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Ao aluno que estuda
E se dedica à leitura
Que se preocupa e pesquisa
Os aspectos da cultura,
Trago em versos um resumo
De nossa literatura.
Vou mergulhar nas raízes,
Sendo claro e objectivo,
Enfocando aqueles textos
De carácter narrativo
Trazendo alguns subsídios
Do Período Informativo
Não foi obra do acaso
Que aqui chegou Cabral,
Mas fruto de uma política
De expansão comercial
Feita por alguns países
Como Espanha e Portugal
A vinte e dois de Abril
Do ano mil e quinhentos
O Brasil foi descoberto
Por portugueses sedentos
Tudo isso está escrito
Nas páginas de documentos
Só trinta anos depois,
Quando o rei era D. João,
A coroa portuguesa
Fez a colonização
Iniciando um período
De total exploração
Justamente nesse tempo
Os jesuítas chegaram
Logo que pisaram em terra
A fé cristã divulgaram
Todos eles se uniram
E aos índios catequizaram
Viajantes estrangeiros
Por aqui também passaram
No contacto com a terra
Logo que se entusiasmaram
E, como fonte de lucro,
Todos para ela olharam
Eles viram nossa terra
Como fonte de riqueza
Observaram a paisagem
Exaltaram a natureza
E descreveram o índio
Com cuidado e subtileza
A primeira experiência
Passada para o papel
Foi a “Carta” de Caminha
Escrita a D. Manuel,
Um relato minucioso,
Um documento fiel
A “Carta do Achamento”
É um bom documentário,
Que registra a circunstância
Como se fosse um diário
Mesmo sendo um documento,
Possui valor literário
Caminha como escrivão
Da esquadra de Cabral
Registrou tudo o que viu
De maneira especial
Cumprindo uma missão dada
Pelo rei de Portugal
Relata ele na “Carta”
Tudo do descobrimento
Fala do índio, da terra,
Dos costumes, do momento;
Lendo a “Carta” a gente nota
Todo o seu deslumbramento
Ao lado dos viajantes
Os jesuítas aparecem
Os textos que escreveram
Têm o valor que merecem
A fama daqueles padres
Os leitores reconhecem
Numa prosa pedagógica
A moral analisaram
A fé católica aos índios
Todos eles divulgaram
Muitos à educação
Toda a vida dedicaram
O padre Manuel da Nóbrega,
Jesuíta de valor
O padre José de Anchieta,
Do teatro o precursor,
Poeta religioso,
E, da língua, pesquisador
Vou deixar os viajantes
Com os textos de informação
Os jesuítas com a prosa
Cheia de orientação
Para falar do Barroco,
Com cuidado e precisão
Já no século XVI
Ocorrem transformações,
Pois encerra-se o ciclo
Das Grandes Navegações
E as ideias da Reforma
Provocam perturbações
A Igreja Católica
Lá no Concílio de Trento
Pra combater a Reforma
Organiza um movimento,
Chamado Contra-Reforma
Enquanto ainda era tempo
A Igreja se organiza
E vai de cidade em cidade
Defendendo os seus princípios
Com força e vitalidade
Pra fazer voltar um clima
De religiosidade
O homem daquele tempo
Perdeu a tranquilidade
Vivendo entre o espírito
E a materialidade
Mas a visão teocêntrica
Oprimiu sua vontade
Todo o dilema se centra
Numa forte oposição
Vida eterna, vida terrena;
No pecado e no perdão
E o espírito barroco
Vivia nessa tensão
Todo o Barroco se funda
No chamado dualismo
Na oposição, no contraste,
Tendendo ao fusionismo,
Tentando conciliar
Os extremos do maneirismo
Barrocos são Manuel
Botelho de Oliveira,
Nosso Gregório de Matos,
O padre António Vieira,
Quase eu ia me esquecendo
De citar Bento Teixeira
Em 1601
Publicou Bento Teixeira
A obra “Prosopopeia”
Numa oitava verdadeira
Iniciando o Barroco
Na Cultura brasileira
Já o Gregório de Matos
Foi exímio versejador,
Das regras da poesia
Era um bom conhecedor,
Um poeta de talento,
Repentista de valor
Sua produção poética
Analisar nos convém
Fez versos religiosos
E amorosos também,
Mas da poesia satírica
A sua fama advém
Como “Boca do Inferno”
Seu apelido ficou
Nas décimas e nos sonetos
Muita gente criticou
Nem mesmo a classe política
De sua veia escapou
O padre António Vieira
Sua arte demonstrou
Em linguagem conceptista
Muitos sermões nos deixou
Depois que pregou na corte
A sua fama aumentou
Vou deixar o padre Vieira
Revisando os seus sermões
Gregório fazendo versos
E as improvisações
Para de um novo estilo
Fornecer informações
O novo estilo poético
Denominado Arcadismo
Reage contra o Barroco
Combatendo o verbalismo
Uma arte vinculada
Ao chamado Iluminismo
Os poetas do Arcadismo
Buscam a espontaneidade,
Valorizam a razão,
Pregam a simplicidade,
E, por cima, ainda imitam
Os clássicos da antiguidade
Como recurso poético
Trazem a Mitologia
E um desfile de deuses
No cenário da poesia
Buscando a vida campestre
Como Virgílio fazia
No Brasil o Arcadismo
Está relacionado
À exploração do ouro
Produto valorizado
E à Inconfidência Mineira
Facto histórico do passado
Os árcades formam aqui
A famosa plêiade mineira
Um grupo forte, composto
Por poetas de primeira
Todos eles representantes
Da poesia brasileira
Cláudio Manuel da Costa,
Poeta de transição
Tomás António Gonzaga,
Árcade com precisão
Épicos, Basílio da Gama
E Santa Rita Durão
Com o livro “Obras Poéticas”
Tem-se o marco inicial
Do Arcadismo brasileiro
Na Era Colonial
Cláudio Manuel da Costa,
Seu autor especial
Tomás António Gonzaga
“Cartas Chilenas” escreveu,
Onde Critilo aparece
Escrevendo a Doroteu,
Mas sua fama adveio
Com “Marília de Dirceu”
Basílio da Gama narra
Com acções e mais acções
Na sua obra “Uraguai”
A tomada das “Missões”
Por tropas luso-espanholas,
Tentando imitar Camões
E Santa Rita Durão
Resolveu o seu problema
Escreveu “Caramuru”
Seu conhecido poema,
Onde aparecem Diogo,
Paraguaçú e Moema
Dei minhas explicações
A respeito do Arcadismo
Movimento conhecido
Como Neoclassicismo
Vou deixar tudo e entrar
Directo no Romantismo
Na época do Romantismo
Há transformação geral
Ascensão da burguesia,
Vitória do capital,
Liberalismo político,
Filosófico e social
Na Europa, nobreza e clero
Nada puderam fazer,
Uma vez que a burguesia
Começou logo a crescer
Com a Revolução Francesa
Ela chegou ao poder
O Brasil também passou
Por fortes transformações
As mudanças provocaram
As novas situações
E, a dinâmica do tempo,
Impôs modificações
Em 1808
Ao Brasil chegou D. João
Fugido de Portugal,
Temendo a Napoleão
Que, com o seu forte exército,
Comandava a invasão
Com a transferência da Corte
Tudo se desenvolveu
Escola Superior
De repente apareceu,
Foram criados teatros,
O comércio floresceu
A Colónia depois disso
Foi ficando diferente
O povo lendo jornal
Foi ficando consciente
E o país em 22
Já estava independente
O país desenvolveu-se
De maneira especial
Tanto na área política
Quanto na comercial
Houve até evolução
No aspecto cultural
Com a Independência Política
Veio a transformação
O Brasil dinamizou-se
Como uma jovem nação
E sentiu necessidade
De uma auto-afirmação
O Romantismo se centra
No individualismo,
No culto à natureza
E no sentimentalismo,
Na busca do ideal
E no subjectivismo
O romântico busca o passado,
Foge da realidade
Idealiza o seu mundo
Conforme a sua vontade
Sem ter nenhum compromisso
Com a busca da verdade
Com os “Suspiros poéticos
E Saudades” publicado
No ano de 36
Algo foi modificado,
Pois o espírito romântico
No Brasil foi divulgado
Esse livro de poesias
Teve e tem o seu valor
Gonçalves de Magalhães
O nome do seu autor
Não foi um grande poeta,
Mas um teorizador
Falando em termos poéticos
Houve produtividade
Na poesia apareceram
Três gerações de verdade
Cada uma apresentando
Sua especificidade
A primeira geração
Foi mais nacionalista
Exaltou a natureza,
Sendo, às vezes, saudosista
E, por enfocar o índio,
Foi chamada indianista
A religiosidade
Também foi uma constante
Uma saudade da Pátria,
Pra quem estava distante
E teve em Gonçalves Dias
Seu maior representante
Gonçalves Dias nasceu
Nas terras do Maranhão
Foi um poeta famoso
Da primeira geração
Escreveu, entre outras coisas,
“Sextilhas de Frei Antão”
A segunda geração
Foi mais subjectivista
Chamada de “Mal do Século”
E de Individualista
Produziu uma poesia
De carácter pessimista
Álvares de Azevedo
Foi poeta, sonhador
Em “L ira dos Vinte Anos”
Mostrou todo o seu valor
A sua temática abrange
A morte, a vida, o amor
Casimiro de Abreu
Revelou-se juvenil
A sua poesia é
De inspiração infantil
Seus versos mostram os encantos
Da paisagem do Brasil
Junqueira Freire aparece
Entre os vates principais
Com “Inspirações do Claustro”
Extravasou os seus ais
Numa poesia nascida
De sentimentos reais
Fagundes Varela foi
Poeta extraordinário
Escreveu “Vozes da América”
Vendo que era necessário
Ele notabilizou-se
Com o “Cântico do Calvário”
A terceira geração
Tem um tom especial
Foi chamada condoreira,
E também de social
Sua poesia já busca
Se aproximar do real
Ela tem em Castro Alves
Seu maior representante
Um poeta realista,
Comovente e actuante,
Que coloca a poesia
A serviço do semelhante
Esse poeta baiano
Lá em “Navio Negreiro”
Mostrou da escravidão
Para nós todo o roteiro
Mostrando o tráfico de negros
Para o solo brasileiro
Explicando as gerações
Creio que cheguei ao fim
Agora vem o romance
Chamado de folhetim,
Publicação amorosa
Com começo, meio e fim
Citarei uns romancistas
Com as obras principais
Macedo com “A Moreninha”,
“O Moço Loiro” e outras mais
Histórias açucaradas,
Relatos sentimentais
Com José de Alencar
Nossa ficção cresceu
A prosa dinamizou-se,
Logo se desenvolveu
Vou citar alguns romances
Que o cearense escreveu
“Senhora”, “Lucíola”, “Diva”
Dos urbanos dei as pistas,
“O Gaúcho”, “O Sertanejo”,
São obras regionalistas,
“Iracema”, “Ubirajara”,
São obras indianistas
Já Bernardo Guimarães
Escreveu “O Seminarista”
Franklin Távora, “O Cabeleira”,
Na linha regionalista,
E Taunay, com “Inocência”,
Na vertente sertanista
Do Romantismo eu citei
Os seus principais artistas
Quero deixar as análises
Por conta dos analistas,
Porque é chegada a hora
Das tendências realistas
Na prosa elas são duas
A primeira o Realismo
Dela surge uma corrente
De nome Naturalismo
E na poesia aparece
Só o Parnasianismo
No período realista
Há também transformação
Momento em que se processa
Toda uma evolução,
Época em que a burguesia
Começa a sua expansão
Predomina na Europa
Todo um cientificismo
Augusto Comte aparece
Com o seu Positivismo
E novos doutrinadores
Tratam do Socialismo
E Charles Darwin apresenta
Sua nova teoria
Lamark alicerça as bases
Da nova Biologia
Evolui a Medicina
E também a Psicologia
É uma época marcada
Por forte transformação
As cidades vão crescendo,
Aumenta a população
É um momento marcado
Por grande contradição
Apesar da evolução
O momento é conturbado
A burguesia entra em luta
Com o operariado
Na briga entre o capital
E o trabalho suado
Como reflexo da Europa,
O Brasil modificou-se
A Campanha Abolicionista
Logo intensificou-se
E, depois de liberto o negro,
O quadro aqui transformou-se
No Brasil o Realismo
Tem um marco inicial
O ano de 81
É um ano especial
Com as “Memórias de Brás
Cubas”,
O romance inaugural
Uma obra inovadora?
Podemos dizer que sim,
Pois ela vai de encontro
Ao romance de folhetim
Quebrando aquela estrutura
Com começo, meio e fim
O escritor realista
Foge à subjectividade
E, diante do que narra,
Mantém a neutralidade
E, quando escreve, procura
A objectividade
O escritor realista
Procede bem diferente
É fiel ao real,
É um crítico permanente
Deixa os factos do passado
Pelos factos do presente
No Brasil, o novo estilo
Tem grande representante
Nosso Machado de Assis,
Um escritor actuante
Um ensaísta de força,
Um romancista brilhante
E com as “Memórias Póstumas”
Realista se tornou
Ao escrever “Dom Casmurro”
Sua fama aumentou
Citei apenas dois livros
Que Machado nos deixou
Raul Pompeia foi outro
Que por aqui floresceu
No ano de 88
O seu nome apareceu
Quando da publicação
Do Romance “O Ateneu”
O ano de 8l
Deve ser sempre lembrado,
Pois o estilo naturalista
No Brasil é iniciado
Quando o romance “O Mulato”
Aparece publicado
É importante saber
Que esse Naturalismo
Assume aqueles princípios
Traçados no Realismo
Sua especificidade
E todo o cientificismo
Aluísio Azevedo
O estilo representou
Alguns livros Importantes
Ele mesmo nos deixou,
Mas foi mesmo com “O Cortiço”
Que ele se revelou
Gastei algumas sextilhas
Na prosa do Realismo
Mostrei em poucas estrofes
Traços do Naturalismo
Peço ao leitor que descanse
Pra entrar no Parnasianismo
Uma tendência poética
Que, de forma extravagante,
Assume uma postura
De carácter alienante
E fez do culto da forma
Uma obsessão constante
No poema parnasiano
Tudo é bem calculado
O ritmo é um elemento
Defendido e respeitado
E o verso só aparece
Se for bem metrificado
O poeta parnasiano
Do mundo real fugia
Deixava aqueles problemas
Passados no dia-a-dia
Pra ir buscar seus assuntos
Na velha Mitologia
Seguindo regras poéticas
E obedecendo a tais planos
Desprezando o conteúdo
Os vates parnasianos
Versejaram até o fim
Os temas greco-romanos
Bilac, Raimundo Correia,
Seguiram a regra inteira
Outro que buscou a forma
Foi Alberto de Oliveira
Três nomes bem conhecidos
Na poesia brasileira
Agora que terminei
Todo o Parnasianismo
Peço ao leitor que se acalme,
Pois aí vem outro “ismo”,
Um movimento poético
Chamado de Simbolismo
O Simbolismo reflecte
Um momento complicado
Já que as soluções científicas
Nada tinham alterado
E o homem se encontrava
Totalmente angustiado
Esse estilo poético
Chamado de Simbolismo
Repudia com firmeza
Aspectos do Realismo
E, acima de tudo isso,
Rejeita o materialismo
A Europa e o Brasil
Passam por transformações
A situação provoca
Inúmeras agitações,
Falta de perspectivas,
Angústias e frustrações
O poeta simbolista
Foge do mundo real,
Mas despreza a poesia
De ordem sentimental
Que o romântico fazia
Com um toque especial
Há uma nova postura
Na poesia do artista
Indo em busca da alma
O poeta simbolista
Deixa o mundo real,
Torna-se subjectivista
E nesse estilo poético
Tudo, tudo é sugestão
E a palavra transcende
Sua significação
Chega até a apelar
A nossa percepção
Daí as sinestesias
E as aliterações
Que aparecem nos textos
E enriquecem as produções
Figuras interessantes
Que revelam sugestões
Outra característica
Que tem sua validade
E, sem sombra de dúvida,
Toda a musicalidade
Que nos versos aparece
Com toda a vitalidade
No Simbolismo brasileiro
Há nomes especiais
Cruz e Sousa, bom poeta,
Está entre os maiorais
Alphonsus de Guimaraens
São estes os principais
Terminada a explicação
Acerca do Simbolismo,
Vou enfocar um período
Chamado Pré-Modernismo
Depois de tudo explicado,
Eu parto pró Modernismo
É um Período marcado
Por certa transformação,
Época de prosperidade,
Mas também de agitação,
Um período cultural
No qual houve evolução
O Período Cultural
Chamado Pré-Modernismo
Apresenta inovação
E um certo dinamismo,
Rompendo com o passado
E com o academismo
Nesse Período aparece
Um grupo renovador
Que revela um Brasil
Pobre, sujo e sofredor,
No qual vivem o sertanejo
E o caboclo do interior
A nossa realidade
É vista com realismo
Os autores denunciam
Com um certo criticismo,
Negando o Brasil literário
Herdado do Romantismo
A nossa prosa revela
As novas situações
Como a Guerra de Canudos
Enfocada n’ “Os Sertões”,
Obra de Euclides da Cunha
Cheia de inovações
Graça Aranha, Lima Barreto
São outros renovadores,
Duas figuras famosas,
Dois autênticos prosadores,
Que apresentam em suas obras
Aspectos inovadores
Na poesia aparece
Um poeta, um artista
Sua poesia apresenta
Expressão cientificista
O nosso Augusto dos Anjos,
Um grande pré-modernista
Agora que terminei
O Período Cultural
Vou entrar no Modernismo
Movimento especial
Enfocando o que ele tem
De bom e essencial
1912
É bom para o Modernismo
Oswald volta da Europa
Importando o Futurismo,
Um Manifesto que rompe
Contra todo o passadismo
Conheceu ele em Paris
Um poeta afamado,
Cujo nome era Paul Fort,
Bastante comemorado
Conhecido por fazer
Verso desmetrificado
Oswald compôs um poema
Buscando renovação,
Sob influência francesa
Lutou contra a tradição,
Pois o público perguntava
Pela metrificação
No ano de 17
Aparecem bons artistas
Anita Malfatti expõe
Telas expressionistas
Rompendo com os aspectos
Chamados academistas
Sua exposição negava
As antigas soluções
Mostrando que era hora
Das grandes renovações
E chegou até a provocar
Variadas reacções
Um artigo de jornal
Provoca perturbação,
Quando Monteiro Lobato
Num artigo sem razão
Critica a grande pintora
E a sua exposição
O artigo de Lobato
Foi, sem dúvida, reacção,
Mas muito mais importante
Foi a grande exposição
Que arregimentou forças
Para uma renovação
A final, em 22,
Acontece o grande evento
Semana de Arte Moderna
O marco do Movimento
Modernista que, depois,
Teve desenvolvimento
A Semana, que foi fruto
De longa maturação,
Foi assim uma atitude
De grande provocação
Enfrentando a todo instante
Toda a estagnação
Foi um gesto colectivo
Contra todo o passadismo
Uma batalha constante
Contra o academismo
Um evento importante
Para todo o Modernismo
A Semana, com efeito,
Foi interdisciplinar
Poesia, música e dança
Puderam participar
Na expressão dos artistas
Tudo começa a mudar
E de 22 a 30
Acontece evolução,
Pois nessa primeira fase
De total destruição
Começa a acontecer
Uma experimentação
É destruída a linguagem
Que é tradicional
O escritor valoriza
O nível coloquial
Escreve sem se prender
À estrutura formal
O artista tem liberdade
Na escolha do seu tema
Na poesia o verso livre
Aparece sem problema
Há total assimetria
Quando se fala em poema
A prosa se apresenta
De maneira diferente
O romance é o oposto
Daquele de antigamente
Os seus capítulos são curtos
E a temática, do presente
Nessa fase aparecem
Escritores de primeira
Que buscam dinamizar
A cultura brasileira
Mário e Oswald de Andrade,
Menotti e Manuel Bandeira
De 30 a 45
A fase é de construção
O artista deixa de lado
O aspecto da agressão
E passa a se dedicar
De vez à sua expressão
Nesse momento se vive
Uma outra situação,
Pois o colapso da Bolsa
Trouxe muita confusão
Provocando desemprego,
Miséria e inflação
No Brasil, esse momento
Tem significação
Em 30, a 3 de Outubro,
Estoura a Revolução
Com o fim da República Velha,
Desenvolveu-se a nação
A poesia amadurece
Com força e vitalidade
Murilo, Jorge de Lima,
Dois poetas de verdade,
Vinicius, nossa Cecília,
Carlos Drummond de Andrade
Os poetas dessa fase
Compõem com liberdade
Questionam com vigor
A nossa realidade
A poesia é mais madura
E mais política, é verdade
Há uma nova postura
Revelada nos poemas
Os poetas, conscientes,
Vão ampliando os seus temas,
Reflectindo sobre a arte
E também sobre os problemas
Já a prosa nos revela
Um aspecto modernista
E aí que aparece
O romance neo-realista
Dentro de uma tendência
Chamada regionalista
No Nordeste aparecem
Escritores geniais
Todos eles elaboram
Os romances sociais
Obras que são baseadas
Naqueles factos reais
O ano de 28
Para a prosa brasileira
É uma data importante
Altamente mensageira
É quando José Américo
Publica “A Bagaceira”
Posteriormente surgem
Os romances verdadeiros
“São Bernardo”, Graciliano;
José Américo, “Coiteiros”;
Raquel de Queiroz, “O Quinze”;
E José Lins, “Cangaceiros”
Os autores nordestinos
Buscam o facto real
Mostram um Brasil diferente,
Faminto, sujo, rural,
Onde há seca, miséria
E injustiça social
Jorge Amado é outro nome
Que tem valor literário
Escritor participante,
Político e panfletário,
Com “Cacau” buscou fazer
Um romance proletário
E lá no Sul aparece
Um escritor de talento
O nosso Érico Veríssimo
Que com o passar do tempo.
Escreveu, “Musica ao Longe”
“Clarissa”, “O Tempo e o Vento”
No ano 45
Encerra-se o dinamismo
Das duas primeiras fases
Que agiram com brilhantismo
E a partir dessa data
Começa o Pós-Modernismo
Surge uma poesia feita
Por intelectuais
Dispostos a retornarem
Às fontes tradicionais
Colocando em primeiro plano
Os elementos formais
Toda essa geração nega
A liberdade formal,
A sátira, a ironia,
De maneira especial
Dela salvou-se apenas
O poeta João Cabral
João Cabral de Melo Neto
Vate que se descortina
“Engenheiro da palavra”,
Uma força nordestina
Autor de “Pedra do Sono”
E “Morte e Vida Severina”
Sua poesia revela
Três grandes preocupações
O Nordeste, sua gente,
Suas ricas tradições;
As paisagens da Espanha;
A arte, suas acções
Um aspecto importante
É a prosa pós-modernista
Guimarães Rosa aparece
Na linha regionalista,
Clarice Lispector e Lygia
Fagundes na intimista
O realismo fantástico
Com pontos interessantes,
Tem em J. J. Veiga
Um dos bons representantes
Ele que é o autor de
“A hora dos ruminantes”
De nossa literatura
Aspectos pude mostrar
Se o aluno pretende
O assunto estudar,
Monte uma bibliografia
E comece a pesquisar
Ivaldo Nóbrega, A História da Literatura Brasileira em versos, João Pessoa-PB, Unigraf,
1988.
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