NOTÍCIAS LOCAIS
Ainda a procissão vai no adro
e já a zaragata é do ébrio
ainda a discussão vai no híbrido
e já a certidão é do óbito
de súbito
um punhal
e ei-lo que cai em
decúbito
dorsal
pobre instante, pobre morte
esse rapaz nunca teve grande sorte
não faz mal, não faz mal
pelo menos vem no jornal
pelo menos vem no jornal
pelo menos vem no jornal
Letra,
música e interpretação de Sérgio Godinho, do álbum Escritor de Canções. Editora Guilda da Música, 1990
(Gravação: setembro de 1972)
_________
Notas: 1. Híbrido - que
resulta do cruzamento de espécies diferentes. 2. Óbito – morte; certidão
de óbito – documento em que um médico declara a morte de alguém. 3. Decúbito
dorsal – deitado de costas.
De acordo com a leitura da letra da
canção “Notícias locais”, de Sérgio Godinho, classifica cada afirmação que se
segue como verdadeira ou falsa. Procede à correção das afirmações falsas.
1.
A letra da
canção “Notícias locais” começa com uma notícia satisfatória sobre um rapaz.
2.
A expressão
“ainda a procissão vai no adro” é uma metáfora que sugere que os eventos estão
apenas a começar e que há mais por vir.
3.
A zaragata
que ocorre no texto é causada por um ébrio.
4.
A
"certidão de óbito" é emitida antes de o rapaz ser apunhalado.
5.
O rapaz que
é apunhalado tem uma vida cheia de sorte, conforme descrito no texto.
6.
O facto de o
rapaz ter sido noticiado no jornal é visto como uma forma de compensação pela
sua morte.
7.
A frase
“pelo menos vem no jornal” aponta para uma crítica à superficialidade da busca
pela visibilidade.
8.
A frase
“pelo menos vem no jornal” carrega satisfação e aponta para uma sociedade que
valoriza a notoriedade, mesmo quando se trata de tragédias pessoais.
9.
A expressão
“não faz mal, não faz mal” sugere uma aceitação resignada da tragédia.
10.
A expressão
“não faz mal, não faz mal” sugere uma indiferença resignada à tragédia da
morte, como se esta fosse apenas mais uma notícia passageira.
11.
O texto
critica a banalização da violência e da morte nos meios de comunicação social.
12.
O texto
termina com uma reflexão otimista sobre a notoriedade momentânea nos jornais.
RESPOSTAS:
1.
Falso. O poema começa com uma notícia trágica: um ébrio apunhalou
mortalmente um rapaz durante uma zaragata.
2.
Verdadeiro
3.
Verdadeiro.
4.
Falso. A certidão de óbito é emitida após a morte do rapaz,
simbolizando que a discussão evoluiu rapidamente para um desfecho fatal.
5.
Falso. Na letra da canção diz-se que "esse rapaz nunca teve
grande sorte", indicando que ele não foi afortunado na sua vida.
6.
Verdadeiro
7.
Verdadeiro
8.
Falso. A frase “pelo menos vem no jornal” carrega sarcasmo e
aponta para uma sociedade que valoriza a notoriedade, mesmo quando se trata de
tragédias pessoais.
9.
Verdadeiro
10.
Verdadeiro
11.
Verdadeiro
12.
Falso. O poema termina com uma reflexão amarga, sugerindo que a
única consolação para a tragédia é a sua notoriedade momentânea nos jornais.
ESCRITA
Proposta
1 – Notícia
Tendo por base o conteúdo da letra da canção "Notícias locais", redige o primeiro parágrafo (lead)
da notícia que veio no jornal. Terás de responder às perguntas Quem? Fez o
quê? Quando? Onde? (podes inventar a informação que a letra da canção de Sérgio Godinho não
fornece).
Proposta
2 – Texto de opinião
A frase “pelo menos vem no
jornal” sugere que a notoriedade é valorizada mesmo em situações trágicas.
Na tua opinião, a sociedade atual
prioriza a visibilidade a qualquer custo?
Deves redigir o
teu texto, tendo em conta a seguinte estrutura:
Introdução: Apresentação do
tema; manifestação da tua posição sobre a questão colocada.
Desenvolvimento: Apresentação de,
pelo menos, duas razões que te permitam justificar essa mesma posição, bem como
de exemplos que as ilustrem.
Conclusão: Reforço da tua
opinião sobre o tema e/ou conselho final aos teus colegas.
Proposta
3 – Texto de opinião
A violência
nos telejornais é um assunto que tem gerado muita polémica e debate na
sociedade. Há quem defenda que os telejornais devem mostrar a realidade tal
como ela é e há quem critique o aumento de notícias sobre violência.
Escreve um texto de opinião em que defendas o teu ponto de
vista sobre a problemática apresentada.
Segue a seguinte estrutura:
1.º parágrafo
– introdução: apresentação do tema que está indicado na instrução + opinião
2.º
parágrafo – desenvolvimento: razão 1 + exemplo 1
3.º
parágrafo – desenvolvimento: razão 2 + exemplo 2
4.º
parágrafo – conclusão: síntese + conselho final
Proposta
4 – Texto de opinião
«Numa altura
em que a lógica da informação televisiva e os tradicionais valores do
jornalismo se apresentam em mutação profunda; onde a violência e as catástrofes
do mundo ganham cada vez mais destaque nos ecrãs da televisão, percebemos que
as fronteiras da violência se encontram algo indefinidas. É possível
estabelecer limites à exibição de violência na informação televisiva de serviço
público?»
Sara Silva, O Tratamento da Violência na Informação de Serviço Público:
O Caso da RTP. Escola Superior de Comunicação Social, 2015
Num texto de opinião bem estruturado, defende uma perspetiva pessoal
sobre a questão colocada por Sara Silva.
No teu texto:
− explicita, de
forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
− utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou
implícito).
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