A avó
vive só
Na casa da avó
o galo liró
faz “cocorocó!”
A avó bate pão-de-ló
e anda um vento t – o – tó
na cortina de filó.
A avó
vive só.
Mas se o neto meninó
mas se o neto Ricardó
mas se o neto travessó
vai a casa da avó,
os dois jogam dominó.
Cecília Meireles,
Isto ou aquilo, 1964
No poema “A avó do menino”,
de Cecília Meireles, o sujeito poético utiliza a simplicidade e a musicalidade
para retratar a relação entre uma avó e o seu neto. A estrutura do poema é
marcada pela rima constante, em que cada verso termina com o som do “ó”
acentuado, criando um ritmo que remete para as cantigas infantis e para a oralidade da
língua portuguesa.
A repetição dos versos “A
avó” e “vive só” sugere uma solidão não absoluta, mas pontuada pela presença
ocasional do neto. Essa solidão é relativa, pois é interrompida pela visita do
neto, que traz vida e movimento à casa da avó, simbolizada pelo jogo de dominó.
A metáfora do vento que
“anda” na cortina de filó sugere algo invisível e subtil que, no entanto, tem
presença e movimento, assim como a solidão da avó que é palpável mesmo não
sendo permanentemente visível.
A escolha de palavras com
o som do “ó” acentuado, mesmo quando não é gramaticalmente necessário, enfatiza
a sonoridade e a intenção em destacar a musicalidade do poema. Isso também pode
ser visto como uma forma de dar ênfase à presença do neto, cuja chegada muda o
tom da casa e da vida da avó.
O poema retrata, assim, a
realidade afetiva de muitos lares, celebrando a alegria trazida pelo convívio intergeracional.
A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha!…
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala…
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando…
A velha acorda sorrindo.
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
“Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!”
Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas…
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem…
Olavo
Bilac (1865-1918), Poesias Infantis. Rio de Janeiro, Livraria Clássica de
Francisco Alves & C.ª, 1904, pp. 7-9
fragmento da pág. 7 de Poesias Infantis, 1904
De acordo com a leitura do poema “A avó”, de Olavo
Bilac (1865-1918), classifica cada afirmação que se segue como verdadeira ou
falsa. Procede à correção das afirmações falsas.
1.
A
repetição da palavra “branquinha”, no verso 4, acentua a imagem da avó debilitada.
2.
A
avó passa a maior do tempo a dormir profundamente.
3.
Os
netos entram na sala silenciosamente para não incomodar a avó.
4.
A
avó fica triste quando os netos invadem a sala.
5.
Os
netos representam a juventude e a vitalidade.
6.
A
avó conta histórias reais sobre sua vida.
7.
A
avó transmite valores e cultura familiar, assegurando a continuidade da sua
sabedoria e amor entre as gerações.
8.
Os
netos ficam inquietos e continuam fazendo travessuras enquanto ouvem as
histórias.
9.
A
avó fica mais feliz e rejuvenescida quando está sozinha.
10.
A
mensagem do poema destaca apenas a inevitabilidade do envelhecimento.
Respostas:
1. Verdadeiro.
2. Falso. A avó não dorme profundamente,
mas sim de forma intermitente. O uso da palavra
"cochila" implica um sono leve, não profundo.
3. Falso. Os netos entram
rindo e fazendo barulho: "Às vezes, porém, o bando / Dos netos invade a
sala… / Entram rindo e papagueando."
4. Falso. A avó fica feliz
quando os netos invadem a sala, como indicado na estrofe: “A velha acorda
sorrindo.”
5. Verdadeiro.
6. Falso. A avó conta
histórias de quimeras, ou seja, histórias imaginárias.
7. Verdadeiro.
8. Falso. Os netos ficam
atentos e tranquilos enquanto ouvem as histórias: "E os netinhos
estremecem,
/ Os contos acompanhando, / E as travessuras esquecem."
9. Falso. A avó fica mais
feliz e rejuvenescida com a presença dos netos: "Fica mais moça, e
palpita, / E recupera a memória."
10. Falso. A mensagem do poema
é dupla: destaca tanto a inevitabilidade do envelhecimento quanto a capacidade
dos mais velhos de encontrar alegria na companhia dos mais jovens.
Síntese
da leitura do poema:
O poema
“A Avó” de Olavo Bilac é uma homenagem à figura da avó e ao seu papel na
família. Através de uma linguagem doce e imagens ternas, o sujeito poético
descreve a avó como um pilar de força e amor, apesar da sua fragilidade física.
A
mensagem do poema é dupla: por um lado, destaca a inevitabilidade do
envelhecimento e da passagem do tempo; por outro, celebra a capacidade dos mais
velhos de encontrar alegria e propósito na companhia dos mais jovens. A avó,
através das histórias que conta, passa adiante a cultura e os valores da
família, garantindo que a sua sabedoria e amor perdurem através das gerações.
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse…
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado…
Agora, o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo. Coitado!
Não faça tal; porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa; que, em suma,
Não fazer coisa nenhuma
Também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua
E fá-los queira ou não queira!
João de Deus, Campo de
Flores (1830-1896)
O poema
"Dia de Anos" de João de Deus oferece uma visão satírica sobre a celebração dos aniversários.
Através
de um tom jocoso e familiar, o sujeito poético questiona a racionalidade de
comemorar o passar dos anos, associando essa prática a tolices e desenganos que
apenas evidenciam o envelhecimento.
A
estrutura do poema, com as suas rimas emparelhadas e redondilhas maiores,
contribui para o tom leve e humorístico, tornando a crítica mais acessível e
envolvente.
Em última
análise, o poema convida os leitores a refletirem sobre o valor das tradições e
a inevitabilidade do tempo, sugerindo que há outras formas mais significativas
de aproveitar a vida sem se prender a convenções que podem trazer mais desânimo
do que alegria.
No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
E os outros sem ser por nada —
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...
No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela —
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela...
No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E os outros nem sim nem não —
No comboio descendente
De Palmela a Portimão...
s.d.
Quadras
ao Gosto Popular. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido e
prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática,
1965. (6ª ed., 1973).- 117.
Análise
do poema "No comboio descendente" de Fernando Pessoa
Estrutura
e forma
O poema "No comboio
descendente" de Fernando Pessoa é estruturado em três estrofes, cada uma
com seis versos. A forma fixa do poema destaca-se pela ênfase na sonoridade das
rimas, incluindo as internas. A repetição é um elemento crucial, visível na
métrica, no ritmo, na estrutura sintática e nos recursos sonoros, como
assonâncias e aliterações.
Função
da repetição
A repetição no poema tem o
propósito de induzir um estado de sonolência, semelhante às canções de ninar. A
repetição sintática e semântica cria um efeito de relaxamento, que acalma e
adormece os leitores, como se fossem crianças.
Primeira estrofe: de Queluz à Cruz Quebrada
Na primeira estrofe, o tom é de
alegria e animação:
Sonoridade vibrante: A
aliteração com a consoante /k/ e os encontros consonantais /kr/ e /br/ no verso
"De Queluz à Cruz Quebrada" evocam o som e a confusão típicos de uma
viagem animada de comboio.
Rima interna: A rima
entre "Queluz" e "Cruz" reforça a ideia de repetição e
alegria entre os passageiros.
Segunda estrofe: de Cruz Quebrada a Palmela
Na segunda estrofe, a atmosfera
começa a acalmar:
Transição para a calma: A
sonoridade indica uma diminuição na agitação, sugerindo que os passageiros
estão a acalmar à medida que a viagem continua.
Terceira estrofe: de Palmela a Portimão
Na terceira estrofe, há uma
mudança de tom:
Quebra da repetição: A
estrutura paralela dos versos é interrompida pela expressão "Mas que
grande reinação!", usada de forma irónica para indicar que, apesar da
frase, a atmosfera agora é de sono.
Sonoridade nasal: O último
verso "De Palmela a Portimão" destaca sons nasais, que sugerem um
ambiente tranquilo e os passageiros adormecidos.
Análise alegórica
O poema não descreve apenas uma
viagem de comboio animada e barulhenta, mas também representa alegoricamente o
processo de adormecimento:
Transição de animação para sonolência: A
sonoridade e a escolha das palavras ao longo do poema ilustram a transição da
vivacidade para a calma e, finalmente, para o sono dos passageiros.
Linguagem infantil:
Expressões coloquiais como "reinação" e "dar-lhes trela" evocam
uma linguagem simples e infantil, reforçando a sensação de uma canção de ninar.
Conclusão
Fernando Pessoa, no poema "No
comboio descendente", utiliza a repetição em múltiplos níveis para criar
um efeito tranquilizante. O poema leva o leitor de um estado de
alegria e excitação para uma serenidade sonolenta, refletindo o processo de
adormecimento. A estrutura sonora e a escolha das palavras contribuem para essa
transformação gradual, fazendo do poema uma rica alegoria do cair no sono.
Ilustração de Madalena Matoso para O livro da Tila. Editorial Caminho, 2010
Nascer
Mãe!
Que verdade linda
O nascer encerra:
Eu nasci de ti,
Como a flor da Terra!
Matilde Rosa Araújo, O
livro da Tila. Lisboa, Livros Horizonte, 1957
O ato de nascer é um milagre que transcende o físico. É a passagem da
escuridão para a luz, do silêncio para o som da vida. A mãe é a guardiã desse
segredo, a criadora que nos molda com amor e nos permite florescer. Que bela
jornada é essa, a do nascer!
Escreve um texto criativo
inspirado no poema "Nascer" de Matilde Rosa Araújo. Podes optar por
um conto, uma carta, um diário ou até mesmo um poema. Aqui estão algumas ideias
para te ajudar a começar:
Uma carta à tua mãe: Imagina que estás a
escrever uma carta à tua mãe, expressando os teus sentimentos sobre o poema.
Fala sobre a relação especial que tens com ela e como o nascimento é uma
metáfora para a vossa ligação.
Um conto sobre o
nascimento:
Cria uma história onde o nascimento de uma criança é descrito como um
acontecimento mágico e poético. Podes personificar a Terra, as flores, e outros
elementos naturais para enriquecer a tua narrativa.
Diário de uma flor: Escreve uma entrada de
diário do ponto de vista de uma flor que acabou de nascer da terra. Descreve as
suas primeiras impressões do mundo, a relação com a "mãe Terra", e as
suas esperanças e sonhos.
Um poema sobre o nascimento: Inspira-te no poema de
Matilde Rosa Araújo para escrever o teu próprio poema sobre o ato de nascer,
sobre a conexão profunda entre mãe e filho.
Se necessário, segue as
seguintes sugestões:
·O Silêncio da Origem: Descreve a escuridão do útero, onde o bebé se
desenvolve. Usa metáforas para expressar essa sensação de proteção e mistério. Explora
a ideia de que o silêncio é a primeira linguagem que o bebé conhece.
·O Despertar: Fala sobre o momento em que o bebé começa a
sentir os primeiros movimentos, como se estivesse a despertar para a vida. Usa
imagens sensoriais para descrever essa transição do escuro para a luz.
·A Mãe como Criadora: Compara a mãe à Terra, que nutre e faz brotar a
flor. Ela é a origem, o solo fértil onde a vida floresce. Destaca a beleza
desse processo de criação, como se a mãe fosse uma artista que molda o filho
com amor e cuidado.
·O Laço Inquebrável: Aborda a ligação entre mãe e filho. Como o poema
sugere, o filho nasce “de” sua mãe, mas também “como” a flor da Terra. Usa
metáforas para expressar essa conexão profunda e inquebrável.
Lembra-te de ser criativo
e pessoal na tua escrita. Usa as tuas próprias experiências e emoções para dar
vida ao teu texto. Bom trabalho!
O poema “A Arca de Noé” de Vinicius
de Moraes pode ser dividido em momentos lógicos que refletem a sequência de
eventos e as imagens criadas pelo autor. Aqui está uma possível divisão:
Momento 1: O Cenário Pós-Dilúvio
Descrição do arco-íris e da natureza que se revela
após a chuva.
A água
límpida e a luz do sol criam um ambiente de renovação e esperança.
Momento 2: A Abertura da Arca
Noé abre a arca, e a descrição foca na sua figura como
patriarca e inventor da uva.
A terra é
vista como fértil e promissora para o cultivo de vinhas.
Momento 3: A Saída dos Animais
Os animais começam a sair da arca, cada um com as suas
características distintas.
A
descrição dos animais é feita com humor e leveza, destacando a diversidade
da vida.
Momento 4: O Conflito e a Ordem
Há um momento de disputa entre os animais,
simbolizando a luta pela vida e pelo espaço.
Eventualmente,
os animais saem em pares, estabelecendo uma nova ordem no mundo.
Momento 5: A Nova Vida na Terra
Os animais são conduzidos por Noé para a terra
prometida, onde a vida recomeça.
O poema
termina com uma imagem pacífica da natureza e dos animais em harmonia.
Cada um desses momentos captura uma
fase diferente da narrativa, desde a devastação inicial até a promessa de um
novo começo para a humanidade e para o mundo natural.
***
Reconto
Reconta, em prosa, a história narrada no poema “A Arca de Noé”,
de Vinicius de Moraes.
“É tão bom”,
letra de Sérgio Godinho, do álbum Sérgio Godinho canta com os amigos do
Gaspar, 1988
De acordo com a leitura da letra da canção “É
tão bom”, de Sérgio Godinho, classifica cada afirmação que se segue como
verdadeira ou falsa. Procede à correção das afirmações falsas.
1.
A
primeira estrofe usa comparações como "castelos no mar alto" e
"dar o salto p’ra dentro do barco".
2. A expressão “dar o salto p’ra dentro do barco” sugere a hesitação
e a procura de segurança no interior da embarcação.
3. A expressão "castelos no mar alto" simboliza algo
grandioso e distante, representando a coragem e o desejo de explorar e se
aventurar no desconhecido.
4.
O
refrão da canção celebra a importância das amizades e o apoio mútuo.
5.
A
ilha mencionada na letra da canção representa um lugar de maravilhas e novas
experiências.
6. A
expressão "eu vi o que quis ver afinal" (verso 9) sugere uma sensação
de deceção com as descobertas feitas.
7.
A
terceira estrofe (versos 14 a 23) sugere que é importante tomar cuidado ao
buscar novas experiências para evitar problemas.
8.
A
menção à lua e à “avenida do luar” (verso 23) adiciona um toque de realismo à
música.
Respostas:
1. Falso. A primeira estrofe
usa metáforas como "castelos no mar alto" e "dar o salto p’ra
dentro do barco".
2. Falso. A expressão “dar o salto
p’ra dentro do barco” simboliza a coragem de embarcar em novas jornadas e
explorar o desconhecido. Ela não sugere hesitação, mas sim disposição para se
aventurar.
3. Verdadeiro.
4. Verdadeiro.
5. Verdadeiro.
6. Falso. A expressão "eu vi o
que quis ver afinal" sugere uma satisfação pessoal com as descobertas
feitas, e não uma sensação de deceção. O sujeito poético encontrou
o que procurava e está satisfeito com as suas descobertas.
7. Verdadeiro
8. Falso. As menções à lua e
à "avenida do luar" adicionam um toque de fantasia e sonho à música,
e não realismo. Elas servem para enriquecer a letra com uma qualidade poética e
imaginativa, reforçando os temas de exploração e maravilha de maneira encantada
e idealizada. A música utiliza esses elementos para criar um ambiente que é
mais sobre aspiração e encantamento do que sobre a realidade prática e quotidiana.
Depus a
máscara e vi-me ao espelho...
Era a criança de há quantos anos...
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que fica,
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor.
Assim sou a máscara.
E volto à normalidade como a um términus de linha.
Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa
Rita Lopes,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 514.
QUESTIONÁRIO
1.
Explique a importância da máscara na construção
da dualidade do sujeito poético, tal como é apresentada ao longo do poema.
2.
Depois de tirar a máscara, o sujeito poético opta por tornar a pô-la.
Justifique
essa opção, com base em dois aspetos significativos.
3.
Considere as afirmações seguintes sobre o poema.
I. O
ato de se ver ao espelho sugere o desejo de autoconhecimento por parte do
sujeito poético.
II. O
sujeito poético anseia voltar a viver o seu tempo de infância.
III. A
coexistência de versos longos e de versos curtos contribui para o ritmo do
poema.
IV. O
recurso às reticências, no verso 3, indicia a frustração sentida pelo sujeito
poético.
V. No
texto, evidenciam-se características da linguagem poética de Álvaro de Campos,
como a liberdade formal e o uso de anáforas.
Identifique
as três afirmações verdadeiras.
CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
1. Explica a importância da máscara na construção da dualidade do
sujeito poético, abordando, adequadamente, os dois tópicos de resposta.
- a máscara esconde o Eu
associado à infância, num jogo entre ser e parecer/passado e presente, no qual
a permanência do Eu passado surge quando a máscara é retirada;
- a duplicidade permite que o sujeito poético mantenha o seu ser
autêntico e, simultaneamente, que desempenhe o papel social associado à máscara
(optando pela identidade adquirida pela máscara).
2. Justifica a opção do sujeito poético por tornar a pôr a máscara,
abordando, adequadamente, dois dos tópicos de resposta.
- a criança
que a máscara oculta representa a vulnerabilidade do sujeito poético associada
à infância;
- o Eu
sente-se mais confortável quando coloca a máscara, na medida em que a imagem
que dá a ver aos outros é a de alguém normal («E volto à normalidade» ‒ v. 11);
- a normalidade (o «términus de linha» ‒ v. 11) é
construída
através
do recurso à máscara na viagem de autoconhecimento
que o sujeito poético realiza, o que implica viver o presente, aceitando as
convenções sociais.
3.
I, III e V.
Fonte:
Exame Final Nacional de Português | Prova 639 | 1.ª Fase | Ensino Secundário - 12.º
Ano de Escolaridade | República
Portuguesa – Educação, Ciência e Inovação / Instituto de Avaliação Educativa,
I. P. (IAVE), 2024 (Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho; Decreto-Lei n.º
62/2023, de 25 de julho) – VERSÃO 1
***
A INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL AO SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: explicação sistematizada do poema de Álvaro
de Campos que saiu no exame 12.º ano.
1. **Tirar a
máscara**
- O autor tira a máscara.
- Olha-se ao espelho.
- Vê-se como era em criança.
- A essência dele não mudou.
2. **Vantagem
de tirar a máscara**
- Ao tirar a máscara, redescobre-se
a criança interior.
- A verdadeira identidade, pura e
intocada, permanece.
3. **Voltar a
pôr a máscara**
- O autor decide voltar a pôr a
máscara.
- Sente-se mais confortável e
seguro assim.
- A máscara torna-se a sua
personalidade.
4.
**Aceitação**
- Aceita que vai continuar a usar a
máscara.
- É assim que consegue viver e
funcionar na sociedade.
Partilhado por Lúcia Vaz
Pedro, in Pulsações Escritas - Facebook, 22/06/2024