Pássaro, Aleksandar Makedonski |
V
(Encontrei na Brasileira do Rossio o Manuel Mendes
– a primeira pessoa a quem li estes versos.)
Nunca encontrei um
pássaro morto na floresta.
Em vão andei toda a
manhã
a procurar entre as
árvores
um cadáver pequenino
que desse o sangue
às flores
e as asas às folhas
secas...
Os pássaros quando
morrem
caem no céu.
José Gomes Ferreira, Poeta
Militante I,
O autor de
O Irreal Quotidiano mostrava-se deveras espantado por nunca ter
descoberto um pássaro morto no meio da floresta. Certa vez, andara toda a manhã
"a procurar entre as árvores/ um cadáver pequenino/ que desse o sangue às
árvores/e asas às folhas secas...". Nada viu. E foi nessa mesma manhã que
a metáfora (metáfora de uma morte limpa) vem em seu socorro, e dissipa o
mistério o atormentava: "Os pássaros quando morrem/caem no céu".
A partir
da espantosa descoberta, os pequeninos seres alados encontraram para sempre
abrigo poético nas suas palavras. E o "poeta militante", tão feliz
com o achado, entraria "no café com um rio na algibeira". Ele próprio
conta o que de extraordinário a seguir se passou: "Depois, encostado à
mesa, /tirei da boca um pássaro a cantar/ e enfeitei com ele a Natureza/ das
árvores em torno/a cheirarem ao luar/ que eu imagino".
Francisco
Mangas, https://www.dn.pt/gente/os-passaros-quando-morrem-nao-caem-no-ceu-1751726.html,
2011-01-08
1. Indica o que preocupa o sujeito poético.
2. Transcreve os versos que comprovam a sua crença na regeneração
da vida.
Fonte: Projeto #ESTUDOEMCASA, aula 57 de
Português – 9.º ano, sobre os poemas "O menino da sua mãe", de
Fernando Pessoa; Nunca encontrei um pássaro morto", de José Gomes Ferreira,
2021-06-07. Disponível em https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7822/e549496/portugues-9-ano,
inicia ao minuto 19’50’’
CARREIRO, José. “Nunca
encontrei um pássaro morto na floresta, José Gomes Ferreira”. Portugal, Folha
de Poesia, 08-07-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/07/nunca-encontrei-um-passaro-morto-na.html
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