sábado, 26 de março de 2022

Taras Shevchenko: Calamidade outra vez!


Meu Deus, calamidade outra vez!

 

Estava tudo tão pacífico, tão sereno;

Tínhamos acabado de começar a quebrar as correntes

Que prendem o nosso povo à escravidão

Quando pára! Mais uma vez o sangue das pessoas

Está a jorrar…

 

Taras Shevchenko (1814-1861)

Tradução de Joana Henriques, “Calamidade, outra vez – um ensaio de Anne Applebaum sobre Putin”, Expresso, 2022-03-06 


Na sua casa em Kiev, o arquiteto e investigador ucraniano Lev Shevchenko ergueu uma barricada de livros, junto à janela, para amparar os estilhaços resultantes de um eventual bombardeamento. ©Lev Shevchenko/Facebook



Мій боже милий, знову лихо!

Було так любо, було тихо;

Ми заходились розкувать

Своїм невольникам кайдани.

Аж гульк! Ізнову потекла

Мужицька кров! Кати вінчанні,

Мов пси голодні за маслак,

Гризуться знову.

 

Тара́с Григо́рович Шевче́нко


Taras Shevchenko, pelo escultor português Helder de Carvalho.
 Praça de Itália em Lisboa. Foto: © Rosa Pinto



Calamity Again

 

Dear God, calamity again!...

It was so peaceful, so serene;

We but began to break the chains

That bind our folk in slavery ...

When halt! ... Again the people's blood

Is streaming! Like rapacious dogs

About a bone, the royal thugs

Are at each other's throat again.

 

Taras Shevchenko, "Calamity Again". "Mii Bozhe mylyi, znovu lykho!" ("Мій Боже милий, знову лихо!") 1859, S.- Petersburg (Санкт-Петербург) Tradução para o inglês por John Weir. https://taras-shevchenko.storinka.org/poem-calamity-again-taras-shevchenko-english-translation-by-john-weir.html


Taras Shevchenko. Pugachev's arrest. 1842 (Тарас Шевченко. Арешт Пугачева. 1842).


Meu Deus querido, outra calamidade!

Estava tão bom, tanta tranquilidade;

Quando começávamos a nos soltar

dos grilhões que usavam nos amarrar.

Mas então!... Uma vez mais correu o sangue

dos pobres mujiques! A velha gangue

de velhacos, cachorros esfaimados

outra vez engalfinhados!

 

Traduzido do original ucraniano por Luciano Ramos Mendes, “Deus querido, mais uma calamidade!”: Poesia e o sonho de uma Ucrânia livre/ “Dear god, calamity again!”: Poetry and the dream of a free Ukraine. Revista Versalete, Curitiba, Vol.3, n.º 5, jul.-dez. 2015.

Este trabalho se propõe a discorrer brevemente sobre parte da produção poética ucraniana, partindo de seu fundador Taras Chevtchenko, mas com enfoque sobre os poetas contemporâneos (no contexto do Euromaidan e da guerra atualmente em curso no leste do país). O olhar aqui recai não só sobre as lutas pela independência, mas também sobre o modo de se pensar a relação entre um estado e uma nação ucranianos.





CARREIRO, José. “Taras Shevchenko: Calamidade outra vez!”. Portugal, Folha de Poesia, 26-03-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/03/taras-shevchenko-calamidade-outra-vez.html



domingo, 13 de março de 2022

Saudade, saudade, por Maro


 

Saudade, saudade

 

I've tried to write

A million other songs but

Somehow I can't move on, oh you're gone

 

Takes time, alright

And I know it's no one's fault but

Somehow I can't move on, oh you're gone

 

Saudade

Saudade

Nothing more that I can say

Says it in a better way

 

Saudade

Saudade

Nothing more that I can say

Says it in a better way

 

Tem tanto que trago comigo

Foi sempre o meu porto de abrigo

E agora nada faz sentido

Perdi o meu melhor amigo

 

E se não for demais

Peço por sinais

Resta uma só palavra

 

Saudade

Saudade

Nothing more that I can say

Says it in a better way

 

Saudade

Saudade

Nothing more that I can say

Says it in a better way

 

Nothing more that I can say

Says it in a better way

 

I've tried, alright

But it's killing me inside

Thought you'd be by my side always

 

 

Intérprete: MARO (Mariana Secca)

Música: MARO & John Blanda

Letra: MARO

Portugal, canção vencedora do Festival da Canção 2022: “saudade, saudade”




CARREIRO, José. “Saudade, saudade, por Maro)”. Portugal, Folha de Poesia, 13-03-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/03/saudade-saudade-maro.html