O PAPAGAIO
Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá, bem preso à terra,
vibrando!
Aos arranques,
a fazer tremer a terra,
a querer voar
pelo ar
até pertinho do Céu...
Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá viver a sua inquietação
e ser verdade aquela ânsia
de fugir.
Não lhe cortem o cordel!
Poupem o papagaio à dor enorme
de cair,
papel inútil roto, pelo chão.
Não lhe ensinem,
ao pobre papagaio de papel,
que a sua inquietação
é a única força que ele tem.
Deixem-no lá,
naquela ânsia de fuga,
no sonho (a que uma navalha
pode dar o triste fim)
de fazer ninho no Céu:
Sempre anda longe da terra, assim,
o comprimento do cordel...
Deixem-no lá, deixem-no lá,
o papagaio de papel!...
Sebastião da Gama, Itinerário
Paralelo. Lisboa, Edições Ática, 1967
I - Esquema
interpretativo do poema “O papagaio”, de Sebastião da Gama
Fonte:
Projeto #EstudoEmCasa – Aula n.º 48 de Português dos 7.º e 8.º
anos sobre os poemas "O
papagaio", de Sebastião da Gama, e "As minhas asas", de Almeida
Garrett, 2021-05-07.
► Assistir à aula da
Professora Tereza Cadete Sampainho, em https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7828/e542348/portugues-7-e-8-anos
***
II - Questionário sobre o poema “O
papagaio”, de Sebastião da Gama
1. Indica a
quem se dirige o sujeito poético.
2. Explicita
o(s) apelo(s) que faz.
2.1. Regista
os versos em que surge(m) esse(s) apelo(s).
2.2. Identifica
o tipo de frase presente nesses versos.
2.3. Identifica
o tempo e o modo utilizados.
3. Descreve
o comportamento do papagaio que o sujeito poético quer proteger.
3.1. Explica o
que esse comportamento simboliza.
Fonte:
Projeto #EstudoEmCasa – Aula n.º 48 de Português dos 7.º e 8.º
anos sobre os poemas "O papagaio", de Sebastião da Gama, e "As
minhas asas", de Almeida Garrett, 2021-05-07. Disponível em: https://estudoemcasa.dge.mec.pt/2020-2021/7o-e-8o/portugues/48
Sugestão de respostas:
1. O sujeito
poético dirige-se ao leitor ou a quem possa interferir com o papagaio,
pedindo-lhes que não o perturbem.
2. O apelo
principal que o sujeito poético faz é para que deixem o papagaio em paz, sem
cortar o cordel que o liga à terra, permitindo-lhe viver a sua inquietação e
sonho de voar alto.
2.1. Os apelos
surgem nos seguintes versos:
«Deixem-no lá, deixem-no lá, o
papagaio!» (v. 1)
«Deixem-no lá viver a sua
inquietação» (v. 10)
«Não lhe cortem o cordel!» (v. 13)
«Deixem-no lá, deixem-no lá, / o
papagaio de papel!...» (vv. 28-29)
2.2. O tipo de
frase presente nesses versos é imperativa.
2.3. O tempo e
modo utilizados são o presente do modo conjuntivo (com valor imperativo).
3. O
comportamento do papagaio que o sujeito poético quer proteger é o de vibrar,
tentar voar, tremer a terra, viver na ânsia de fuga, e manter o sonho de
alcançar o céu, mesmo estando preso à terra pelo cordel.
3.1. Esse comportamento simboliza a aspiração humana, a busca de liberdade, o desejo de alcançar objetivos elevados e de sonhar, mesmo diante das limitações e restrições impostas pela realidade. Enquanto o cordel representa as restrições e as amarras que todos enfrentamos na vida, o papagaio de papel representa a força do sonho e da inquietação como motivadores para tentar superar as limitações. Assim, o poema convida-nos a valorizar a inquietação e a busca por algo mais, mesmo que isso signifique permanecer distante do chão seguro e conhecido.
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