Depus a
máscara e vi-me ao espelho...
Era a criança de há quantos anos...
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que fica,
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor.
Assim sou a máscara.
E volto à normalidade como a um términus de linha.
Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa
Rita Lopes,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 514.
QUESTIONÁRIO
1.
Explique a importância da máscara na construção
da dualidade do sujeito poético, tal como é apresentada ao longo do poema.
2.
Depois de tirar a máscara, o sujeito poético opta por tornar a pô-la.
Justifique
essa opção, com base em dois aspetos significativos.
3.
Considere as afirmações seguintes sobre o poema.
I. O
ato de se ver ao espelho sugere o desejo de autoconhecimento por parte do
sujeito poético.
II. O
sujeito poético anseia voltar a viver o seu tempo de infância.
III. A
coexistência de versos longos e de versos curtos contribui para o ritmo do
poema.
IV. O
recurso às reticências, no verso 3, indicia a frustração sentida pelo sujeito
poético.
V. No
texto, evidenciam-se características da linguagem poética de Álvaro de Campos,
como a liberdade formal e o uso de anáforas.
Identifique
as três afirmações verdadeiras.
CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
1. Explica a importância da máscara na construção da dualidade do
sujeito poético, abordando, adequadamente, os dois tópicos de resposta.
- a máscara esconde o Eu
associado à infância, num jogo entre ser e parecer/passado e presente, no qual
a permanência do Eu passado surge quando a máscara é retirada;
- a duplicidade permite que o sujeito poético mantenha o seu ser
autêntico e, simultaneamente, que desempenhe o papel social associado à máscara
(optando pela identidade adquirida pela máscara).
2. Justifica a opção do sujeito poético por tornar a pôr a máscara,
abordando, adequadamente, dois dos tópicos de resposta.
- a criança
que a máscara oculta representa a vulnerabilidade do sujeito poético associada
à infância;
- o Eu
sente-se mais confortável quando coloca a máscara, na medida em que a imagem
que dá a ver aos outros é a de alguém normal («E volto à normalidade» ‒ v. 11);
- a normalidade (o «términus de linha» ‒ v. 11) é
construída
através
do recurso à máscara na viagem de autoconhecimento
que o sujeito poético realiza, o que implica viver o presente, aceitando as
convenções sociais.
3.
I, III e V.
Fonte:
Exame Final Nacional de Português | Prova 639 | 1.ª Fase | Ensino Secundário - 12.º
Ano de Escolaridade | República
Portuguesa – Educação, Ciência e Inovação / Instituto de Avaliação Educativa,
I. P. (IAVE), 2024 (Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho; Decreto-Lei n.º
62/2023, de 25 de julho) – VERSÃO 1
A INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL AO SERVIÇO DA EDUCAÇÃO: explicação sistematizada do poema de Álvaro
de Campos que saiu no exame 12.º ano.
1. **Tirar a
máscara**
- O autor tira a máscara.
- Olha-se ao espelho.
- Vê-se como era em criança.
- A essência dele não mudou.
2. **Vantagem
de tirar a máscara**
- Ao tirar a máscara, redescobre-se
a criança interior.
- A verdadeira identidade, pura e
intocada, permanece.
3. **Voltar a
pôr a máscara**
- O autor decide voltar a pôr a
máscara.
- Sente-se mais confortável e
seguro assim.
- A máscara torna-se a sua
personalidade.
4.
**Aceitação**
- Aceita que vai continuar a usar a
máscara.
- É assim que consegue viver e
funcionar na sociedade.
Partilhado por Lúcia Vaz
Pedro, in Pulsações Escritas - Facebook, 22/06/2024
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