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quarta-feira, 26 de junho de 2024

Eu nasci de ti como a flor da Terra, Matilde Rosa Araújo

Ilustração de Madalena Matoso para O livro da Tila. Editorial Caminho, 2010

 

Nascer

 

Mãe!

Que verdade linda

O nascer encerra:

Eu nasci de ti,

Como a flor da Terra!

 

Matilde Rosa Araújo, O livro da Tila. Lisboa, Livros Horizonte, 1957

 


 

O ato de nascer é um milagre que transcende o físico. É a passagem da escuridão para a luz, do silêncio para o som da vida. A mãe é a guardiã desse segredo, a criadora que nos molda com amor e nos permite florescer. Que bela jornada é essa, a do nascer!

 

Escreve um texto criativo inspirado no poema "Nascer" de Matilde Rosa Araújo. Podes optar por um conto, uma carta, um diário ou até mesmo um poema. Aqui estão algumas ideias para te ajudar a começar:

 

Uma carta à tua mãe: Imagina que estás a escrever uma carta à tua mãe, expressando os teus sentimentos sobre o poema. Fala sobre a relação especial que tens com ela e como o nascimento é uma metáfora para a vossa ligação.

 

Um conto sobre o nascimento: Cria uma história onde o nascimento de uma criança é descrito como um acontecimento mágico e poético. Podes personificar a Terra, as flores, e outros elementos naturais para enriquecer a tua narrativa.

 

Diário de uma flor: Escreve uma entrada de diário do ponto de vista de uma flor que acabou de nascer da terra. Descreve as suas primeiras impressões do mundo, a relação com a "mãe Terra", e as suas esperanças e sonhos.

 

Um poema sobre o nascimento: Inspira-te no poema de Matilde Rosa Araújo para escrever o teu próprio poema sobre o ato de nascer, sobre a conexão profunda entre mãe e filho.

Se necessário, segue as seguintes sugestões:

·       O Silêncio da Origem: Descreve a escuridão do útero, onde o bebé se desenvolve. Usa metáforas para expressar essa sensação de proteção e mistério. Explora a ideia de que o silêncio é a primeira linguagem que o bebé conhece.

·       O Despertar: Fala sobre o momento em que o bebé começa a sentir os primeiros movimentos, como se estivesse a despertar para a vida. Usa imagens sensoriais para descrever essa transição do escuro para a luz.

·   A Mãe como Criadora: Compara a mãe à Terra, que nutre e faz brotar a flor. Ela é a origem, o solo fértil onde a vida floresce. Destaca a beleza desse processo de criação, como se a mãe fosse uma artista que molda o filho com amor e cuidado.

·      O Laço Inquebrável: Aborda a ligação entre mãe e filho. Como o poema sugere, o filho nasce “de” sua mãe, mas também “como” a flor da Terra. Usa metáforas para expressar essa conexão profunda e inquebrável.

 

Lembra-te de ser criativo e pessoal na tua escrita. Usa as tuas próprias experiências e emoções para dar vida ao teu texto. Bom trabalho!

 


terça-feira, 25 de junho de 2024

A Arca de Noé, Vinicius de Moraes

Arca de Noé, ilustração de Marta Madureira (2012) 

 

 

A ARCA DE NOÉ

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.

O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.





E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca

Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: "Boa terra
Para plantar minhas vinhas!"

E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.

Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.

E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.

Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora as cabeças botam.

Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.

Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.

Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pêlo
Pela terra prometida.

"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta; e o tigre - "Não!"

Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.

Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.

Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista.

Na serra o arco-íris se esvai...
E... desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória

Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.

 

Vinicius de Moraes, A Arca de Noé. Rio de Janeiro, 1970

Disponível em: https://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/arca-de-noe

 

A arca de Noé, Editora Sabiá

Divisão interna do texto 

O poema “A Arca de Noé” de Vinicius de Moraes pode ser dividido em momentos lógicos que refletem a sequência de eventos e as imagens criadas pelo autor. Aqui está uma possível divisão:

Momento 1: O Cenário Pós-Dilúvio

Descrição do arco-íris e da natureza que se revela após a chuva.

  • A água límpida e a luz do sol criam um ambiente de renovação e esperança.


Momento 2: A Abertura da Arca

Noé abre a arca, e a descrição foca na sua figura como patriarca e inventor da uva.

  • A terra é vista como fértil e promissora para o cultivo de vinhas.


Momento 3: A Saída dos Animais

Os animais começam a sair da arca, cada um com as suas características distintas.

  • A descrição dos animais é feita com humor e leveza, destacando a diversidade da vida.


Momento 4: O Conflito e a Ordem

Há um momento de disputa entre os animais, simbolizando a luta pela vida e pelo espaço.

  • Eventualmente, os animais saem em pares, estabelecendo uma nova ordem no mundo.


Momento 5: A Nova Vida na Terra

Os animais são conduzidos por Noé para a terra prometida, onde a vida recomeça.

  • O poema termina com uma imagem pacífica da natureza e dos animais em harmonia.

Cada um desses momentos captura uma fase diferente da narrativa, desde a devastação inicial até a promessa de um novo começo para a humanidade e para o mundo natural.


***

Reconto

Reconta, em prosa, a história narrada no poema “A Arca de Noé”, de Vinicius de Moraes.

 

sábado, 8 de junho de 2024

Escrita criativa | O que é a poesia?

O que é a poesia?

(…) a poesia, apesar de se fazer com palavras, está muito para além delas. É aquilo que essas palavras conseguem levar e depositar no nosso coração. E para que isso aconteça, não é preciso que sejam palavras complicadas, frases elaboradas, rimas perfeitas. (…) É outra coisa. Que não se consegue nomear, mas que se sente. (…)

E não há uma maneira única de escrever poesia. Há quem, através da poesia, conte uma história; há quem recorde um pequeno pormenor que lhe chamou a atenção; há quem evoque cenas familiares; há quem escreva sobre um cheiro ou um olhar; há quem, muito simplesmente, brinque com as palavras e os seus sons.

Há poemas sobre animais, sobre pessoas, sobre sentimentos, sobre a natureza. Há poemas sobre fadas, sobre pastores, sobre crianças e velhos. Há poemas sobre uma rua, sobre uma casa, sobre uma pedra que de repente se encontra a meio do caminho. Há poemas sobre a tristeza e sobre a alegria. E podemos rir e chorar com eles. Pode-se escrever um poema a propósito de tudo. Não há temas melhores ou temas piores: há a arte de saber escrever a seu respeito de uma maneira criativa, ou seja, de uma maneira que seja só nossa.

Alice Vieira, O meu primeiro álbum de poesia. Lisboa, Edições Dom Quixote, 2007



 


Escrita criativa

No vídeo que se segue, a escritora Alice Vieira dá alguns conselhos sobre a forma de escrever textos criativos, como por exemplo: escolham assuntos concretos para as vossas histórias; escrevam muito; não tenham pressa; reformulem o que escreveram, mudando palavras, encurtando frases; não vale a pena usar os adjetivos se eles não forem rigorosos.

O videograma foi criado para o Grande C - Concurso de criatividade para escolas, promovido pela Associação para a Gestão de Cópia Privada (AGECOP), em 2009.



Videograma GC Alice Vieira Escrita Criativa,
p
artilhado por Paulo Pinheiro, em 16/11/2009

 

Composição de um texto por imitação criativa

Escreve um poema composto por inspiração, a partir de uma das propostas que se seguem.

I - Poema sobre uma flor

Escreve um poema sobre uma flor, partindo do seguinte poema sobre o girassol: 

O GIRASSOL

Passa a vida a olhar pró sol!
Segue o sol para todo o lado!
Tivesse olhos o girassol
ou usava óculos de sol
ou já teria cegado.

Jorge Sousa Braga, Herbário, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 10

 


Escola Virtual

 

II – Poema sobre um animal

Lê com atenção o seguinte poema que tem um animal como tema:

A ÍBIS

A íbis, a ave do Egito,
Pousa sempre sobre um pé
O que é
Esquisito.
É uma ave sossegada,
Porque assim não anda nada.

s.d.

Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.  - 24. Disponível em: http://arquivopessoa.net/textos/4481

 

Inspira-te no mundo da bicharada e escreve um poema sobre outros animais.

https://fullbloomclub.net/14-funny-animals-drawing-dive-into-comedic-styles/



III – A casa como metáfora

O que é um livro, para ti? Para que serve?

Faz uma lista de alguns elementos que constituem uma casa (por exemplo portas, janelas, paredes, chaminé).

Inicia cada verso por “Um livro é” seguido de um dos elementos da tua lista.

Exemplo: “Um livro é uma porta que se abre para o mundo.”

Escreve cerca de quinze versos.

Relê esses versos e escolhe os doze melhores, copiando-os para a folha na ordem que consideres mais adequada.

 

Nota: podes substituir a palavra “livro” por outras, como por exemplo: 

  • “Um amigo é…”
  • “A amizade é…”
  • “O amor é…”
  • “A família é…”
  • "Um irmão é..."
  • “A vida é…”
  • “A felicidade é…”
  • “A sabedoria é…”
  • “A natureza é…”
  • “A música é…”
  • “A arte é…”
  • “A paz é…”
  • “A liberdade é…”
  • “A esperança é…”
  • “O sonho é…”
  • “O futuro é…”
  • "Uma ilha é...".


IV – Outros poemas que podem servir de mote ou modelo de inspiração

URGENTEMENTE

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor,
é urgente permanecer.

Eugénio de Andrade, Até Amanhã, 1956

 

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade, Coração do dia, 1958

 

AS MÃOS

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

 

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967


AMIGO

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra “amigo”.

“Amigo” é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

“Amigo” (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
“Amigo” é o contrário de inimigo!

“Amigo” é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

“Amigo” é a solidão derrotada!

“Amigo” é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
“Amigo” vai ser, é já uma grande festa!

 

Alexandre O’Neill, No Reino da Dinamarca, 1958

 

O SONHO

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma dêmos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

– Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama, Pelo sonho é que vamos, 1953

 

E POR VEZES

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

 

David Mourão Ferreira, Matura idade, 1973

 

ESPARSA

sua ao desconcerto do mundo

Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais m’espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado

Luís Vaz de Camões (c. 1524-1580)

 

AMOR É UM FOGO QUE ARDE SEM SE VER

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões (c. 1524-1580)

 

[AUTORRETRATO]

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,

Eis Bocage em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento

Bocage (1765-1805)

 

PORQUE

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

 

Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar Novo, 1958

 

TRÍPTICO

II

Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
– eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
(…)

Herberto Helder, A colher na boca, 1961

 


 Nota: na página Folha de Poesia há mais propostas de escrita criativa.


domingo, 19 de novembro de 2023

Como fazer caligramas

Salette Tavares, “Aranha”. Tipografia, 40cm x 40 cm. 
In “Brin Cadeiras”, Poesia Experimental-1, 1964
          


Como fazer caligramas:
passo a passo para criar pOEmaS deSenhadoS


  Um caligrama é um poema cujas palavras formam um desenho relacionado com o seu conteúdo. Nesta atividade, vais explorar a tua criatividade, desenhando caligramas com as tuas palavras ou utilizando formas pré-definidas que se relacionem com o tema que pretendes desenvolver.

    Para isso, segue as seguintes etapas:

1. Escolha do tema

    Escolhe um tema livre para o teu poema. Pode ser um objeto, um animal, uma comida, uma pessoa, um lugar, um sentimento ou uma ideia que queiras expressar visualmente e poeticamente.

2. Desenho do contorno

    Desenha um contorno simples no papel ou no computador, que represente o teu tema. Se estiveres a usar o papel, desenha com um lápis, não com uma caneta. Se estiveres a usar o computador, usa um programa de desenho, como o Paint ou o Gimp. O contorno deve ser claro e fácil de reconhecer.

3. Escrita do poema

    Escreve o teu poema normalmente, num documento à parte. Tenta expressar os teus sentimentos em relação ao tema.  Podes usar recursos poéticos, como rimas, aliterações, assonâncias, metáforas, comparações, etc. Evita tornar o poema muito longo; entre 6 a 12 linhas é um bom tamanho.

4. Incorporação do poema na forma

    Escreve o teu poema dentro do contorno que desenhaste, usando um lápis ou um editor de texto. Não te preocupes se as palavras não couberem bem dentro dos limites, pois podes ajustá-las depois. O importante é que as palavras sigam o formato do desenho e criem um efeito visual interessante. Por exemplo, podes escrever as palavras na horizontal, na vertical, na diagonal, de trás para frente e de cabeça para baixo. Podes repetir as palavras, cortá-las e juntá-las. Também podes usar diferentes tamanhos, cores e tipos de letras, se desejares.

5. Ajustes no tamanho da escrita

    Revê o teu caligrama e faz as alterações que achares necessárias. Verifica se o teu caligrama está legível, criativo, original e coerente com o tema. Pede a opinião de um colega ou do professor, se precisares de ajuda. Podes aumentar ou diminuir a tua escrita em certas partes do desenho, para que as palavras se adaptem melhor ao contorno. Podes apagar o teu primeiro rascunho e escrever o poema novamente quantas vezes quiseres até ficares satisfeito com o resultado.

6. Finalização

    Apaga o contorno do teu desenho, de modo que sejam apenas as palavras do teu poema que criem a imagem. Se estiveres a usar o computador, podes usar a ferramenta de apagar ou de preencher com a cor de fundo. 

Parabéns, acabaste de criar um caligrama!

J O S É C A R R E I R O

A escrita criativa na sala de aula

“A escrita criativa constitui uma das melhores formas de estimular os processos de pensamento, imaginação e divergência”, Elisabete Carnaz, Da criatividade à escrita criativa.

Desenhar com poesi

A escrita de caligramas é uma atividade que envolve diversos processos cognitivos, como a planificação, a textualização e a revisão, que são comuns a qualquer produção escrita. No entanto, a escrita deste tipo de textos também requer uma atenção especial à dimensão visual da linguagem, que implica o uso de recursos como a forma, a cor, a disposição e o tamanho das letras, para criar um efeito de sentido. Estimula também a imaginação e a criatividade, pois permite ao aluno expressar-se de forma original e inovadora, combinando palavras e imagens de acordo com o seu tema, o seu estilo e o seu propósito.

Aprendizagens a privilegiar:

  • Utilizar de modo proficiente diferentes linguagens e símbolos associados às línguas, à literatura, à música, às artes, às tecnologias (Área de Competência: Linguagens e textos, PASEO). 
  • Experimentar processos próprios das diferentes formas de arte (Área de Competência: Sensibilidade estética e artística, PASEO).

Avaliação:

  • Coerência e harmonia temática: existe uma relação lógica e harmoniosa entre o tema, o poema e o desenho no caligrama? 
  • Intencionalidade comunicativa: o caligrama transmite eficazmente a mensagem ou o tema escolhido? 
  • Adequação ao formato: o caligrama segue as orientações da atividade e enquadra-se na definição de poesia visual e caligrama?

Sequência didática:

A sequência didática proposta segue uma ordem lógica e progressiva de atividades, que visam desenvolver a habilidade de escrita de caligramas pelos alunos. Esta sequência apresenta também uma articulação entre os conteúdos, as atividades e a avaliação, que estão relacionados com o tema da poesia visual e com o conceito de caligrama. Além disso, a sequência didática utiliza recursos variados, como textos, imagens, diálogos, roteiros e ferramentas digitais que tornam a aprendizagem mais dinâmica, interativa e motivadora.

Primeira aula:

1. Introdução do conceito de poesia visual e contextualização da importância e relevância desta forma artística.

2. Observação dos poemas visuais “Escada” (de Jaime Salazar Sampaio), “Metro e meio de poesia” (de Gastão Debrex), "Velocidade" (de Ronaldo Azeredo) e "Pêndulo" (de E. M. de Melo e Castro), acompanhada de diálogo, em assembleia de turma, sobre as suas características distintivas e/ou semelhantes relativamente aos poemas estudados em aula.

Metro e meio de poesia, Gastão Debrex


3. Registo escrito da sistematização da leitura dos poemas visuais, com base em questões dos roteiros de leitura.

4. Definição de caligrama, de modo que os alunos entendam o que é um caligrama e como ele se relaciona com a poesia visual.

5. Como preparação da atividade do domínio da Escrita, procede-se à visualização de outros exemplos de poesia visual disponíveis no blogue Folha de Poesia, que abrangem diferentes estilos e técnicas, como o uso de colagens, recortes, símbolos e cores.



6. Produção individual de um caligrama, seguindo as orientações do roteiro/tutorial intitulado “Como fazer caligramas: passo a passo para criar pOEmaS deSenhadoS”.

(Nota: A tarefa de criação do caligrama poderá ser terminada como trabalho de casa.)

7. Elaboração de um portefólio de caligramas, publicado no Padlet da turma, com os seguintes propósitos:

- criar um corpus de referência, para, nas aulas de TIC, os alunos transformarem o roteiro/tutorial escrito num vídeo, onde incluirão os caligramas nas suas diferentes etapas de produção e a narração a explicarem os procedimentos que adotaram; 

- preparar a divulgação dos trabalhos numa exposição da Biblioteca Escolar;

Segunda e terceira aulas:

8. Exposição e apreciação dos trabalhos:

- cada aluno apresenta o seu trabalho à turma, indicando também os materiais ou o programa informático que utilizou na criação artística e explicando como a produção do poema foi significativa para si;

- cada aluno da turma elege o poema de que mais gosta e faz um comentário construtivo que realce os pontos fortes e sugira áreas que podem ser melhoradas no caligrama com base em critérios como: coerência e harmonia entre o tema, o poema e a imagem no caligrama; clareza e expressividade da mensagem transmitida; adequação do caligrama ao formato e às orientações da atividade.

9. Feedback global da atividade:

- expressão da opinião sobre a realização da atividade, usando a nuvem de palavras criada com a ferramenta digital Mentimeter, que permite responder à pergunta: «O que achaste da atividade de escrita criativa de um caligrama?». Cada aluno deve escrever uma ou mais palavras que expressem o seu sentimento ou opinião sobre a atividade. As palavras mais repetidas aparecerão em maior destaque na nuvem de palavras, que será projetada na sala de aula;

- avaliação dos resultados pelo professor e síntese final, destacando os aspetos mais relevantes da atividade e as possíveis melhorias para o futuro.


J o s é s a C é r a C a r a r r r e e e i i i r r r o o o J J s



Poderás também gostar de:




CARREIRO, José. “Como fazer caligramas". Portugal, Folha de Poesia2023-11-19. Disponível em https://folhadepoesia.blogspot.com/2023/11/como-fazer-caligramas.html