. Divida o poema nas suas partes lógicas,
indicando o assunto de cada uma delas.
3. Analise a importância dos
tempos verbais para a explicitação da evolução das ideias do poema.
4. Retire do poema uma expressão que comprove o
carácter de predestinado do Infante D. Fernando. Justifique a sua escolha.
5. Explique o sentido dos seguintes versos:
"E
esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar."
6. Integre este poema na estrutura da Mensagem.
Justifique convenientemente a sua resposta.
Chave de correção:
1.1. Objetivo da entrega do gládio: sagrar o Infante;
confiar-lhe a missão da expansão.
Simbologia do
gládio: coragem, destino, força.
1.2. D. Fernando,
cativo dos mouros, humilhado e martirizado, aconselhou sempre o seu irmão D.
Duarte a não entregar Ceuta; a sua coragem e a sua fé religiosa justificam que
seja o símbolo da "santa guerra" (vv. 1, 2).
2. Partes lógicas/assunto de cada uma delas:
- 1.a parte - versos 1 a 7 - consagração
do Infante (passado);
- 2.a parte - versos 8 a 12 - a vontade
de mudança e de conquista (presente);
- 3.a parte - versos 13 a 15 -
determinação e coragem; indicação de vontade inabalável (futuro).
3. Importância dos tempos verbais para a explicitação
da evolução das ideias do poema:
- pretérito perfeito (na 1.a parte do
poema);
- presente do indicativo (na 2.a parte
do poema);
- futuro (na 3.a parte do poema);
- (...)
4. A expressão "Sagrou-me seu em honra e em
desgraça" pode demonstrar o sentido da predestinação do Infante D.
Fernando, dado que aí se destacam:
- os elementos da honra e da grandeza espiritual;
- as marcas da desgraça e da predestinação do
herói.
No entanto,
também as expressões "Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me" ou
"Cheio de Deus, não temo o que virá" apontam no mesmo sentido: a
escolha de Deus, a missão confiada ao herói e a sua vontade, baseada na fé e na
coragem.
5. O sentido dos versos:
A referência ao
desconhecido ("E esta febre de Além") e a vontade expressa de lutar
para cumprir o seu destino ("que me consome"; "E este querer
grandeza"), de fazer a "sua santa guerra", de expandir a fé,
divulgando o nome de Deus ("são seu nome / Dentro em mim a vibrar.").
6. Os 44 poemas que constituem a Mensagem
encontram-se agrupados em três partes, ou seja, as etapas da evolução do
Império Português - nascimento, realização e morte.
No Brasão
estão os construtores do Império; em Mar Português surge o sonho
marítimo e a obra das descobertas; no Encoberto há a imagem do Império
moribundo, com a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, o
espírito do império espiritual, moral e civilizacional na diáspora lusíada.
Sendo D. Fernando um dos construtores do Império, este poema integra-se na primeira parte da Mensagem - Brasão.
Disponível em: http://www.esa.esaportugues.com/programa/Mensagem/textoMensagem.htm
(Consultado em: 17-02-2015)
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- Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da
obra de Fernando Pessoa, por José Carreiro.
- In: Lusofonia, https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/literatura-portuguesa/fernando_pessoa, 2021 (3.ª edição)
- e Folha de Poesia, 17-05-2018. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html
“D. Fernando, Infante De Portugal (Mensagem, Fernando Pessoa)” in Folha de Poesia, José Carreiro. Portugal, 15-12-2019. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/12/d-fernando-infante-de-portugal-mensagem.html
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