terça-feira, 1 de junho de 2010

LOUISE BOURGEOIS & HILDA HILST (OU AS “OBSCENAS SENHORAS D”)





Hilda Hilst
Louise Bourgeois

(Paris, 1911 - Nova Iorque, 2010)

Mapplethorpe Gallery Photo

(São Paulo, 1930 - 2004)
    




eu quero ficar
que se deite aqui e sinta comigo os murmúrios, palavras que deslizam numa teia
   
  
São Paulo, Massao Ohno/Roswitha Kempf/Editores, 1982
    
   
    
Louise Bourgeois, ARANHA, 1997 
Louise Bourgeois, Spider, 1997
   
  
  
  
  
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
   
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.   
Que este amor só me veja de partida.
   
  
Hilda HilstCantares do sem nome e de partidas
São Paulo, Massao Ohno, 1995
Disponível em: https://musadopoeta.files.wordpress.com/2016/01/poesia-completa-hilda-hilst.pdf
   
   
   
   

Louise Bourgeois, A FAMÍLIA, 2008   
Louise Bourgeois, The Family, 2008
   
   
   
Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
   
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas.
   
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas.
    
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
    
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.
   
   

    
[Post original: http://comunidade.sol.pt/blogs/josecarreiro/archive/2010/06/01/Bourgeois_2600_Hilst.aspx]

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