sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Cancioneiro Popular Português, Teófilo Braga

Cancioneiro Popular Portuguez,

Theophilo Braga, 1911 (2.ª ed. ampliada).


Propostas de atividades para o ensino da literatura popular na sala de aula 

Por: Anamarija Marinovic


Esta série de quadras foi escolhida aleatoriamente e estruturada assim para ter uma história. Organizei-as desta forma para tentar ver de que maneiras poderia ser explorada a literatura popular na sala de aula.

Estas quadras poderiam ser dadas no [ensino básico] para as crianças conhecerem um pouco da sua literatura oral, mas também na escola secundária para se ver que alguns autores cultos recorriam ao uso de motivos e temas folclóricos nas suas obras. Devido ao facto de não conhecer bem o sistema escolar português, não sei dizer para que anos estes conteúdos seriam adequados. A introdução da literatura popular na sala de aula pode ajudar a que os alunos se lembrem de alguns provérbios e dos valores que ensinam. Pode também ser útil para desenvolver a criatividade e imaginação dos alunos, e para ser um primeiro passo que os conduza às obras de autores eruditos. Proponho algumas atividades para esta matéria ser tratada na sala de aula. 


Lê atentamente as cantigas que se seguem e depois responde às perguntas:


Pus-me a chorar saudades

Ao pé de uma sepultura

Uma voz me respondeu:

“Mal de amores não tem cura!”

 

Mal de amores não tem cura?

Mal de amores cura tem!

Juntem-se dois amores

E o mal de amores cura-se bem.

 

A ausência tem uma filha

Que se chama Saudade,

Eu sustento uma e outra

Bem contra a minha vontade

 

Se as saudades matassem

Muita gente morreria

Mas as saudades não matam

Se não no primeiro dia.

 

Amei, fui desgraçado,

Jurei nunca mais amar,

Fizeram-me esses teus olhos

As minhas juras quebrar.

 

Amar e saber amar

Amar e saber a quem

Amar a luz dos teus olhos

E não amar mais ninguém.

 

Amar e escolher amores

Ensinou-me quem podia

Amar foi a natureza

Escolher foi a simpatia.

 

Palavra de Deus não mente

Ouve o que digo eu

Ouvi uma voz do céu:

“José, tu has-de ser meu!”

 

Ana quero, Ana amo,

Ana trago no sentido,

Quando me falam em Ana

Falam-me no meu alívio

 

José quero, José amo,

José trago no sentido,

Por causa de ti José

Eu trago o sono perdido.

 

Quem tem amores não dorme

Se não com olhos abertos,

Eu durmo com os meus fechados,

Que os meus amores estão certos.

 

Esta noite sonhei eu

Contigo, minha beleza,

Acordei, achei-me só:

Nos sonhos não há firmeza.

 

O açúcar para ser doce

Deve ser de além-mar,

A mulher para ser boa

Ana se há-de chamar.

 

A rosa para ser rosa

Deve ter folha e pé,

O amor para ser firme

Há-de se chamar José.

 

Amor com amor se paga

Nunca vi coisa mais justa.

Paga-me contigo mesma,

Meu amor, pouco te custa.

 

Amor com amor se paga,

Tem cuidado, meu amor,

Olha que Deus não perdoa

A quem é mau pagador!

 

Meu amor, anda daí

À igreja dar a mão

Calar as bocas do mundo,

Descansar o coração.

 

Tu és peixe mais lindo

Que anda na funda lancha,

Só quando contigo casar

É que meu coração descansa.

 

1) Darias algum título a esta série de cantigas? Justifica.

 

2) Quais são os elementos que fazem com que esta história tenha um fio condutor e uma estrutura narrativa?

 

3) Em que se assemelham estas quadras às cantigas de desafio?

 

4) Qual é a imagem habitual que a literatura tradicional dá sobre os papéis do homem e da mulher na sociedade e sobre os seus comportamentos amorosos? Nestas cantigas a imagem corresponde ao estereótipo?  Por que razão?

 

5) Encontra provérbios nestas cantigas.

 

6) Qual é o tema dominante desses provérbios? Em que situações se aplicam?

 

7) Encontra outras frases com o tom moralizador no texto.

 

8) Quando é que os protagonistas das cantigas ganham uma identidade? Por que razão?

 

9) Quais são as características que o José e a Ana têm em comum?

 

10) Caracteriza o José e a Ana separados, ao longo das cantigas.

 

11) Qual é a posição do José e da Ana em relação à saudade?

 

12) Qual é a posição do José e da Ana em relação ao dormir/sonhar e dormir/estar acordado?

 

13) Tenta organizar estas quadras por outra ordem. Qual seria então o desenvolvimento desta história: acrescenta mais personagens, mais nomes e mais cantigas.

 

14) Escreve esta história como se fosse um conto.

 

15) Em que esta história se assemelha a um conto tradicional?

 

16) Nem todas destas cantigas foram recolhidas por Teófilo Braga. Nos cancioneiros que conheces procura outras quadras e faz uma história organizando-as pela ordem que te parecer melhor.

 

17) Escreve um poema ou um conto que tenha por título um dos provérbios citados nas cantigas.

 

18) Encontra contrastes, comparações e metáforas nas cantigas aqui transcritas.

 

19) Encontra paralelismos que se referem ao José e à Ana.

 

20) Qual é a função das vozes do além que os protagonistas ouvem?

 

21) Que sabes sobre Teófilo Braga?

 

22) Faz um desenho que tenha por tema a Primeira República Portuguesa.

 

23) O que sabes sobre este acontecimento?

 

24) Encontra nos cancioneiros de Teófilo Braga três provérbios que falam sobre ciúmes?

 

25) Qual é a visão que as cantigas políticas oferecem sobre algumas figuras da história portuguesa? Por que?

 

26) Explica com as tuas palavras o provérbio “quem desdenha quer comprar?”

 

27) Faz um desenho em que ilustres o provérbio “quem desdenha quer comprar?”

 

28) Explica o provérbio “Cantigas-leva as o vento”. Qual é o papel dos jovens para o vento do esquecimento não levar as vossas lindas cantigas, contos e provérbios?

 

29) Que santo popular se menciona mais nas cantigas do cancioneiro? Sabes explicar por que?

 

30) Encontra nos cancioneiros de Braga provérbios que tenham esta estrutura:

 

   QBQ SP___________________________

   QCSME, __________________________

   OHF HF___________________________

 

31) Escreve um conto ou poema inspirado na seguinte cantiga:

 

“Foste pedir-me ao meu pai

Sem saber o querer meu

O pai em tudo governa

Mas nisso governo eu”

 

32) Escreve um conto ou poema inspirado num dos seguintes provérbios:

a) Só não muda a amizade que se funda na virtude

b) quem nesta vida não ama noutra não se salvou

c) Deus do céu é que nos conhece

 

33) Conheces um provérbio parecido com “tanto dá a água na pedra que a faz amolecer”? Explica o seu significado.

 

34) Depois de teres lido várias cantigas, escreve uma

 

35) As cantigas amorosas são as mais bonitas da poesia popular portuguesa. Aprende de cor e declama pelo menos três.

 

36) Dedica uma cantiga a alguém muito especial para ti.

 

37) Qual é a opinião que a sabedoria popular exprime sobre o “amor primeiro”? Conheces alguma cantiga ou provérbio que falem sobre isso. Qual é a tua opinião?

 

38) Conheces alguma cantiga ou provérbio com os meses do ano?

 

39) Desenha um provérbio sobre os meses.

 

40) Conheces alguma cantiga do cancioneiro sagrado? O que te ensina?

 

41) Qual é a visão que o povo tem de Deus nos seus provérbios? Conheces alguns?

 

42) Escreve um conto ou poema sobre “madrasta-o nome lhe basta”. A madrasta é mesmo sempre má? Pensa nisso.

 

43) Informa-te um pouco com a ajuda dos teus pais, avós ou livros sobre Teófilo Braga e escreve algumas frases sobre ele.

 

44) Conheces alguma expressão idiomática ou frase feita em português? Consegues explicá-la?

 

45) Encontra nos cancioneiros de Teófilo Braga algumas cantigas sobre a saudade. Escreve um conto ou poema com este tema

 

46) Completa os provérbios com as palavras que faltam:

     O amor  que é entendido__________________________

     Quem___________sempre_________________________

     Não há__________que por_______________não venha

 

47) O primeiro provérbio faz-te lembrar um outro mais conhecido? Explica-º

 

48) Completa a cantiga: “Não há sol como o de Maio....”

 

49) com que flor se igualam as raparigas e com que os rapazes nas cantigas populares portuguesas?

 

50) O provérbio “correcto” é “quem tem amores não dorme“. O que significa? Qual seria o seu significado se fosse conhecido como: “Quem tem amores dorme bem e sonha melhor”?

 

51) No cancioneiro de Teófilo Braga há cantigas com erros gramaticais. Lê com atenção e corrige-os.



Fonte: Teófilo Braga e a Poesia Popular. Análise linguística, estilística, literária e proverbial do Cancioneiro Popular Portuguez e dos Cantos Populares do Arquipélago Açoriano, Anamarija Marinović. Portugal, Edição de Autor, 2015. ISBN: 978-989-20-6109-2

Esta obra pretende focar os aspectos políticos, literário, etnográfico e paremiográfico do trabalho de Teófilo Braga, com um olhar especial para a poesia popular, reunida no Cancioneiro Popular Portuguez e nos Cantos populares do Arquipélago Açoriano.

A figura de Teófilo Braga é importante em Portugal não apenas como um dos Presidente da República Portuguesa, mas também como pessoa que se dedicou à recolha e preservação de uma parte do património imaterial português. 

Através da análise de questões relativas ao estilo, linguagem e material fraseológico e proverbial, pretendemos aproximar os públicos (o académico e o mais geral) do tesouro da língua portuguesa e sua cultura popular e fazê-los reflectir sobre os valores universais que nelas se encontram e que através dela são transmitidos.




CARREIRO, José. “Cancioneiro Popular Português, Teófilo Braga”. Portugal, Folha de Poesia, 11-09-2020. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2020/09/cancioneiro-popular-portugues-teofilo.html


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

A História da Literatura Brasileira em Versos

 


Para a elaboração da síntese, o professor Ivaldo Nóbrega, em 1988, utilizou a sextilha como forma poética, modalidade composta de seis versos heptassílabos, rimando os versos pares entre si, sendo bastante usada pelos poetas populares, tanto na cantoria oral quanto nos folhetos de cordel.

São cento e quarenta e nove sextilhas, nas quais poderá encontrar informações valiosas, que o ajudarão a conhecer as manifestações literárias brasileiras.

 


 

 

 

 

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Ao aluno que estuda

E se dedica à leitura

Que se preocupa e pesquisa

Os aspectos da cultura,

Trago em versos um resumo

De nossa literatura.

 

Vou mergulhar nas raízes,

Sendo claro e objectivo,

Enfocando aqueles textos

De carácter narrativo

Trazendo alguns subsídios

Do Período Informativo

 

Não foi obra do acaso

Que aqui chegou Cabral,

Mas fruto de uma política

De expansão comercial

Feita por alguns países

Como Espanha e Portugal

 

A vinte e dois de Abril

Do ano mil e quinhentos

O Brasil foi descoberto

Por portugueses sedentos

Tudo isso está escrito

Nas páginas de documentos

 

Só trinta anos depois,

Quando o rei era D. João,

A coroa portuguesa

Fez a colonização

Iniciando um período

De total exploração

 

Justamente nesse tempo

Os jesuítas chegaram

Logo que pisaram em terra

A fé cristã divulgaram

Todos eles se uniram

E aos índios catequizaram

 

Viajantes estrangeiros

Por aqui também passaram

No contacto com a terra

Logo que se entusiasmaram

E, como fonte de lucro,

Todos para ela olharam

 

Eles viram nossa terra

Como fonte de riqueza

Observaram a paisagem

Exaltaram a natureza

E descreveram o índio

Com cuidado e subtileza

 

A primeira experiência

Passada para o papel

Foi a “Carta” de Caminha

Escrita a D. Manuel,

Um relato minucioso,

Um documento fiel

 

A “Carta do Achamento”

É um bom documentário,

Que registra a circunstância

Como se fosse um diário

Mesmo sendo um documento,

Possui valor literário

 

Caminha como escrivão

Da esquadra de Cabral

Registrou tudo o que viu

De maneira especial

Cumprindo uma missão dada

Pelo rei de Portugal

 

Relata ele na “Carta”

Tudo do descobrimento

Fala do índio, da terra,

Dos costumes, do momento;

Lendo a “Carta” a gente nota

Todo o seu deslumbramento

 

Ao lado dos viajantes

Os jesuítas aparecem

Os textos que escreveram

Têm o valor que merecem

A fama daqueles padres

Os leitores reconhecem

 

Numa prosa pedagógica

A moral analisaram

A fé católica aos índios

Todos eles divulgaram

Muitos à educação

Toda a vida dedicaram

 

O padre Manuel da Nóbrega,

Jesuíta de valor

O padre José de Anchieta,

Do teatro o precursor,

Poeta religioso,

E, da língua, pesquisador

 

Vou deixar os viajantes

Com os textos de informação

Os jesuítas com a prosa

Cheia de orientação

Para falar do Barroco,

Com cuidado e precisão

 

Já no século XVI

Ocorrem transformações,

Pois encerra-se o ciclo

Das Grandes Navegações

E as ideias da Reforma

Provocam perturbações

 

A Igreja Católica

Lá no Concílio de Trento

Pra combater a Reforma

Organiza um movimento,

Chamado Contra-Reforma

Enquanto ainda era tempo

 

A Igreja se organiza

E vai de cidade em cidade

Defendendo os seus princípios

Com força e vitalidade

Pra fazer voltar um clima

De religiosidade

 

O homem daquele tempo

Perdeu a tranquilidade

Vivendo entre o espírito

E a materialidade

Mas a visão teocêntrica

Oprimiu sua vontade

 

Todo o dilema se centra

Numa forte oposição

Vida eterna, vida terrena;

No pecado e no perdão

E o espírito barroco

Vivia nessa tensão

 

Todo o Barroco se funda

No chamado dualismo

Na oposição, no contraste,

Tendendo ao fusionismo,

Tentando conciliar

Os extremos do maneirismo

 

Barrocos são Manuel

Botelho de Oliveira,

Nosso Gregório de Matos,

O padre António Vieira,

Quase eu ia me esquecendo

De citar Bento Teixeira

 

Em 1601

Publicou Bento Teixeira

A obra “Prosopopeia”

Numa oitava verdadeira

Iniciando o Barroco

Na Cultura brasileira

 

Já o Gregório de Matos

Foi exímio versejador,

Das regras da poesia

Era um bom conhecedor,

Um poeta de talento,

Repentista de valor

 

Sua produção poética

Analisar nos convém

Fez versos religiosos

E amorosos também,

Mas da poesia satírica

A sua fama advém

 

Como “Boca do Inferno”

Seu apelido ficou

Nas décimas e nos sonetos

Muita gente criticou

Nem mesmo a classe política

De sua veia escapou

 

O padre António Vieira

Sua arte demonstrou

Em linguagem conceptista

Muitos sermões nos deixou

Depois que pregou na corte

A sua fama aumentou

 

Vou deixar o padre Vieira

Revisando os seus sermões

Gregório fazendo versos

E as improvisações

Para de um novo estilo

Fornecer informações

 

O novo estilo poético

Denominado Arcadismo

Reage contra o Barroco

Combatendo o verbalismo

Uma arte vinculada

Ao chamado Iluminismo

 

Os poetas do Arcadismo

Buscam a espontaneidade,

Valorizam a razão,

Pregam a simplicidade,

E, por cima, ainda imitam

Os clássicos da antiguidade

 

Como recurso poético

Trazem a Mitologia

E um desfile de deuses

No cenário da poesia

Buscando a vida campestre

Como Virgílio fazia

 

No Brasil o Arcadismo

Está relacionado

À exploração do ouro

Produto valorizado

E à Inconfidência Mineira

Facto histórico do passado

 

Os árcades formam aqui

A famosa plêiade mineira

Um grupo forte, composto

Por poetas de primeira

Todos eles representantes

Da poesia brasileira

 

Cláudio Manuel da Costa,

Poeta de transição

Tomás António Gonzaga,

Árcade com precisão

Épicos, Basílio da Gama

E Santa Rita Durão

 

Com o livro “Obras Poéticas”

Tem-se o marco inicial

Do Arcadismo brasileiro

Na Era Colonial

Cláudio Manuel da Costa,

Seu autor especial

 

Tomás António Gonzaga

“Cartas Chilenas” escreveu,

Onde Critilo aparece

Escrevendo a Doroteu,

Mas sua fama adveio

Com “Marília de Dirceu”

 

Basílio da Gama narra

Com acções e mais acções

Na sua obra “Uraguai”

A tomada das “Missões”

Por tropas luso-espanholas,

Tentando imitar Camões

 

E Santa Rita Durão

Resolveu o seu problema

Escreveu “Caramuru”

Seu conhecido poema,

Onde aparecem Diogo,

Paraguaçú e Moema

 

Dei minhas explicações

A respeito do Arcadismo

Movimento conhecido

Como Neoclassicismo

Vou deixar tudo e entrar

Directo no Romantismo

 

Na época do Romantismo

Há transformação geral

Ascensão da burguesia,

Vitória do capital,

Liberalismo político,

Filosófico e social

 

Na Europa, nobreza e clero

Nada puderam fazer,

Uma vez que a burguesia

Começou logo a crescer

Com a Revolução Francesa

Ela chegou ao poder

 

O Brasil também passou

Por fortes transformações

As mudanças provocaram

As novas situações

E, a dinâmica do tempo,

Impôs modificações

 

Em 1808

Ao Brasil chegou D. João

Fugido de Portugal,

Temendo a Napoleão

Que, com o seu forte exército,

Comandava a invasão

 

Com a transferência da Corte

Tudo se desenvolveu

Escola Superior

De repente apareceu,

Foram criados teatros,

O comércio floresceu

 

A Colónia depois disso

Foi ficando diferente

O povo lendo jornal

Foi ficando consciente

E o país em 22

Já estava independente

 

O país desenvolveu-se

De maneira especial

Tanto na área política

Quanto na comercial

Houve até evolução

No aspecto cultural

 

Com a Independência Política

Veio a transformação

O Brasil dinamizou-se

Como uma jovem nação

E sentiu necessidade

De uma auto-afirmação

 

O Romantismo se centra

No individualismo,

No culto à natureza

E no sentimentalismo,

Na busca do ideal

E no subjectivismo

 

O romântico busca o passado,

Foge da realidade

Idealiza o seu mundo

Conforme a sua vontade

Sem ter nenhum compromisso

Com a busca da verdade

 

Com os “Suspiros poéticos

E Saudades” publicado

No ano de 36

Algo foi modificado,

Pois o espírito romântico

No Brasil foi divulgado

 

Esse livro de poesias

Teve e tem o seu valor

Gonçalves de Magalhães

O nome do seu autor

Não foi um grande poeta,

Mas um teorizador

 

Falando em termos poéticos

Houve produtividade

Na poesia apareceram

Três gerações de verdade

Cada uma apresentando

Sua especificidade

 

A primeira geração

Foi mais nacionalista

Exaltou a natureza,

Sendo, às vezes, saudosista

E, por enfocar o índio,

Foi chamada indianista

 

A religiosidade

Também foi uma constante

Uma saudade da Pátria,

Pra quem estava distante

E teve em Gonçalves Dias

Seu maior representante

 

Gonçalves Dias nasceu

Nas terras do Maranhão

Foi um poeta famoso

Da primeira geração

Escreveu, entre outras coisas,

“Sextilhas de Frei Antão”

 

A segunda geração

Foi mais subjectivista

Chamada de “Mal do Século”

E de Individualista

Produziu uma poesia

De carácter pessimista

 

Álvares de Azevedo

Foi poeta, sonhador

Em “L ira dos Vinte Anos”

Mostrou todo o seu valor

A sua temática abrange

A morte, a vida, o amor

 

Casimiro de Abreu

Revelou-se juvenil

A sua poesia é

De inspiração infantil

Seus versos mostram os encantos

Da paisagem do Brasil

 

Junqueira Freire aparece

Entre os vates principais

Com “Inspirações do Claustro”

Extravasou os seus ais

Numa poesia nascida

De sentimentos reais

 

Fagundes Varela foi

Poeta extraordinário

Escreveu “Vozes da América”

Vendo que era necessário

Ele notabilizou-se

Com o “Cântico do Calvário”

 

A terceira geração

Tem um tom especial

Foi chamada condoreira,

E também de social

Sua poesia já busca

Se aproximar do real

 

Ela tem em Castro Alves

Seu maior representante

Um poeta realista,

Comovente e actuante,

Que coloca a poesia

A serviço do semelhante

 

Esse poeta baiano

Lá em “Navio Negreiro”

Mostrou da escravidão

Para nós todo o roteiro

Mostrando o tráfico de negros

Para o solo brasileiro

 

Explicando as gerações

Creio que cheguei ao fim

Agora vem o romance

Chamado de folhetim,

Publicação amorosa

Com começo, meio e fim

 

Citarei uns romancistas

Com as obras principais

Macedo com “A Moreninha”,

“O Moço Loiro” e outras mais

Histórias açucaradas,

Relatos sentimentais

 

Com José de Alencar

Nossa ficção cresceu

A prosa dinamizou-se,

Logo se desenvolveu

Vou citar alguns romances

Que o cearense escreveu

 

“Senhora”, “Lucíola”, “Diva”

Dos urbanos dei as pistas,

“O Gaúcho”, “O Sertanejo”,

São obras regionalistas,

“Iracema”, “Ubirajara”,

São obras indianistas

 

Já Bernardo Guimarães

Escreveu “O Seminarista”

Franklin Távora, “O Cabeleira”,

Na linha regionalista,

E Taunay, com “Inocência”,

Na vertente sertanista

 

Do Romantismo eu citei

Os seus principais artistas

Quero deixar as análises

Por conta dos analistas,

Porque é chegada a hora

Das tendências realistas

 

Na prosa elas são duas

A primeira o Realismo

Dela surge uma corrente

De nome Naturalismo

E na poesia aparece

Só o Parnasianismo

 

No período realista

Há também transformação

Momento em que se processa

Toda uma evolução,

Época em que a burguesia

Começa a sua expansão

 

Predomina na Europa

Todo um cientificismo

Augusto Comte aparece

Com o seu Positivismo

E novos doutrinadores

Tratam do Socialismo

 

E Charles Darwin apresenta

Sua nova teoria

Lamark alicerça as bases

Da nova Biologia

Evolui a Medicina

E também a Psicologia

 

É uma época marcada

Por forte transformação

As cidades vão crescendo,

Aumenta a população

É um momento marcado

Por grande contradição

 

Apesar da evolução

O momento é conturbado

A burguesia entra em luta

Com o operariado

Na briga entre o capital

E o trabalho suado

 

Como reflexo da Europa,

O Brasil modificou-se

A Campanha Abolicionista

Logo intensificou-se

E, depois de liberto o negro,

O quadro aqui transformou-se

 

No Brasil o Realismo

Tem um marco inicial

O ano de 81

É um ano especial

Com as “Memórias de Brás Cubas”,

O romance inaugural

 

Uma obra inovadora?

Podemos dizer que sim,

Pois ela vai de encontro

Ao romance de folhetim

Quebrando aquela estrutura

Com começo, meio e fim

 

O escritor realista

Foge à subjectividade

E, diante do que narra,

Mantém a neutralidade

E, quando escreve, procura

A objectividade

 

O escritor realista

Procede bem diferente

É fiel ao real,

É um crítico permanente

Deixa os factos do passado

Pelos factos do presente

 

No Brasil, o novo estilo

Tem grande representante

Nosso Machado de Assis,

Um escritor actuante

Um ensaísta de força,

Um romancista brilhante

 

E com as “Memórias Póstumas”

Realista se tornou

Ao escrever “Dom Casmurro”

Sua fama aumentou

Citei apenas dois livros

Que Machado nos deixou

 

Raul Pompeia foi outro

Que por aqui floresceu

No ano de 88

O seu nome apareceu

Quando da publicação

Do Romance “O Ateneu”

 

O ano de 8l

Deve ser sempre lembrado,

Pois o estilo naturalista

No Brasil é iniciado

Quando o romance “O Mulato”

Aparece publicado

 

É importante saber

Que esse Naturalismo

Assume aqueles princípios

Traçados no Realismo

Sua especificidade

E todo o cientificismo

 

Aluísio Azevedo

O estilo representou

Alguns livros Importantes

Ele mesmo nos deixou,

Mas foi mesmo com “O Cortiço”

Que ele se revelou

 

Gastei algumas sextilhas

Na prosa do Realismo

Mostrei em poucas estrofes

Traços do Naturalismo

Peço ao leitor que descanse

Pra entrar no Parnasianismo

 

Uma tendência poética

Que, de forma extravagante,

Assume uma postura

De carácter alienante

E fez do culto da forma

Uma obsessão constante

 

No poema parnasiano

Tudo é bem calculado

O ritmo é um elemento

Defendido e respeitado

E o verso só aparece

Se for bem metrificado

 

O poeta parnasiano

Do mundo real fugia

Deixava aqueles problemas

Passados no dia-a-dia

Pra ir buscar seus assuntos

Na velha Mitologia

 

Seguindo regras poéticas

E obedecendo a tais planos

Desprezando o conteúdo

Os vates parnasianos

Versejaram até o fim

Os temas greco-romanos

 

Bilac, Raimundo Correia,

Seguiram a regra inteira

Outro que buscou a forma

Foi Alberto de Oliveira

Três nomes bem conhecidos

Na poesia brasileira

 

Agora que terminei

Todo o Parnasianismo

Peço ao leitor que se acalme,

Pois aí vem outro “ismo”,

Um movimento poético

Chamado de Simbolismo

 

O Simbolismo reflecte

Um momento complicado

Já que as soluções científicas

Nada tinham alterado

E o homem se encontrava

Totalmente angustiado

 

Esse estilo poético

Chamado de Simbolismo

Repudia com firmeza

Aspectos do Realismo

E, acima de tudo isso,

Rejeita o materialismo

 

A Europa e o Brasil

Passam por transformações

A situação provoca

Inúmeras agitações,

Falta de perspectivas,

Angústias e frustrações

 

O poeta simbolista

Foge do mundo real,

Mas despreza a poesia

De ordem sentimental

Que o romântico fazia

Com um toque especial

 

Há uma nova postura

Na poesia do artista

Indo em busca da alma

O poeta simbolista

Deixa o mundo real,

Torna-se subjectivista

 

E nesse estilo poético

Tudo, tudo é sugestão

E a palavra transcende

Sua significação

Chega até a apelar

A nossa percepção

 

Daí as sinestesias

E as aliterações

Que aparecem nos textos

E enriquecem as produções

Figuras interessantes

Que revelam sugestões

 

Outra característica

Que tem sua validade

E, sem sombra de dúvida,

Toda a musicalidade

Que nos versos aparece

Com toda a vitalidade

 

No Simbolismo brasileiro

Há nomes especiais

Cruz e Sousa, bom poeta,

Está entre os maiorais

Alphonsus de Guimaraens

São estes os principais

 

Terminada a explicação

Acerca do Simbolismo,

Vou enfocar um período

Chamado Pré-Modernismo

Depois de tudo explicado,

Eu parto pró Modernismo

 

É um Período marcado

Por certa transformação,

Época de prosperidade,

Mas também de agitação,

Um período cultural

No qual houve evolução

 

O Período Cultural

Chamado Pré-Modernismo

Apresenta inovação

E um certo dinamismo,

Rompendo com o passado

E com o academismo

 

Nesse Período aparece

Um grupo renovador

Que revela um Brasil

Pobre, sujo e sofredor,

No qual vivem o sertanejo

E o caboclo do interior

 

A nossa realidade

É vista com realismo

Os autores denunciam

Com um certo criticismo,

Negando o Brasil literário

Herdado do Romantismo

 

A nossa prosa revela

As novas situações

Como a Guerra de Canudos

Enfocada n’ “Os Sertões”,

Obra de Euclides da Cunha

Cheia de inovações

 

Graça Aranha, Lima Barreto

São outros renovadores,

Duas figuras famosas,

Dois autênticos prosadores,

Que apresentam em suas obras

Aspectos inovadores

 

Na poesia aparece

Um poeta, um artista

Sua poesia apresenta

Expressão cientificista

O nosso Augusto dos Anjos,

Um grande pré-modernista

 

Agora que terminei

O Período Cultural

Vou entrar no Modernismo

Movimento especial

Enfocando o que ele tem

De bom e essencial

 

1912

É bom para o Modernismo

Oswald volta da Europa

Importando o Futurismo,

Um Manifesto que rompe

Contra todo o passadismo

 

Conheceu ele em Paris

Um poeta afamado,

Cujo nome era Paul Fort,

Bastante comemorado

Conhecido por fazer

Verso desmetrificado

 

Oswald compôs um poema

Buscando renovação,

Sob influência francesa

Lutou contra a tradição,

Pois o público perguntava

Pela metrificação

 

No ano de 17

Aparecem bons artistas

Anita Malfatti expõe

Telas expressionistas

Rompendo com os aspectos

Chamados academistas

 

Sua exposição negava

As antigas soluções

Mostrando que era hora

Das grandes renovações

E chegou até a provocar

Variadas reacções

 

Um artigo de jornal

Provoca perturbação,

Quando Monteiro Lobato

Num artigo sem razão

Critica a grande pintora

E a sua exposição

 

O artigo de Lobato

Foi, sem dúvida, reacção,

Mas muito mais importante

Foi a grande exposição

Que arregimentou forças

Para uma renovação

 

A final, em 22,

Acontece o grande evento

Semana de Arte Moderna

O marco do Movimento

Modernista que, depois,

Teve desenvolvimento

 

A Semana, que foi fruto

De longa maturação,

Foi assim uma atitude

De grande provocação

Enfrentando a todo instante

Toda a estagnação

 

Foi um gesto colectivo

Contra todo o passadismo

Uma batalha constante

Contra o academismo

Um evento importante

Para todo o Modernismo

 

A Semana, com efeito,

Foi interdisciplinar

Poesia, música e dança

Puderam participar

Na expressão dos artistas

Tudo começa a mudar

 

E de 22 a 30

Acontece evolução,

Pois nessa primeira fase

De total destruição

Começa a acontecer

Uma experimentação

 

É destruída a linguagem

Que é tradicional

O escritor valoriza

O nível coloquial

Escreve sem se prender

À estrutura formal

 

O artista tem liberdade

Na escolha do seu tema

Na poesia o verso livre

Aparece sem problema

Há total assimetria

Quando se fala em poema

 

A prosa se apresenta

De maneira diferente

O romance é o oposto

Daquele de antigamente

Os seus capítulos são curtos

E a temática, do presente

 

Nessa fase aparecem

Escritores de primeira

Que buscam dinamizar

A cultura brasileira

Mário e Oswald de Andrade,

Menotti e Manuel Bandeira

 

De 30 a 45

A fase é de construção

O artista deixa de lado

O aspecto da agressão

E passa a se dedicar

De vez à sua expressão

 

Nesse momento se vive

Uma outra situação,

Pois o colapso da Bolsa

Trouxe muita confusão

Provocando desemprego,

Miséria e inflação

 

No Brasil, esse momento

Tem significação

Em 30, a 3 de Outubro,

Estoura a Revolução

Com o fim da República Velha,

Desenvolveu-se a nação

 

A poesia amadurece

Com força e vitalidade

Murilo, Jorge de Lima,

Dois poetas de verdade,

Vinicius, nossa Cecília,

Carlos Drummond de Andrade

 

Os poetas dessa fase

Compõem com liberdade

Questionam com vigor

A nossa realidade

A poesia é mais madura

E mais política, é verdade

 

Há uma nova postura

Revelada nos poemas

Os poetas, conscientes,

Vão ampliando os seus temas,

Reflectindo sobre a arte

E também sobre os problemas

 

Já a prosa nos revela

Um aspecto modernista

E aí que aparece

O romance neo-realista

Dentro de uma tendência

Chamada regionalista

 

No Nordeste aparecem

Escritores geniais

Todos eles elaboram

Os romances sociais

Obras que são baseadas

Naqueles factos reais

 

O ano de 28

Para a prosa brasileira

É uma data importante

Altamente mensageira

É quando José Américo

Publica “A Bagaceira”

 

Posteriormente surgem

Os romances verdadeiros

“São Bernardo”, Graciliano;

José Américo, “Coiteiros”;

Raquel de Queiroz, “O Quinze”;

E José Lins, “Cangaceiros”

 

Os autores nordestinos

Buscam o facto real

Mostram um Brasil diferente,

Faminto, sujo, rural,

Onde há seca, miséria

E injustiça social

 

Jorge Amado é outro nome

Que tem valor literário

Escritor participante,

Político e panfletário,

Com “Cacau” buscou fazer

Um romance proletário

 

E lá no Sul aparece

Um escritor de talento

O nosso Érico Veríssimo

Que com o passar do tempo.

Escreveu, “Musica ao Longe”

“Clarissa”, “O Tempo e o Vento”

 

No ano 45

Encerra-se o dinamismo

Das duas primeiras fases

Que agiram com brilhantismo

E a partir dessa data

Começa o Pós-Modernismo

 

Surge uma poesia feita

Por intelectuais

Dispostos a retornarem

Às fontes tradicionais

Colocando em primeiro plano

Os elementos formais

 

Toda essa geração nega

A liberdade formal,

A sátira, a ironia,

De maneira especial

Dela salvou-se apenas

O poeta João Cabral

 

João Cabral de Melo Neto

Vate que se descortina

“Engenheiro da palavra”,

Uma força nordestina

Autor de “Pedra do Sono”

E “Morte e Vida Severina”

 

Sua poesia revela

Três grandes preocupações

O Nordeste, sua gente,

Suas ricas tradições;

As paisagens da Espanha;

A arte, suas acções

 

Um aspecto importante

É a prosa pós-modernista

Guimarães Rosa aparece

Na linha regionalista,

Clarice Lispector e Lygia

Fagundes na intimista

 

O realismo fantástico

Com pontos interessantes,

Tem em J. J. Veiga

Um dos bons representantes

Ele que é o autor de

“A hora dos ruminantes”

 

De nossa literatura

Aspectos pude mostrar

Se o aluno pretende

O assunto estudar,

Monte uma bibliografia

E comece a pesquisar

 

 

Ivaldo Nóbrega, A História da Literatura Brasileira em versos, João Pessoa-PB, Unigraf, 1988.


***


APRESENTAÇÃO

 

A dificuldade que o aluno de 2.º grau sente em aprender literatura através da extensa prosa dos livros didáticos foi o principal motivo que me levou a versejar a história de nossa literatura Trata-se de uma síntese da história da literatura brasileira, destinada ao aluno de 2.º grau, para que ele possa conhecer a origem e o desenvolvimento de nossa literatura através de um método mais fácil. É um trabalho didático, que trata de um assunto erudito de maneira popular, desenvolvido numa linguagem simples, adequada à realidade linguística do aluno.

Para a elaboração da síntese, utilizei a sextilha como forma poética, modalidade composta de seis versos heptassílabos, rimando os versos pares entre si, sendo bastante usada pelos poetas populares, tanto na cantoria oral quanto nos folhetos de cordel. Quanto ao assunto propriamente dito, segui a periodização literária proposta pela maioria dos estudiosos do assunto, partindo do Período Informativo para o Pós-Modernismo, relacionando a produção com o contexto histórico-cultural, caracterizando cada estilo e citando os principais autores com suas respectivas obras.

São cento e quarenta e nove sextilhas, nas quais o aluno encontrará informações valiosas, que o ajudarão a conhecer melhor as nossas manifestações literárias.

Que fique bem claro, finalmente, que este trabalho não tem como objetivo substituir o livro didático, mas servir de suporte ao aluno, para que ele, na cadência dos versos populares, desperte o gosto pela leitura e pela pesquisa de nossa literatura.

O aluno que pretenda uma informação mais ampla sobre o assunto versejado, deverá procurá-la na bibliografia especializada. 

João Pessoa — 1988 

Ivaldo Nóbrega




CARREIRO, José. “A História da Literatura Brasileira em Versos”. Portugal, Folha de Poesia, 09-09-2020. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2020/09/historia-da-literatura-brasileira-em.html