António Mário Lopes
Pereira Viegas começou a sua carreira no TEC – Teatro Experimental de Cascais -
após a interrupção do curso na Escola de Teatro do Conservatório Nacional.
Actor, encenador e declamador fez do teatro português uma marca internacional.
Um verdadeiro mestre da cultura em Portugal, Viegas adaptou e traduziu diversas
obras de autores estrangeiros como o irlandês Samuel Beckett.
Samanta Martinho, Mário Viegas
à conversa com Beckett: tradução e reescrita. Lisboa, FLUL, 2014.
A sua atividade teatral
irrequieta e irreverente como a sua vida que necessitava de uma constante
liberdade criativa proporcionou, na sua diversidade, grandes criações artísticas.
Mário Jacques e Silva Heitor, Os actores na
Toponímia de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal, 2001.
Mário Viegas declama a "Cantiga dos ais", Armindo Mendes de Carvalho |
"O Teatro foi sempre a minha vida
e a minha morte", Mário Viegas
Nota
biográfica
António Mário
Lopes Pereira Viegas nasceu em Santarém a 10 de Novembro de 1948 (e faleceu a
01 de Abril de 1996). Inicia-se no teatro amador no Circulo Cultural Scalabitano
com 17 anos onde representa Trágico á força de Anton Tchekhov.
Torna-se aluno do
curso de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde iniciou
o seu percurso no teatro académico ao mesmo tempo que frequentava aulas
noturnas no Conservatório Nacional de Teatro, também, em Lisboa. A sua carreira
é finalmente impulsionada em Julho de 1966 com a peça A Maluquinha de Arroios
no Teatro Experimental de Cascais (TEC), texto de André Brun com encenação de
Carlos Avilez 10. Por exercer uma atividade que lhe era negada por lei enquanto
estudante, Viegas foi expulso do conservatório e “chumbou” o segundo ano da faculdade
em 1968.
A sua estreia como
ator profissional considera-se ter começado na TEC em 1968 com a peça O
Comissário de Policia, com texto de Gervásio Lobato, e encenação de Avilez,
onde Viegas participou como figurante, com apenas 20 anos. (Jacques e Heitor 2001:135)
Ingressou na
Faculdade de Letras da Universidade do Porto para dar continuação a sua
formação em História, local onde participou em diversas atividades culturais e artísticas
do Teatro universitário do Porto, e foi de novo chamado ao TEC onde foi abordado
pela PIDE e enviado para cumprir serviço militar, fase que descreve como uma
fase marcante da sua vida pessoal e artística, em que esteve impedido de atuar
em publico por três anos « (apesar de atuar às escondidas)».
Afirma ainda que
contudo esta fase:
[…] deu-me uma
certa energia e uma certa disciplina, que afinal eu tenho – porque se não fosse
assim eu não aguentava estar a fazer quatro peças ao mesmo tempo. (Mário
Viegas, Entrevista de Viriato Telles, in
Auto-Photo Biografia (não autorizada), pp. 167.)
É
como declamador que o seu nome começa a ser bastante conhecido, rompendo com as
tradições de João Villaret e impondo-se como o grande diseur de poesia
em Portugal nos anos 70. (Ramos 1989:408) Neste período grava quatro discos,
participa no programa televisivo Disco e Daquilo (1973/74) e representa
a peça Oh Papá, Pobre Papá, a Mamã Pendurou-te no Armário e Eu Estou tão
Triste, texto de Artur Kopit e encenação de João Lourenço na Casa da
Comédia em 1973.
Em
1974 funda o Grupo de Teatro Feira da Ladra, traduzindo e trabalhando na peça Eva
Péron de Copi que sofre várias repressões por parte da Embaixada da Argentina
e nunca chega a ser estreada.
Em
1975 estreia-se no cinema e 1976 na Rádio como declamador e em folhetins.
Neste
ano torna-se ainda coautor e intérprete da série televisiva Ninguém (com
Artur Semedo) e da série infantil Peço a palavra.
Para
complementar a sua formação artística Mário Viegas participou em 1977 no Curso
de Atores e Dramaturgia de Augusto Boal e começa a sua carreira na Barraca, da qual
foi um elemento fundador.
Em
1978 inicia na RDP um programa semanal de divulgação de poesia Portuguesa, Palavras
Ditas que continua ate 1982, e que é também editado como uma série
televisiva de 13 episódios. Em conversa com a Professora Vera San Payo e João Lourenço
é-nos dito:
[…] o Villaret criou um estilo de dizer
poesia, mas o Villaret era o Villaret a dizer poemas […] e ele ficava bem a
dizer aquele estilo […] mas ficava mal nos outros […] nos que imitam Villaret
[…].
[…] fez o programa Palavras ditas para
a televisão e era uma maravilha […], corria Portugal com os poetas […] em
sítios […] com clima muito pós 25 de Abril, quase comícios […] e aparecia a
dizer poemas e as pessoas pensavam que os poemas eram dele […] ele chamava
tanto a si os poemas, ele dizia-os de uma forma tão pessoal, tão pessoal, que
ele era um poeta […] (Conversa com Vera
San Payo e João Lourenço - Apêndice II)
Viegas
era sem sombra de dúvida um homem «[…] muito ligado à palavra […] gostava que
os textos tivessem palavras […] palavras muito significativas ele gostava muito
de as dizer com tudo o que ele achava que elas tinham para dizer […]» (Apêndice
II)
Ao
longo dos anos 80 destacam-se a fundação do Novo Grupo, sediado no Teatro
Aberto, onde interpretou várias obras (ver Apêndice I) e encena o espetáculo Confissões
numa Esplanada de Verão (que incluía as peças Trágico á força de Tchekhov,
A mais Forte de August Strindberg, O Homem da Flor na Boca de Pirandello
e A Última Gravação de Beckett). Concebe e encena ainda O Esfinge
Gorda, colagem de textos de Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa e José de
Araújo).
Em
1985 assume a direção artística do Teatro Experimental do Porto (TEP), onde
encena e participa como ator em diversos espetáculos. (ver Apêndice I)
A
sua atividade teatral irrequieta e irreverente como a sua vida que necessitava
de uma constante liberdade criativa proporcionou, na sua diversidade, grandes
criações artísticas.
Mário
Jacques e Silva Heitor in Os actores na Toponímia de Lisboa, pp. 135 Em
1988 deixa o TEP para fundar a Companhia Teatral do Chiado (CTC) que «[…]
nasceu da ideia de fazer uma companhiazinha com meia dúzia de tarecos e sem dinheiro
[…]» (Viegas 2003:165), algo que ainda hoje é ouvido da boca dos atores da companhia
que se referem à mesma como “a Companhia Teatral do Chiado reduzida”; Viegas
investiu na companhia recorrendo a fundos próprios.
Fundada
por Mário Viegas, Juvenal Garcês e Eduardo Firmino, a companhia estreou-se em
1991 com a apresentação com quatro espetáculos. Eram eles A Birra do Morto;
3 Atos de Beckett; O Cantinho de Maria e Mário Gin Tónico Volta
a Atacar. Napeça A birra do morto, Viegas participou como ator, encenador,
diretor artístico e produtor. Este texto de Vicente Sanches já tinha sido
encenado por si no TEP em 1986.(foto do programa no Anexo III)
Companhia Teatral do Chiado (CTC)
O
que antes era quase uma arrecadação do Teatro Municipal S. Luiz tornou-se rapidamente
a sala-estúdio - e única sala até hoje - da Companhia Teatral do Chiado.
Oferecida
pela Câmara municipal de Lisboa a sala era pobre em condições; no entanto o
público suportava essa falta de condições em prol do teatro que Viegas lhes conseguia
oferecer; um teatro onde predominava o ator e a palavra, numa enorme simplicidade.
Os
espetáculos eram simples também na sua estética. Com o dinheiro atribuído pela
Secretaria de Estado da Cultura para a realização de um único espetáculo,
Viegas levou à cena quatro espetáculos.
Mas
nem essa dificuldade monetária põe de parte a atração do público pela companhia
ou pelos seus membros. Os espetáculos esgotam, não existem lugares vazios na
plateia e rapidamente se espalha a palavra de que a Companhia Teatral do Chiado
tem uma nova obra em cena e que deve ser vista. Amigo passa a palavra a amigo –
porque não existe melhor publicidade do que a palavra, que precisa apenas de um
começo e, logo, o fio condutor se dividiu em múltiplas linhas de contacto – e
é, novamente, sala cheia. Mário Viegas chamava-lhe «um teatro pobre no bom
sentido da palavra. Sem meios, mas com toda a sinceridade» e era isso que o
público procurava nesta companhia e em Viegas – um teatro e atores sinceros que
lhes oferecessem algo diferente das superproduções de outros grupos. Não
existia uma explicação estética para os cenários inexistentes ou para os
projetores de poucas cores. «[…] nós temos meia dúzia de projetores, e a maior
parte dos que temos foram roubados. […] Roubei mesmo, de roubar, em vários
teatros onde fui» diz Viegas em entrevista a Ana Maria Ribeiro «[…] parece que
a falta de dinheiro é incentivo ao talento, mas não.» (Viegas 2003:197)
Ainda
hoje, tantos anos após a criação desta companhia, o estilo – se é o que podemos
chamar assim – mantem-se o mesmo. Espetáculos como Broadway Baby, As obras
completas de William Shakespeare em 90 minutos ou O gato contam
todas com acessórios simples, facilmente removíveis e focam-se no ator e no que
este traz para o palco que nada tem do tamanho ou maquinaria dos teatros
nacionais mas, ao mesmo tempo, nada perde por isso.
O
humor de Mário Viegas transmitiu passa por conceitos diversificados do cómico:
há grandes diferenças entre o humor farsesco de Vicente Sanches, inserido no contexto
Português, e o humor trágico Beckett. (Viegas 2003:151)
[…] Para ele a arte não e apenas um
processo de realização, uma afirmação ética e expressão pessoal de criatividade
[…] O público existe, não como um conjunto de espectadores, mais ou menos
interessantes, escondidos na sombra; […] o público existe como um grupo de
pessoas com quem estabelece comunicação no sentido da palavra, como recetor e
emissor. (Mário
Viegas, Entrevista de João Porto para Jornal
de Letras, artes e ideias, in Auto-Photo
Biografia (não autorizada), pp. 151.)
Em
homenagem ao ator e encenador, a Companhia Teatral do Chiado é hoje em dia o
Teatro Estúdio Mário Viegas.
O Teatro na Política
A
17 de Agosto de 1993, Mário Viegas escreveu um texto, que publicou, em que explicava
a criação do seu último espetáculo Enquanto se está à espera de Godot.
Afirma
que a sua conceção durou seis meses «de forçado silêncio, de enormes sofrimentos»
da companhia. Claramente desiludido pelo rumo do teatro em Portugal Viegas
torna a referir este texto no final deste mesmo espetáculo (Viegas 2003:190)
Poderíamos,
talvez dizer que, se não fosse pela sua participação ativa na vida politica o
humor de Viegas, a sua visão, o seu trabalho em palco tanto como encenador e
ator e, até mesmo, a sua escolha de repertório e traduções não teriam sido os
mesmos. Viegas “sustentou” a CTC com baixos subsídios do estado e já sabia que
seria assim.
Eu
nem concorri aos subsídios da Secretaria de Estado da Cultura porque disse tão
mal do dr. Santana Lopes e da sua política que achei, por coerência e por
dignidade, que não devia pedir dinheiro. O dinheiro não é dele, é de todos nós
que pagamos os impostos […]
Mário
Viegas, Entrevista de Ana Maria Ribeiro,
in Auto-Photo Biografia (não autorizada),
pp. 197
A
06 de Setembro de 1995 baseia-se no Manifesto Anti-Dantas para criticar
o Primeiro-ministro em funções Cavaco Silva num texto a que chamou Manifesto
Anti-Cavaco e que apresentou no S. Luiz. Viegas participou em diversos
comícios, e viveu em plenitude o espírito pós 25 de Abril.
http://marioviegasparaquasetodos.blogspot.pt/2012/10/manifesto-anti-cavaco.html |
No
mesmo ano, candidatou-se a deputado, como independente nas listas da União
Democrática Popular, e posteriormente à Presidência da República Portuguesa (também
apoiado pela UDP), adotando o slogan “O sonho ao poder”, e procurou
apoio no meio universitário lisboeta.
Adota
como lemas de campanha a frase de Eduardo de Filippo “os atores vivem a sério
no palco, o que os outros na vida representam mal”.
Os
seus slogans de campanha possuíam também eles um certo toque teatral: “Viegas
amigo! O Mário está contigo!!”; “Mário só há um! O Viegas e mais nenhum!” e “O
Mário que se lixe! O Viegas é que é fixe!”
http://marioviegasparaquasetodos.blogspot.pt/2012/07/nesta-patria-onde-terra-acaba-e-o-mario.html |
«CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA - O monólogo mais feroz e alucinado feito entre nós» http://marioviegasparaquasetodos.blogspot.pt/2013/02/mario-viegas-o-mal-amado.html |
Ligação a Beckett
A
18 de Abril de 1959 Ribeirinho levou à cena, no Teatro da Trindade a peça À espera
de Godot de Samuel Beckett e foi através desta encenação que o dramaturgo Irlandês
chegou a Portugal.
[…]
Não
é difícil perceber que existia uma ligação entre Mário Viegas e Samuel Beckett.
Não só por este se tratar do seu autor preferido mas também pela personalidade deste
(ver Capítulo 2).
Encontrava
nos trabalhos de Beckett também, «[…] talvez […] uma certa poesia, algo não
muito concreto mas universal; as pessoas não percebem, sentem […]»; o facto
deste não ser «[…] um autor muito realista; ter assim uma escrita enigmática […]
(Apêndice II) e o reduzido número de personagens eram fatores muito apelativo
nos trabalhos de Beckett, uma vez que permitiam a Viegas uma maior liberdade
para moldar e estruturar o texto e os seus intervenientes à sua maneira.
[…] as coisas que ele gostava, que eram
muito claras, […] o Beckett e os poetas […] gostava e gostava muito […] e
queria muito partilhar também com os outros. (Conversa
com Vera San Payo e João Lourenço - Apêndice II)
Numa nota mais pessoal
Mário
Viegas era caracterizado por aqueles que o conheciam melhor de diversas maneiras.
Viriato
Teles descreve a vida de Viegas como:
[…]
um corrupio de cenas e emoções, poemas e paixões, amigos e bebedeiras. Poucos
atores conseguem aguentar um ritmo de trabalho tão intenso como este Mário
Viegas, mas menos ainda são capazes de que a essa intensidade corresponda uma
tão grande dose de prazer. (in Viegas 2003:165)
Cristina
Peres em 1993, em crónica a Mário Viegas (Viegas 2003:195) referia-se ao ator
como «um grande encadeador de palavras, às quais vem dedicando a vida.»
João
Lourenço (Apêndice II) descreve Mário Viegas como sendo muito inteligente,
muito culto e bem preparado, mas nada humilde.
A
sua irmã, Hélia Viegas, em entrevista ao seminário regional O Mirante descrevia-o
como uma pessoa excecional, desde cedo muito dotado de um espírito muito crítico.
Era uma pessoa espetacular, com uma
auto-disciplina rigorosa que exigia muito de si. Na família era uma pessoa
observadora, calada, com muita graça. Tinha uma linha satírica e de crítica
social que já vinha do meu pai e do meu bisavô Francisco José Pereira. Nasceu
com eles. Em casa era uma pessoa normal, que gostava de estar em família,
sobretudo nos últimos 20 anos.
Após
a minha conversa com Vera San Payo de Lemos e João Lourenço, fiquei a conhecer
um Mário Viegas irreverente, curioso e cheio de vida. Estar com ele significava
espera o inesperado e o mesmo se pode dizer do seu trabalho.
As interpretações funcionavam com ele
muito bem, sempre. Mas havia noites em que ele era genial. (…) Fazia umas
coisas que nós ficávamos de boca aberta. O que ele conseguia tirar da
personagem e transmitir ao público. Ele era sempre um bocadinho diferente não
é? Mas havia noites espantosas não é? Eu lembro-me de o ver… o que este homem
fez. Ele não era possível de fazer igual. De vez em quando o público tinha esse
prémio, de quem o assistia, de ver, de vez em quando, qualquer coisa genial. (João
Lourenço - Apêndice II)
A
sua personalidade levava-o a actos que marcavam qualquer um. Desde o roubo – da
ideia da transgressão, do “contra” – até ao comer as folhas após decorar as falas
da peça. O seu lado crítico era integrado em quase tudo o que fazia. Vimos nos capítulos
anteriores algumas das suas “peças políticas” como Manifesto Anti-Cavaco ou
Europa não! Portugal nunca! e podemos ainda acrescentar uma crónica ao
Diário de Notícias intitulada Retratos do público feito a partir da
bilheteira onde Viegas fazia uma analise do público baseando-se nas
perguntas feitas à bilheteira sobre o espetáculo.
(…) ele entrevistou a bilheteira que era a
D. Emília e então ela que escrevesse um catálogo de perguntas, uma lista de
perguntas das pessoas que telefonavam para lá. “Tem desconto? Quanto tempo
dura? É chato? Tem catálogo? É drama?” depois ele a partir dessas perguntas
fazia um retrato do público. Ele era um poeta muito bem visto por isso também
tinha esse pensamento sobre o teatro e sobre a sociedade. Tinha esse lado
crítico contra a burguesia, contra as pessoas instaladas, contra o sistema. (Vera
San Payo de Lemos -Apêndice II)
Viveu
a vida a alta velocidade e com um gosto invejado por muitos. Fez teatro pela
arte e não pelo dinheiro e nunca se conformou com a visão dos outros, mantendo sempre
firme a sua posição em relação à sociedade e à política. Recusava-se a traduzir
as obras mas tinha sempre uma opinião sobre a tradução dos outros e, seja em
que palco estivesse, deixava sempre a sua marca.
João
Lourenço:
Mas era muito inteligente, muito vivo. Muito engraçado.
Vera
San Payo de Lemos:
Faz muita, muita falta. (Apêndice II)
Samanta Martinho, Mário Viegas
à conversa com Beckett: tradução e reescrita. Lisboa, FLUL, 2014.
Poderá
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- Mário há só um, o Viegas e mais
nenhum!
URL: http://marioviegasparaquasetodos.blogspot.pt/
- Mário Viegas... e Tudo, documentário realizado em 1997 por Maria João Rocha e produzido por Fernanda Teixeira para a RTP.
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