domingo, 18 de setembro de 2022

Retrato: O meu perfil é duro como o perfil do mundo, Miguel Torga

 

Miguel Torga (in JN)

RETRATO

 

O meu perfil é duro como o perfil do mundo.

Quem adivinha nele a graça da poesia?

Pedra talhada a pico e sofrimento,

É um muro hostil à volta do pomar.

Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto

Faz um poema doce e desejado;

Mas quem passa na rua

Nem sequer sonha que do outro lado

A paisagem da vida continua.

 

Miguel Torga, Antologia Poética, 5.ª ed., Lisboa, Dom Quixote, 1999

 

 

Elabore um comentário do poema que integre o tratamento dos seguintes tópicos:

- traços constitutivos do «Retrato» do sujeito poético;

- valor simbólico de «pomar»;

- aspetos formais e recursos estilísticos relevantes;

- relação entre o «eu» e «quem passa na rua».

 

 

EXPLICITAÇÃO DE CENÁRIOS DE RESPOSTA

Traços constitutivos do «Retrato» do sujeito poético

Os traços que constituem o «Retrato» do sujeito poético são os seguintes:

- a dureza de um «perfil» material («Pedra talhada») - vv. 1 e 3;

- a semelhança com «O perfil do mundo», adquirindo uma dimensão universal (e configurando-se como imagem especular da Humanidade) - v. 1;

- a aspereza e o endurecimento, resultantes da intensidade do esforço e da dor sofrida (v. 3);

- o fechamento e a hostilidade para com o exterior, preservando um mundo secreto («pomar» - v. 4, «Lá dentro» - v. 5, «do outro lado» - v. 8), uma face de si oposta àquela que mostra aos "outros" («um muro hostil» - v. 4);

- a riqueza e a amenidade desse universo interior («pomar», «Lá dentro há»), próprio de um ser tocado pela «graça da poesia»;

- …

 

Nota - Para a atribuição da totalidade da cotação referente ao conteúdo deste tópico do comentário, é considerada suficiente a apresentação de quatro traços.

 

Valor simbólico de «pomar»

Simbolicamente, o «pomar» é:

- espaço secreto, protegido dos "outros": metaforiza o lado de «dentro» do sujeito poético, o lugar da criação poética (v. 2 e vv. 5-6);

- local de maturação dos «frutos» e do «poema doce»: instaura uma relação analógica entre Poesia e Natureza, numa afirmação simbólica de telurismo;

- harmonia entre o Homem e o Cosmos (cf. vv. 5-6), recriada pelo poeta, através da «graça da poesia» (convocando a imagem do Paraíso);

- …

 

Aspetos formais e recursos estilísticos relevantes

Relativamente aos aspetos estilísticos, destacam-se:

- a comparação («0 meu perfil é duro como o perfil do mundo.» - v.1), estabelecendo uma relação de equivalência entre o sujeito poético e o «mundo», com base no grau de dureza idêntica dos dois perfis;

- a interrogação (v. 2), salientando a existência de «Quem» não vislumbra para além do exterior do «eu» e desconhece «nele a graça da poesia»;

- a adjetivação simples («duro», «hostil») e dupla («doce e desejado»), caracterizando, no primeiro caso, o «perfil» do sujeito poético e, no segundo, o poema por si concebido;

- a repetição, de valor anafórico («é duro», «É um muro»; «Quem adivinha», «quem passa»; «há frutos, há frescura, há quanto» - vv. 1 e 4; vv. 2 e 7; v. 5), produzindo efeitos melódicos e reforçando aspetos nucleares do poema (autocaracterização do «eu», desconhecimento dos "outros" quanto ao mundo interior do poeta e ao que nele existe);

- as metáforas «pomar», «frutos» e «frescura», simbolizando o universo interior do poeta (a sua matéria íntima), bem como o produto da criação poética;

- a aliteração do som /si, que percorre o poema («graça», «sofrimento», «doce», «passa», «sequer», «sonha»), marcando em contínuo uma toada melódica sibilante;

- …

Quanto aos aspetos formais, temos, por exemplo:

- composição poética constituída por uma única estrofe, de nove versos;

- verso branco e esquema rimático cruzado nos quatro últimos versos;

- a métrica irregular (oscilando entre as seis e as treze sílabas métricas);

- …

 

Nota - Para a atribuição da totalidade da cotação referente ao conteúdo deste tópico do comentário, é considerada suficiente a apresentação de quatro elementos, englobando obrigatoriamente recursos estilísticos e aspetos formais.

 

Relação entre o «eu» e «quem passa na rua»

Entre o sujeito poético e os "outros" existe uma relação de oposição, consubstanciada no desconhecimento que esses "outros" têm da dimensão interior daquele. Consciente deste facto, o sujeito poético assinala os aspetos causadores do total distanciamento entre si e o mundo. Assim:

- ao captar, apenas, o que é exteriormente visível, «quem passa na rua» só vê a dureza e a hostilidade que o «eu» exibe (o «perfil» «duro», a «Pedra talhada a pico» e «um muro hostil»), ocultando a sua face mais secreta e verdadeira (o «pomar»), aquela que é responsável pela criação do «poema doce e desejado»;

- detendo uma visão parcial do «Retrato» do sujeito poético, «quem passa na rua» não é capaz de intuir a existência do mundo interior do poeta; não tem, assim, maneira de se aperceber de que, no interior do muro («do outro lado»), no «pomar» secreto, o poeta, laborioso e paciente, cultiva o seu fruto-poema.

Refira-se, ainda, que a incomunicabilidade existente entre o «eu» e os "outros", para quem ele não passa de um «muro hostil», lhe desperta alguma mágoa («Quem adivinha nele a graça da poesia?», «Mas quem passa na rua/ Nem sequer sonha» - v. 2 e vv. 7-8).

 

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO. 12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto). Curso Geral - Agrupamento 4. Prova Escrita de Português A e respetivos critérios de classificação, 1.ªfase, 2.ª chamada. Portugal, GAVE [IAVE], 2003

MIGUEL TORGA, por Bottelho, 2007

 

Autorretratos na Poesia Portuguesa do Século XX

O caso de Miguel Torga é muito expressivo para dar conta da entrada da palavra «Auto-retrato» no léxico poético português do século XX (a acompanhar a dicionarização da palavra em 1949, como já mencionado). Com efeito, Torga escreve possivelmente com pouco tempo de diferença os poemas «Retrato», publicado em Diário VI, de 1953, e datado de 12 de março de 1952 (TORGA, 2000: 447), e «Auto-retrato», publicado em Penas do Purgatório, de 1954 (TORGA, 2000: 497):

 

Retrato

 

O meu perfil é duro como o perfil do mundo.

Quem adivinha nele a graça da poesia?

Pedra talhada a pico e sofrimento,

É um muro hostil à volta do pomar.

Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto

Faz um poema doce e desejado;

Mas quem passa na rua

Nem sequer sonha que do outro lado

A paisagem da vida continua.

(TORGA, 2000: 447);

 

Auto-retrato

 

É por detrás do espelho que me vejo,

Numa espécie de quadro em negativo.

Sinais fundos e certos de que vivo,

Mas sem a nitidez que todos me atribuem

Desde o começo.

Baça inquietação, ambígua semelhança

Com aquele velho, jovem ou criança

Que pareço.

(TORGA, 1954: 55; 2000: 497.)

 

Alguns anos mais tarde, Torga publica ainda «Auto-retrato português», datado de 7 de março de 1970, e incluído em Diário XI, de 1973 (TORGA, 2000: 781), dando continuidade à utilização do vocábulo em títulos poéticos.58 Esta utilização variada dos títulos «Retrato» e «Auto-retrato» na prática autorretratística de um mesmo autor não será exclusiva de Miguel Torga nem dos poetas de língua portuguesa, como se observa lembrando os poemas com títulos afins do espanhol Manuel Machado: «Retrato» e «Nuevo autorretrato» (MACHADO, 1993: 113-114, 325-326), publicados nas primeiras décadas do século XX.59

Em relação a «Retrato» e «Auto-retrato» de Miguel Torga, nota-se uma coerência entre as composições, além do título, que justifica uma leitura aproximada de ambas. Os dois poemas criam metáforas expressivas para pensar o autorretrato poético: tanto o «perfil» de «[p]edra talhada» como o «espelho» estão associados a uma imagem exterior que esconde o que está «do outro lado», quer seja do «muro» quer seja do «espelho», pela criação das dicotomias «dentro»-fora e à frente-«detrás». Para corrigir essa falsa aparência percebida por «quem passa na rua» ou por «todos» os outros, os poemas procuram revelar precisamente a «graça da poesia», mas não deixam de assumir lucidamente uma «[b]aça inquietação, ambígua semelhança». A referência aos outros parece fundamental na definição destes autorretratos, criando um sentido de incompreensão ou de discrepância que é reforçado pela utilização da adversativa «mas» em ambos os poemas («Mas quem passa na rua / Nem sequer sonha [...]» e «Mas sem a nitidez que todos me atribuem»), reveladora da «sensação de inevitável desacompanhamento» que decorre do estatuto de poeta, como aponta José Augusto Cardoso Bernardes em relação a Torga (BERNARDES, 1997: 78).60

Mesmo o ofício poético parece ter uma dimensão conflitual, porque a falta de «nitidez» é sinal de uma indagação sempre insatisfeita, a mesma «[b]aça inquietação, ambígua semelhança» (adiante, no capítulo NARCISO SOU EU?, será lembrada a metáfora do «lago turvo» em relação à poesia, a partir dos poemas «O Narciso» e «Lago Turvo» de Miguel Torga). Neste sentido, Cardoso Bernardes defende também que na poesia de Torga «chega a parecer que o Eu que fala não chega nunca a coincidir com o Eu que é. O primeiro – o Eu que fala – é o Eu da angustia indefinida [...]; o segundo – o Eu que é – não pode manifestar-se senão nas entrelinhas da poesia», que deixa a impressão de que «além do Eu revelado, há um Eu ignoto» (BERNARDES, 1997: 81). Usando a mesma terminologia, pode sugerir-se que o «Eu revelado» no poema «Retrato» apenas pode dar conta de um «Eu ignoto» que «quem passa na rua / Nem sequer sonha» que existe.

O poema «Biografia» (TORGA, 2000: 561), também ele aberto a uma leitura autorretratística (como tantos outros poemas torguianos),61 aproxima-se em alguns aspetos de «Retrato» e de «Auto-retrato». Além de ser criada uma imagem afim de uma vida poética, «A minha vida», que acontece «dentro» e que não «parece» por fora, há igualmente um «Mas» central no poema que anuncia os «versos», «[atirados] / Contra a serenidade de quem passa». Nesta linha, «A graça / Da poesia» ganha autonomia fora do «eu» («já não sou eu que testemunho») e liberta-se numa «agressiva fúria», que acompanha bem a rebeldia apontada pelo «Orfeu rebelde» (título-epíteto), que declara: «Canto como quem usa / Os versos em legítima defesa» (TORGA, 2000: 540).

As metáforas do muro e do espelho em «Retrato» e «Auto-retrato» contribuem igualmente para criar um efeito de tensão entre pessoalidade e impessoalidade do poema (no sentido em que pode parecer que o texto aponta para uma pessoa determinada ou que aponta apenas para si próprio). Por um lado, pode associar-se o «meu perfil» (ou o reflexo ao espelho) ao perfil facial conhecido do autor (obras como Miguel Torga. Fotobiografia contribuem para dar a conhecer aos leitores de Torga imagens da pessoa do autor). Por outro lado, pode ler-se o «meu perfil» como o «perfil» do poema que esconde o seu verdadeiro poder, pois as palavras trabalhadas como uma «[p]edra talhada a pico e sofrimento» protegem o interior fértil como um «pomar», que promete o «poema doce e desejado». Noutros lugares da sua obra, Torga recorre à metáfora do poema como pedra: em «Cantilena da pedra», por exemplo, o poeta é «como um pedreiro» a arrastar com a «pedra penitente» o seu «sofrimento» (TORGA, 2000: 769); também no volume XII de Diário se encontra uma passagem em que Torga aponta a «alegria da criação», descrevendo como «os versos, na imprevisibilidade do minério arrancado às trevas da mina, começaram a surgir à tona do silêncio», para formar «um todo coeso, harmonioso e autónomo. Um texto na sua plenitude existencial» (TORGA, 1999b: 1329). Sublinhe-se ainda, para reforçar a leitura autotélica do poema, que, em «Retrato», surgem mesmo as palavras «poesia» e «poema», que sustentam a proposta de David Mourão-Ferreira de que muitos poemas incluídos no Diário são «metapoesia», por trabalharem como matéria o próprio ofício poético, recorrendo aos vocábulos referidos (MOURÃO-FERREIRA, 1978: 9).

O primeiro verso de «Retrato» abre com a comparação: «O meu perfil é duro como o perfil do mundo», ligando à partida o eu e o mundo, o individual e o universal. Segundo David Mourão-Ferreira, a obra poética de Torga mostra «como a poesia [...] tende a converter-se em metáfora do próprio mundo – ou o mundo em metáfora da própria poesia» (MOURÃO-FERREIRA, 1978: 9). Cruzando esta afirmação com o primeiro verso, pode admitir-se a paráfrase: o meu perfil é duro como o perfil da poesia ou o perfil do poema [deste poema] é duro como o perfil da poesia [universal].

Se a comparação inicial é de certo modo grandiloquente («mundo»), o poema desenvolve depois a metáfora do «muro» e do «pomar» como parte de uma «paisagem da vida» e da «rua» bastante mais demarcada.62 A partir da leitura da poesia incluída no Diário torguiano, Catherine Dumas considera diversos poemas como autorretratos de Torga para destacar, nomeadamente, a importância da mediação da paisagem na figuração do poeta (DUMAS, 2009: 207-237). Com efeito, «Retrato» cria um «quadro» (para usar uma expressão de «Auto-retrato») de uma «paisagem» habitada: o «muro hostil» marca de algum modo uma proteção exterior e sólida em relação ao «pomar» interior e frágil. Dumas assinala também a importância do movimento no poema, defendendo que há neste «autoportrait», «à travers le double mouvement suggéré du passage dans la rue et de la traversée d’un côté à l’autre, une réduction de la dichotomie sujet-objet» (DUMAS, 2013: 251). Aproveitando esta formulação, a metáfora do «muro» e do «pomar», ao criar a dicotomia «dentro»-fora, esbate a dicotomia entre sujeito (do poema) e objeto (o poema), pois o sujeito do poema está no objeto que é poema, expondo a tensão entre o eu íntimo e o eu revelado.

O movimento assinalado por Dumas existe também em «Auto-retrato», não só pela ideia de passagem através do espelho, mas também pela presença de elementos temporais que dão conta da passagem do tempo: «começo», «velho, jovem ou criança». Neste poema, afirmam-se os «[s]inais fundos e certos de que vivo», que remetem inevitavelmente para o traço do poema como indício de vida, mas com um valor de «quadro em negativo» ou de outro lado do «espelho», que denuncia a impossibilidade de atingir a representação ou o reflexo perfeitos, a identificação total do homem com o poema ou mesmo do poema com ele próprio, confirmando uma certa «poética da frustração» ou da «busca inconseguida» (BERNARDES, 1997: 86, 81), que resulta da consciência da «angustiosa insuficiência do que é dito e [d]a verdade absoluta do indizível» (BERNARDES, 1997: 85).63

 

Teresa Ferreira, Autorretratos na Poesia Portuguesa do Século XX. Universidade Nova de Lisboa – FCSH, 2019

___________

58 Note-se que na sua Antologia Poética (1981), o autor não incluiu «Auto-retrato», mas elegeu «Retrato» e «Auto-retrato português» (TORGA, 1981: 300, 416).

59 «Retrato» é incluído no livro El mal Poema, de 1909, e «Nuevo autorretrato» aparece em Phoenix, de 1935. Curiosamente, «Retrato» de Manuel Machado foi um dos poemas publicados no jornal El Liberal de Madrid, que entre janeiro de 1908 e janeiro de 1909 manteve uma secção dedicada a «Poetas del día; autosemblanzas y retratos» (repare-se que o prefixo «auto-» não se aplica ao vocábulo «retrato», mas a «semblanzas»), com o intuito de demonstrar que Espanha tinha uma geração forte de poetas, como Portugal e Itália (PHILLIPS, 1989). Transcrevem-se os versos iniciais e finais do poema de Manuel Machado: «Esta es mi cara e ésta es mi alma. Leed: / Unos ojos de hastío y una boca de sed... / [...] / Es tarde... Voy de prisa por la vida. Y mi risa / es alegre, aunque no niego que llevo prisa.» Outro poema publicado nesta secção do jornal espanhol foi «Retrato», de Antonio Machado, que começa: «Mi infância son recuerdos de un patio de Sevilla» (MACHADO, 2010: 144-145).

60 Recordem-se os apontamentos autobiográficos de Torga incluídos em Miguel Torga. Fotobiografia, que começam por dados identificativos, como «Nasceu em S. Martinho de Anta, Trás-os-Montes. / Casado. / Altura: 1 metro 77», prosseguem com apreciações descritivas, como «Magro como um espeto. / Perfil de contrabandista espanhol», e indicações de preferências em literatura, pintura ou música, e incluem ainda traços de caráter, como «Não há ninguém mais amigo dos seus amigos, e tão mal compreendido por eles» (apud ROCHA, 2018: 98-101).

61 A obra de Miguel Torga inclui inúmeros poemas que admitem ser lidos como autorretratos, entre os quais «Santo e senha» (TORGA, 2000: 99), «Aniversário» (TORGA, 2000: 154), «O Bispo» (TORGA, 2000: 254-255), «Orfeu rebelde» (TORGA, 2000: 540), «Madrigal dos 50 anos» (TORGA, 2000: 595), «Ficha» (TORGA, 2000: 619), «Espelho» (TORGA, 2000: 848), «Perfil» (TORGA, 2000: 849), «Arte poética» (TORGA, 2000: 881).

62 Segundo Óscar Lopes, «o narcisismo de autor que tanto o faz poetar ao Poeta e à Poesia» é por vezes vencido quando Torga atinge na «brevidade do poema» o «quadro», como que reagindo a uma «presença real» (LOPES, s.d.: 175-176). Ainda que não seja a este «quadro» que Óscar Lopes se refere, estes poemas revelam uma ambivalência que torna possível «poetar ao Poeta e à Poesia» criando um «quadro» breve, limitado pelas imagens do muro (à volta do pomar) e do espelho (com um outro lado).

63 Noutra passagem, Cardoso Bernardes assinala ainda que, «em Miguel Torga, a figura do vate possesso convive com a figura do poeta insatisfeito perante os limites da palavra, do artífice dos versos imperfeitos» (BERNARDES, 1997: 77).

 


Poderá também gostar de:

  • A poética torguiana”, Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da poesia de Miguel Torga, por José Carreiro. In Folha de Poesia, 09-08-2013

 

 


  • Para Miguel Torga, Manuel Alegre:

 

MIGUEL TORGA E NÓS

 

A terra é quem responde
a terra o mar a torga brava
e aquela parte da Ibéria onde
o poema é Portugal feito palavra.
Seu nome é Viriato. E foi Orfeu.
Há uma flauta portuguesa em sua voz
e sempre que diz eu
somos nós.

Manuel Alegre, in Para Miguel Torga



CARREIRO, José. “Retrato: O meu perfil é duro como o perfil do mundo, Miguel Torga”. Portugal, Folha de Poesia, 18-09-2022. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2022/09/retrato-o-meu-perfil-e-duro-como-o.html


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