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Oh!
como se me alonga, de ano em ano, |
Luís de Camões, Rimas, edição de Álvaro J. da Costa
Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005, p. 129
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1 discurso (v. 4) –
vida, decorrer do tempo.
2 parece (v. 13) – aparece.
I - Reflexão autobiográfica
O soneto de Camões, que
começa com "Oh! como se me alonga, de ano em ano", é
frequentemente interpretado como uma reflexão autobiográfica do poeta sobre sua
própria vida. Existem vários motivos pelos quais esse soneto pode ser lido como
uma reflexão pessoal de Camões.
Em primeiro lugar, a
linguagem utilizada no soneto sugere uma sensação de desespero e desilusão que
pode ser interpretada como a expressão dos próprios sentimentos de Camões. As
imagens de uma "peregrinação cansada", de um "breve e vão
discurso humano" e de uma "grande esperança" que se revela como
um "grande engano" são consistentes com a ideia de que o poeta está
refletindo sobre sua própria vida e sobre as deceções e frustrações que
experimentou.
Além disso, o próprio
Camões é conhecido por ter tido uma vida difícil e tumultuada, marcada por
dificuldades financeiras, exílio e prisão. Ele também enfrentou perdas pessoais
significativas, incluindo a morte de seus pais e de um grande amor. Esses
eventos e circunstâncias podem ter alimentado a sensação de desespero e
futilidade que é expressa no soneto.
Por fim, é importante
notar que o soneto não é uma obra isolada, mas faz parte de um conjunto de
poemas escritos por Camões que exploram temas semelhantes de amor, perda,
desilusão e morte. Esses temas são frequentemente associados a experiências
pessoais e podem, portanto, ser vistos como evidências adicionais de que Camões
está refletindo sobre sua própria vida em seus escritos.
Em resumo, embora não haja
evidências definitivas de que o soneto em questão seja uma reflexão
autobiográfica de Camões, há vários elementos na linguagem, na biografia e no
contexto literário do poeta que sugerem que essa é uma leitura plausível do
poema.
Por outro lado, o soneto
também pode ser interpretado como uma reflexão sobre a condição humana em
geral, na medida em que muitos indivíduos enfrentam obstáculos e desafios
semelhantes na vida, o que pode levar a sentimentos de desespero e
desesperança.
Adaptado da conversação
com o ChatGPT Mar 14 Version. Disponível em https://chat.openai.com/chat, 2023-03-24
II - Questionário sobre o soneto “Oh!
como se me alonga, de ano em ano”, de Camões.
1. Nas
duas quadras, o sujeito poético reflete sobre os efeitos da passagem do tempo
na sua vida. Refira quatro dos aspetos que integram essa reflexão.
2. Relacione
o sentido do verso «qualquer grande esperança é grande engano» (v. 8) com o
conteúdo dos dois tercetos.
Explicitação de cenários de resposta:
1. De acordo com as duas
quadras, o sujeito poético:
– entende a vida como
uma experiência longa e cada vez mais penosa;
– toma consciência da
aproximação do termo da sua vida;
– faz um balanço
negativo da existência com base na experiência passada;
– toma consciência de
que a vida vai perdendo qualidade;
–
encara toda a esperança como mera ilusão.
2. O verso «qualquer
grande esperança é grande engano» (v. 8) sugere que, para o sujeito poético,
toda a esperança acaba por se revelar ilusória.
Esta ideia concretiza-se nos dois tercetos. O bem
desejado é representado como um objetivo que se persegue, num caminho em que o
sujeito cai e se levanta, até que o próprio bem desejado se perde de vista e o
desânimo vence.
Fonte: Exame Final Nacional
do Ensino Secundário n.º 639 - 1.ª Fase. Prova
Escrita de Português - 12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5
de julho). República Portuguesa –
Educação / IAVE-Instituto de
Avaliação Educativa, I.P., 2016-06-15
III - Confronta este
soneto com a estrofe 9 do canto X de Os Lusíadas:
Vão os anos decendo, e já do
Estio
Há pouco que passar até o Outono;
A fortuna me faz o engenho frio
Do qual já não me jato nem me abono;
Os desgostos me vão levando ao rio
Do negro esquecimento e eterno sono.
Sugestão de resposta:
Tanto o
soneto "Oh! como se me alonga, de ano em ano" quanto a estrofe 9 do
canto X de Os Lusíadas expressam um tom melancólico e pessimista do
autor, que se sente desiludido com a vida.
No soneto
de Camões, a imagem da "peregrinação cansada" e do "breve e vão
discurso humano" sugere que a vida é uma jornada sem sentido e que as
grandes esperanças e ambições das pessoas são frequentemente ilusórias.
Da mesma
forma, a estrofe de Os Lusíadas destaca o facto de que o tempo está
passando rapidamente e que a fortuna é responsável por enfraquecer o
"engenho" do poeta. Isso sugere que a fortuna é vista como uma força
caprichosa que pode afetar a capacidade criativa e intelectual das pessoas – no
contexto do poema em questão, a palavra "fortuna" refere-se à sorte
ou ao destino. Camões usa a palavra para descrever a influência do acaso e da
mudança imprevisível nos assuntos humanos. A ideia é que a fortuna pode ser
tanto benéfica quanto maléfica e que as pessoas não têm controle completo sobre
o curso de suas vidas.
CARREIRO, José. “Oh! como se me alonga, de ano em ano, Camões”. Portugal, Folha de Poesia: artes, ideias e o sentimento de si, 30-03-2023. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/03/oh-como-se-me-alonga-de-ano-em-ano.html
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