Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise
literária da obra de Fernando Pessoa.
I - Fernando Pessoa (ortónimo)
1. Vida e obra de Fernando Pessoa
2.
Fernando Pessoa e os ismos da vanguarda
- Paulismo
- Interseccionismo
- Sensacionismo
- Silmutaneismo
- Futurismo
3. Importância da revista Orpheu
4.
Fernando Pessoa ele mesmo
4.1. A poesia do Cancioneiro
4.2. Unidade e diversidade em Fernando
Pessoa
4.3. O fingimento artístico
4.4. A nostalgia da infância
4.5. A dor de pensar. Tensões ou dicotomias
que espelham a sua complexidade interior.
4.6. O simbolismo metafórico
- O simbolismo cósmico do mar
- A mulher
- A emoção ontológica da noite
5.
Avalie os seus conhecimentos acerca da vida e obra de Fernando Pessoa ortónimo.
>>
II – Sobre a heteronímia pessoana
1. Os conceitos de pseudónimo e heterónimo
2. Explicações possíveis da heteronímia
3. Exegese em Pessoa: o drama em gente
4. O caso clínico de Fernando Pessoa
5. Significação dos heterónimos
6. Verifique os seus conhecimentos relativamente à criação heteronímica pessoana.
7. Sabe identificar as pessoas de Pessoa?
III – Os heterónimos de Fernando Pessoa
1. Alberto Caeiro – a poesia das sensações; a poesia da natureza.
2. Ricardo Reis – o neopaganismo; o epicurismo e o estoicismo.
3. Álvaro de Campos – a vanguarda e o sensacionismo; a abulia e o tédio.
4. Bernardo Soares – semi-heterónimo.
IV - Fernando Pessoa, autor da Mensagem
1. Contexto político da publicação da Mensagem
2. Assunto da Mensagem
3. A génese da Mensagem
4. O ocultismo na Mensagem
5. Estrutura tripartida da Mensagem
6. Visão subjetiva/mítica da História de Portugal
7. O mito sebastianista
8. Fernando Pessoa e o Quinto Império
9. O discurso na Mensagem – noção de POESIA ÉPICO-LÍRICA
10. Intertextualidade entre Os Lusíadas e a Mensagem
11. Plano pessoal dos poetas. Retratos humanos: avisos, reflexões, estados de alma
12. Comparação do conceito de heroísmo n’Os Lusíadas e na Mensagem
V - Fernando Pessoa nos contemporâneos (páginas de intertextualidade)
1. Evocações
2. Fernando Pessoa, ele mesmo, revisitado
4. Mensagem
5. Heterónimos
7. Ricardo Reis
10.
António Mora e o caso
clínico de Fernando Pessoa
VI - Leitura orientada e notas para a análise literária da obra de Fernando Pessoa
Poemas de Fernando Pessoa ortónimo:
Poema |
Incipit |
A criança que fui chora na estrada. |
|
Toma-me, ó
noite eterna, nos teus braços |
|
Ah, que maçada o piano |
|
Ai, os pratos
de arroz-doce |
|
Às vezes, em sonho triste |
|
O poeta é
um fingidor |
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Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo |
|
Boiam
leves, desatentos, |
|
Cada palavra dita é a voz de um morto |
|
Ela canta,
pobre ceifeira |
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Em toda a noite o sono não veio |
|
Neste
campo da Política |
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O teu silêncio é uma nau com todas as
velas pandas... |
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Dizem que
finjo ou minto |
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Mar. Manhã, |
|
Maravilha-te,
memória! |
|
Não sei. Falta-me um sentido, um tato |
|
A névoa
involve a montanha, |
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O amor, quando se revela, |
|
O tempo
que eu hei sonhado |
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No plaino abandonado |
|
Se estou
só, quero não estar |
|
Tenho tanto sentimento |
|
Tudo o que
faço ou medito |
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Poemas da Mensagem, de
Fernando Pessoa:
Títulos |
Incipit |
BRASÃO: I- OS CAMPOS |
|
Primeiro - O DOS
CASTELOS (1928-12-08) |
A
Europa jaz, posta nos cotovelos: |
Segundo - O DAS QUINAS (1928-12-08) |
Os Deuses
vendem quando dão. |
|
|
BRASÃO: II- OS CASTELOS |
|
Primeiro - ULISSES |
O
mito é o nada que é tudo |
Segundo - VIRIATO (1934-01-22) |
Se a alma
que sente e faz conhece |
Terceiro - O CONDE D.HENRIQUE |
Todo começo é involuntário. |
Quarto - D. TAREJA (1928-09-24) |
As nações
todas são mistérios. |
Quinto - D. AFONSO HENRIQUES |
Pai, foste cavaleiro. |
Sexto- D. DINIS (1934-02-09) |
Na noite
escreve um seu Cantar de Amigo |
Sétimo (I) - D. JOÃO O
PRIMEIRO (1934-02-12) |
O
homem e a hora são um só |
Sétimo (II) - D. FILIPA DE
LENCASTRE (1928-09-26) |
Que enigma
havia em teu seio |
|
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BRASÃO: III - AS QUINAS |
|
Primeira- D. DUARTE REI DE PORTUGAL (1928-09-26) |
Meu dever fez-me, como Deus ao mundo. |
Segunda - D. FERNANDO
INFANTE DE PORTUGAL (1913-07-21) |
Deu-me Deus
o seu gládio porque eu faça |
Terceira - D. PEDRO REGENTE DE PORTUGAL (1934-02-15) |
Claro em pensar, e claro no sentir, |
Quarta - D. JOÃO INFANTE DE PORTUGAL (1930-03-28) |
Não fui alguém. Minha alma estava estreita |
Quinta - D. SEBASTIÃO
REI DE PORTUGAL (1933-02-20) |
Louco,
sim, louco, porque quis minha grandeza |
|
|
BRASÃO: IV - A COROA |
|
NUN'ÁLVARES
PEREIRA (1928-12-08) |
Que auréola
te cerca? |
|
|
BRASÃO: V - O TIMBRE |
|
A cabeça do grifo - O INFANTE
D.HENRIQUE (1928-09-26) |
Em
seu trono entre o brilho das esferas, |
Uma asa do grifo - D. JOÃO O SEGUNDO (1928-09-26) |
Braços cruzados, fita além do mar. |
A outra asa do grifo - AFONSO DE ALBUQUERQUE (1928-09-26) |
De pé, sobre os países conquistados |
|
|
MAR PORTUGUÊS |
|
Deus quer,
o homem sonha, a obra nasce, |
|
Ó
mar anterior a nós, teus medos |
|
PADRÃO (1918-09-13) |
O esforço é
grande e o homem é pequeno. |
O MOSTRENGO (1918-09-09) |
O
mostrengo que está no fim do mar |
Jaz aqui,
na pequena praia extrema, |
|
OS COLOMBOS (1934-04-02) |
Outros
haverão de ter |
Com duas mãos - o Acto e o Destino - |
|
No vale clareia uma fogueira. |
|
ASCENSÃO DE
VASCO DA GAMA (1922-01-10) |
Os Deuses
da tormenta e os gigantes da terra |
Ó
mar salgado, quanto do teu sal |
|
Levando a
bordo El-Rei D. Sebastião, |
|
PRECE (1922-01-01) |
Senhor,
a noite veio e a alma é vil. |
|
|
O ENCOBERTO: I- OS SÍMBOLOS |
|
Primeiro - D. SEBASTIÃO |
‘Sperai!
Caí no areal e na hora adversa |
Segundo - O QUINTO
IMPÉRIO (1933-02-21) |
Triste
de quem vive em casa, |
Terceiro - O DESEJADO (1934-01-18) |
Onde quer que,
entre sombras e dizeres, |
Quarto - AS ILHAS
AFORTUNADAS (1934-03-26) |
Que
voz vem no som das ondas |
Quinto - O
ENCOBERTO (1933-02-21; 1934-02-11) |
Que símbolo
fecundo |
|
|
O ENCOBERTO: II- OS AVISOS |
|
Primeiro - O BANDARRA (1930-03-28) |
Sonhava,
anónimo e disperso, |
Segundo - ANTÓNIO
VIEIRA (1929-07-31) |
O céu
'strela o azul e tem grandeza. |
TERCEIRO (1928-12-10) |
Screvo
meu livro à beira-mágoa. |
|
|
O ENCOBERTO: III- OS
TEMPOS |
|
Primeiro - NOITE |
A nau de um
deles tinha-se perdido |
Segundo - TORMENTA (1934-02-26) |
Que jaz no abismo do mar que se ergue? |
Terceiro - CALMA (1934-02-15) |
Que costa é que as ondas cantam |
Quarto - ANTEMANHÃ (1933-07-08) |
O mostrengo que está no fim do mar |
Quinto - NEVOEIRO (1928-12-10) |
Nem rei nem
lei, nem paz nem guerra, |
Poemas do heterónimo pessoano Alberto
Caeiro:
Poema |
Incipit |
A espantosa realidade das coisas |
|
A guerra,
que aflige com os seus esquadrões o Mundo, |
|
Agora que sinto amor |
|
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo |
Da minha
aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo |
É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande
distância |
É noite. A noite é muito escura. Numa
casa a uma grande distância |
Antes o
voo da ave, que passa e não deixa rasto, |
|
Da mais alta janela da minha casa |
|
O Tejo é
mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, |
|
Como quem num dia de Verão abre a porta
de casa |
|
Acho tão
natural que não se pense |
|
E há poetas que são artistas |
|
O meu
olhar azul como o céu |
|
Quando vier a Primavera, |
Poemas do heterónimo pessoano
Álvaro de Campos:
Poema |
Incipit |
Acordo de noite, muito de noite, no
silêncio todo. |
|
Ah a
frescura na face de não cumprir um dever! |
|
Começa a haver meia-noite, e a haver
sossego, |
|
Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos |
Encostei-me
para trás na cadeira de convés e fechei os olhos, |
Lisboa com suas casas |
|
Inúmero
rio sem água — só gente e coisas, |
|
À dolorosa luz das grandes lâmpadas
eléctricas da fábrica |
|
Que noite
serena! |
|
O dia deu em chuvoso. |
|
|
|
Poemas do heterónimo pessoano
Ricardo Reis:
Poema |
Incipit |
Antes de nós nos mesmos arvoredos |
|
A palidez
do dia é levemente dourada. |
|
Bocas roxas de vinho, |
|
Cada coisa
a seu tempo tem seu tempo. |
|
Mestre, são plácidas |
|
O mar jaz;
gemem em segredo os ventos |
|
Prefiro rosas, meu amor, à pátria, |
|
Segue o
teu destino, |
|
Sofro, Lídia, do medo do destino. |
|
Só o ter
flores pela vista fora |
|
Uns, com os olhos postos no passado |
|
|
|
Poemas do semi-heterónimo pessoano
Bernardo Soares:
Poema |
Incipit |
O olfato é uma vista estranha. |
|
|
|
CARREIRO, José. Fernando Pessoa - Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da obra de Fernando Pessoa. Portugal, Folha de Poesia, 17-05-2018. Disponível em: https://folhadepoesia.blogspot.com/2018/05/fernando-pessoa-13061888-30111935.html (1.ª edição: Lusofonia - Plataforma de Apoio ao Estudo da Língua Portuguesa no Mundo, 2011-12-15. Projeto concebido por José Carreiro, disponível em http://lusofonia.com.sapo.pt/literatura_portuguesa/Fernando_Pessoa.htm)