https://picsart.com/create/editor?category=photos&app=t2i&projectId=6404b73113798f0012d40a61 |
|
Só o ter
flores pela vista fora |
Ricardo Reis, Poesia,
edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp.
36-37
__________
1 áleas (verso 2) – caminhos ladeados de árvores ou
arbustos.
2 quedas (verso 5) – quietas; imóveis.
3 supernas (verso 18) – supremas; superiores.
4 Scolhermos (verso 19) – escolhermos.
5 Parcas (verso 21) – três divindades da mitologia romana que
representam o destino: uma preside ao nascimento, outra ao casamento e a
terceira à morte.
5 estígio (verso 26) – relativo ao Estige, rio dos
Infernos na mitologia grega.
7 Plutão (verso 28) – deus dos Infernos, na mitologia
romana.
Apresente as suas respostas de forma bem
estruturada.
1. Explicite três traços da filosofia de vida
exposta nas quatro primeiras estrofes. Fundamente a resposta com transcrições
pertinentes.
2. Justifique o recurso à primeira pessoa do
plural ao longo do poema.
3. De acordo com o conteúdo das três últimas
estrofes, explique o modo como o sujeito poético perspetiva a morte.
Cenários de resposta
1.
Nas quatro primeiras estrofes, é exposta uma filosofia de vida que se
caracteriza por:
– um gosto pela fruição estética da
natureza – «Só o ter flores pela vista fora / Nas áleas largas dos jardins exatos
/ Basta para podermos / Achar a vida leve.» (vv. 1-4);
– uma escolha da serenidade, o que conduz a
uma atitude contemplativa – «De todo o esforço seguremos quedas / As mãos,
brincando, pra que nos não tome / Do pulso, e nos arraste.» (vv. 5-7);
– uma atitude epicurista, que valoriza o
prazer moderado – «Buscando o mínimo de dor ou gozo, / Bebendo a goles os
instantes frescos,» (vv. 9-10);
– uma consciência da brevidade da vida, que
conduz ao desejo de fruição do momento presente (carpe diem) – «As rosas
breves, os sorrisos vagos, / E as rápidas carícias» (vv. 14-15).
2.
O sujeito poético expõe um conjunto de normas que devem ser seguidas por todas
as pessoas de modo a facilitar a vida humana e a aligeirar a dor provocada pelo
facto de a vida ser efémera.
Neste sentido, o uso da primeira pessoa do
plural – que surge nas formas verbais «podermos» (v. 3), «seguremos» (v. 5),
«vivamos» (v. 8), «escolhermos» (v. 19), «fomos» (v. 19), «formos» (v. 21) e no
pronome pessoal «nos» (vv. 6 e 7) – decorre de uma atitude normativa (ou
exortativa) assumida pelo sujeito poético, incluído nessa primeira pessoa do
plural.
Nota – não é obrigatória a apresentação de exemplos do uso da primeira
pessoa do plural, ainda que estes figurem, a título ilustrativo, no cenário de
resposta.
3.
O sujeito poético perspetiva a morte de acordo com a conceção própria da
antiguidade clássica, evidente:
– na ideia de que a vida humana é comandada
pelo Destino, ou pelas Parcas, e de que as almas atravessam o rio Estige e
chegam aos Infernos, à «pátria de Plutão» (vv. 21-28);
– na aceitação da morte, momento a que se
deve chegar sem apego a nada e apenas recordando o que foi agradável, para que
o sofrimento não seja tão penoso – atitude estoica (vv. 17-20).
Fonte: Exame Final Nacional do Ensino Secundário n.º 639 (Decreto-Lei
n.º 139/2012, de 5 de julho). Prova Escrita de Português - 12.º Ano de
Escolaridade. Portugal, IAVE-Instituto de Avaliação Educacional, I.P., 2016,
2.ª
Fase
https://picsart.com/create/editor?category=photos&app=t2i&projectId=6404b73113798f0012d40a61 (05-03-2023) |
Outro questionário sobre o poema “Só o ter flores pela
vista fora”, de Ricardo Reis:
1.
Centre a sua atenção na primeira parte do poema (da 1.ª à 4.ª estrofes).
1.1.
Explicite a feição moralista/didática aí presente, apoiando a sua resposta em
marcas textuais.
1.2.
Prove que este momento textual encerra uma lição de vida epicurista.
2. Identifique o tempo verbal que o poeta privilegia na segunda parte do texto (da 5.ª à 7.ª estrofes), justificando o seu emprego.
3.
“Quando, acabados pelas Parcas, formos,”.
Aponte a figura de estilo presente nesta citação textual, referindo o seu valor expressivo.
4.
Mostre que o texto contém elementos clássicos e mitológicos.
Ponta Delgada, Escola Secundária Domingos Rebelo, 2006
https://picsart.com/create/editor?category=photos&app=t2i&projectId=6404b73113798f0012d40a61 (05-03-2023) |
Poderá também gostar
de:
Fernando Pessoa - Apresentação crítica,
seleção, notas e sugestões para análise literária da obra de Fernando Pessoa,
por José Carreiro.
- In: Lusofonia, https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/literatura-portuguesa/fernando_pessoa, 2021 (3.ª edição)
- e Folha de Poesia, 17-05-2018. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html
Sem comentários:
Enviar um comentário