A AVÓ
A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha!…
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala…
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando…
A velha acorda sorrindo.
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
“Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!”
Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas…
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
— Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem…
Olavo
Bilac (1865-1918), Poesias Infantis.
Rio de Janeiro, Livraria Clássica de
Francisco Alves & C.ª, 1904, pp. 7-9
fragmento da pág. 7 de Poesias Infantis, 1904 |
De acordo com a leitura do poema “A avó”, de Olavo
Bilac (1865-1918), classifica cada afirmação que se segue como verdadeira ou
falsa. Procede à correção das afirmações falsas.
1.
A
repetição da palavra “branquinha”, no verso 4, acentua a imagem da avó debilitada.
2.
A
avó passa a maior do tempo a dormir profundamente.
3.
Os
netos entram na sala silenciosamente para não incomodar a avó.
4.
A
avó fica triste quando os netos invadem a sala.
5.
Os
netos representam a juventude e a vitalidade.
6.
A
avó conta histórias reais sobre sua vida.
7.
A
avó transmite valores e cultura familiar, assegurando a continuidade da sua
sabedoria e amor entre as gerações.
8.
Os
netos ficam inquietos e continuam fazendo travessuras enquanto ouvem as
histórias.
9.
A
avó fica mais feliz e rejuvenescida quando está sozinha.
10.
A
mensagem do poema destaca apenas a inevitabilidade do envelhecimento.
Respostas:
1. Verdadeiro.
2. Falso. A avó não dorme profundamente,
mas sim de forma intermitente. O uso da palavra
"cochila" implica um sono leve, não profundo.
3. Falso. Os netos entram
rindo e fazendo barulho: "Às vezes, porém, o bando / Dos netos invade a
sala… / Entram rindo e papagueando."
4. Falso. A avó fica feliz
quando os netos invadem a sala, como indicado na estrofe: “A velha acorda
sorrindo.”
5. Verdadeiro.
6. Falso. A avó conta
histórias de quimeras, ou seja, histórias imaginárias.
7. Verdadeiro.
8. Falso. Os netos ficam
atentos e tranquilos enquanto ouvem as histórias: "E os netinhos
estremecem,
/ Os contos acompanhando, / E as travessuras esquecem."
9. Falso. A avó fica mais
feliz e rejuvenescida com a presença dos netos: "Fica mais moça, e
palpita, / E recupera a memória."
10. Falso. A mensagem do poema
é dupla: destaca tanto a inevitabilidade do envelhecimento quanto a capacidade
dos mais velhos de encontrar alegria na companhia dos mais jovens.
Síntese
da leitura do poema:
O poema
“A Avó” de Olavo Bilac é uma homenagem à figura da avó e ao seu papel na
família. Através de uma linguagem doce e imagens ternas, o sujeito poético
descreve a avó como um pilar de força e amor, apesar da sua fragilidade física.
A
mensagem do poema é dupla: por um lado, destaca a inevitabilidade do
envelhecimento e da passagem do tempo; por outro, celebra a capacidade dos mais
velhos de encontrar alegria e propósito na companhia dos mais jovens. A avó,
através das histórias que conta, passa adiante a cultura e os valores da
família, garantindo que a sua sabedoria e amor perdurem através das gerações.
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