No 11 de Setembro da sua morte.
in memoriam
para o antero de quental
in memoriam
para o antero de quental
Para
os lados do campo de s. francisco
Pelo entardecer em que tudo está quedo
Acontece ocorrer-me ao pensamento
Ideias vagas e longínquas de suicídio
(é bem certo que tudo na vida é literário
e não o sendo de pouco vale)
Há lugares em que o destino
Espera pacientemente pela hora
Derradeiros gestos e solitários assombros
Confusas ideias sobre o que na vida se reservou
Amigos d’além mar e amores de mais para lá
Sonhos de mudar tudo
E o que mais não se verá
Sonhos vãos e anseios de nada
Encantamentos d’infância
Em azuis d’olhar
Esfria o dia e num banco de jardim
A que só em pensamento ouso sentar
Aconchego-me em sonetos de meditar
E um arrepio de vento trespassa a folhagem
De árvores com olhos de tempo
Uma âncora sustém-me o pensamento
E como folha que o outono faz sua
Deixo-me levar como coisa sem rumo
Num sonho de esperança que não finda jamais
Nem dos anjos se diz tal coisa
É que soçobrar assim é real como
Coisa a que não falta nada
Nem da vida nem da morte
Que tudo sendo pouco é
Já a noite se aproxima
Num sopro frio que tudo invade
Uma tristeza sem fim Uma agrura
Uma dor de ser Um lamento
Uma impossibilidade Uma vertigem
Uma anulação e Um nada querer ser
Subtilíssimos deuses agrilhoados
Irrompem pelas raízes das árvores
Todos
Confluem para aquele banco de jardim
Pelo entardecer em que tudo está quedo
Acontece ocorrer-me ao pensamento
Ideias vagas e longínquas de suicídio
(é bem certo que tudo na vida é literário
e não o sendo de pouco vale)
Há lugares em que o destino
Espera pacientemente pela hora
Derradeiros gestos e solitários assombros
Confusas ideias sobre o que na vida se reservou
Amigos d’além mar e amores de mais para lá
Sonhos de mudar tudo
E o que mais não se verá
Sonhos vãos e anseios de nada
Encantamentos d’infância
Em azuis d’olhar
Esfria o dia e num banco de jardim
A que só em pensamento ouso sentar
Aconchego-me em sonetos de meditar
E um arrepio de vento trespassa a folhagem
De árvores com olhos de tempo
Uma âncora sustém-me o pensamento
E como folha que o outono faz sua
Deixo-me levar como coisa sem rumo
Num sonho de esperança que não finda jamais
Nem dos anjos se diz tal coisa
É que soçobrar assim é real como
Coisa a que não falta nada
Nem da vida nem da morte
Que tudo sendo pouco é
Já a noite se aproxima
Num sopro frio que tudo invade
Uma tristeza sem fim Uma agrura
Uma dor de ser Um lamento
Uma impossibilidade Uma vertigem
Uma anulação e Um nada querer ser
Subtilíssimos deuses agrilhoados
Irrompem pelas raízes das árvores
Todos
Confluem para aquele banco de jardim
“No 11
de Setembro da sua morte. in memoriam para o antero de quental”, Fernando
Martinho Guimarães, Facebook, 2019-11-11. Disponível em: https://www.facebook.com/fernando.m.guimaraes/posts/10218351265247077
SUGESTÃO DE LEITURA:
à Apresentação
crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de textos de Antero
de Quental, por José Carreiro. In: Lusofonia – plataforma de apoio ao estudo da
língua portuguesa no mundo, 2021 (3.ª edição) <https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/antero-de-quental>
“Antero de Quental - in memoriam, por Fernando Martinho
Guimarães” in Folha de Poesia, José Carreiro. Portugal, 11-09-2019.
Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2019/09/no-11-de-setembro-da-sua-morte.html
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