Fotografia de José Carreiro, Pico, 2014-08-17 |
ABANDONADA
A velha casa, onde eu morei outrora
E que há muito está desabitada,
Silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
Num triste olhar de amante abandonada.
Com que amargor no íntimo lhe chora
Uma alma sensitiva e ignorada,
Que não tem voz para queixar-se, embora
Se veja só, de todos olvidada!
Casa deserta e fria, que envelheces
Ao desamparo, sem uma afeição,
Bem sinto que me vês, que me conheces
E relembras os dias que lá vão…
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
Toda magoada dessa ingratidão.
E que há muito está desabitada,
Silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
Num triste olhar de amante abandonada.
Com que amargor no íntimo lhe chora
Uma alma sensitiva e ignorada,
Que não tem voz para queixar-se, embora
Se veja só, de todos olvidada!
Casa deserta e fria, que envelheces
Ao desamparo, sem uma afeição,
Bem sinto que me vês, que me conheces
E relembras os dias que lá vão…
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
Toda magoada dessa ingratidão.
Roberto de Mesquita (1871-1923), Almas
Cativas e Poemas Dispersos
MESQUITA, ROBERTO DE
(1871-1923).
Verbete do Dicionário de Literatura Portuguesa, Brasileira, Galega e
Estilística Literária. Porto, Figueirinhas, 1989 (4ª edição) (1ª edição,
volume único, 1960; 2ª edição, tomo 1, letras A-M, 1969).
Escrivão de fazenda na Ilha das Flores,
onde nasceu e morreu, publicou em jornais e revistas açorianas e continentais
os versos postumamente reunidos no seu único livro: Almas Cativas, 1931 ‑
obra que, apesar da sua delgadeza, tem, de direito, um lugar, pela qualidade
estética e mais ainda pelo acento autóctone, no nosso florilégio simbolista.
Vagas preocupações metafísicas – herança de Antero de Quental, autor do verso «Almas irmãs da minha,
almas cativas!» ‑ nela se diluem num descritivismo realista, ainda
baudelairiano e filtrado por Cesário Verde, que monotonamente se imprecisa em angustiosa
solidão, própria do carácter insular e conforme, em sua música e cambiantes,
com·o magistério de Verlaine. O vento lastimoso, dias pluviosos, horas cendradas,
saudades avulsas, sem causa, a penumbra que empana as formas compõem a atmosfera
em que o poeta confessa a sua «maré de tédio». Discretos processos simbolistas
(«dia hiemal», «tarde macerada», etc.) podem-se facilmente reconhecer no estilo
de Roberto de Mesquita, artífice abertamente confesso, que não rejeita o
pontificado de Eugénio de Castro. Mas o que sobretudo importa destacar do seu
espólio lírico é decerto, como acentua Vitorino Nemésio, «a imagem da
sonolência da vida nos Açores [...] um perfil difuso e abúlico da
açorianidade». Foi o
introvertido autor das Almas Cativas (segundo este lúcido crítico) o
primeiro poeta a exprimir «alguma coisa de essencial na condição humana» tal
como ela se apresenta naquele arquipélago.
Urbano Tavares Rodrigues
Bibliografia:
Vitorino Nemésio, «Poeta e o Isolamento: Roberto de
Mesquita», in Revista de Portugal, n.º
6, 1939.
Pedro da Silveira, «A propósito duma homenagem e dum
projecto», in Diário Ilustrado de
25II-1958.
Jacinto do Prado Coelho, «Pensamento e estesia em Roberto de Mesquita», in Problemática da História Literária, Lisboa, 1961, pp. 249-255.
Lívido
amanhecer, lufadas agressivas
Batem os canaviais e os álamos da estrada.
Que bilioso o acordar das perspectivas
Por essa macilenta e gélida alvorada!
A paisagem, que empana um véu cinzento e baço,
Ressuma na manhã irregelada e má
O fastio da vida, o mórbido cansaço
Dum velho coração que nada espera já.
De quando em quando ulula no próximo pinhal,
Sob a nortada agreste, a lamentosa reza
Em que se aflige a desesp´rança universal…
Dir-se-á senil e enferma a alma da natureza,
Por este amargo abrir de fusco dia hiemal,
Duma desconsolada e anémica tristeza.
Batem os canaviais e os álamos da estrada.
Que bilioso o acordar das perspectivas
Por essa macilenta e gélida alvorada!
A paisagem, que empana um véu cinzento e baço,
Ressuma na manhã irregelada e má
O fastio da vida, o mórbido cansaço
Dum velho coração que nada espera já.
De quando em quando ulula no próximo pinhal,
Sob a nortada agreste, a lamentosa reza
Em que se aflige a desesp´rança universal…
Dir-se-á senil e enferma a alma da natureza,
Por este amargo abrir de fusco dia hiemal,
Duma desconsolada e anémica tristeza.
Roberto de Mesquita, Almas Cativas e Poemas Dispersos
ROBERTO DE MESQUITA
[N. Santa Cruz das Flores, 19.6.1871 ? m. ibid., 31.12.1923] Poeta.
[N. Santa Cruz das Flores, 19.6.1871 ? m. ibid., 31.12.1923] Poeta.
Verbete da Enciclopédia Açoriana. Base de dados disponível no portal culturacores.azores.gov.pt. Centro de
Conhecimentos dos Açores - Direção
Regional da Cultura, 2011.
Se na
obra de muitos escritores se sente o desfasamento entre o tempo e o mundo que
lhes é dado viver e as características pessoais, Roberto Mesquita foi um poeta
que nasceu no ambiente e na época literária certos. Com efeito, características
pessoais, culturais e psicológicas, fazem que na poesia de Roberto Mesquita se
interpenetrem, com aguda sensibilidade e rara felicidade, as circunstâncias da
vida, e o espírito e temas do decadentismo e simbolismo da época literária.
Depois
de ter feito a escola primária em Santa Cruz das Flores, o segundo filho de
António Fernandes de Mesquita Henriques e de D. Maria Amélia de Freitas
Henriques, Roberto Mesquita, segue os passos de seu irmão Carlos, um ano mais
velho, e, como ele, depois de uma primeira tentativa frustrada em Angra do
Heroísmo, faz estudos liceais na Horta. Vem depois a ingressar na carreira da
Fazenda Pública, enquanto seu irmão, dado também, ainda que com menos
felicidade, à criação literária, prossegue estudos em Coimbra.
Em
1890, Roberto de Mesquita, que, na companhia deste irmão frequentara já algumas
tertúlias literárias e recebera estímulo de professores na Horta, faz a sua
estreia literária, publicando n’O Amigo do Povo de Santa Cruz das
Flores um soneto sob o pseudónimo Raul Montanha. A partir daí, vai dando a
conhecer dispersamente os seus poemas: e se publica a maioria em páginas da
imprensa regional (O Açoriano, A Ilha das Flores, Revista
Faialense, O Arauto, A Actualidade), outros vêem a
letra de forma em algumas das páginas nacionais de maior representatividade da
época, como sejam a Ave Azul ou Os Novos, a
revista que deu expressão mais significativa à geração simbolista portuguesa.
Roberto
de Mesquita, que era leitor assíduo da poesia portuguesa e francesa (marcam-no
sobretudo Verlaine e Rimbaud, mas também Baudelaire está presente em muitos dos
seus poemas), nunca deixou de ter informação da vida literária do continente e,
aquando da única viagem que realizou para fora dos Açores (1904), encontrou-se
com Eugénio de Castro e Manuel da Silva Gaio. A estes contactos não era
estranha a intervenção de Carlos de Mesquita, homem culto e de fina intuição
crítica, que foi professor no liceu de Viseu e, depois, na Universidade de
Coimbra (morre em 1916).
A
edição em livro dos seus poemas foi projecto acalentado por Roberto Mesquita,
que o organizou e colocou sob a égide expressa de Antero, intitulando-o, a
partir do verso anteriano «almas irmãs da minha, almas cativas», Almas
Cativas. Morreu no entanto sem realizar o projecto, e só em 1931, por
iniciativa familiar, apoiada por Marcelino Lima, a obra surgiu em Famalicão. Já
em 1989, Pedro da Silveira leva a cabo nova edição, enriquecida com poemas
dispersos e o registo de variantes, e prefaciada por Jacinto do Prado Coelho.
Por outro lado, no final da década de 30, Vitorino Nemésio considerou Roberto
Mesquita «o primeiro poeta que exprime alguma coisa de essencial na condição
humana tal como ela se apresenta na ilhas dos Açores», encontrando nos seus
poemas a expressão perfeita das características que reúne no seu conceito de
açorianidade. Pôde assim sublinhar no livro do florense «a melhor imagem da
dispersão e sonolência da vida nos Açores, um perfil difuso e abúlico da
açorianidade».
Pertencem
a Almas Cativas alguns dos mais belos e expressivos poemas
marítimos da poesia portuguesa. Neles, o peso opressivo da solidão concentra-se
na sugestão de um ambiente fechado, de céus cinzentos e pesados, que se estende
ao poeta de uma forma calma e difusa. As casas ancestrais e as ruínas humanizam-se,
a noite, pelo seu «místico cismar», impõe um «terror sagrado» enquanto o luar
transfigura a natureza, enfim, o poeta descobre a «alma de tudo a orar» e vê a
sua sensibilidade exacerbada pelo pôr-do-sol, pelo vento agreste, por ruínas
que se desenham em ambientes de decadência.
Invadido
por um vago misticismo, que ultrapassa em muito o spleen evocado
em algumas composições, o poeta irmana-se com as «Almas cativas» do universo e
toma para si a missão de revelar o sentido da natureza e das coisas, a sua
«alma». Ao fazê-lo, tem consciência de ser superior aos outros homens,
confinados às aparências simples do universo; mas, «poeta maldito», no seu dom
encontra também o seu infortúnio. Como Filodemo, o pastor a quem as asas
impedem o amor, sabe que a sua condição de poeta o impede de desfrutar as
alegrias simples e ingénuas dos homens comuns.
Precisamente
porque poeta, sabe-se superior aos seus contemporâneos; e a sua alma
«omnicoeva», «alma fim de raça, / intransigente com o Hoje estiolante», sente o
apelo do Outrora. Interessam-no então os ambientes fantasiados de um passado
que, festivo e irreal, parece suspender-se nos objectos arruinados que os
animaram e que se tornaram símbolos, ou as efabulações de ambiência histórica
ou bíblica, tão do agrado da época literária.
No
entanto, não é um apelo ao passado que perpassa no olhar que confunde o tempo e
o espaço na consideração da paisagem distante: nele manifesta-se o mesmo
estado anímico que se exterioriza na contemplação da natureza e que percorre os
versos de Roberto Mesquita.
Quando
o mar e o horizonte fechado da ilha são evocados, não são no entanto, a causa
direta do tédio e do sentimento de tristeza vaga, da «viuvez desamparada» que
une o poeta e a natureza. A noite, o vento aflitivo do nordeste ou o «macerado
fechar de tarde» outonal estimulam certamente a meditação, mas os seus poemas
não se detêm na simples busca de uma compreensão psicológica para o seu estado.
É antes um movimento religioso, um movimento puro de abolição da separação
entre os mundos humano e físico, que encontra a sua expressão na Poesia.
Ao
mesmo tempo que se isola dos outros homens, o poeta irmana-se com o mundo. A
um vós/eu que condensa a oposição com aqueles que na aparência lhe são
semelhantes, sucede-se um vós/nós, em que o poeta sente a proximidade da «alma
das coisas». E como que a mostrar que a comunhão entre o mundo e o poeta é
total, o ritmo das descrições da paisagem, em que soam tanto uma cultura e uma
sensibilidade literariamente modeladas, como a melancolia da açorianidade, não
se quebra quando se manifesta a perplexidade: «Paisagem vesperal que palpitante
espia / a estrela do pastor, que já no azul flutua? / A saudade sem causa, a
vaga nostalgia / Que enche como um perfume este apagar do dia, / Gerou-se na
minha alma ou acordou na tua?».
A
inquietação renasce continuamente de uma saudade sem alvo definido, nem causa
ocasional. O poeta procura, em vão, compreender pela análise a sua natureza,
que não é simplesmente psicológica: ela é, afinal, fruto da saudade do ideal
(«Minha alma, donde nasce a mágoa que te invade? / Que éden sentes perdido? /
Oh! esta cheia poderosa de saudade / Sem alvo definido!»). A cada passo que o
poeta dá à procura das promessas de absoluto inscritas no horizonte, o
horizonte alarga-se, a sua linha foge para o mais longínquo. A realização de
qualquer sonho redunda na desilusão, superável apenas no fantasiar de novo
Além.
Reiterado
com melancolia decadentista, este estado anímico cava-se sobretudo na inquieta
certeza do desencanto final do poeta que não pode deixar de procurar «A beleza
essencial, para sempre vedada / À nossa alma que geme à terra agrilhoada».
Em
alguns momentos, assola-o a solidão da criatura face ao Criador: pressentindo
embora a Sua presença na muda imensidão do mundo, não consegue explicação para
a «fria mudez» que responde às súplicas dos homens, «abandonados num caminho
incerto». Mas afirma a sua crença num sentido que não cessa de procurar, para o
exílio terreno que Deus inflige aos seus «filhinhos», mesmo se lhe pesa ter de
aceitar «a Vida fragmentada/ Em vidas dum momento».
E por
isso, apesar de os seus versos não atingirem sistematicamente a fundura
filosófica, a saudade que expressam não se confina à emotividade. É antes a
saudade de uma unidade primordial que o poeta procura decifrar na natureza e
nas coisas, buscando-lhes uma alma e um sentido que não se oferecem nem à
Ciência nem ao homem comum.
Roberto
de Mesquita impõe o reinvestimento simbólico das imagens do viver ilhéu, do
isolamento e do «céu fechado», ou do fantasiar de «belas regiões perdidas / na
extensão do mar» que animam alguns dos mais belos poemas de Almas
Cativas. E esse entendimento impõe-se de tal forma que se torna impossível
dar à análise introspetiva e ao sentimento da natureza outro significado que
não o da universalidade. Mesmo a originalidade suave de um estilo que se apoia
em recursos literariamente típicos na época, mas surpreende o leitor pela tensão
e poder sugestivo do ritmo ou da aproximação de realidades díspares, de
sinestesias ou metáforas inesperadas, vem acentuar o sentimento de indefinição,
de vago, e propicia a oscilação dramática entre o particular e o universal que
caracteriza uma obra que, sem ser muito extensa, dá a Roberto de Mesquita lugar
entre os grandes poetas do simbolismo.
Bibliografia:
Na
edição de Almas Cativas de que é responsável (Lisboa, Ática,
1989), Pedro da Silveira apresenta, a par de uma cronologia do poeta, uma
extensa bibliografia com os títulos publicados até à época. Entre esses
títulos, justo é realçar:
Vitorino
Nemésio, «O Poeta e o isolamento: Roberto de Mesquita», in Revista de
Portugal, nº6, 1939 (recentemente republicado em nova edição de Conhecimento
de Poesia, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1997); Jacinto do Prado
Coelho, «Pensamento e estesia em Roberto Mesquita»; Problemática da
História Literária, Lisboa, Ática, 1961, pp. 205-209.
Entretanto,
acrescentem-se: José Carlos Seabra Pereira, Decadentismo e Simbolismo
na Poesia Portuguesa, Coimbra, Centro de Estudos Românicos, 1975, José
Martins Garcia, O cárcere e o infinito: sobre a poesia de Roberto de
Mesquita, separata de ArquipélagoLínguas
e Literaturas, Ponta Delgada, Universidade dos Açores, 1986; Luís de
Miranda Rocha, Para uma Introdução a Roberto Mesquita, Angra do
Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981.
O poeta Roberto de Mesquita (após 1908). |
Um poeta como Roberto de Mesquita (1871-1923) pode, muito naturalmente e
sem sobressaltos, ser estudado sob uma perspetiva açoriana, que nele detete as
marcas e as representações subjetivas do mundo insular, e ao mesmo tempo sob um
ponto de vista nacional, integrando-o no simbolismo português, que, por sua
vez, é subsidiário do simbolismo europeu. Essas perspetivas não se excluem e foi mesmo por esse
ângulo que Jacinto do Prado Coelho comentou a obra do poeta florentino:
Pertence-lhe um lugar no
panorama da poesia portuguesa, pela qualidade estética de Almas Cativas;
mais restritamente, situa-se no quadro da literatura açoriana pela expressão
admirável da condição vivencial de ilhéu exilado no Atlântico (…), e no quadro
do parnasianismo e sobretudo do simbolismo português, de que é um dos mais
altos expoentes logo a seguir a Camilo Pessanha… (Jacinto
do Pado Coelho, «Roberto de Mesquita e o simbolismo», prefácio de Almas
cativas. Lisboa, Edições Ática, 1973, p. 9).
O
texto de Jacinto do Prado Coelho refere e cita o ensaio de Vitorino Nemésio
sobre Mesquita, o primeiro que de forma extensa se ocupa do poeta e o dá a
conhecer ao público português. Nesse ensaio, Nemésio chama justamente a atenção
para a filiação literária de Roberto de Mesquita, que vai de Leconte de Lisle a
Baudelaire, a Verlaine, a Antero e a Eugénio de Castro; mas ocupa-se
principalmente do modo como os preceitos de escola se integram no discurso
poético e se acomodam à expressão de uma «experiência» pessoal inseparável da
condição insular.6 E Jorge de Sena, ao incluir Mesquita nas Líricas Portuguesas,
chama igualmente a atenção para aquilo que «de autóctone de uma parte de
Portugal – os Açores – [aflora] no seu lirismo.» (Jorge de Sena, Líricas
Portuguesas, 3.ª série, vol. I. Lisboa, Edições 70, 1984: LXVIII).
Bettencourt,
Urbano. Inquietação
insular e figuração satírica em José Martins Garcia. 2014. (Tese
de Doutoramento em Estudos Portugueses.) Ponta Delgada: Universidade dos
Açores, 2013.
___________________
(6) O ensaio, publicado inicialmente no n.º 6 da Revista
de Portugal (janeiro de 1939), foi posteriormente incluído em Conhecimento
de Poesia (1970).
Poderá também gostar de ler:
·
Verbete
“Roberto de Mesquita”, Wikipédia.
[Publicação simultânea em: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2014/10/22/abandonada-roberto-mesquita.aspx]
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